Devoradores escrita por Nayame


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo *--* fic atualizada todos os domingos /o/ boa leitura.



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- Então vocês se conhecem? – Hellins demorou vários segundos até perceber que aquela pergunta era para ela. Embasbacada, se vendo no telão da praça atrás de si, a morena sussurrou um tímido sim – Mas que ótimo. Isto sempre dá um gás aos jogos.

Ao ouvir o nome Kysei Ewheart, ela começou a perder o controle de seu corpo. O sorriso sumiu imediatamente. Sua imagem no aparelho do Distrito quatro captava uma morena de boca aberta e olhos arregalados. Bem distinta do que ela realmente queria passar. Quando Ky caminhou até o lado de Eltyn, passando por ela, a morena fez um mico ainda maior; Suas mãos agarraram as mangas da blusa dele com um desespero notável. Abria e fechava os lábios querendo dizer coisas, mas as palavras não saíam.

- Tenha calma, Henhen – O sussurro do amigo não a acalmou. Hellins queria tirá-lo dali. Estaria disposta a segurar os guardas para que ele corresse – Se eu não fosse sorteado, iria me oferecer como tributo mesmo.

Como é?

- Nossa! Quantos sussurros – Eltyn tentava quebrar o clima ruim que acabou se formando. O loiro praticamente puxou Kysei para seu lado, arrancando Hellins de perto e a deixando como uma estátua – Palmas para nossos sorteados. Que tragam honra ao Distrito quatro – Puxou ambos pelos ombros, pousando para fotos comemorativas. Kysei sorria vitorioso para o flash e as câmeras, mas a morena permanecia com a sua expressão abobalhada.

Quando as câmeras foram desligadas, quando o show acabou, ambos foram praticamente empurrados por um Eltyn enojado. Hellins cambaleou com o impulso e quase caiu. Vários espectadores que ainda estavam assistindo gargalharam alto. Sentiu vontade de sumir. Queria correr dali, desaparecer se possível. Sentiu as mãos tremulas e inseguras de Annie Cresta lhe ajudar, e com isto, Finnick também a ajudou.

- Recomponha-se – O mentor pediu, chacoalhando-a de leve – Não desista de sua imagem de forte logo agora. Quer ser vista como fraca por todos os outros tributos?

Qual era o problema? Ela realmente é fraca.

Respirou fundo. Uma. Duas. Cinco vezes. Abriu a boca, pronta para responder com um pouco mais de força e dignidade, mas novamente foi manipulada por ações alheia. Três Pacificadores praticamente a levavam em custodia. Olhou para trás desesperada. Ninguém podia a ajudar. Ninguém queria.

Apontavam armas em suas costas. Tinham uma pegada forte, quase como se ela não fosse mais humana. Não respondiam pergunta alguma. Quanto tentou se comunicar recebeu um; Ande depressa, tributo. Com uma ênfase suspeita em sua nova maneira de ser chamada. Com certo ar de gozação. Hellins apenas segurava o choro por ter certeza que mais câmeras a esperariam em breve. Tinha que ser forte. Carreirista, como havia prometido assim que subiu ao palco. O que sua mãe pensaria ao vê-la se debulhando em lágrimas? Provavelmente ela estaria neste estado bem agora.

Quando pensou nisto, seus pés começaram a pisar com mais força e segurança. Soltou-se dos guardas e começou a caminhar por si mesma, olhando com certo ódio sempre que lhe encostavam a arma. A caminhada durou bem menos com esta sua atitude. Logo fora novamente empurrada até um carro luxuoso, quase caindo em Eltyn. O loiro a jogou com força contra a vidraça do veiculo, mostrando claramente o seu nojo.

- Não me toque seu lixo! Que horror. Eu, um morador da Capital, tendo que conviver com ratos dos Distritos – Com este comentário ela agradeceu por tê-lo achado irritante desde o inicio – Vamos logo para a estação de trem. Ande logo com isto, Pacificador.

Só então ela notou que um Pacificador dirigia. E não só isso, Ky estava no banco da frente.

- Ky...

- Conversarmos depois... – Sua voz soou fria. Hellins sentiu como se algo estivesse se quebrado em seu peito. Ele nunca a tratava assim.

- O que aconteceu?

- Nada.

- Nada? Eu digo o que aconteceu – Novamente a voz enjoada e fina preencheu o local. Hellins revirou os olhos, deixando bem claro para ele que estava fazendo isso – O bonitinho aí começou uma briga com os Pacificadores no caminho.

- Como é?

Ky? Brigando? Estava pronta para dar uma bela cortada em Eltyn, com direito a humilhação e uma risada na sua cara ridícula e feia, até olhar o retrovisor do carro. A imagem de Kysei refletida com um nariz aparentemente quebrado quase a fez pular do banco. Estava sangrando muito, com um corte profundo bem em cima. Corte este que descia, quase chegando até sua bochecha.

- Meu deus, Ky.

- Isso não é nada.

- Como não é nada? – Estava elevando a voz sem perceber – Quase corta o lado esquerdo do seu rosto todo.

- Direito. Você está vendo em um espelho – Ele precisava mesmo fazê-la passar por idiota? Hellins passou a mão pelo banco da frente e fez questão de apertar bem forte o nariz do moreno. Ouviu um grito realmente doloroso vindo dele – Ai!

- Isso não é nada – Fez questão de imitar a voz do amigo com o tom mais imbecil que conseguiu. Quando tirou a mão do machucado e as viu com sangue, realmente se sentiu mal. Sempre impulsiva. Sempre fazendo idiotices sem pensar nas conseqüências – Desculpe Ky.

- Tudo bem...

Por vê-lo mexer o nariz com uma cara de dor e ter sangue em mãos, Hellins se sentiu mal a viagem toda. Encolheu-se o máximo que pôde no banco de traz e ficou em silêncio. Ela realmente não servia para os jogos. Sua mente reciclava continuamente cenas das edições anteriores para lhe assustar; O garoto que, por falta de comida, matava e comia os outros tributos. A louca que torturava seus oponentes e os deixavam em um estado semimorto. Haymitch, do Distrito doze, que participou do massacre quartanário com 48 tributos – um dos jogos especiais que acontecem a cada 25 anos - e liquidou vários oponentes facilmente. Comparado a eles, o que ela era? Era uma garota estúpida, impulsiva e fraca. Uma garota incapaz de manter a postura séria, e que, no primeiro contato com sangue e dor, se sentiu fraca e culpada.

E pensar na situação piorava tudo.

“Eu fui sorteada. Eu sou um tributo. Eu vou ter que matar vinte e três outros tributos, em uma floresta, deserto ou sabe-se lá o quê. Eu vou ter que matar Ky. Meu amigo. Melhor amigo. Eu não sei manusear nada. Eu vou morrer!”

Estava enlouquecendo.

- Finalmente chegamos. Graças, que carro abafado! – Hellins quase teve um ataque ao olhar para Eltyn. O loiro, que de loiro não tinha nada, havia retirado sua peruca por alguns minutos. Os cabelos curtos e negros combinavam bem mais, apesar de achá-lo horrível ainda – Várias câmeras nos esperando. Vamos crianças, sorriam.

Sorrir é a última coisa que ela queria.

Sair do carro foi como entrar em uma peça de teatro; Eltyn vestiu novamente a peruca dourada. Kysei disfarçou a cara de dor. Hellins colocou um sorriso aceitável em seu rosto. Tudo ficou extremamente turbulento em um segundo. Cada uma das milhões de perguntas que conseguia entender, ela sorria e acenava. Fazia várias gracinhas também. Queria parecer animada, diferente da garota pálida e abobalhada de minutos atrás.

- Uma pergunta, só uma pergunta – Um dos inúmeros jornalistas da Capital conseguiu a atenção da morena – Hellins por que deu um soco em Kysei Ewheart? Sua reação exagerada tem relação a isso?

- Como é? Eu não... – Levantou a mão para negar, revelando seus dedos ensangüentados. Ouve uma exclamação coletiva da empresa. Todos tiravam fotos e filmavam a agressiva garota do Distrito quatro. Hellins rapidamente escondeu o sangue – Eu não... Eu... Não... PAREM!

- Sem perguntas para a minha amiga, por favor – Eltyn sorriu e acenou, jogando a morena no trem sem sutileza alguma. Quando trancou a passagem, quase desmoronou de cansaço no chão – Que saco. E você também hein, se aproveitando assim.

- Eu? Eu não...

- E bem com o seu amigo. Sabia que ele brigou porque eu neguei que você se despedisse de seus familiares? Oras, fiquei como vilão nisso – O loiro deu de ombros – Estávamos atrasados demais para tanto draminha e despedidas. Ele ficou uma fera. Uma pena você ser tão ingrata.

- Por quê? Então... COMO SE ATREVE?! – Hellins pega o colarinho do loiro. Já não via a hora de dar um belo soco naquele nariz ridículo – MINHA MÃE... MINHA FAMÍLIA... SEU... SEU...

Espera, não era hora para bater nele.

- Ky!!

O garoto não mais estava lá. Hellins apenas o ouviu bater a porta de seu quarto.


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Notas finais do capítulo

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