Talking To The Moon escrita por Pincharm


Capítulo 24
Capítulo vinte e três




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Na casa dos meus pais o clima está insuportável. Todos parecem se preocupar extremamente comigo, como se eu fosse um recém-nascido, que precisa de cuidados para poder continuar a viver. Eu não tenho privacidade, a não ser quando me tranco no quarto, e é por isso que ao chegar em casa depois do trágico encontro com Isabella, finjo que estou cansado de tanto dar volta em Forks e aviso a todos que irei dormir.

Ninguém me questiona e eu agradeço por isso. Assim que entro no quarto e fecho a porta, me permito chorar por causa do que aconteceu ha minutos atrás. De onde tirei forças para dizer que não a amava mais? Como pude mentir tanto ao ponto de dizer, naturalmente, que a odiava? Eu a odiava sim, mas eu ainda a amava de forma muito intensa. E é por isso, afinal, que eu continuo a chorar, como se aquela ferida nunca fosse cicatrizar.

Percebo minhas mãos tremendo, e não sei se é nervoso, ou medo de aceitar que acabou. Definitivamente. Pode ser que eu nunca mais veja Isabella, pelo menos não como antes. Um dia ou outro posso encontra-la andando em alguma rua, esbarrar nela na fila do supermercado, mas ela não falaria comigo e nem eu falaria com ela. Nunca mais eu poderia chamar seu nome em voz alta, e nem ela poderia fazer o mesmo. Mas ela não se importa, e é disso que preciso me lembrar. Ela já superou tudo isso.

E o que ela ia fazer em Tacoma? Ela esteve por lá todo esse tempo? Porque Tacoma? O lugar no qual passamos bons momentos, durante um fim de semana? Ela teria ido lá para esquecer nós dois? Porque ela iria justamente para Tacoma, depois de sair de casa daquele jeito? Eu poderia até acreditar que ela ainda me amava, se não tivesse visto ela com outro cara, e a história não tivesse sido confirmada por Emmet. Então o que me resta é acreditar que ela foi lá para me esquecer de uma vez, porque talvez, aquela viagem tenha sido boa somente para mim, então ela se sentiu no direito de aproveitar a cidade com outras pessoas, com outro cara.

Meu coração se aperta e permaneço jogado na cama, chorando como uma criança. Talvez seja por isso que meus pais me tratam como tal. Eu sou uma criança, fraca, sofrendo por um amor que nem devia mais existir, pelo bem da minha própria saúde.

As horas vão passando e quando a noite cai, ouço minha mãe batendo na minha porta.

- Edward? Está tudo bem?

Demoro um pouco para responder e ela bate novamente.

- Estou bem, mãe. Acabei de acordar. – Minto tentando disfarçar a voz de choro.

- Vai ficar ai, trancado neste quarto o tempo todo?

- Não. Eu vou descer logo.

Ela foi embora e eu tento me sentir mal por ter mentido, mas não consigo, estou mal por causa da situação na qual eu e Isabella nos encontrávamos e nada mais importa. Mal por ainda amar aquela mulher como se ela estivesse dentro de meu corpo, de minha alma, do meu próprio sangue.  E mal também por sentir raiva dela, por tudo o que ela me fez, pela distância, pelas suas mentiras...

Ela disse que me amava, e eu não vou negar, meu coração queria ouvir muito aquela frase, mas... Agora é diferente. Isabella não me amava... Não podia me amar.

Me lembro da carta que eu recebera dela e decido que esse é o momento ideal para que eu a leia. Corro até a minha mala, e jogo todas as minhas cuecas no chão, procurando pelo envelope com seu nome. Meu coração dispara quando eu o encontro e penso se é isso mesmo o que eu quero. Me deixar levar por aquelas palavras... Boas... Ruins... Tudo podia mudar com aquela carta, mas não necessariamente para melhor.

Rasgo o envelope rapidamente, antes que eu desista e a queime antes mesmo de ler. O papel dobrado dentro dele tinha manchas, como se tivessem derramado algo nele... Talvez lágrimas. Lágrimas pesadas. Engulo a seco quando vejo sua letra bem desenhada, aquela que eu sempre via nos bilhetes que ela deixava na geladeira, lembrando-me de comprar algo ou simplesmente dizendo que me amava. Alguns desses bilhetes eu tinha guardado, mas com a reforma do apartamento, joguei-os no lixo, sem pensar duas vezes.

Respiro fundo e começo a ler a carta.

Oi amor, espero que não rasgue esta carta do jeito que estou pensando que irá rasgar.

Sei que deve estar com raiva de mim, mas eu preciso falar com você. Lhe explicar tudo.

Estou em prantos e nem sequer consigo sair da segunda linha. Estou com medo do que ela tem pra me dizer, que diga que não me ama, que é melhor terminarmos de uma vez, que encontrou outro cara... Eu não suportaria. Mesmo ela tendo dito que ainda me amava hoje mais cedo, tenho certeza de que falou isso só porque não teria coragem de me dizer, ao vivo, o que dizia naquela carta. Ela certamente já sabia que eu não havia lido. E não ia ler naquele momento.

Engraçado como a raiva chega ao meu corpo de uma maneira que chega até a ser natural. Talvez seja verdade o que o ditado “o amor e o ódio caminham lado a lado” diz. Eu ainda a amo, mas sinto meu corpo queimar com a fúria, o ódio e a raiva. Quero olhar pra ela, puxá-la pelo braço e lhe cuspir palavras de ódio... Mas eu já cuspi, não já? Não pareceram suficientes, no entanto.

Confiei em Isabella de olhos totalmente fechados, lhe entreguei toda a minha vida, e olha só o que ela fez comigo. Se quer um dica, nunca deixe sua vida nas mãos de ninguém. Se quer ser feliz, aprenda a fazer isso sozinho, pois qualquer pessoa pode te magoar sorrindo.

Olho para o relógio, que já marca 23h. Talvez eu não deva fazer isso, mas não posso dormir mais uma noite me perguntando como seria se eu tivesse feito. Olho o verso do envelope que ela me enviou e vejo o endereço. Tacoma. Ela não havia mentido pra mim quando disse que estava morando em Tacoma. Pego a chave do meu carro, desço as escadas tentando fazer o menor barulho possível, e vou até a garagem. Rezando para que meus pais e irmãos não acordem com o barulho do motor, dou partida. Tacoma fica a 40 minutos de Forks, o que significa que eu chegarei lá antes mesmo da meia noite.

Corro o máximo permitido, pois não quero sofrer um acidente, nem passar mal novamente. Mas meu coração bate cada vez mais rápido, e se fosse ele quem comandasse aquele carro, ou eu já teria encontrado Isabella, ou estaria sendo multado e tendo meu carro rebocado.

Chego em Tacoma no tempo em que planejei, e procuro pela rua que ela colocara no envelope. Não era uma cidade muito grande, eu não ficaria perdido por muito tempo. A rua estava vazia, e somente alguns bares ainda funcionavam. De repente queria mais que tudo um mapa daquela cidade em minhas mãos!

Vejo um casal de namorados caminhando na calçada e paro o carro próximo a eles, que se assustam. Ele protege sua garota com seu próprio corpo, com medo de eu ser um assassino ou sequestrador. Ele daria sua vida por ela, estava escrito na sua testa... Eu faria o mesmo por Bella há meses atrás.

- Boa noite. Me desculpe, não quis assustá-los. Sou Edward Cullen, estou procurando por este endereço aqui. Vocês podem me ajudar? – Lhes pergunto e entrego ao rapaz o envelope.

- Você conhece esta rua, amor? – O jovem pergunta e ela faz que sim com a cabeça. Agradeço por isso.

- Basta o senhor virar na primeira rua, à esquerda. Provavelmente esta casa fica depois de uma floricultura, mas não estou me lembrando o nome dela... Suas paredes são roxas, acho que assim fica mais fácil para o senhor encontrar.

Assimilo rapidamente. Viro à esquerda e procuro por uma floricultura roxa.

- Obrigado, vocês me ajudaram bastante. – Pego o envelope novamente e lhes desejo boa noite. Meu coração pula dentro de mim, e quase sinto dor por isso.

A rua está bastante parada, todos devem dormir cedo naquele lugar, não que fosse cedo, exatamente. Nenhuma festa adolescente, nenhum bêbado caído na calçada... Tranquilo demais, pelo menos naquele ponto da cidade. Vejo a floricultura roxa e paro o carro em frente a ela. Preciso encontrar a casa de Isabella de uma vez, e então decido que o melhor a ser feito é sair do carro.

Olho para os lados, para as casas, caminho um pouco mais para frente, e encontro, finalmente, a casa cujo número confere com o escrito no envelope. Era uma casa totalmente branca, não muito grande, com um belo jardim na frente. Um lugar simples, mas parecia bastante aconchegante.

Abro o portão depressa, antes que alguém me confunda com um ladrão ou algo do tipo, e bato na porta, sem parar pra pensar. Bato furiosamente, nervoso, deixando o lado sombrio do meu sentimento por Isabella aflorar.

- Quem é?

Congelo quando ouço a voz dela. Será que ela morava ali com o atual namorado? Será que ele me bateria? Bom... Eu estava mesmo afim de uma boa briga.

- Quem é? – Ela insiste.

- Edward. – Eu digo com a voz mais alta possível.

Ela demora um pouco para abrir a porta, consigo ouvir seus passos através dela, talvez pensando se abriria ou não. Mas ela, finalmente, abre e me olha com aqueles olhos raivosos, brilhantes, e extremamente lindos.

- O que você quer?

Ela usa uma camisola cor de rosa, curta, e mesmo o roupão que ela colocou por cima de seu corpo não cobre aquelas lindas pernas por inteiro. A sua roupa não é o que as pessoas costumam considerar como extremamente sexy, parecia mais uma roupa de dormir sozinha, sem querer impressionar ninguém. Mas ela estava sexy demais, quente como o inferno. Queria beijá-la, transar com ela como um louco.

- Você está surdo? – Ela grita e eu invado a sua casa, tirando ela de meu caminho.

- O que você pensa que está fazendo? – Ela pergunta.

Olho novamente para ela e percebo que ela chora. Lágrimas escorrem pelo seu rosto, mas ela continua fingindo estar mais forte que nunca.

A casa está silenciosa, talvez ela esteja sozinha...

- É aqui, então, que você tem se escondido esse tempo todo.

- Porque isso lhe interessaria agora? Eu tentei falar com você hoje cedo e você...

- Tem alguém aqui? – Pergunto lhe interrompendo.

- O que?

- Você está sozinha?

Ela pensa um pouco, talvez planejando mentir, mas suspira, e sei que ela não mente naquele momento.

- Sim, estou. Mas porque isso lhe interessa? Porque você está aqui?

- Apenas... Cale a boca!

Ela abre a boca para me gritar, mas a calo com um beijo cheio de desejo, paixão e ódio. Deus, como eu senti falta daqueles lábios.

Suor.

Alguém havia acendido uma lareira?

Tudo esta tão quente... como o inferno.

A boca de Isabella não desgruda da minha um segundo sequer, mas eu faço ela parar quando murmuro que a odeio. Não era verdade, não a odiava tanto assim, mas eu odiava, naquele momento, a maneira como eu precisava dela. Totalmente dependente do seu corpo.

- Pare! – Ela pede e eu não a escuto, procuro novamente sua boca e lhe pressiono na parede. A raiva que ela sentiu no segundo anterior se dissipa assim que a minha língua volta a encontrar a sua. Suas mãos sobem para o meu pescoço, me puxando sempre para mais perto, puxando também os meus cabelos, do jeito que, ela sabia, arrepiava minha pele por inteiro.

Eu daria tudo para ter aquele beijo presente todos os dias da minha vida novamente. Como eu a amo... Como eu a desejo...

Minhas mãos descem por seu corpo, como se eu ainda tivesse permissão para fazer aquilo. Ela gosta, suspira no meu pescoço, morde devagarinho meus lábios, pressiona suas coxas em minhas coxas.  Sinto seus seios em minhas mãos, seus mamilos se arrepiam com meu toque, e eu sorrio, sabendo que ainda provoco as mesmas sensações em seu corpo.

- Você me quer... – Eu digo e ela me olha com raiva e depois avança em minha boca novamente. – Eu preciso de você, Isabella. Agora.

- Eu não sou seu objeto sexual... – Ela diz, mas sua voz é tão fraca que nem ela mesma se leva a sério. Num salto rápido ela entrelaça suas pernas em meu quadril e eu a pressiono mais na parede, fazendo com que ela sinta cada ponto do meu corpo.

- Oh... – Ela geme em meu ouvido e a pressiono ainda mais, se é que isso ainda é possível. Cada milímetro do nosso corpo esta grudado, mesmo ainda com roupas, fazendo com que quiséssemos sempre mais.

Com uma das mãos puxo sua camisola para cima e deixo que elas subam até seu mamilo, sentindo sua pele pela primeira vez em 1 ano.

- Vamos subir. – Ela diz.

- Vamos. Vamos subir sim. – Eu digo pressionando meu sexo nela e ela sorri, mesmo entre gemidos.

- Subir... para o quarto. Idiota.

Dou risada da minha confusão obscena e ainda com ela nos braços subo as escadas, a procura do quarto dela.

- Aqui. – Ela aponta para o ultimo quarto do corredor, e a levo para lá. Não era grande. Estava bem escuro, não dava para ver os detalhes – e o meu estado de euforia sexual também não permitira isso – mas percebi que sua cama era de solteiro, e aquilo me fez lembrar de nossa época da escola, quando descobrimos o sexo e nos apertávamos numa cama pequena.

A jogo na cama, e me deixo em cima dela, beijando-a, enquanto afasto suas pernas. Sei que jamais, há meses atrás, faria aquilo desse jeito, sem uma preliminar, sem beijar todo o seu corpo, sem dizer que a amava, mas agora... Eu só queria transar com ela de uma vez.

Tiro minha camisa, e ela me ajuda com a calça. Só de cueca, arranco sua camisola do corpo. Beijo seus seios por um tempo, mas em seguida os mordo. Ela reclama, sei que odeia isso – já havia me dito e desde então eu nunca mais fiz aquilo – mas eu não estava ali para agradá-la. Sem pensar no que ela acharia daquele ato, puxo sua calcinha com força e ela se rasga em minhas mãos.

- O que você está fazendo? – Ela reclama, mas assim que encosto nossos corpos nus um no outro, ela se esquece do que havia perguntado.

Sem esperar, me encaixei nela com força e rapidez, e sabia que estava sendo desconfortável pra ela, mesmo com seus gemidos de prazer.

Nunca fiz aquilo com ela antes. Sempre a amei acima de qualquer posição sexual, acima de qualquer desejo físico. Sempre pensei mais nela do que em mim mesmo, sempre esperei pelo momento certo para ela. Mas agora, é a minha vez. A minha raiva estava ali, querendo se vingar dela, usar o seu corpo apenas para o meu próprio prazer, mas quando eu a olhava, sentia meu corpo amolecer e o meu coração pedia para que eu fosse delicado com ela. Foi nessa confusão de sentimentos que tive o seu corpo, depois de mais de 1 ano.

- Você sentiu falta disso, não foi? – Eu perguntei em seu ouvido, sem parar os movimentos fortes em cima dela, e quando ela respondeu, sua voz estava trêmula.

- Senti falta de você.

E como eu senti a falta dela também. Mas aquilo era passado. Nós éramos passado. Essa é a nossa despedida definitiva.

- Vamos, Bella... Não chega mais ao orgasmo comigo? Conheceu alguém que faz melhor?

Grunhidos saem de sua garganta, uma mistura de prazer e dor, eu penso.

Ela puxa meus lábios com os dela e eu tento me afastar, mas aquele beijo sempre me deixaria sem forças.

- Eu te amo. – Ela me diz, mas eu finjo não escutar. E não demoro muito a acabar com o que eu estava fazendo. Deito-me sobre ela por um tempo, tentando voltar a respirar normalmente, enquanto ela acaricia meu pescoço, mas então começo a ouvir o coração dela, batendo forte, praticamente no mesmo ritmo que o meu. As lágrimas me ameaçam e me levanto da cama rapidamente, já pegando minhas roupas.

- O que você está fazendo, volte pra cá de uma vez. – Ela diz com um sorriso no rosto, mas eu a ignoro. – Edward, onde você vai?

- Para casa.

- Você pode ficar aqui...

- Não, eu não posso.

- Porque não? Esse quarto é meu, e John e Jamie saíram para beber, não devem voltar antes do amanhecer se eu bem os conheço.

Dou uma risada cínica e ela continua a me olhar sem entender nada. Abro a porta do quarto e ela corre atrás de mim, nua.

- Não vá. Nós nunca dormimos separados depois de fazermos amor, lembra?

Eu lembro. Desde a nossa primeira vez, quando fazíamos amor, eu dava um jeito de passar a noite com ela, mesmo quando morávamos em casas separadas. Era uma maneira de eu lhe dizer que estaria com ela quando ela fechasse e quando abrisse os olhos. Mas ao invés de lhe dizer isso, eu coloquei a máscara que o novo Edward aprendeu a usar e me virei para olhá-la.

- Isabella, nós não fizemos amor. Eu não amo você, você não me ama, não poderíamos ter feito amor. Eu só queria te mostrar como eu posso ser na cama... E eu não quero dormir com você.

Ela começou a chorar e a gritar.

- Eu não sou sua vagabunda, Edward Cullen. Saia da minha casa. Seu monstro. Saia agora, ou eu chamo a polícia.

Ela chamaria de verdade? Eu não sei. Mas a sensação de ser expulso dali não era boa. Andei rapidamente até meu carro sem olhar pra trás, e só permiti que a máscara caísse quando estava em meu quarto, trancado novamente.


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Notas finais do capítulo

Hello girls!
Cap. hot pra vocês. Espero que gostem!
Vem surpresas por aí. Pra vocês e para o casal.
Beijooos



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