True Supernatural escrita por Cat Hathaway


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo e sinto dizer que só faltam esse e mais dois e a história acaba. Sei que foi curto, mas foi muito bom enquanto durou.
Enjoy.



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Capítulo 8

“Isso é mesmo uma pesquisa de campo?”, Roy perguntou estreitando os olhos para os irmãos Winchester.

Sam e Dean se entreolharam e Dean deu um sorriso amarelo. Sam revirou os olhos. Desde que haviam sentado no escritório de Roy, há dois minutos Dean só tinha dado bola fora. Sam se inclinou para frente e fez sua melhor expressão de bom moço. Dean tentou imitar, mas desistiu.

“Apenas estamos curiosos.”, Sam disse e deu um pequeno sorriso. “O antigo dono, que morreu, era velho?”

“Oh, não.”, Roy levantou as mãos e as balançou, sorrindo. “Ele deveria ser mais novo que eu uns três anos. Então deveria ter uns 42 anos. Não muito velho, não acham?”

“Oh, claro”, Dean concordou sarcástico. Sam o cotovelou.

“Então do que ele morreu?”, Sam insistiu vendo o olhar de Roy mudar de divertimento para tensão. Ele olhou para os lados e se inclinou para mais perto dos irmãos, abaixando o tom de voz para um leve sussurro.

“Alguns dizem que ele se suicidou, mas eu sei que não é verdade. Mark gostava muito da loja. Nem família para reclamar o corpo ele tinha.”, Roy suspirou triste. “Foi há uns sete anos atrás, eu era gerente dessa loja e ofereci uma carona a Mark. Ele recusou, como sempre. Eu deveria ter insistido.”, Roy balançou a cabeça parecendo culpado.

“O que aconteceu depois?”, Sam perguntou, querendo que ele falasse.

“Mark foi atropelado na Avenida 23.”, Roy disse e soltou o ar. “Tinha dois garotos que moravam a algumas quadras daqui, os Stroker, eram gêmeos e adoravam uma festa. Acho que voltaram bêbados e Mark estava andando por lá. Estava com muita neblina, então ele não viu o carro, nem o carro o viu.”, ele pausou com a garganta apertada. “Só sei que eles foram embora e nem o ajudaram. Encontraram o corpo no dia seguinte, mas como não tinha provas suficientes, os gêmeos foram soltos.”

“E o que houve com os gêmeos depois?”, Dean perguntou interessado.

“Sumiram um ano depois.”, Roy deu de ombros. “Devem ter ido morar em uma cidade grande e ter nos deixado em paz. Finalmente.”

******

“Você acreditou nele?”, Sam perguntou.

As mãos de Dean apertaram o volante, mostrando os nós pálidos de seus dedos. Mantive os olhos na estrada, tentando achar um furo na história de Roy. Ele sempre desconfiava de todos, mas tinha alguma coisa naquele cara.

“Sim.”, ele respondeu. “Pode parecer loucura, mas acho que ele não tem nada a ver com a vingança de Mark.”

Ficaram em silêncio por alguns segundos, pensando em tudo o que tinham escutado de Roy.

“E o que nós fazemos agora?”, Sam perguntou.

Dean fez uma careta.

“Eu tenho um plano, mas você não vai gostar.”

*******

“Nossa, eu nunca conheci esse lado sensível de Roy.”, Roxy disse tentando fazer uma piada, mas o clima estava tenso demais.

“E como está Rachel?”, Sam olhou para a pequena loira.

“Ela vomitou e me xingou.”, Roxy deu de ombros.

Rachel dormia tranquilamente com a cabeça no colo de Roxy, que acariciava os cabelos loiros da irmã cuidadosamente. Ela suspirou, parecendo estar em um bom sonho, ou talvez fosse a sua reação inconsciente a voz de Sam.

Roxy olhou para Dean, que estava mais afastado olhando para a televisão sem realmente prestar atenção. Ela queria ir lá e perguntar se ele estava bem, mas não tinha coragem de acordar a irmã.

“Dean tem um plano.”, Sam disse, para cortar o silêncio.

Dean levantou os olhos para o irmão ao escutar o seu nome e balançou a cabeça, parecendo acordar de um sono profundo. Então se levantou e andou até onde Roxy e Rachel estavam. Cruzou os braços e tentou fazer a sua melhor expressão séria. Os lábios cerrados e um suspiro pesaroso.

“A única maneira que eu pensei de atrair o fantasma, é a de usar vocês como isca.”, ele soltou.

Os olhos de Sam se arregalaram e ele se levantou de súbito. Dean sabia que essa seria a reação do irmão. Também seria a dele, caso o plano tivesse vindo de Sam. O moreno iria começar a dizer o quão perigoso e maluco o plano era, quando Roxy o interrompeu.

“Eu topo.”, ela disse e olhou para a irmã dormindo. “Mas Rachel tem que ficar de fora.”, ela fechou os olhos por um momento, lembrando de como foi quando o fantasma a tocou. Como ardia. “Se alguma coisa acontecer comigo...”

“Nada vai acontecer com você.”, Dean garantiu e pôs a mão no ombro de Roxy para lhe dar apoio.

“Até porque você não vai.”, Sam disse determinado. Roxy e Dean olharam para ele, sérios. “Isso é suicídio, Dean. Vai mandar a garota direto para a morte?”

“Eu já disse que topo, Sam.”, Roxy praticamente rosnou e Rachel se mexeu em baixo dela. “Não importa o que você disser. Não importa se vocês vão mudar de plano, eu vou. Não se preocupe.”, ela deu um sorriso triste. “Rachel vai ficar bem.”

“E você, Roxy?”, Sam disse olhando para a irmã como se fosse lunática.

“Ela vai ficar bem.”, Dean garantiu tenso.

Ele olhou para Roxy, no mesmo momento em que ela o encarou. Seus olhos ficaram presos um no outro e eles pareceram esquecer de tudo ao redor. Roxy tentava passar confiança pelo olhar, mas no fundo, sabia que estava amedrontada, e Dean conseguia sentir. Ela desviou os olhos dos dele quando o viu franzindo o cenho e considerando outro plano.

“Eu vou.”, ela disse com mais determinação.

******

“Você não vai sem mim, Roxanne.”, Rachel repetiu em alto e bom som.

“Eu não vou mais te meter em confusão, R. C.”, Roxy disse cansada.

Dean e Sam estavam na cozinha terminando de arrumar tudo para a noite, enquanto escutavam as irmãs Miller discutindo na sala. Eles sabiam que isso aconteceria.

Rachel nunca deixaria que Roxy se sacrificasse por ela, e valia o meso pra outra. Era a mesma coisa que acontecia com os Winchester.

Dean passou a mão pelo cabelo loiro e se levantou.

“Preciso de uma cerveja.”

“Eu vou e ponto final.”, Rachel gritou e cruzou os braços, encerrando a discussão.

Roxy rolou os olhos e assentiu. Mas em sua cabeça, um plano começava a se formar.

******

A música soava no carro, tranqüila e ironicamente com um tom fúnebre. Roxy bufou e mudou de estação pela quarta vez. Parecia que o rádio estava querendo fazer algum tipo de pré luto para elas. Ela apertou as mãos ao redor do volante, enquanto virava na Avenida 23. Escutou Rachel puxando o ar e segurando seu suéter puxando-o nos punhos.

“Rachel, eu menti para você.”, Roxy disse, com os olhos presos na estrada. “Nosso pai ligou porque a bruxa quero dizer a mamãe...”, fez uma careta ao dizer aquela palavra. “ela nos quer de volta.”

Rachel ficou em silêncio. Roxy olhou rapidamente para ela, vendo-a abaixar os olhos para o suéter enquanto brincava com a ponta dele. Pensou que a loira iria fazer um escândalo, mas não disse nada. Roxy olhou para o Impala que as seguia silenciosamente e sorriu. Mesmo parecendo loucura, se sentia melhor sabendo que Dean e Sam estavam por perto.

“Ás vezes, eu também acho a mamãe uma vaca.”, Rachel confessou em voz baixa. Roxy quase freou o carro com os olhos arregalados. “Não do jeito que você faz, mas ela é muito...”, Rachel perdeu as palavras.

“Vaca”, Roxy terminou por ela e lhe deu um sorriso triste.

Conforme entravam mais e mais na avenida a névoa se adensava até o ponto que era quase impossível enxergar alguma coisa. Roxy viu as lanternas do Impala piscando duas vezes como um sinal para que elas parassem. Roxy freou e descansou as mãos no volante. Dean havia dito que era só esperar e ficar dentro do carro.

“Rachel, eu sempre tive inveja de você.”, Roxy confessou. Foi a vez de a loira arregalar os olhos. “Você sempre foi a filha perfeita. Boa notas, bom comportamento, bons namorados. E eu nunca consegui nada disso.”

“Você é louca?”, Rachel praticamente berrou. “Você que tinha tudo. Atitude, confiança. A atenção do papai e até mesmo a atenção da mamãe, negativamente, mais tinha.”, então ela pausou, estreitando os olhos azuis, desconfiada. “Por que você está me dizendo essas coisas?”, antes que ela pudesse dizer algo, Rachel arregalou os olhos. “Você vai ir sozinha.”, deduziu.

“Claro que não.”, Roxy revirou os olhos e abriu a porta. “Vou ir até os garotos e ver por que estão demorando. Já volto.”

Roxy saiu do carro em meio aos protestos de Rachel. Elas estavam tão presas no momento, que Rachel nem tinha visto Roxy tirando a chave da ignição, só reparou quando Roxy a trancou dentro do carro e murmurou uma desculpa, antes de sair em disparada por entre a neblina.

Roxy andava com cuidado pra que não tropeçasse ou alguma coisa a pegasse. Na verdade, estava andando na ponta dos pés. Olhava pra todos os lados, enxergando com dificuldade. Ela suspirou. Talvez não tivesse sido uma idéia muito boa ter saído sozinha e trancado Rachel. Mas tinha sido o único jeito que ela achou para protegê-la.

Sentiu uma mão em seu ombro e se virou pronta para gritar, mas foi impedida por uma mão em sua boca. Ela reconheceu Dean por seu cheiro e se perguntou como ele tinha conseguido encontrá-la. Ele a soltou e mesmo não conseguindo enxergar bem, sabia que ele estava com uma expressão de frustração.

“Você não sabe o que significa FICAR NO CARRO?”, ele disse e bufou.

“Rachel está lá.”, ela retrucou e começou a andar.

Dean começou a andar do lado dela, tentando entender as suas palavras. A arma estava em uma das mãos, enquanto a lanterna estava na outra. Ele estava atento a tudo, até ao perfume de Roxy a poucos centímetros dele. Ela andava com determinação, mas seus ombros estavam tensos e tremiam, mostrando o seu medo.

“Não vale a pena se sacrificar, Roxy.”, Dean finalmente disse.

“Por Rachel, vale.”, ela disse e abaixou o olhar. “Eu sempre fui uma irresponsável e deixei tudo nas costas dela. Está na hora de retribuir, não acha?”, ela deu um sorriso triste. “Além disso, se o fantasma me pegar, vai ser menos uma para vocês se preocuparem.”

“Ele não vai te pegar, Roxy.”, Dean disse sério.

Eles escutaram um barulho a sua esquerda. Os dois viraram alarmados. Dean iluminou, mas não havia nada. Roxy suspirou, mas Dean não relaxou. Sabia que, se depois de um barulho suspeito, vinha o silêncio, coisa boa não iria acontecer. Então ele ficou tenso e se virou para Roxy, ao mesmo tempo em que algo a agarrou pelo tornozelo e a puxou pro chão.

“Dean!”, ela gritou enquanto era arrastada.

“Roxy.”, ele disse andando em círculos. “Roxy.”

Escutou outro grito, então passos em sua direção. Apontou a arma, mas logo em seguida a abaixou, ao constatar que eram apenas Sam e Rachel. A loira passou a mão pelo cabelo e suspirou. Pular a janela tinha sido idéia dela, mas ela havia se arrependido. Olhou em volta, procurando a irmã para dar uma bronca.

Encontrou apenas Dean.

“Onde ela está?”, Rachel perguntou com a voz trêmula.

Dean abaixou os olhos e balançou a cabeça.

“Roxy!”, Rachel chamou, sem prestar atenção em Dean.

Sam e Dean trocaram olhares e Sam balançou a cabeça juntando-se a Rachel e procurando por Roxy. Mas naquela neblina era muito difícil enxergar. Dean demorou alguns segundos para se mexer, mas o fez ao lembrar daqueles olhos azuis que tanto o fascinavam.

Dean se juntou a Rachel e Sam, procurando. Eles estavam quase desistindo, quando escutaram um grito, seguido por um arfar de Rachel.

Ela caiu ajoelhada no chão, com as mãos em volta do pescoço, como se alguém a sufocasse. Sua coxa queimava, assim como seu pescoço. Ela sentiu falta de ar, então escutou um som agudo e sem sentido. Apenas quando sua garganta começou a doer que ela percebeu que era o seu próprio grito. Seus pulmões queimavam quando o ar começou a faltar.

Mas, não era ela que estava precisando de ar.

Era Roxy.

Ela estava sentindo a mesma coisa que a Roxy. Seus olhos se arregalaram. Fazia muito tempo desde que aquilo havia acontecido. Anos até. Mas, ela não ligou. Se aquilo fosse levar até onde a irmã estava, iria seguir essa ligação sem hesitar. Fechou os olhos por um momento, tendo a mesma visão de olhos vermelhos e rosto deformado que a irmão tinha descrito. Ela abriu os olhos ao sentir uma mão em seu ombro. Levantou-se e encarou os irmãos.

“Eu sei onde ela está.”, e saiu correndo.

Ela sabia o lugar exato em que Roxy estava. Escutou os gritos dos Winchester atrás dela, mas não parou. Não sabia se teria forças depois que parasse. Sentiu um aperto no coração conforme se aproximava; então um mau pressentimento. Ela ainda não conseguia respirar direito, mas tentava se concentrar, dizendo que aquelas reações não eram dela e sim da irmã.

A última vez que tinha dito esse tipo de reação tinha sido aos treze anos. No dia em que seu pai havia ido embora. A dor que Rachel tinha sentido havia sido tão intensa que Roxy conseguia sentir. E, mesmo a morena tentando disfarçar, Rachel sabia que ela também estava sofrendo com a ida de seu pai. Elas se abraçaram e aquela tinha sido a primeira e última vez que tinham sentindo aquela... Ligação. Era tão intenso.

Estava tão presa em pensamentos que nem reparou quando tropeçou em algo. Só percebeu quando já estava no chão. Ela tocou seu tornozelo que também ardia. Balançou a cabeça, era o tornozelo de Roxy que estava ardendo. Estava pronta para se levantar e continuar correndo atrás da irmã, mas ela não sentia mais nada vindo dela. Talvez Dean e Sam a tivesse achado. Ou talvez, ela tivesse fugido.

Ela tocou o tornozelo delicadamente, então estreitou seus olhos, olhando para o que tinha tropeçado. A neblina se dissipou um pouco e então Rachel pode ver. Ela arfou e seus olhos arderam.

Era o corpo de Roxy.


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Notas finais do capítulo

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