Talking To The Moon escrita por Pincharm


Capítulo 14
Capítulo treze




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Uma semana se passou e eu ainda não consigo deixar de sentir raiva de Isabella. Talvez dessa vez seja definitivo. Eu não quero mais que ela volte.
    Ok, você me pegou. Eu quero sim, mas apenas para lhe dizer que eu não a amo mais. Não amo, certo? Eu não sei. Mas uma coisa é fato: eu nunca fiquei tanto tempo odiando-a. Essas minhas crises acontecem com frequência, e eu sempre penso que é definitivo.  A questão é que elas sempre vão embora depois de dois ou três dias, no máximo, e hoje completa uma semana. Uma semana que eu não aguento nem pensar nela direito, que eu seria capaz de enforcar qualquer pessoa que ouse falar o seu nome na minha frente. Eu seria capaz de expulsá-la de minha vida, custe o que custar.
    Mas eu não posso afirmar com certeza que isso não é mais um devaneio, e eu não posso garantir que na próxima semana eu ainda pense dessa maneira. Pode ser que eu esteja sorrindo e agradecendo por ainda amá-la, pedindo para que ela volte, tentando ligar novamente, falando com a lua... Ou pode ser que eu simplesmente tenha resolvido seguir minha vida de uma vez, sem ela, com pessoas que realmente se interessem por mim, e que não irão me abandonar sem motivos.
    Olho para o guarda roupas. A porta que fecha aquela que era a sua área de roupas está aberta. Estou sentado na cama, encostado na cabeceira, enquanto olho para o vazio que se encontra ali. A única coisa que quebra o escuro ameaçador que vem dele é a caixa verde, contendo o meu presente de aniversário, dado por minha mãe, assinado por Isabella... Eu ainda não conversei com a minha mãe sobre isso, porque eu tenho certeza que Emmet e Jasper já devem ter lhe dito que eu já estava sabendo do plano maquiavélico e de péssimo gosto dela. Ela não me ligou para perguntar nada, porque com certeza também já sabia que eu havia odiado e estava com raiva.
    E então me pergunto se a raiva que sinto nesse momento por Isabella não tem a ver com o que as pessoas fazem com os meus sentimentos por ela. Elas simplesmente riem, pisam, me chamam de louco e imbecil por ainda acreditar numa possível volta dela. E talvez, exatamente um ano após ela ter me abandonado, eu esteja aceitando pela primeira vez o que eles falam. Antes eu não conseguia entender o motivo de tanta raiva, afinal eu era somente um cara apaixonado e não havia nada de errado naquilo, mas agora... Eles estão certos, eu estou louco!
    Fecho a porta com raiva e saio do apartamento com meus óculos escuros impenetráveis. Me sinto mais seguro quando os uso. Não quero lembrar que a minha solidão faz aniversário naquele dia. Então ando sem rumo pelo bairro pela primeira vez em um ano. Percebo coisas que não percebo quando estou dirigindo rumo à empresa. Hoje é segunda, mas não me arrependo de ter faltado ao trabalho, eu preciso de um tempo pra mim. E o clima entre eu, Tânia e John esta muito esquisito e mais frio do que antes. Tania me odeia agora, e me vejo assinando sua carta de demissão muito em breve. John sorri estranhamente pra mim, não sei se aquele sorriso é ameaçador por ele saber de minha amorosa com Isabella, ou... eu não quero nem pensar na possibilidade dele estar querendo um relacionamento amoroso comigo. Por favor!
    Caminhando nas ruas de Seattle, vejo pessoas indo e vindo sem parar, todas elas apressadas, e eu me vejo nelas também. Eu estou sempre com pressa dentro do carro, não dou bom dia para ninguém além de meus funcionários, e mal olho para o lado. Como pude ter me tornado um ser tão amargo? Eu não era assim, muito pelo contrário. Ok, eu nunca fui como Isabella, a própria miss simpatia, mas eu nunca cheguei a ser também o durão, o mal educado, ou qualquer coisa que eu seja hoje em dia.
    Paro numa livraria que penso ser nova. Eu nunca tinha visto ela por ali. Enquanto olho alguns livros e revistas, penso em ser pela primeira vez, simpático. Escolho um livro sobre engenharia e negócios, apenas para fazer volume na minha prateleira, e uma revista de atualidades. Vou até ao caixa pagar por eles, e sorrio para a vendedora.
    - Bom dia. – Ela me diz sorridente enquanto verifica o valor das minhas mercadorias.
    - Bom dia. – Respondo sendo simpático. É estranho, pareço enferrujado, mas funciona bem.
    - 40 dólares. Como deseja realizar o pagamento?
    - A vista, por favor.
    Esse é o novo eu, pagando coisas a vista, abrindo a mão e gastando meu suado dinheiro com coisas para mim, e não para Isabella.
    - Esta loja é nova por aqui, certo? – Pergunto e ela me olha incrédula.
    - Não senhor, já completamos quatro anos em Seattle.
    - Wow! Eu passo por esta rua todos os dias e nunca tinha visto. Incrível!
    - Me desculpe, mas parece que o senhor passa por esta rua, mas não a enxerga.
    Ela tem razão. Ela tem toda razão.
    - Você está certa.
    - Obrigada e volte sempre. – Ela me diz sorrindo novamente enquanto me entrega a sacola com o livro e a revista.
    Saio da loja, mas continuo olhando para sua vitrine, seu outdoor, sua estrutura física... Como posso não ter enxergado aquela que, creio eu, é a maior livraria da cidade? Logo eu que adoro livros, que passei grande parte de minha adolescência lendo literaturas juvenis (hoje as considero idiotas, mas eu adorava na época) e revistas em quadrinhos. Eu era o aluno que mais lia na minha turma da faculdade. Lia coisas fora das matérias obrigatórias, lia porque queria e porque gostava. Quando foi mesmo que eu parei de fazer isso?
    Caminho mais um pouco e paro numa loja da Apple. Faz tempo que preciso trocar o meu notebook pessoal, mas como eu vivia trancado sozinho em meu apartamento, nem para presentear a mim mesmo eu me animava. Entro na loja e procuro por aquele notebook ideal para mim. Um onde eu possa guardar um pedaço da vida que eu desejo seguir daqui pra frente. Com ou sem Isabella em meu coração e em minha cabeça, eu não quero mais ser Edward, o antissocial.
    Cerca de 1 hora depois (porque eu sou mesmo, um indeciso nato) saio da loja com meu novo notebook, e apesar de estar ansioso para saber suas novas funções e baixar inúmeros aplicativos, mesmo aqueles que eu sei que não irei usar, continuo caminhando, até encontrar uma lanchonete que eu simplesmente adorava. Não acredito que também me esqueci dela!
    Ultimamente quando eu como fora de casa e também da empresa, é sempre em algum restaurante, até mesmo quando eu estava com Isabella, porque eu gostava de vê-la se deliciando com aqueles pratos maravilhosos que só restaurantes conseguem fazer. Mas aquela lanchonete... Lembro-me de quando me mudei para Seattle... Eu simplesmente não conseguia passar um dia sem comer aqueles waffles deliciosos. Eu costumava comer waffles em Forks, minha mãe faz uns maravilhosos, mas eu tenho que admitir que aqueles, daquela lanchonete, deviam entrar na historia da culinária, como algo que realmente vale a pena ser experimentado.
    Sem pensar duas vezes, entro na lanchonete e peço dois waffles. Eu não estou com muita fome, mas eu não conseguiria comer apenas um só. Por um momento pensei que o sabor não seria mais o mesmo, mas incrivelmente é. A massa derrete na boca, e é como se eu tivesse entrado em transe. Quanto tempo que eu não comia waffles, quanto tempo que eu não ficava tão feliz com uma simples comida assim... Como com prazer os dois que paguei, mas depois compro mais alguns e os levo para casa. No final do meu passeio, eu estou cheio de sacolas nas mãos e feliz como há tempos não me sentia. Como pude ter evitado tanto este momento?
Quando chego perto do meu apartamento, avisto uma casa, do outro lado da rua, sendo reformada, e então tenho uma ideia: porque não reformar meu apartamento? Uma pintura nova, portas e fechaduras que realmente funcionem... Era uma boa ideia! E então, no mesmo dia faço uma nova planta para o apartamento, e no dia seguinte contrato profissionais com os quais eu já estava acostumado a trabalhar.
Me dei folga da empresa por uma semana, e agradeço por ser praticamente um dos donos. Faz muito tempo que não tiro férias, então eu posso simplesmente folgar quando eu tenho um bom motivo pra isso. E como eles sabem que eu recebo propostas muito melhores de emprego, e como eu – modéstia a parte - sou um bom profissional, que eles não querem perder, eu não enfrento nenhum problema com folgas ou até mesmo aumentos salariais.
Acompanho cada movimento da reforma para ter certeza que ele irá ficar exatamente do jeito que planejei, afinal, de fora de ordem já basta a minha vida. Portas novas, cores novas... O apartamento era todo de uma cor um pouco amarelada e escura. Não era feia, mas eu já estava saturado dela. Então resolvi pintar todas as paredes com a cor branca, e de cara percebi uma mudança enorme. Ele não parecia mais algo fúnebre, escuro... Agora ele tem vida. Em quatro dias ele já estava quase pronto. Doei para uma instituição os móveis antigos, e no lugar deles, comprei móveis novos e muito mais modernos e bonitos. Troquei também a decoração. No meu quarto com Bella coloco cortinas vermelhas e penso no quanto ela iria adorar. Por um momento penso em trocá-las, só para fingir para mim mesmo que não quero agradá-la, mas ficou bonito, e independente do que Isabella acharia daquilo, eu gostei, e no momento é o que importa. Troco também os meus aparelhos eletrônicos por novos e me sinto renovado, junto com o apartamento.

Faço questão de arrumar tudo sozinho. A televisão, os móveis... Meus livros ganham um espaço novo, inclusive aquele mais novo, que comprei no meu primeiro dia de “revolução”. No final do dia estou exausto, mas me deito na cama e olho para todos os lados do quarto. A nova janela aberta, mas ainda assim eu não consigo ver a lua. Me levanto e procuro por ela de pé, mas ela não veio bater na minha janela naquela noite. Seria esse um sinal? Eu simplesmente superei? Eu não sei. Mas se quer saber, estou orgulhoso de mim mesmo, finalmente.


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Notas finais do capítulo

Olá minhas meninas, como estão?
Espero que estejam melhor que eu, de qualquer forma.
Gostaria de agradecer pelos reviews! Vocês são muito importantes para a minha fic, obrigada de verdade.
Agora que eu estou com mais leitores ainda, vocês da moita se quiserem aparecer eu tbm não me incomodo! hehehe
Quarta-feira teremos um cap. especial. Ele não existia quando eu comecei a escrever a fic, mas eu decidi antecipar algumas informações sobre a Bella. Então, se preparem, vocês a conhecerão na quarta, e o Edward terá ela de volta nos caps que se seguem. Não quero estragar a surpresa, mas ainda tem muita coisa pra rolar! Entramos agora no climax da fanfic, espero emocionar vocês!
Beijos e até quarta! ;)