- droga! - me encostei no sofá e bufei, mais ou menos meia hora depois (uma lenta meia hora, se posso dizer).

 - o que foi? - Liam tirou os olhos do DS de Harry e me olhou.

 - meu celular acabou a bateria - balancei o iPhone  no ar.

 - o DS também já está quase... - parou a frase ao ver a tela se apagar sozinha na mesma hora e eu dei uma risadinha.

 Ficamos em silêncio de novo.

 A maior sorte da noite era que eu tinha 99% de certeza se que estava de TPM, assim como Harry tinha me dito mais cedo. Afinal, o que mais me faria ter aquela seção terapia com ele e mudar de humor com Liam toda hora.

 E era por causa dessa sorte grande que eu não queria conversar com Liam. Não queria acabar falando alguma coisa que não devia por causa da

minha bipolaridade passageira.

 - há quanto tempo você tá com o Ryan, Sam? - mas é claro que ele iria puxar assunto!

 - há cinco meses - sorri e ele levantou a sobrancelha - o que foi? - revirei os olhos.

 - nada, é só que eu não sabia que já tinha tanto tempo... - deu de ombros e ficamos em silêncio mais uma vez.

 LIAM'S P.O.V.

 - você ama ele? - perguntei quebrando o silêncio e ela se levantou, andando de costas para mim.

 - eu não vou discutir isso com você, Liam... - passou a mão pelo cabelo ainda de costas.

 - eu não acho que ama... - dei de ombros e ela se virou para mim com uma cara de surpresa misturada com deboche.

 - o que?

 - você ouviu, Sam, eu não acho que você ama ele - apoiei os cotovelos nos joelhos e encarei-a.

 - Ah, você não acha mesmo? - disse um pouco nervosa - e porque é que você acha isso, Sherlock? - levantou as mãos.

 - não sei... Só acho que não ama. Talvez seja por que você não olha pra ele como alguém que realmente esteja amando... Não olha pra ele como olhava pra mim... - dei de ombros e ela soltou uma risada irônica.

 - por favor, Liam! Você só está com ciúmes. Não sabe o que está falando!

 - é só a minha opinião, Samantha.

 - e você e a Briana, em? Você também não parece amar ela.

 - e não amo mesmo - disse com uma cara confusa e ela arqueou as sobrancelhas - talvez eu seja um pouco apaixonado por ela, talvez seja só atração... Só sei que não é amor.

 - por Deus! - levantou um pouco o tom da voz - você está se escutando?

 - qual é o problema, Samantha? Eu nunca disse que a amava e ela também nunca disse isso pra mim. Não estou vendo o motivo de tanta surpresa.

- porque você está com ela então?

- Sam, acho que você está bem grandinha e deve saber que, diferente dos contos de fadas, as pessoas não ficam com as outras só quando há amor verdadeiro... – disse como quem realmente fala com uma criança e ela pareceu ainda mais nervosa – e também, achei que Harry e Zayn servissem de exemplo vivo disso pra você...

Olhou-me de uma forma que me fez imaginar se não estaria decidindo se me bateria ou não.

Não posso negar que estava me divertindo vendo ela daquela forma. Nervosa, quero dizer. As caras que fazia eram muito engraçadas e eu estava me esforçando para não rir.

- fico imaginando que o relacionamento de vocês deve ser bem aberto então, não é mesmo? Porque se quando você estava comigo era real – fez aspas no ar ao pronunciar a ultima palavra – você me traiu, então imagina com ela que você assume para o mundo inteiro ouvir, que não ama.

Deixei minha cabeça tombar até que estivesse encostada no sofá.

- eu já falei que não te traí, Samantha – disse com a mão sobre a face, o que fez minha voz sair um pouco abafada – foi só um beijo...

- você acha mesmo que eu não sei que se não fosse por Niall você teria dormido com ela, não é? – disse com o tom de voz mais alto e eu levantei minha cabeça, procurando seus olhos no escuro.

- não importa, o que importa é que eu não tive a intenção de fazer nada daquilo – disse com o tom de voz calmo, diferente dela.

- você não s... – parou a frase (grito) no meio e respirou fundo, encarando o teto.

- vamos, Sam – disse me levantando e dei um passo em sua direção – vamos! Grite comigo – falei um pouco mais alto dessa vez – você está doida pra fazer isso não é mesmo? está doida para gritar comigo, dizer na minha cara o quanto eu sou um babaca, e tudo mais, então vamos, faça isso! – cheguei ainda mais perto – vamos, Sam... – sussurrei em seu ouvido e, assim que recuei, vi que travava a mandíbula.

- você não tinha o direito – quebrou o silencio depois de alguns segundos – você não tinha o direito, Liam, eu confiei em você! – começou a subir o tom de voz.

- e você devia ter conversado comigo no dia seguinte, Samantha, e não ter fugido como você fez... – disse entrando em seu joguinho de gritos.

- conversado o quê, Liam? – gritou e abriu os braços – nós não tínhamos nada para conversar. Você me traiu, Liam. É como dois mais dois, que dá sempre quatro: não tem desculpa, ok?

- então você considera mesmo como traição até hoje? -  disse calmo e ela arregalou os olhos.

- mas é claro que eu considero, Liam, porque é isso que é, uma traição!

- e você resolveu se vingar chegando na minha casa pendurada no pescoço de outro cara,  mostrando o quanto vocês são felizes juntos e essa mentira toda?

- por Deus! Eu não estou mentindo nada por causa de você Liam! – cuspiu as palavras.

- claro que está, Sam! Ou você acha que eu caí no seu joguinho de casal feliz?

- você é tão ridículo – disse mais baixo, com uma voz um pouco cansada e eu tinha certeza que se não fosse pelo escuro eu veria seus olhos verdes pegando fogo.

- Sam... – disse chegando perto e ela não se moveu.

- você é tão babaca, Liam. Eu realmente não sei o que eu vi em você...

- dizem que o amor é cego, não é mesmo? – continuei andando em sua direção, dessa vez com um sorriso debochado no rosto. 

- eu não te amo, Liam! –  travou a mandíbula mais uma vez.

- pode continuar dizendo isso para você mesma, Sam, mas não vai me enganar...

- eu não estou enganando ninguém, idiota. Eu não te amo e ponto final – disse fechando os olhos e aproveitei para chegar ainda mais perto, ficando apenas a alguns centímetros dela.

- diz isso olhando nos meus olhos então, Samantha – disse e ela abriu os olhos, assustando-se com a proximidade, mas sem se mover para aumentar o espaço – diz que não me ama olhando nos meus olhos e eu acredito em você, juro que para de correr atrás de você...

- eu não tenho que provar nada pra você – disse firme e eu levantei o indicador, fazendo uma cara de quem acabou de lembrar de algo.

- tudo bem – disse me afastando alguns centímetros – eu vou deixar passar dessa vez porque você está de TPM e eu não quero te irritar...

- eu não estou de TPM! – gritou - meu Deus, como você é irritante!

- eu já disse que é só você admitir me olhando nos olhos que eu te deixo em paz, Samantha – dei de ombros.

- eu não quero nada com você, Liam! – seu tom de voz começou a aumentar mais uma vez -  se eu quisesse estar com você, porque diabos eu estaria com Ryan, em? Se eu preferisse acordar do seu lado todos os dias, beijar a sua boca e não a dele, e todas essas coisas, porque eu teria voltado para a cidade com ele? – gritava como se acreditasse que a altura de sua voz fosse fazer com que eu acreditasse mais facilmente – eu não quero ficar com você, eu não quero nada com você. Eu ne sei porque eu voltei pra essa merda de cidade, achando que alguma coisa entre nós fosse dar certo, porque, caramba, Liam, você é a pessoa mais difícil que eu conheço e... – não deixei que completasse a frase.

Dei dois passos em sua direção e peguei seu rosto em minhas mãos, juntando nossos lábios de forma rápida.  Desci uma das mãos para a sua cintura e puxei-a para mais perto, sentindo suas mãos se agarrando em minha blusa e ela finalmente ceder ao beijo.

O beijo começou a ficar mais urgente, mesmo que ela não tivesse ousado mexer suas mãos, como que tentando provar que não queria me beijar e então ela se separou me mim, empurrando meu peito até que estivéssemos a uma distância maior, mesmo que ainda estivéssemos perto o bastante à ponto de que eu pudesse sentir sua respiração ofegante se misturando com a minha.

- eu não sei se você reparou – disse com um sorriso ao ver que seu olhar acusador continuava em seu rosto depois de alguns segundos – mas naquele discurso todo que você fez, nenhuma vez você disse que não me amava, Sammy...

Me olhou com os olhos pegando fogo e, antes que eu pudesse perceber seu ato, sua mãos já estava em meu rosto, em um belo tapa que eu tinha certeza que deixaria as marcas de seus dedos.

Continuei com o rosto virado para onde o tapa o tinha direcionado e encarei o chão pelo o que pareceu uma eternidade, travando a mandíbula de modo a ter certeza de que ela devia parecer querer pular de meu rosto.

- nunca mais faça isso! -  disse em um tom baixo e agressivo, apontando o indicador para mim – nunca mais, Liam!  - escutei seus passos dispersarem pela casa afora e só consegui sair daquela posição e ir me sentar no sofá alguns segundos após ouvir a porta de seu quarto bater no silêncio da noite.

Talvez eu fosse mesmo um babaca.

SAMANTHA’S P.O.V

 - vocês o quê? – Ellie quase cuspiu o sorvete que estava tomando quando contei o que tinha acontecido na noite anterior.

- nos beijamos... quer dizer, ele me beijou – escondi meu rosto nas mãos. 

- me conta direito como isso aconteceu, menina! – disse quase pulando por cima da mesa para agarrar meu braço.

- eu não sei direito até agora pra falar a verdade... a gente tava no escuro, e começou a brigar – ignorei o seu “variando” e continuei – e ele estava falando que eu não amava Ryan, não do jeito que eu amava ele antes. E então começou a dizer que eu ainda amo ele, e eu comecei a gritar com ele e antes que eu pudesse impedir, ele já estava me beijando – soltei o ar pesadamente.

- e aí? o que aconteceu depois? – perguntou aflita, quase derrubando o pote de sorvete.

- eu dei um tapa na cara dele – encolhi os ombros.

- então é por isso que a bochecha dele estava vermelha quando eu o vi ontem anoite... – disse pensativa e então voltou a falar comigo – não se sinta culpada, foi bem merecido... o tapa, quero dizer – deu de ombros – e depois? Só isso?

- como assim só isso? Ele me beijou e, bom, não sei se você está lembrando da parte em que estou comprometida com outra pessoa...

- eu sei, o Ryan – revirou os olhos – e é por isso mesmo que estou perguntando, sua burra, quero saber o que você decidiu sobre o que fazer com ele...

- Eleanor! – disse em um tom recriminador – não é um beijo que vai fazer meus sentimentos pelo Ry sumirem!

- tudo bem, mas não foi só um beijo. Foi um beijo no Liam... quero saber como está se sentindo em relação à isso...

- eu continuo confusa, não sei – joguei a cabeça para trás.

- porque você não termina com Ryan enquanto pensa, então?

- porque todo mundo me fala isso? Vocês não gostam de Ryan por acaso? – disse abrindo os braços e ela fez um sinal de como quem diz “menos”.

- é só que você pode estar só usando ele, Sam – encolheu os ombros.

- mas é claro que não! – disse indignada – eu gosto de Ryan, gosto muito dele. Não faria isso.

- tudo bem, tudo bem. Não está mais aqui quem falou – levantou os braços como se estivesse se rendendo  - já sei do que precisa! – disse levantando-se e esticou sua mão para que eu a pegasse e me levantasse também – você precisa esquecer desse tal beijo...

- porque eu não estou com um bom pressentimento? – disse finalmente pegando sua mão e me levantando.

- anda logo, Samantha – disse me puxando shopping afora até o lugar que queria.

Paramos em frente à uma loja de lingerie e eu olhei-a, soltando uma risada.

- vocês está falando sério? – disse depois de perceber a cara feia que fazia para mim.

- mas é claro que eu estou falando sério! – disse indignada – é tudo o que você precisa para ter uma noite que com certeza vai te fazer esquecer a de ontem – disse piscando o olho para mim no final.

- não... – disse fazendo-a parar de andar em direção à loja e se virar para mim, que continuava parada no mesmo lugar.

- Sam, porque não? Aposto que vai te ajudar, deixar o clima mais quente... – levantou as sobrancelhas.

- eu não preciso.... – disse mas ela continuava a me empurrar em direção à porta.

- mas é claro que você precisa. Vocês dois são tão... monótonos....

- você não pode falar isso, você nem nos vê juntos direito.

 - exatamente!

- para com isso, Eleanor, eu não vou comprar nada aqui... – disse um pouco mais baixo, por já estarmos dentro da loja.

- para com isso você Samantha! Porque está com tanto medo de alguns sutiãs e calcinhas? Quantos anos você tem, dez? – disse olhando pelas araras.

- Ellie...

- você vai me agradecer depois... – disse sem desviar os olhos para mim – agora seja uma boa menina e me ajuda a escolher o que vamos levar... – levantou um conjunto vermelho transparente e fez uma cara sexy – que tal?

- menos, Eleanor – disse tirando o cabide de suas mãos e colocando-o de volta na arara.

- mas o que foi? Eu gostei daquele... – bufei para ela e saí andando.

Ellie chamou uma vendedora e ficamos as três procurando algo que me agradasse, já que eu sabia que Eleanor não me deixaria sair dali sem nada e, bom se era pra gastar dinheiro com isso, gastaria pelo menos com alguma coisa que realmente usaria.

Depois de desistirem de tentar me convencer a usar algumas mais ousadas as duas começaram a procurar algo mais “leve”, como Eleanor tinha dito.

Peguei uns oito ou nove conjuntos e segui para o provador, com as duas logo atrás de mim.

Comecei provando os que eu tinha pegado só de brincadeira, pois já tinha dito a Eleanor que não os levaria de jeito nenhum, e tive que chamar Ellie para me ajudar com o corpete preto que vinha junto.

- eu não sei pra quê uma coisa tão complicada – reclamei me escorando na parede enquanto ela ajustava na parte de trás – no calor do momento, até conseguir tirar isso o calor já passou... – bufei e pude ver, pelo espelho, ela revirando os olhos.

- amor, no calor do momento, qualquer coisa sai – levantou as sobrancelhas e eu dei uma risadinha – você pode não levar, mas tem que concordar que você ficou sucesso – disse chegando para trás e eu me olhei no espelho.

- eu realmente não sabia que minha cintura era fina assim – disse me virando para olhar melhor no espelho do provador. O que não tinha sido uma boa ideia. Dizer em voz alta, eu quero dizer,  já que Eleanor sorriu para a vendedora e apontou para mim.

- ela vai levar! – fez um joia e eu revirei os olhos.

- não, ela não vai levar – disse um mais alto para que a vendedora me escutasse.

- qual é, Sam! Ficou ótimo e você sabe disso... – disse e bufei. 

- tudo bem, vou pensar – Ellie sorriu satisfeita e me deu um beijo na bochecha antes de sair.

Provei as outras coisas que tinha levado e acabei escolhendo um conjunto com um tomara-que-caia preto e vinho, rendado em formas florais que eu realmente tinha gostado.

Ellie acabou levando o que vinha com o corpete (depois de experimentá-lo assim como eu), dizendo que era para nós duas e que eu poderia usá-lo quando quisesse.

- satisfeita? – perguntei levantando a sacola assim que saímos da loja.

- sim – sorriu – só falta ais uma coisinha que os meninos pediram pra te avisar...

- lá vem – disse com um sorriso brincalhão.

- nós vamos ver o Liam cantar hoje e é pra você vir com a gente – encolheu os ombros.

- o quê? – preguntei parando de andar e ela fez o mesmo.

- “o que” o quê? – disse estreitando os olhos.

- sei lá... “o quê” muitas coisas, tipo: porque eu tenho que ir? Como assim o Liam canta? Onde ele canta? Porque eu não sei disso? – disse contando nos dedos.

- bom – começou a falar contando nos dedos assim como eu tinha feito -  você não tem que ir, mas tenho certeza de que iria gostar. O Liam canta de vez em quando, e os meninos também, qualquer coisa para não atrasar as contas – deu uma risadinha – é em um pub no centro. Você não sabe disso porque nunca perguntou.

- eu não acredito que ele canta mesmo! – disse voltando a andar – quer dizer, eu sei que todos eles cantam bem, mas nunca os imaginei cantando assim, quase profissionalmente... – disse pensativa.

- bem, a parte boa é que você não vai ter que imaginar mais se você for hoje – disse com um sorrisinho.

****

Tomei um banho quente e me arrumei para ir ao pub.

  Acabei colocando a lingerie que Eleanor tinha me feito comprar, acreditando que talvez seu plano de "como esquecer a noite de ontem" funcionasse (e tendo certeza de que eu tinha que esquecê-la, de um jeito ou de outro).

 Passei perfume e fiz minha maquiagem e fui para a sala. Niall estava vendo tv com Ash e me sentei com eles.

 Não demorou muito e todos estavam prontos.

 Ryan me encontraria lá, já que estava terminando um trabalho da faculdade.

 Tivemos que parar o carro um pouco longe (parecia que os domingos na cidade eram tão agitados quanto os sábados) e seguimos até o tal pub.

  Liam estava em um pequeno e baixo palquinho encostado na parede do fundo e uma mesa no canto nos esperava, mesmo o lugar estando cheio.

  Fomos até nossa "reserva" e nos sentamos. Liam sorriu em nossa direção e continuou a arrumar as coisas em cima do palco.

 Não avistei Briana em lugar nenhum (uma pena, realmente), mas decidi não comentar nada, evitando os comentários que sabia que iria gerar.

  - boa noite - a voz grave de Liam no microfone me assustou um pouco e todos já começaram a aplaudir. Pelo jeito ele era conhecido no lugar. Deu uma risadinha e continuou - eu só queria avisar que como o Bob pediu, hoje estamos com uma caixa de pedidos de musicas - levantou uma pequena caixa de papelão - mas enquanto vocês ainda não estão bêbados o bastante para mandar pedidos, vou começar com algumas músicas que escolhi - deu um sorriso (maravilhoso) e foi aplaudido mais uma vez.

  Dedilhou "Drunk", de Ed Sheeran e os aplausos e assobios começaram mais uma vez. Fui tomada por sua voz doce e não conseguia tirar meus olhos deles, percebendo como, ocasionalmente, algumas veias pareciam querer pular de seu pescoço e seus braços, mesmo que não aparentasse fazer força para cantar.

 Tocou mais três ou quatro músicas - e eu já tinha sofrido com os comentários que circulavam a mesa, sobre eu estar aparentemente "muito interessada no cantor da noite" - e então pareceu pensar no que tocar; voltou a falar no microfone.

  Diferente de outros lugares em que eu já tinha visto apresentações ao vivo, as pessoas do pub pararam para escutar o que ele tinha a falar.

 - vou tocar uma música nova hoje - disse e os meninos o olharam, parecendo confusos - eu queria dedicá-la a alguém que está aqui hoje - um coro de "hmmm's" não deixou que continuasse e ele deu uma risadinha.

 Começou a tocar uma música que me era familiar no violão e assim que começou a cantar ficou olhando para mim entre um verso e outro.

We used to talk for hours on the phone, Any night I was away from home, That's the way it was before, We used to sleep just like a set of spoons, Now it's like I'm in the other room, I'm a fork and you're a knife, We could just head for the door, Or we could sleep and ignore, and find, Ourselves suddenly stranges.   

 Eu tentava desviar o olhar, mas não conseguia; era como se seus olhos escuros me prendessem de tal forma que, mesmo tendo consciência de que minhas bochechas queimavam e que todos da mesa me olhavam, eu não conseguia parar de olhá-lo.

  Continuou a música e então chegou ao refrão: I don't want to fight, I just want a life, Of love like we used to live, I don't want to quit, baby I just want to fit, Back together like two puzzle pieces

  Sua voz chegou até mim ao mesmo tempo em que seus olhos não deixavam os meus por um segundo sequer.

 Assim que passou para o próximo verso, consegui finalmente desviar o olhar, me levantando para ir no banheiro antes que minha coragem de sair dali passasse.

  Entrei quase correndo pela porta e me apoiei em uma das pias, olhando meu reflexo no espelho sentindo um nó em minha garganta e podendo ainda escutar um eco de sua voz, vinda do pub.

 Passei água no rosto e respirei fundo.

 Como Liam tinha coragem de cantar aquilo olhando para mim? Ainda mais depois de me beijar na noite anterior. Será que o meu tapa não tinha sido o suficiente para mostrar que eu não queria nada com ele? Nós dois estávamos comprometidos com outras pessoas, ele tinha que parar com essas atitudes que acabavam por confundir meus sentimentos cada vez mais.

 Fechei os olhos e a sensação de seus lábios nos meus voltaram com força total, como se ele estivesse ali, me beijando naquele exato momento. Encostei-me na pia e passei as mãos pelo cabelo.

 Será que eu realmente não queria nada com Liam? Será que quando eu disse para ele nunca mais me beijar daquele jeito de novo eu estava sendo sincera? Será que ele estava certo quando disse que eu não amava Ryan? Será que eu deveria terminar com ele para pensar, assim como tinham me falado?

 Eram muitas perguntas sem resposta. Mas de uma coisa eu sabia: eu gostava de verdade de Ryan, gostava de como era nossa relação, gostava de seus olhos azuis, do jeito que ele me olhava algumas vezes, como se eu fosse uma criancinha indefesa.

 Eu não iria terminar com ele por algo que eu nem sabia se daria certo...

 Respirei fundo mais uma vez e saí do banheiro confiante.

 Ryan já estava na mesa quando cheguei e se levantou para me dar um beijinho rápido. Sorri assim que me separei dele e me sentei na mesa. Zayn me olhava de forma estranha e alguns segundos depois meu celular vibrou. Era uma mensagem dele.

 "tbm não precisa ficar se esfregando no Ryan na frente do Liam né! Ele acabou de quase se declarar pra vc em uma música..."

 Revirei os olhos e olhei para Liam, que estava parado perto do palco descansando. Briana estas com ele e ao contrário de mim e Ry, estavam se "esfregando" muito.

 " ele parece realmente estar ligando muito..." respondi para Zayn.

 "isso não quer dizer que ele não liga pra você Samantha! Ele só está tentando te fazer ciúmes, FINGIR que não liga... E você sabe disso"

 "acho que isso é problema nosso, e não seu"

 Respondi e me levantei, pegando a mão de Ryan. Fomos até o bar e Liam subiu no palco para continuar a cantar. Muitos pedidos já estavam dentro da caixinha e ele começou a cantá-los.

 Tive que ficar na ponta dos pés para falar no ouvido de Ry.

 - que tal se aproveitarmos que estão todos aqui e irmos para casa? - ele sorriu brincalhão.

 - você me chamando para ir para casa sozinhos? - disse laçando minha cintura - o que aconteceu com a Sam Santinha que eu conheço? - riu

 - ela foi dar uma volta essa noite - disse entrando na brincadeira e ele abriu um de seus sorrisos sexys.

Liam estava tocando Kings of Leon, Use Somebody, quando saímos.

Chegamos em casa rapidamente e fomos direto para meu quarto, sendo que assim que me virei depois de fechar a porta, Ryan já estava se debruçando em cima de mim.

 Mordi meu lábio em meio a um sorriso e ele me beijou. Calmamente no início, mas antes do que eu esperava o beijo já tinha se tornado urgente e sua mão já estava em minha coxa, ao mesmo tempo que eu tentava desabotoar sua blusa.

Passou a beijar meu pescoço e eu aproveitei para terminar de tirar sua blusa.

Levantou minha blusa e eu o ajudei a passa-la por minha cabeça. Já ia voltar a me beijar quando parou por um segundo.

- mas o que é isso? – disse olhando nada discretamente para meu sutiã.

- o que? – disse olhando para baixo, verificando se estava tudo certo – você não gostou?

- não... – disse me olhando nos olhos por um segundo e abaixando a vista mais uma vez logo depois – não é isso. Eu adorei, na verdade – disse com um sorriso e voltou a me beijar – é só que nunca vi você usando nada parecido... – sussurrou em meu ouvido depois de alguns segundos.

Empurrei-o até que estivéssemos no pé da cama e ele deixou o corpo tombar para trás, me puxando junto, de forma que (depois de arfar de susto) eu estava deitada em cima dele na cama.

Seus olhos azuis queimavam mais do que eu já tinha visto e mergulhei em mais um beijo urgente, enquanto suas mãos passeavam por tosa a extensão de meu corpo.

Talvez Ellie estivesse realmente certa ao me fazer comprar a lingerie.

Esqueci todas as minhas perguntas sem resposta da noite e me concentrei nos olhos azuis de Ry.