Night Watchers - Primeira Temporada escrita por MS Productions


Capítulo 43
Medos (Vol. 4) - Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

O medo atinge o seu pico...



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Era escusado. Por muito que continuasse a andar, sabia que não ia encontrar a sua casa… Todos os medos e receios em geral estavam misturados no que parecia estar a tornar-se, uma só realidade. Foi por isso que Érica Rodrigues tinha decidido voltar para trás e ir ter com Melissa. Tinha receio de que ela já não estivesse no sítio que tinham combinado… Da maneira que as coisas estavam não se admirava se a jovem já tentasse ter fugido para estar em segurança.

No meio de tanta confusão, a Night Watcher nem se lembrava que ao menos havia uma coisa boa… O seu marido, Rodrigo Rodrigues, não a tinha deixado… Foi apenas algo que experienciou, derivado ao que se estava a passar na vila.

Era possível assistir-se a todo o tipo de cenas… Edifícios ardiam, derretiam e mudavam constantemente de sítio. As pessoas fugiam e sofriam dos seus medos... Insectos gigantes, animais vorazes, acidentes de viação, assaltos, tudo era possível. Tanto chovia, como fazia sol. As nuvens corriam a uma velocidade espantosa. Um dos pormenores que chamou a tenção de Érica foi o facto de apenas ser noite sob uma das praias da vila, longe do centro. Fazia lembrar que tinham sido mergulhados numa outra dimensão…

Não era altura pra pensar em outros mundos e Érica sabia que tinha de apressar o passo para ver se chegava a Melissa. Para facilitar a situação, decidiu fazer um atalho e passar pela avenida principal. Podia ser um pouco arriscado, tendo em conta que é uma das ruas com maior movimentação em Cila e onde o caos deveria ser maior…

Assim que curvou para a avenida, pôde comprovar o que tanto desconfiava. Ali os cenários eram tenebrosos… Aos poucos, as vítimas mortais daquele inferno iam aumentando e a Night Watcher sentia-se incapaz de fazer algo… Precisava de informação e não a tinha.

Enquanto caminhava com cautela entre todos os perigos que a rua apresentava, a uma certa altura, uma voz fria e maliciosa foi escutada… A Night Watcher tremeu e ficou arrepiada, o som era dirigido a ela…

Agramon - É curioso como a energia de um Night Watcher é sempre tão diferente de todas as outras… Possui uma maior vitalidade, bondade… Mas como qualquer outro humano, os vossos medos são vertiginosos!

Era o demónio… Tinha encontrado a Night Watcher, como tanto desejava. Esta, virou-se e observou o Agramon com atenção. Não espera encontrá-lo assim tão rápido.

Érica - Agramon… Presumo!

Respondeu Érica, tentando manter a sua postura firme.

Agramon - E sempre tão inteligentes… Então és tu a Night Watcher responsável por esta vila! És bem diferente do último que conheci, desde a última vez que cá vim!

Continuou o demónio… Érica não sabia que Agramon já tinha estado em Cila, mas fingiu o contrário.

Érica - Os tempos mudam! Tu é que se calhar já és um pouco velho para este mundo!

Ripostou a Night Watcher que, minimamente, conhecia a história do demónio. Face às palavras dela, Agramon deu uma gargalhada arrepiante…

Agramon - Night Watchers… Sempre tão corajosos… A fazer o papel da vertente da luz, enquanto estes se escondem, assustados… Ridículos!

Érica sabia que não tinha nenhuma arma consigo para se defender, mas as provocações do demónio eram fortes.

Érica - Não sabes nada acerca do que é ser um Night Watcher! É normal, é algo que é superior a ti…

O demónio voltou a rir-se… Claramente não tinha medo de Érica. Não tinha medo de nada… Tinha noção que com o seu poder conseguia controlar o que quisesse. Érica estava assustada, a situação era negra… Mesmo assim, conseguiu manter-se forte, de maneira a que Agramon não pudesse reparar.

Agramon - Não te esforces tanto… Estás cheia de medo! Consigo senti-lo com impacto!

Érica engoliu em seco… Tinha de fazer algo. Decidiu fazer tempo enquanto pensava e deste modo, também aproveitou para tentar retirar algumas informações ao demónio.

Érica - O que queres daqui? Não deves estar outra vez em Cila, apenas por acaso… Tens alguém a trabalhar contigo?

A Night Watcher teve de colocar a pergunta de uma maneira sábia… O demónio tinha um ego muito alto e Érica não o queria ferir já…

Agramon - Cila tem tanto para ser visto… Eu trabalho sozinho! Devias conhecer melhor a minha história… E não gosto de ser interrogado!

Érica sabia que não conseguia aguentar muito tempo a conversa… Demónios gostam mais de acção. Mas ao menos, ficou a saber que Agramon estava ali por acaso… E não a trabalhar para Abaddon.

Érica - Eu conheço-te bem… A ti e aos teus jogos psicóticos!

Agramon - Não são jogos… Apenas testes! Se reprovam, morrem, se passam… Bem, também morrem! É simples…

Respondeu o demónio… Por esta altura os seus olhos já tinham sido invadidos pela escuridão. Érica estava em desvantagem e tinha de remediar a situação de modo a que, se o demónio a atacasse, esta já tivesse arranjado maneira de se defender.

Érica - Também sei que não gostas de aparecer aos humanos… Só mesmo na fase final. A que devo a honra de estares já perante mim?

Aquela pergunta tinha sido inteligente… Não havia razão para Agramon ter alcançado já a Night Watcher.

Agramon - Foi cortesia minha! Gosto de meter as minhas mãos em Night Watchers!

Disse o demónio com uma voz tenebrosa e fria, independentemente da aparência jovem que possuía… Érica sabia que não ia conseguir evitar um ataque… Não respondeu. Agramon sorriu.

Agramon - Era o que estava à espera… O teu medo consome-te… O que é grave para a tua “espécie”!

Érica voltou a encher-se de coragem…

Érica - A minha “espécie” é aquela que dá cabo da tua… Talvez fosse melhor teres mais cuidado!

Agramon - Não há maneira de derrotar-me… Eu sei tudo o que acontece… Como se estivesse em todos os lados ao mesmo tempo! Eu vi o teu dia… Deixada pelo teu marido. Preocupada com a destruição de Cila, sozinha… Eu vi tudo! Ninguém consegue enganar-me!

Respondeu, furioso… Érica percebeu o que o demónio estava a tentar fazer… Deixá-la pior através de palavras.

Érica - Não vais conseguir atingir-me assim!

Disse, numa voz firme. O demónio sorriu de uma forma destorcida e doentia.

Agramon - Oh, que pena… Eu tenho tantos outros truques!

E numa rapidez fora do comum, deu um salto animalesco, atirou-se à Night Watcher esmurrou-a na cara duas vezes… Esta não estava a contar com aquela investida e fora atingida com severidade. Aflita, empurrou o demónio, recuou e levou a mão à boca. Os dois socos tinham-na deixado a sangrar…

Érica - Doente… Agora já nem os teus jogos servem!

Exclamou revoltada… Sabia que estava em maus lençóis, mas não se importava… Não ia permitir que o seu orgulho Night Watcher fosse ferido.

Agramon - Foi como disse antes… Pra mim, os Night Watchers são especiais!

E voltou a avançar na direcção de Érica. Esta tentou enfrentá-lo… Os dois pontapés rotativos e a grande quantidade de socos que tentou diferir foram todos desviados. Sem o demónio sair do próprio sitio onde estava. Na última tentativa, Agramon agarrou a mão de Érica e apertou-a com força… A Night Watcher contorcia-se com dores enquanto tentava soltar a mão… O demónio riu-se e deu-lhe uma joelhada, que a fez baixar-se de dores. De seguida agarrou-a pelo pescoço e puxou-a outra vez para cima. Desta vez deu-lhe uma cabeçada tão forte, que Érica andou quatro passos para trás. Mas mesmo assim, ficou de pé.

Agramon não parava… Já estava novamente ao alcance da Night Watcher.

*

Todas elas se aproximavam… Não havia passagem. A jovem Camila suava enquanto as serpentes cercavam-na.

Camila - SOCORRO!

Gritava a jovem… Olhava à sua volta esperançosa, mas ninguém aparecia.

Recusava-se a acreditar que ia ser assassinada por aqueles animais. Então, no seu maior momento de pânico, ganhou alguma reacção… De alguma maneira ficou focada e conseguiu ver que mais à frente, tinha um pequeno espaço por onde podia fugir… O problema era que, inicialmente tinha de passar por entre as cobras. Respirou fundo…

Camila - Tu consegues!

Disse para si mesma. No momento em que ia avançar, um das serpentes deu um impulso e tentou morder a perna à jovem… Esta gritou e só assim é que desatou a correr, sem se importar onde elas estavam… Passou por cima de todas até à abertura que tinha visionado. Um pouco mais aliviada, olhou novamente à sua volta… Mais répteis daqueles vinham a caminho. Tinha de esconder-se…

Voltou a correr, mas desta vez para uma das casas vizinhas que havia na rua. Se estivesse lá alguém, tentava apelar ao bom senso da pessoa para poder lá ficar. Ao entrar pelo portão a dentro não parou nem um segundo para descansar… Só queria fugir dali. Numa das vezes que ia a olhar para trás pra certificar-se da distância que havia entre ela e os animais, não reparou por onde estava a ir… Apenas quando sentiu o solo desnivelado é que parou. Tinha corrido para o jardim da casa, que aparentava ainda estar a ser construído, pois não havia nada plantado, só terra meio lamacenta. Aquilo pareceu-lhe um pouco estranho, mas não ligou, não podia parar por muito tempo. Enquanto deslocava-se na terra com alguma dificuldade, por a terra estar molhada, tropeçou e caiu… Depois de estar no chão, disse uma outra asneira, não havia ninguém por perto. “É o cúmulo! Além de estar a fugir de cobra, agora estou cheia de terra!”. Pensou de seguida. Para a jovem, o facto de estar suja, era incomodativo.

Ao levantar-se, começou a sentir algo a mexer-se… Parecia que o próprio solo estava em movimento. E foi aí, já sentada, que olhou para o chão…. Milhares de larvas haviam emergido da terra, brancas, gordas e nojentas. Camila gritou, e em meio em choque, tentou pôr-se de pé mas não conseguia, derivado à quantidade delas… Cada vez que se mexia, enterrava-se mais e mais…

Camila - TIREM-ME DAQUI! ALGUÉM ME AJUDE, POR FAVOR!

Gritava em vão… Já enterrada até à cintura…

*

A rua manteve-se vazia… Leonardo continuava parado, em frente a Melissa… Ou a uma versão demoníaca da jovem. De qualquer dos modos, o espanto estava estampado no seu rosto.

Leonardo - Os teus olhos…

Melissa tinha os olhos negros… E ao ouvir o que o jovem disse, sorriu.

Melissa - O que é que foi Leonardo? Nunca viste um demónio?

Leonardo não queria acreditar… Nem mesmo naquele momento, em que os seus olhos estavam a comprovar o que avó lhe dissera… O único problema, é que não sabia se podia confiar naquilo que estava realmente a ver. Aquele dia parecia estar a ser construído de ilusões.

Leonardo- Não podes ser real… Não podes ser um demónio!

O jovem estava muito confuso e as suas ideias estavam todas baralhadas.

Melissa - Porque é que é tão difícil de acreditar?

Leonardo - Porque és minha amiga! Não és nenhum monstro…

Melissa abanou a cabeça em desaprovação e em seguida começou a andar de um lado para o outro…

Melissa - Sempre posso provar-te…

Disse num tom pensativo, mas deveras provocador… Leonardo ficou calado e Melissa parou para encará-lo.

Melissa - Ok… Eu mostro-te! Por onde hei-de começar…

Durante o processo começou outra vez a andar de um lado para o outro.

Melissa - Deixa-me ver… Hum, já sei!

Exclamou com vigor e voltou a parar.

Melissa - Se eu te disser que todo este tempo tenho estado infiltrada no grupo o que dirias?

O jovem olhava com cautela para a sua amiga… Ou para um demónio…

Melissa - Escusas de perguntar… Trabalho para Abaddon, meu mestre!

Leonardo recuou… Era exactamente o que a sua avó lhe tinha contado… Mas desta vez era pela boca da própria Melissa…

Leonardo - NÃO! Isto não é real…

O jovem continuava em negação.

Melissa - Já sei! Tenho uma ainda melhor… Tens de ouvir esta!

Exclamou com um enorme sorriso. Leonardo sentia o seu coração a bater freneticamente…

Melissa - Fui eu… Fui eu o demónio que matou os teus pais!

Leonardo quase caiu ao ouvir aquilo… Ninguém sabia que os seus pais tinham morrido nas mãos de um demónio e não num acidente de carro. Um dos segredos que ele e a sua avó partilhavam… Com aquilo dito, o jovem chegou à conclusão que talvez fosse verdade… Melissa talvez fosse um demónio e se calhar, tinha sido mesmo ela a assassinar os seus pais. Ou não… Mesmo que fosse uma ilusão estava a resultar como a realidade…

Melissa - Foi um prazer tê-los assistido a sangrar… Imagina o que farei com vocês!

Leonardo interrompeu, enervado… Não tinha muito a dizer, apenas estava farto.

Leonardo - CALA-TE!

Melissa - Vem tentar…

Provocou, a rir-se…

Leonardo - Considera-te morta!

Leonardo estava cego… Sentia uma raiva enorme dentro de si. Sem pensar no que estava a acontecer, avançou em direcção à rapariga que pensava ser sua amiga…


*

Os seus sentidos nunca a enganavam… O forte cheiro a incenso era proveniente da pequena luz, que há minutos atrás, tinha atraído a jovem Ísis até ao seu destino… Assim que chegou, verificou que se tratava de uma fogueira. Três pessoas encontravam-se à volta das chamas e atiravam incensos, ervas e alguns óleos para o fogo. Pareciam fazer algum tipo de ritual, pois a seguir de realizarem aquelas tarefas, começaram a entoar uns cânticos um pouco estranhos… Os quais fizeram as chamas aumentar consideravelmente, iluminando melhor o espaço na noite escura que havia caído.

Ísis decidiu manter-se afastada e assistir… Não sabia quem eram aquelas pessoas, mas possivelmente seriam feiticeiros. A única questão da jovem era se seriam reais e não uma ilusão como todas as outras que se encontravam a fazer uma manifestação à porta da câmara. Nesse momento, tomou mais atenção ao que faziam… Estavam a preparar-se pra irem buscar alguma coisa para a continuação do ritual. A jovem pensou em algum instrumento ou algo parecido, no entanto, o que trouxeram foi algo bem pior…

Os ingredientes que traziam numa caixa revelaram ser macabros e certamente, usados para Magia Negra… Um tipo de Arte que Ísis repugnava e tinha bastante medo por ser tão instável e perigosa… Esperava nunca precisar de a usar pois não sabia se seria capaz. Era uma espécie de energia, com a qual não queria lidar.

Quando abriram o recipiente, Ísis teve vontade de fugir derivado aos ingredientes… Corações humanos. Aterrorizada, manteve o controlo ao máximo para não gritar de choque… E conseguiu.

Os feiticeiros continuaram o ritual… Pegaram num dos corações e atiraram para a fogueira, proferindo palavras que a jovem desconhecia. A atmosfera ficou pesada e uma energia densa e desformada invadiu os ares… Ísis sentiu-a e achou que se calhar, seria melhor sair dali. Num dia tão maluco como aquele, preferia a segurança do que a aventura. No momento em que finalizou o pensamento, os três feiticeiros olharam na direcção onde esta estava e viram-na… Ansiosa, a jovem tentou correr mas não conseguiu… O seu corpo não respondia, parecia paralisada. Tentou falar, mas a sua voz também não saía. Um dos feiticeiros tinha o braço esticado na sua direcção e Ísis teve a certeza que ele era o culpado por o que lhe estava a acontecer… Aí, fez um movimento com a mão como se a estivesse a chamar e involuntariamente, a jovem foi elevada centímetros do chão e atraída até às três pessoas.

Depois de estar entre os feiticeiros, mais propriamente três homens todos vestidos de preto, Ísis sentiu-se livre de novo… Aquele que tinha usado Magia para a fazer chegar até ali, aproximou-se e fez sinal aos outros dois… Por sua vez, estes foram buscar cordas…

Ísis - Quem são vocês?

Perguntou a jovem entre respirações ofegantes. Nenhum respondeu e os outros dois aproximaram-se com as cordas e largaram-nas…

Ísis - O que é que vão fazer?

Ísis estava bastante assustada e olhava para os feiticeiros que agora, já sorriam. Tentou fugir mais uma vez, mas estes exclamaram uma palavra qualquer, a qual a jovem não reconheceu… Nesse preciso momento, as cordas começaram a mover-se pelo chão, na direcção da jovem… Sozinhas, como se tivessem vida. Rapidamente, enrolaram-se à volta dos pulsos e dos tornozelos da jovem, amarrando-a com força e imobilizando-a totalmente.

Ísis - Larguem-me! Eu não fiz nada!

Pediu a jovem, aterrorizada… Não sabia o que eles queriam com ela e já se arrependera de ter ido até ali… Pensou em tentar algum feitiço como tinha feito mais cedo, mas isso ia requerer tempo e concentração. Naquele momento não tinha nenhum dos dois… Foi aí que finalmente ouviu o feiticeiro que se encontrava entre os outros dois, a falar… “Já temos tudo o que precisamos para o ritual… Faltava-nos o sacrifício humano! Realizado durante o processo…”. A sua voz era forte, severa… E ao dizer isto, retirou um punhal que trazia escondido à cintura e olhou para Ísis. A jovem entendeu de imediato… O sacrifício seria ela. Tentou gritar mas não ia aparecer ninguém. Estava sozinha…

*

Ao ver que estava totalmente cercada, Melissa percebeu que tinha de lutar… Sabia que tudo aquilo era ilusão e que, aquelas pessoas não eram demónios… O mais certo era nem sequer estar ali ninguém e tudo ser, absolutamente, falso.

Melissa - Afastem-se já! Não tenho medo de vocês! Eu sei que não são reais!

Tentou a jovem… O que estava a dizer até era verdade. Não tinha medo de demónios… Logo não estava a entender muito bem o porquê de aquilo lhe estará a acontecer.

Nenhuma das pessoas respondeu e apenas ficaram paradas, à volta dela…

Melissa - Ok… Muito bem! Se não saem da frente por vontade própria, eu dou uma ajudinha!

Melissa já estava com pouca paciência para aqueles jogos que duravam desde bem cedo. Decidida, avançou na direcção de uma das pessoas e quando ia a tentar retirá-la da frente, foi surpreendida… Levou um soco de todo o tamanho, no lado esquerdo do rosto. Rapidamente afastou-se, com a mão colocada na cara… À sua frente podiam não ser demónios, mas pelo menos, batiam como tal. Assim que voltou ao centro da roda, ficou à espera de voltar a ser atacada, mas nada aconteceu… Parecia que estavam a mantê-la apenas ali… À espera de algo.

Melissa - Não vão fazer nada?

Perguntou, pra ver se conseguia provocá-los… Mas mais uma vez, nada. A jovem não ia ficar parada… Não conseguia. Aquilo tudo já a estava a enervar e sentia-se saturada. Pensou por uns segundos, analisou bem todos os factos e decidiu que ia tentar, a todo o custo, sair dali e fugir.

Num forte impulso, voltou a avançar na direcção do mesmo demónio e empurrou-o com toda a força, fazendo-o cair pra trás e bater com a cabeça no chão. Nesse mesmo instante, já outro dois estavam ao alcance da jovem e tentaram agarrá-la enquanto um terceiro diferia-lhe murros no abdómen… Por uns segundos Melissa resistiu e finalmente aproveitou estar a ser agarrada para se apoiar e dar um forte pontapé no queixo do que estava à sua frente. O resultado foi positivo e logo a seguir, juntou os braços usando a sua força exagerada, e os dois demónios embateram um no outro e caírem. Riu-se… Era incrível como já tinha evoluído tanto desde que começara a sair com Érica, a Night Watcher. Distraída, não reparou num que vinha por trás e trazia um pedaço largo de madeira… Com toda a força foi atingida na cabeça e caiu. Melissa era resistente, mas aquela pancada foi bem direccionada e deixou-a tonta. No chão, virou-se para ver com o que lhe tinham acertado… Já todos estavam de pé novamente, e prontos para mais uma rodada. A jovem tentou pensar positivo, mas estava a ver-se com dificuldades. Chateada, tentou levantar-se, mas ao ouvir uma voz conhecida, a sua surpresa foi tão grande que ficou no chão…

Vasco - Melissa?

Era o seu pai… Do nada, Vasco Monserrate tinha aparecido e aproximava-se deles…

Melissa - Pai? Não…

Disse baixinho… Não era suposto ele estar ali. A sua expressão, depressa mudou de enraivecida para apavorada.

Vasco - O que é que se passa aqui? O que é que estão a fazer à minha menina? Afastem-se!

Disse Vasco para as abominações que estavam a cercar a filha.

Melissa - NÃO PAI… SAI DAQUI!

Gritou para o pai, mas este já tinha avançado entre as pessoas e tentara afastá-las… Em vão. Sem estar a contar, uma delas agarrou-lhe a cabeça e com agressividade, girou-a num movimento rápido partindo-lhe o pescoço.

Melissa viu aquele momento em camara lenta… E só quando ouviu o corpo do pai a cair no chão é que reagiu. Numa enorme fúria, a jovem levantou-se cheia de força. Os seus gritos ecoaram pela vila e foram escutados nos quatro cantos de Cila…

Sem qualquer problema, avançou até o seu pai… Vários dos demónios tentaram pará-la, mas esta atirava-os para longe como se fossem extremamente leves. Ao chegar onde queria, ajoelhou-se e tentava tocar no pai, na esperança que este estivesse vivo… As lágrimas corriam-lhe pelo rosto abaixo… Estava num desespero nunca antes sentido… Acabara de perder a pessoa de quem mais gostava em todo o mundo, o seu pai. O seu maior medo e receio acabaram de acontecer…

Num segundo, fez-se uma pequena luz na mente da jovem… O seu medo tinha acontecido… O que podia significar que não fosse real, como Érica tinha explicado. Podiam ser apenas artimanhas do demónio para ferir os outros. Tinha de se acalmar… Tinha de descobrir se o que acabara de acontecer era mesmo real.

Estava a tremer de nervosismo e a soluçar do choro… Sabia que tinha de ser rápida, antes que os demónios voltassem a atacar. Parou, fechou os olhos, respirou fundo…

Melissa - Isto não é real… Está tudo bem! Vais ver… É tudo mentira!

Disse para si mesma… Sempre a ajudou o facto de falar para si própria, esperava que agora também fosse igual. Esforçou-se para manter a concentração… Enquanto estava de olhos fechados teve a sensação de que tinha ficado silêncio à sua volta. Um pouco relutante, decidiu abrir os olhos… Felizmente, e para seu grande alívio, tudo tinha desaparecido e estava sozinha na rua. Esta foi a sua garantia de que aquilo que assistira tinha mesmo sido uma ilusão.

Por alguns segundos, Melissa deixou-se cair para trás e ficou estendida no meio da rua. Todo aquele peso que sentia estava, aos poucos, a desaparecer… E em seu lugar, uma revolta descontrolada estava a emergir outra vez. Aquilo tinha sido a gota de água para a jovem… O demónio responsável por aquele caos tinha de pagar. Já chegava de medos e receios.

Consumida pela raiva, levantou-se e foi à procura de Agramon.


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Notas finais do capítulo

Esperemos que gostem :)



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