— Gabrielle, você tem o dom de ser maligna. – Lucas disse entre risos e “ais”. Então, empurrou Gabrielle e saiu correndo pelo quarto, com ela logo atrás dele. O quarto não era muito grande, o que fez eles correrem em volta de uma mesa por quase cinco minutos. Então, cansada, Gabrielle parou.

— Tempo! Tempo! Desisto, Lucas! – Ela falou, ofegante. – Não é a toa que você ganhou o titulo de melhor corredor, céus! – Ele riu.

— Você poderia ter me parado com facilidade, mas não quis. – Ele falou, não parecendo nem um pouco cansado. – Mas devia começar a fazer algum exercício, Gabrielle. – Ela levantou os olhos, com ar assassino. – Pra aumentar o seu fôlego, dã. – Ele acrescentou, achando que sua vida teria fim naquele momento por parecer que havia chamado Gabrielle de gorda. – E eu tenho que ir, Gabs, meus novos companheiros de quarto já devem ter chegado. – Ele disse e sorriu.

— Vai lá, senhor atleta. – Ela falou, rindo. – Deixa a sem-fôlego aqui, porque também, as minhas novas companheiras de quarto vão chegar logo, logo, eu acho. – Dito isso, Lucas virou-se e saiu porta afora, e então, Gabrielle riu. Riu, jogando-se na cama e, sem querer, rolando e caindo no chão. Continuou rindo enquanto se levantava e tropeçava em suas próprias malas, voltando a rolar de rir no chão. Estava rindo de si mesma, da sua burrice de não ter beijado Lucas quando pode. Foi idiota, não aproveitou a oportunidade de dizer algo de verdade pra ele. O que ela disse? “Isso foi maldade, Lucas.” Que coisa mais babaca pra se dizer para o garoto mais lindo do universo. Ela levantou-se já ofegante do chão, ainda rindo feito uma criança que havia ouvido uma piada muito engraçada pela primeira vez e, logo em seguida, um amigo caíra na lama e a puxara junto. E acredite, isso já havia acontecido quando ela tinha quatorze anos.

Respirou fundo e tomou um copo d’água, se acalmando um pouco. Era melhor rir do que chorar, esse era o pensamento que pairava em sua mente. Ela resolveu tomar um banho e vestir uma roupa descente, porque, realmente, rolar sobre um carpete macio e quente a deixou suada e suja. Dirigiu-se ao banheiro, ainda rindo um pouco. Seus cabelos ruivos estavam parecendo um ninho de passarinho, como ela mesma pensou ao olhar-se no espelho do banheiro.

A água gelada que a banheira lhe proporcionou foi ótima para acalmar-lhe por completo, ela já parara de rir agora. Foi quando percebeu que estava realmente com sono... As garotas já chegariam, não? Ou ainda demoraria, afinal, ela não sabia de onde elas vinham. Podiam ser de Connecticut, vai saber, aquela escola poderia ter alunos até da china, se falassem a mesma língua que eles. Ignorando seus pensamentos, ela fechou os olhos para descansar por alguns segundos.

— Olá? Tem alguém ai? Se afogou? Está viva? – Uma voz nem um pouco conhecida vinha de fora, acordando-a. Quem estaria a acordando assim? Ninguém a acordava assim, exceto... Foi quando lembrou-se de estar em uma banheira, à pele toda enrugada por ficar muito tempo na água, a porta trancada pra não ser incomodada, e, provavelmente, parceiras de quarto pensando que ela podia estar morta, afogada. – Olá? – A voz suave de garota da Califórnia dizia, batendo na porta.

— Desculpe, eu acabei pegando no sono. – Ela respondeu, enrolando-se em uma toalha e abrindo a porta. Uma garota loira de olhos verdes era quem batia na porta, e agora ela sorria para Gabrielle. Ela tem covinhas, Gabrielle pensou. Achou que a garota esperava que ela se apresentasse, então, ela assim o fez. – Hm, Oi. Eu sou Gabrielle Silverston, a ruiva problemática. –

— Bem, eu sou Charlotte Randson, sou da Califórnia, embora meus cabelos loiros não concordem. – A garota disse.  Logo, a outra garota também apareceu. Ela não parecia ser da Califórnia também, na realidade, ela era tão mais branca que Gabrielle – e ela julgava isso impossível – que parecia ser do Alaska. Gabrielle sorriu, apertando a mão dela. Ela era realmente linda, e tinha certeza que agora Isabel teria uma grande concorrente. Gabrielle então virou-se para a outra garota. Foi quando percebeu o que a fazia parecer tão mais branca do que era: Seus cabelos pretos. O branco com o preto em seu rosto era uma mistura incrível, e seus olhos eram castanhos, porém, mais parecia um vermelho. Ela parecia uma vampira, realmente, até pelas roupas. Meio góticas, na opinião de Gabrielle. Ela gostava disso, teve certeza no momento em que a garota apresentou-se, dando um sorriso tão amistoso quando o de Charlotte.

— Sou Annabelle Primoorse. Sou de Paris... Mas, não, eu não falo francês. – A garota respondeu, apertando a mão de Gabrielle. Da frança e não fala francês? Agora sim a coisa tinha ficado estranha. Gabrielle e Charlotte a encararam, e ela revirou os olhos com olhar mortal. – É que eu não morei exatamente na frança. Bem, eu nasci em paris, fui criada lá até os nove anos de repente, minha família se mudou para Inglaterra e eu comecei a aprender inglês então não sei mais falar francês, gâteaux de riz.

— Do que você chamou a gente? Espera! Isso foi francês, e acabou de dizer que não fala francês... – Charlotte começou, mas foi interrompida.

— Eu não falo francês fluente, oiseau blonde, mas sei alguma palavras. – Gabrielle também conhecia, e teria rido de Charlotte ter chamado Charlotte de pássaro loiro se não tivesse percebido que ainda estava despida.

— Hm, bem, eu preciso me vestir. – Ela riu com as garotas de seu descuido, e então, dirigiu-se até sua cômoda mau arrumada pela brincadeira com Lucas. Ela quase teve outro ataque de risos mas lembrou-se de que não estava sozinha e suas novas colegas a achariam uma louca se ela fizesse isso.