Tale As Old As Time. escrita por Jajabarnes


Capítulo 49
Is It Ending?


Notas iniciais do capítulo

Voltei, depois de longas semanas! Espero que o choque do capítulo passado tenha ficado no passado hehehe
Esse capítulo é especial, de certa forma. E no final dele estará disponível um link para que vocês possam ter acesso à foto da Polly. Futuramente disponibilizo fotos dos outros.
Divirtam-se!



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—Mas sem você, Dash morre.

A frase de Digory ainda ecoava em minha mente. Ainda posso ouvir o tom de voz quase suplicante com o qual ele falara.

O som de um galho batendo contra minha janela fez-me tirar a atenção das lembranças. Ainda ventava lá fora e o relógio marcava 4h da manhã. Trouxe a vela para mais perto de mim e abri outra gaveta da escrivaninha. Lá estava o velho diário de Raphael Pevensie. As páginas estavam mais amareladas do que nunca, porém era possível ler tudo com clareza – graças à boa tinta e às páginas espessas -, menos para mim; a idade prejudicara um pouco minha visão, levando-me à necessidade de óculos. Com ele no rosto, passei a mão sobre a capa de couro, sentindo os olhos arderem com a saudade.

Queria tanto que aquele acidente não tivesse acontecido, que meus pais estivessem ao meu lado quando descobri tudo...

Polly uma vez disse que meus pais fizeram uma escolha arriscada ao esconder de mim toda a história de nossa família, mas que essa decisão serviu para que eu me transformasse no que me transformei. Não consigo imaginar como teria sido minha vida sem sofrer por Caspian ou sem meu amor por Dash.

Sim, por Dash. Naquela época eu não fazia ideia, ou não queria admitir, mas hoje eu percebo que o amava. Um sentimento bem menos escandaloso e forte do que o que eu sentia por Caspian, mas era amor também. Devia ter percebido quando soube da possibilidade de perdê-lo.

Fiquei sem chão e meu estado de torpor aumentou notavelmente. Digory com os olhos marejados, deu-me um beijo na testa e saiu. Lembro de fechar os olhos e sentir duas lágrimas descendo por meu rosto, uma de cada lado.

Voltei para casa lutando para conter o choro, abraçando-me. Senti um alívio enorme ao entrar em casa e fechar a porta. Consegui não chorar, mas ainda estava abalada. Harold e Polly estavam na sala, fazendo companhia a uma visita que estava de costas a mim. A princípio praguejei, não queria falar com ninguém, mas mudei de postura ao ver quem era. Ao notar minha presença, ela devolveu a xícara e o pires para a bandeja, pondo-se de pé.

—Lúcia – cumprimentei, surpresa. Ela sorriu e seu belo sorriso foi capaz de fazer outro abrir em meu rosto enquanto caminhava para abraçá-la. - Como vai?

—Bem, na medida do possível. - falou. - Vim porque preciso falar com você.

—Vamos até a biblioteca, Polly pode levar chá para nós. - segurei suas mãos e por elas a guiei até nosso destino.

Sentamos nas poltronas que haviam ali, de frente para a lareira acesa. Polly nos trouxe chá e, assim que saiu, puxei assunto.

—Conte-me, Lú, como vão as coisas com Rilian? - perguntei. Ela corou um pouco.

—Estamos juntos. - sorriu. Olhei-a.

—Lú, isso é ótimo! Meus parabéns!

—Obrigada – disse sincera. - Mas não foi sobre nós que vim falar. - disse educadamente. - É sobre meus irmãos. - pousou sua xícara no pires.

Não falei nada, então ela continuou.

—Eu soube de tudo, Susana. Sobre a maldição – comentou. - Sobre o meu papel nisso tudo. Papai me contou ontem. - ela olhou para as mãos. - Contou também sobre o seu papel em tudo isso. Essa é a causa de minha vinda, precisava falar com você a respeito, lhe dar apoio se preciso...

—É muito fofo de sua parte, Lú. - sorri, tocada pela atitude dela.

—Imagine – ela deu de ombros. - Você é minha melhor amiga, Su, além disso, é minha prima – riu. - É família.

Sorri novamente para ela.

—É muito bom ter seu apoio. - garanti. Ela sorriu de leve.

—Mas vim também por meus irmãos. - continuou. - Dash está muito mal longe de você, não só emocionalmente, ele está fraco, está se alimentando cada vez menos... Eu entendo que é perigoso se aproximar dele...

—Perigoso? - interrompi, como se ela tivesse lido minha mente.

—Sim... Quer dizer, ele ama você e eu sei que você também o ama, você demonstra, mas claro que escolheria Caspian. E é esse o perigo, Caspian não aceitaria que você passasse um tempo com acompanhando Dash. Por favor, não me leve a mal, não estou dizendo que deva se dividir para os dois, longe disso. Digo para apenas visitar Dash, para que ele se recupere. Ele ficou do seu lado quando Caspian foi embora, ajudou-a a se recuperar. Agora é a sua vez de fazer isso por ele. - falou, doce.

—Você tem razão, Lu, mas Caspian não permitiria, além disso, Dash não me quer só como amiga. - lembrei.

—Está aí outro ponto perigoso. - pensou. - Quanto à Caspian, ele terá de aceitar, afinal, é para a saúde física e mental de Dash. Quanto a este, bem, vamos ter que arriscar.

—Parece que sim... - concordei. - É tão ruim...

—Eu imagino, Su. Você ama Caspian, mas não pode ficar com ele por que senão, Dash não resiste e você gosta demais dele para isso.

—Estou perdida.

Ela riu um pouco.

—Ontem, quando conversei com papai, ele disse que a única saída para que Dash vivesse sem você e você ficasse com Caspian seria casar-me com seu irmão por que, aí, eu passaria a ser a Intentum e seu irmão o Immunis. E quer saber? Eu faria isso.

—Eu jamais permitiria. Você ama Rilian, deve se casar com ele. Não poderia receber minha felicidade às custas da sua. - protestei. Lúcia.

—Então o jeito vai ser falsificarmos um documento e mudarmos o sobrenome de Rilian para Pevenie. - brincou. Nós rimos.

[…]

Já havia escurecido quando Lúcia foi embora e senti sua falta. Só ela para conseguir me fazer rir naquele dia.

Fui trocar-me para o jantar, já descia quando meus olhos foram atraídos pelo diário fechado sobre o criado-mudo. Resisti à curiosidade e desci. À mesa, Harold e Polly me acompanharam e foi ele quem falou primeiro.

—Está quieta, Su.

—Estou pensando.

—Na conversa que teve com Lúcia? - sugeriu Polly, levando o garfo à boca.

—Na verdade, no que li no diário de papai. Ainda não entendo o porque de Jadis, a costureira, estar presente nas anotações de meu pai. Vocês sabem de alguma coisa?

—Não – garantiu Polly, parecendo tão confusa quanto eu. Ambas olhamos para Harold.

—Bem... - começou ele. - Ela e seu pai tiveram um romance quando jovens, mas nada sério nem longo. Namoraram por um curto período quando seus pais estavam brigados, mas seu pai rompeu com ela quando fez as pazes com Helen. Jadis não se conformou, claro, e passou a importuná-los. - contou.

—Minha mãe estava grávida quando casou com meu pai, no dia que ela perdeu o bebê por causa do estresse causado por Jadis, papai foi com Digory até a casa de Jadis. Ele diz no diário que a mãe dela usou sua magia contra eles. - falei.

—A mãe de Jadis tinha fama de bruxa e não duvido nada de que seja verdade.

—Como você esconde isso de mim?! - ralhou Polly. - Essa mulher poderia ter feito algum mal à Susana por vingança! Eu a trouxe para dentro de casa! Você devia ter me contado!

—Ora, Jadis não usa magia. Bem, pelo menos ainda não. - defendeu-se Harold. Meu impulso foi perguntar o que ele queria dizer quando usava a palavra “magia”, mas não mudei a linha de raciocínio.

—Haveria guerra na casa de Digory... - falei comigo mesma, em minha mente, as peças se encaixando perfeitamente. - Céus! Isso vai ter fim! - pus-me de pé num salto, chamando a atenção de Polly e Harold que finalmente pararam de discutir.

—Do que está falando, Su? - perguntou ele.

—Da Herança! É o fim da Herança, Harold, o fim! - eu estava eufórica.

—Não estou compreendendo, Susana.

—Essa mulher, a mãe de Jadis, disse que aquele não seria o primeiro filho que papai perderia e realmente, mamãe sofreu outros abortos.

—Sim. De certo foi algum feitiço que deve ter jogado, por causa da filha. - sugeriu Polly. Harold ponderou a respeito.

—Creio que não, Polly. - falei, não conseguindo conter o sorriso. - Acredito que ela estivesse prevendo o futuro não jogando um feitiço. - fiz uma pausa de suspense, na vã esperança de que ambos me entendessem, mas me olharam confusos. - Ela também disse que haveria guerra na casa de Digory e agora veja o estado em que Dash e Caspian estão um com o outro! - Harold e Polly trocaram um olhar. - Disse também que tanto meu pai quanto Digory gerariam o fim, então, logicamente, se a profecia da guerra entre Caspian e Dash está acontecendo, a do Fim deve estar acontecendo por nossas mãos, de alguma forma...!

—Se você estiver certa, como saber se o Fim não será trazido pelos futuros descendentes? - questionou Polly.

—A única “profecia” a longo prazo foi a dos filhos que meu pai perderia e se cumpriu, não? A da guerra está acontecendo e não há nada negando que a do Fim também não esteja acontecendo ou prestes a acontecer. - argumentei.

—Nem nada afirmando. - tornou Harold. - Su, isso pode não passar de coincidência.

—Ou não. - sorri de lado antes de jogar um “boa noite” e correr para meu quarto, sorrindo boba, animada com a possibilidade de isso tudo estar acabando.

Finalmente.


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Notas finais do capítulo

Será que está mesmo terminando?
O próximo capítulo será o 50 (dá para acreditar?!) Mas não tenho nada muito especial em mente, infelizmente. Queria fazer dele um capítulo chocante, mas o choque ficou por conta do capítulo passado hehehe
Enfim, até lá!
Não esqueçam dos reviews!
Beijokas!!



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