Rescued escrita por Lolla


Capítulo 12
Flipper


Notas iniciais do capítulo

Oláa,
Estou aqui de novo, como no prazo combinado, porque sou uma menina direita u.u
Espero que gostem!
Beijos!
*NOTAS FINAIS PRA QUEM QUISER SABER O QUE VAI ACONTECER NO PRÓXIMO CAPÍTULOO!



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Acordo extasiada. Seu cheiro ainda está impregnado em mim. Em minha boca, em minha mente, em minha alma. Isto me faz sentir bem, protegida, como se ele estivesse no mesmo recinto que eu agora. Não tomo banho, pois quero preservar seu cheiro adocicado.

Desço como um tufão. Até meu porteiro pulou da cadeira de susto. Ethan não está me esperando, por isso decido fazer-lhe uma surpresa. Vou até seu prédio e sento no muro que fica ao redor da construção alta e imponente. Olho em meu relógio. Bufo. Olho duas borboletas passando perto de minha face. Rôo as unhas até sangrar e me dou conta de que estou realmente muito adiantada.

Nunca fui de acordar cedo. Minha mãe tinha que ligar a luz de meu quarto e me puxar pelos cabelos da cama para conseguir acordar. Era engraçado. Eu nunca dei muita importância para ela. Sempre estávamos em pé de guerra. Agora nem seus gritos posso ter. Sinto falta de seus gritos. Thomas também nunca foi um garoto fácil. Brigávamos facilmente. E eu me arrependo por cada briga, por cada xingamento, por cada tapa. Ele era um garoto muito cabeça dura, teimoso de tudo. Sempre querendo me contestar, provocar. Seus cabelos esbranquiçados, enrolando-se perto das orelhas. As covinhas e as caretas. Os grandes e expressivos olhos verdes. Sempre o invejei por isso. Enquanto eu puxei minha mãe com os olhos amendoados, ele pegou os olhos verdes de papai. Sempre me disseram que eu era a cara de mamãe. Os olhos tão grandes quanto os de Thomas, a pele de uma cor levemente puxada para o bronzeado. A boca cheia e delineada. Vermelha como sangue. Os cabelos loiros escuros caindo em cascatas pelas costas esguias e delicadas. Mamãe sempre teve o corpo de dar inveja, enquanto o meu é sem graça e sem curvas.

-Tay? –Um Ethan surpreso para em minha frente. Um sorriso escapa de minha face.

- Surpresa! –Abro os braços e ele me pega no colo. Epa, o que está acontecendo aqui? –Ei, me larga, idiota! Eu vou cair, seu destrambelhado! Ai! Cuidado onde você coloca esta mão, garoto abusado.

- Dá pra você ficar parada? Estamos atrasados! –Ele começa então a correr rua abaixo, ainda me carregando. Eu, com uma cara de completa panaca e ele, igual a um louco me segurando pela bunda. – Por que você me esperou? Você não teria chegado atrasada.

- E quem ia me proteger da dupla atômica se eu chegasse sozinha? Há! Eu que não quero chegar com uma perna quebrada em casa de novo. Eu sei andar, Ethan, pode me soltar.

- Ta louca? Você é lerda pra caramba! Eu não quero chegar com quarenta minutos de atraso. –Dou um peteleco em sua testa e entorto a boca. É verdade que eu sou um tantinho lenta, principalmente depois que quebrei a perna, mas não é para tanto! Chegamos ao portão da escola exatamente em vinte minutos de atraso. Depois dos dez primeiros minutos, não é mais permitido entrar na sala. Vamos para a biblioteca esperar a próxima aula.

- Como você conhece aquele cemitério? –Pergunto. Aquilo está me matando desde ontem. Ele me olha e coça a cabeça.

- Meus avós e um tio meu estão enterrados lá. Achei seus parentes por acaso. Nunca tinha reparado, mas sempre passo na frente do túmulo deles.

Torço a boca. A biblioteca é um dos únicos lugares inabitados da escola. É calmo, espaçoso, silencioso e completamente cheio de livros. Levanto-me e vou para a estante mais próxima e pego qualquer livro. Começo a folheá-lo até sentir Ethan atrás de mim.

- Taylor? –Me viro e o par de olhos azuis está me encarando com certa intensidade desconfortável. –Eu... –Ele hesita.Meu coração realmente acelera. Ele palpita em meu peito e minhas pernas ficam bambas. Eu realmente acho que ele vai se declarar. -Eu gosto dos teus olhos, sabia?

Volto os olhos para o livro. Merda. Ouço ele se retirar irritado, os passos pesados se distanciando de mim. Fungo. É tão difícil para mim. Ele não entende. Minha mãe se matou por causa de um cara. Como ele pode me culpar por eu estar com um pé atrás? Ele deve ser no mínimo mais compreensivo. O sinal toca e eu fico o resto do das aulas sem vê-lo.

- Você vai comigo ou vai me ignorar bem quando a nossa relação está finalmente estabilizada?- Pergunto assim que o vejo na saída encostado-se ao portão com toda sua presença marcante. Ele me olha pela primeira vez desde que apareci em sua frente e vejo seus olhos se suavizarem. Ele se finge de irritado de novo e beijo seu nariz, rindo.

- Você é muito melodramático. –Bagunço seu cabelo e começo a andar. Ele puxa a ponta dos meus fios dourados, fazendo-me empinar o queixo e olhá-lo nos olhos. Grito um “ai” alto e ele dá um meio sorriso. Uau. O que foi isto? Nunca vi uma boca se curvar de uma forma tão... Perfeita.

- Mais devagar, baixinha. Está com pressa? Eu não mordo. –Ele me solta e põe as mãos no bolso. Reviro os olhos e me posto ao seu lado.

- Melhor assim? –Pergunto cinicamente.

- Gosto de você ao meu lado. É mais fácil ficar de olho em você e ver se você não apronta nada até chegar a sua casa.

- Hm. Falando nisso... Você quer vir em casa hoje? Sabe, eu tenho um filme legal lá... E tenho pipoca. Fala sério, com o argumento da pipoca não tem como você recusar...

- Tem razão. Pipoca é irresistível. –Concordo com a cabeça. –Ok. Eu ligo para minha mãe da sua casa, tudo bem? –Concordo novamente e continuamos a andar.

Olho para os pés que doem nas extremidades. Mesmo amando all star’s, eles não são muito confortáveis para mim. O meu, por exemplo, está um caco e está deixando meu pé igual. Ganhei-o de meu primo, que estava tentando me agradar depois de ter quebrado meu CD favorito.

Chegamos à portaria e entramos no elevador. Sinto Ethan tenso ao meu lado e rapidamente tomo esta postura também. Afinal, nunca levei ninguém a minha nova casa. Principalmente um garoto. Não, principalmente Ethan. Meu quarto está provavelmente bagunçado já que a faxineira só vem quinta. Nada de entrar em meu quarto então.

Chegamos à porta e eu a destranco, dando espaço para ele entrar. Ele parece analisar todo o perímetro do lugar e depois se volta para mim com um sorriso.

- Apartamento legal.

E é mesmo. É espaçoso, arejado e moderno. Nada que eu possa reclamar. Dou de ombros e o faço me acompanhar até a cozinha.

- Então... Quer comer o quê? –Pergunto.

- Primeiro tenho que ligar para minha mãe. Onde fica o telefone?

- Na mesinha perto da porta. –Indico com o dedo. Ele segue meu olhar.

- Valeu. Já volto.

Eu estou realmente preocupada agora. Eu não sou nem de longe uma boa cozinheira. Ou até aceitável. Claro que consigo sobreviver com o que eu faço, mas só isso. Ethan provavelmente passará fome aqui e nunca mais vai voltar. Não que eu esteja preocupada com isso! Ele não precisa voltar se não quiser. Não ligo. Ele chega na cozinha e senta no banco da bancada de mármore.

- E aí, o que vamos comer chef Taylor? –Dou um sorriso amarelo.

- Ethan... Então... Eu não sei cozinhar muito bem... Eu... Posso tentar fazer miojo. Eu acho. Bom, da última vez eu queimei ele, mas...

- Queimou? – Ele me encara incrédulo, as sobrancelhas arqueadas. O quê? É tão difícil assim de acreditar? – Olha, eu acho que você é muito sortuda mesmo, por que euzinho aqui, sei cozinhar. E muito bem, se você quer saber. Agora, vamos ver o que temos aqui.

- Duvido que vá encontrar alguma coisa... A empregada só vem quinta abastecer a geladeira. –Ele começa a checar todos os armários e a geladeira até decidir fazer uma macarronada. Como graciosamente, vulgo sujando toda a cara, e vamos para a sala.

-Posso ver seu quarto? –Pergunta timidamente.

- Não. –Digo rapidamente. Parece que ele não me ouviu porque começa a explorar toda a casa, abrindo todas as portas, até parar na última do corredor extenso. A porta é branca, mas cheia de adesivos e placas. É, ele achou meu quarto. Tento impedi-lo antes que ele entre, mas quem disse que ele deixa? Me empurra para o lado com força, me fazendo bater na parede e entra.

Entro logo em seguida e constato o óbvio. Meu quarto está bagunçado com várias peças de roupas, incluindo íntimas, jogadas no chão. A cama está desorganizada e as janelas estão fechadas, deixando o quarto abafado. Tirando todos estes defeitos, eu realmente gosto do meu quarto. O meu preferido até hoje. As paredes são de um tom grafite um pouco mais claro. Todos os móveis do quarto são pretos, exceto minha cama, que é feita de um tecido cinza bem parecido com a cor das paredes. A cama de casal é grande e espaçosa e a colcha azul turquesa, assim como as cortinas, são macias e confortáveis. A escrivaninha de mogno preta fica encostada em um quanto do quarto e em cima dela se encontra um dos melhores laptops do mercado. Como se eu usasse muito o computador e algumas folhas.

Constrangida, cato as roupas do chão e jogo-as dentro do cesto de roupa suja de meu banheiro. Tento, de uma forma ridícula e inútil, arrumar minha cama, mas percebo que não sou boa nisso.

- Gostei do seu quarto. Tirando a bagunça. –Ele diz. Olho para ele emburrada e sopro uma mecha para fora de meus olhos.

- Valeu. –Ele analisa meu quarto e para em minha escrivaninha. Dirige-se até ela e pega os papéis que estão em cima da mesa. Até este momento eu não me dou conta do que ele está lendo, até ele dizer:

- Você... Escreve poemas? –Ele diz mais para si mesmo, meio que querendo acreditar em suas palavras. –São muito bons. –Viro-me para ele com meu melhor olhar horripilante. Ele logo solta as folhas em minha escrivaninha novamente e estende os braços, se rendendo. –Desculpe. Já que você já acabou com o negócio de faxineira, podemos assistir ao filme?

- Aqui ou na sala? –Pergunto, abrindo a janela para ventilar um pouco. Ele parece refletir. Olha para minha TV, minha cama, meu quarto... Uma fungada aqui, uma fungada ali...

- Aqui. É bem confortável... A gente pode ficar na cama e tudo mais...

- Tá bom, eu vou fazer a pipoca. –Começo a me retirar do quarto, mas ele pula em cima de mim.

- Não! A última coisa que eu quero ver é um saco de pipoca desperdiçado. Se você queima até miojo, quem me garante que você não vai queimar a pipoca? –Mostro a língua para ele, que revira os olhos. –Onde fica a pipoca?

- Primeiro armário, ao lado direito da porta. –Ele assente e se dirige a cozinha. Pego o filme e ponho no DVD de meu quarto, apagando a luz e fechando as cortinas, mas sem fechar as janelas, para o vento continuar fluindo pelo lugar. O filme se chama O Primeiro Amor (Flipped). Err. O cheiro de pipoca e manteiga derretida preenche a casa e eu tenho que me segurar na cama para não atacá-lo quando ele chega com uma travessa fumegante daquelas delícias branquinhas cobertas com manteiga. Ele se senta ao meu lado e olha a capa do filme. Arqueia uma sobrancelha e olha para mim. Prefiro ignorar. Aperto o play e me recosto na parede. Ele faz o mesmo, se aproximando perigosamente de mim.

O filme fala basicamente de um amor não correspondido. É meio clichê, tenho que admitir, mas é fofo. É raro ver um amor de um casal tão jovem assim ser tão bonito e espontâneo. Ethan parece não ter gostado. Ele não parava de se remexer o filme todo. Ele ficou reclamando de como eu comi a pipoca inteira sozinha.

- O filme foi legal. –Digo. Ele me olha e ri em desdém.

- Foi uma porcaria! Se o garoto gostava dela, porque ele não dizia pra ela? –Ele diz, mas depois, surpreendentemente, ele cora tremendamente e vira a cabeça para o outro lado. Estranho. Franzo o cenho mas deixo para lá. –Quer... Quer dizer, eu não gostei.

- Tá. O que quer fazer agora? São 15h da tarde. Que horas você vai para sua casa? –Pergunto.

- A hora que você me mandar embora, amor. –Ele diz brincalhão. Decidimos então fazer a lição de casa e quando terminamos, jogamos vídeo-game até as 18h, quando ele teve que ir.

- Então, tchau. –Ele diz.

- Tchau. –Digo envergonhada.

- Eu gostei muito de ter vindo aqui hoje...

- É... A gente devia repetir... –Falo encabulada. Coço a cabeça e ele faz a mesma coisa no exato momento que eu. Rimos.

- E nem pense que você é melhor que eu Death Island! Eu matei muito mais zumbis! –Abro a boca em indignação.

- É claro que não, seu mentiroso! Eu matei muito mais! E com estilo, diferentemente de você, seu... –Mas sou interrompida por um beijo. É rápido, não passa de um selinho, mas significa muito mais para mim do que um beijo de cinema. Este beijo singelo desperta em mim aquele sentimento desconhecido por mim... Até agora.



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Notas finais do capítulo

E aii? Meio parado esse capítulo, mas eu juuro que no próximo vai acontecer mais coisas! Muahaha revelações! Muahaha ok, deu.
Aaaah, não sei se neste próximo capítulo ou no outro, vai ser especial. Sabe por que? Ta-da-da-dãããm. Por que o Ethan que vai narrar! :O Wooow. Demais née? Ok.
O filme que eles viram existe realmente e é muito fofinho :3 (não preciso nem dizer que é com a Madeline Caroll, né? Hihih)
Ok, mandem reviews, recomendações... Tá parei de vez agora.
BOM CARNAVAL!!! (GRAÇAS A DEUS SEM AULAAA O/)
Beijão!



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