SAMANTHA’S P.O.V

Acordei na sexta-feira com Harry gentilmente pulando em cima de mim como um louco. Rolei na cama, depois de gentilmente jogá-lo para fora dela, e encarei o relógio até que seus números e ponteiros fizessem sentido, me mostrando que eram sete horas.

- Harry, porque me acordou às sete? A aula só começa daqui à uma hora – resmunguei e coloquei o travesseiro na cara.

- ah, é que os meninos colocaram meu celular para despertar dez para sete e eu não queria ficar sozinho – pude vê-lo dar de ombros.

- você é inacreditável, sabia? – me levantei, separei uma roupa e fui em direção à porta.

- ei, aonde vai? – perguntou depois de sentar na cama

- tomar um banho. Já sei que não vai me deixar dormir de novo... – dei de ombros e segui até o banheiro.

Tomei um banho quente e longo. Voltei para o quarto e troquei de roupa e logo estávamos indo para a escola.

Harry teria um encontro àquela noite e não parava de falar sobre como iria, aonde iria, com quem iria e o que pretendia fazer. Escutei pacientemente e dei minhas opiniões, o que pareceu fazer ele se animar mais ainda em me contar sobre cada fio de cabelo da garota.

O dia passou devagar, como que, só por ser sexta-feira e cada alma viva daquele lugar mal aguentar esperar para escutar o ultimo sinal bater, o senhor relógio resolvesse andar como uma tartaruga.

Liam estava melhor, o que me deixou feliz: a ultima vez que tinha cuidado de alguém eu tinha acabado piorando sua situação ao invés de melhorar.

Saí da Educação Física, no final da aula, e disse para Ellie que só passaria em meu armário para pegar um livro que tinha esquecido.

Segui pelos corredores e já estava a apenas alguns metros de meu armário, quando duas mãos fortes agarraram meu braço e me puxaram para dentro de uma sala.

- Liam! – quase gritei enquanto me encostava na lousa com a mão no peito, sentindo meu coração a mil por causa do susto – quer me matar do coração é?

- porque mentiu para mim? – disse sem nem ligar para meu estado de pânico.

- o que? – franzi a testa tentando entender suas palavras.

- porque mentiu para mim, Sam? – encostou-se a uma das carteiras à minha frente, com uma mão em cada lado de seu corpo.

- eu não sei do que você está falando, eu juro!

- eu fui falar com a professora de química hoje – fechei meus olhos apertadamente e, assim que os abri, pude vê-lo com uma sobrancelha levantada – fui ver se ela poderia ajudar em alguma coisa, já que você disse que tinha ido mal nas duas provas e no trabalho... – hesitou por um momento e eu encarei o chão – e ela me mostrou isso – colocou minhas provas e meu trabalho na mesa do professor ao meu lado: três totais.

- é só que...

- porque me disse que continuava terrível em química, Sam?

- eu... eu continuou, eu ainda não entendo a matéria direito, só quando você explica e... – gaguejei.

- porque disse isso para mim, Sam? – chegou mais perto

- porque é verdade – disse desesperada e ele deu mais um paço em minha direção, com os braços cruzados.

- Sam... – bufei e encarei o teto por alguns segundos.

- porque eu queria passar mais tempo com você... – disse sem olhar em seus olhos e tão rápido que temi que ele não entendesse.

- o que? – disse com a testa franzida, mas pude ver, pela sua cara, que tinha entendido cada palavra que saíra de minha boca.

- eu... – cocei a nuca – eu já estava me acostumando em passar as tardes com você e não queria que isso acabasse... – finalmente olhei-o e ele esboçava um pequeno sorriso.

Aproximou-se mais de mim e pude ver seu olhar desviar de meus olhos para minha boca.

- Liam... não... – disse sem mover um músculo se quer para impedi-lo e, antes do que eu esperava, nossos lábios já estavam colados.

Seus braços envolveram minha cintura e me puxaram para mais perto, fazendo com que, devagar, eu ficasse nas pontas dos pés, senti como se meu corpo tivesse tomado vida própria e, em meio a uma discussão interna de se eu parava ou não de beijá-lo, senti minhas mãos subirem pelos seus braços até chegarem em seu pescoço.

Ele me puxou ainda mais para perto e senti um arrepio percorrer meu corpo. Depois de algum tempo eu me separei dele e nos encaramos por alguns segundos.

- eu... eu tenho que ir – disse pegando minha mochila no chão e indo em direção à porta rapidamente.

- Sam... Sam, espera! – escutei ele gritando, mas continuei meu caminho até a porta da escola.

Encontrei Louis e Eleanor andando abraçados e, assim que passei ao seu lado, agarrei sua mão, tirando-a de Lou.

- Hey! Sam, será que você pode deixar minha namorada comigo? – escutei sua voz mas continuei puxando Ellie pela calçada.

- Sam... Sam! Samantha será que dá para você parar e me explicar o que está acontecendo? – disse assim que viramos a esquina e eu me encostei-me a um muro branco, respirando fundo.

- o Liam... – hesitei por alguns segundos e ela me balançou.

- o Liam o quê? – preguntou aflita.

- o Liam acabou de me beijar... e – respirei fundo mais uma vez – eu meio que beijei ele de volta – mordi minha boca e Eleanor abriu um sorriso.

LIAM’S P.O.V.

- a Samantha acabou de passar por aqui? – perguntei assim que avistei os meninos parados na porta da escola.

- aham – Harry disse – e com uma cara de quem acabou de ver um fantasma! O que foi que aconteceu lá dentro? – abriu um sorriso travesso e eu revirei os olhos.

- nada aconteceu, Harry.

- vocês beijaram – Niall disse em meio a uma mordida em um biscoito.

- o quê? – levantei as sobrancelhas – claro que não!

- beijaram sim! – Zayn disse dando um soco em meu ombro – olha a sua cara!

- talvez – dei de ombros e eles começaram a me dar soquinhos e fazer aquele típico “aaahn!” e Louis não conseguia parar de rir – nossa, quantos anos vocês tem?  Oito? – disse rindo.

SAMANTHA’S P.O.V

Acordei no sábado às dez da manhã e troquei de roupa rapidamente, vendo que já tinha perdido a hora. Desci a escada voando e encontrei Harry, mamãe e Rob na cozinha, tomando café.

- oi e tchau! – disse pegando uma maçã em cima da mesa e indo em direção à porta.

- aonde você vai, mocinha?

- eu prometi pro Niall que ia ajudar a pintar a parede do quintal dele hoje e estou atrasada já, porque disse que ia chegar às dez – sorri e mandei um beijo no ar para ela.

Caminhei (lê-se, quase corri) até a casa de Niall e o loiro atendeu a porta de braços cruzados.

- achei que você não fosse vir mais – levantou uma sobrancelha e empurrei-o pra o lado, entrando na casa.

- é que eu perdi a hora, me desculpe – sorri e já ia passar pela porta de vidro que dava para o quintal quando o vi lá fora – o que Liam está fazendo aqui?

- ah, ele vai ajudar a gente – disse enquanto eu observava o moreno agachado perto algumas latas de tinta espiando seu conteúdo.

- você precisa mesmo de duas pessoas para te ajudar?

- ah, qual é, Sam. Eu achei que você já tinha passado da fase de raiva dele. A não ser que...

- a não ser que o quê, Nialler? – cruzei os braços ao vê-lo coçar a cabeça e hesitar propositalmente.

- a não ser que você esteja sentindo vergonha por causa do beijo de ontem... – deu de ombros e senti meu queixo cair.

- como você... – parei a frase no meio ao perceber o quão estúpida era – não acredito que ele contou pra vocês

- qual é, Sam! Até parece que ele não ia contar.

- bom, já que você tem ele para ajudar, acho que vou indo embora.

- não, não, não. Você fica e nos ajuda! – sorriu e me empurrou quintal afora.

- Niall tem certeza que quer pintar des... – olhou para cima e pareceu me ver pela primeira vez – ah, oi, Sam. Não sabia que vinha – se levantou

- eu também na sabia – ele levantou a sobrancelha – que você vinha, quero dizer – dei um sorriso de canto e Niall pulou na minha frente.

- bom, é isso aí, vamos pintar com todas essas cores.

Contei as latas: eram sete.

- o que está pensando fazer, duende? Um arco-íris? – dei uma risadinha e ele ficou sério.

- quase isso... minha mãe quer que pinte uma faixa de cada cor por causa de um evento que ela vai fazer aqui – deu de ombros.

- bom... então mãos à obra – Liam abaixou e pegou um pincel.

Depois de marcar as faixas na parede, Niall dividiu as cores entre cada um e me colou para pintar ao lado de Liam, coincidência, não?

Ligamos o rádio e começamos a cantar “Glad You Came” enquanto pintávamos.

- esse azul está muito escuro, vou lá na garagem ver se tem tinta branca para misturar – Niall disse quando faltava apenas três cores para serem pintadas – me desejem sorte – cruzou os dedos e eu ri.

- porque? É difícil entrar lá? – perguntei brincando.

- que nada... entrar é fácil, o difícil mesmo é achar o caminho de volta – comecei a rir e ele entrou na casa.

Estava cantando “We are Young”, que tocava no rádio, quando senti tinta em meu braço direito.

- desculpa – escutei Liam dizer e só concordei com a cabeça, continuando a pintar e cantar.

Alguns segundo depois e outra mancha seguida de um pedido de desculpas. Concordei e sorri mais uma vez, e então ele pintou mais uma vez, só que dessa vez mais.

- Liam! – disse finalmente olhando para ele e vendo que escondia um sorriso – ah, mas é claro! – disse sarcástica – como é que não fui perceber? Há há, muito engraçado mesmo.

Abaixei para pegar mais tinta na lata, fingindo não ligar para sua atitude e, assim que voltei a ficar em pé, dei uma pincelada em sua bochecha, rindo logo depois.

- ah, é assim então? – me olhou com um sorriso travesso e eu já comecei a me afastar.

- não, Liam, nem começa, tá bom?

- começar? Foi você que começou! – começou a correr atrás de mim com o pincel cheio de tinta azul.

Assim que passei ao lado da lata de tinta amarela, me abaixei e encharquei minhas mãos nela, passando-as em seu rosto ao mesmo tempo que ele manchava meu pescoço com a azul.

Quando vi já estávamos correndo, rindo e todos sujos de tintas de todas as cores. Peguei o restinho de tinta roxa e o restinho da laranja e virei-as em sua blusa. Ele me olhou com as sobrancelhas levantadas e abriu os braços.

- vem cá, me dá um abraço, Sammy! -  eu comecei a correr mais uma vez.

Ele me pegou por trás e tirei meus pés do chão, enquanto gritava para ele parar e escutava sua risada. Me balancei tanto em seus braços que ele perdeu o equilíbrio e caímos de costas no chão. Nos olhamos e começamos a rir.

- muito bonito mesmo! – escutei a voz de Niall e me virei de bustos para vê-lo parado na porta – deixo as crianças sozinhas por uns minutos e olha o que vocês fazem – deu uma risada e vi Liam já de pé ao meu lavo, estendendo as mãos para me ajudar a levantar.

Acabamos finalmente de pintar (depois de gravarmos, com uma câmera velha que Niall tinha achado na garagem, uma imitação ridícula de “Call me Maybe”) e deitamos, os três, no chão, olhando para nossa obra de arte.

- acho melhor eu ir para casa – disse me levantando depois de alguns minutos.

- acho que vou indo também – Liam se espreguiçou no chão e Niall sentou.

- você vão sujos assim? – o loiro riu - podem tomar um banho se quiserem...

- não, tudo bem – sorri – estou com muita preguiça agora, tomo um quando chegar em casa.

Despedimo-nos de Niall e seguimos o caminho até em casa, assustando alguma pessoas na rua com nossas caras e roupas todas cheias de tinta.

Cheguei na porta de casa e batia  campainha, já que só tinha levado meu celular para a casa de Niall. Como ninguém atendeu levantei o tapeta para procurar a chave reserva que tinha escondido em algum lugar naquela semana. Olhei também nos vasinhos de flores na janela e nada de achar a chave.

Escutei a risada de Liam.

- esqueceu a chave de novo? – concordei com a cabeça – vem ver se a porta da cozinha está aberta.

Segui-o pelo lado da casa até chegar na porta da cozinha. Girei a maçaneta para descobrir que estava trancada, para a minha sorte. Vi um pedaço de papel no chão e me abaixei para lê-lo

“ Sam, fumos para a casa da Luce para o lanche que vai ter lá. Harry saiu com os meninos. Qualquer coisa é só me ligar. Tem almoço congelado da geladeira

Um beijo, mamãe”

- ótimo – resmunguei me levantando - meus pais e Harry saíram...

- quer esperar lá em casa? – Liam disse coçando a nuca e deu um pequeno sorriso em minha direção.

- se não for incomodar... – dei de ombros e atravessamos a rua, entrando em sua casa logo em seguida.