Rescued escrita por Lolla


Capítulo 11
Cemitério


Notas iniciais do capítulo

Oláa,
Wow, finalmente!
Vocês pediram, pediram, pediram e aqui estou eu, cumprindo seus desejos!
Esse capítulo eu particularmente adorei também. Fofo e delicado. Bem diferente do drama oficial da estória. Acho que vocês vão piraar (k parei)
Boa leitura!



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No dia seguinte acordo e vou direto para o armário achar uma roupa decente. Eu fico praticamente a manhã toda, sem comer nada, tentando achar algum visual que seja flexível, pois eu ainda não sei aonde ele vai me levar. Como o céu está um pouco nublado e com um vento irritantemente frio, decido por uma calça jeans e jaqueta de couro marrom. Uma bota é a melhor opção de sapato, por isso opto por esta também. Solto o cabelos e dou uma penteada rápida, um pouco antes do telefone tocar.

-Alô?

- Tay, já está pronta? –Bela hora para tirar um sarro dele.

- Para quê? –Pergunto inocentemente. Ele demora um pouco para responder e uma risada fica presa em minha garganta. Tapo a boa com a mão.

-Desce logo que eu já estou aqui em baixo. –Ele responde. Solto uma curta risada.

- Como você sabe que estou brincando?

- Por que eu conheço você. –Dou uma risada irônica e informo que já estou descendo. Meu coração bate a mais de mil por hora e fico com receio de ele perceber minha ansiedade. Respiro fundo o máximo que consigo, ou seja, até ficar tonta, e saio do elevador a passos firmes. O porteiro continua com cara de sonolência mórbida, por isso nem tento perguntar se Ethan passou. Nem preciso, na verdade, pois o que vejo quando olho para a rua é o próprio, montado em uma moto, que ao que parece é de última geração. Meu queixo cai alguns metros antes de eu me aproximar. Ele está com uma cara risonha, provavelmente por causa de minha reação.

-E ai? –Ele diz, descontraído. Levanto as sobrancelhas e torço a boca, só assentindo. Ele me imita, balançando a cabeça. Dou um sorriso.

- O que é isso? –Pergunto pausadamente. Ele ri e aponta para a moto. –Isso?- Assinto. Ele dá de ombros. –Uma moto, ué. Nunca viu?

- Você dirige? –Ele assenti e bate com uma mão o acolchoado atrás dele.

- Vem, senta aqui. Vou te levar em um lugar especial. –Coro, não sei porquê e sento atrás de suas costas esguias e musculosas. Meu coração palpita só de sentar atrás dele, imagina quando ponho as mãos em seu abdômen. Fico vermelha instantaneamente e distancio minhas mãos de sua barriga. Ele bufa.

- Se você não quiser cair da moto e morrer, é melhor se segurar mais firmemente em minha cintura. Eu sei que é uma tentação e tudo mais, mas você vai ter que se segurar em mim.

Arregalo os olhos e fico ainda mais vermelha.

- Ca... Cala a boca, Ethan. Fique você sabendo que não é tudo isso que diz. –E como prova que “não estou afetada por sua presença” me seguro firmemente em sua cintura. Fecho os olhos e deito a cabeça em suas costas para provocá-lo. Sinto Ethan se enrijecer diante de meu contato mais íntimo e solto uma risada curta.

A moto parte em um solavanco e agradeço por estar com a cabeça apoiada e as mãos firmemente presas. Fecho os olhos por conta do forte vento que bate contra minha cara e pelos meus cabelos, que insistem em entrar em meus olhos.

Passo um bom tempo sentada naquela moto. Tempo o suficiente para minha bunda ficar dormente e a posição se tornar um tanto desconfortável. Abro os olhos apenas alguns instantes só para perceber que não faço a mínima idéia de que rua era aquela, mas ao meu lado direito vejo um muro alto e branco, com cercas elétricas em cima. Ele vira em uma curva estreita, quase me fazendo sair voando, porém sou mais rápida em prendo minhas coxas na lateral de suas pernas. Ele se enrijece de novo.

Fecho os olhos e só os abro quando ele para em frente a uma alta e majestosa cerca branca, onde em cima lê-se escrito em uma placa de metal polido:

“Na mesma pedra se encontram,
Conforme o povo traduz,
Quando se nasce - uma estrela,
Quando se morre - uma cruz.
Mas quantos que aqui repousam
Hão de emendar-nos assim:
“Ponham-me a cruz no princípio...
E a luz da estrela no fim!”Mario Quintana"

A mensagem é linda, mas me assusta de um modo que nunca pensei que sentiria. Eu não sei que lugar é este, mas faço uma bela idéia de onde seja. Ethan me ajuda a descer, por que pelo visto nem isto consigo fazer. Olho para ele, com os olhos arregalados e engulo em seco quando vejo sua cara de culpado. Ele volta para sua moto e me desespero ainda mais, pensando que ele ia me deixar aqui sozinha. Mas ele simplesmente pega um cesta que eu nem sabia da existência.

- Vamos? –Ele me estende sua mão e eu a seguro, insegura. Respiro fundo e entro no local. Nunca visitei o cemitério em que Thomas e mamãe estão enterrados. Nunca tive vontade. Nunca tive coragem. Mas hoje teria que perder meu medo. Ele me guiou entre as lápides cinzas e brancas gastas. Fico desconfiada. Primeiro, como ele sabe deste cemitério? Segundo, como ele conhece tanto o lugar onde meus entes estão enterrados? Por que ele parece bem experiente guiando-me deste jeito. Depois de andar um pouco mais sobre a grama verde, ele me para em uma lápide pequena, simples onde se encontram as seguintes palavras: “Thomas Ryan Strecker. Sempre vai estar em nossos corações, little bear.” Fecho os olhos simplesmente porque não quero chorar em sua frente. Digo, na de Ethan. É tão doloroso para mim. É como se tivesse acontecido ontem. Meu coração se contrai e meus olhos ardem tanto. Tudo dói. Minhas pernas fraquejam.

- Por quê? –Pergunto a meia voz. Ele simplesmente me abraça o mais apertado que consegue e eu desisto de tentar me apoiar sobre meus pés e deixo todo peso de meu corpo em seus braços. Ele me aninha lá até a sensação de perda diminuir. – Estou melhor. –Digo. Ele me prende mais forte por um momento, até eu soltar um gemido de protesto e depois me senta ao pé de uma árvore ao lado da lápide. Por incrível que pareça é um salgueiro, a mesma árvore que fico a maior parte do tempo do recreio na escola.

- Você nunca veio aqui, não é? –Nego com a cabeça. Ele se agacha em minha frente e acaricia meu rosto molhado por lágrimas que teimam em cair. Não quero chorar em sua frente. Olho para o lado. Ele agora acaricia minhas mechas perto das orelhas e eu fecho os olhos. A carícia está ótima, até ele parar de fazê-la. Abro os olhos e vejo ele com um buquê de cravos de variadas cores em minha frente. Pisco algumas vezes para entender sua intenção. Pego o buquê e dou um leve sorriso.

- Acho que sei o que fazer com isto. –Ele abre um sorriso e assente. Levanto-me e me dirijo ao túmulo de meu irmão, depositando o buquê lá depois de dizer algumas palavrinhas a ele. Me sinto mais aliviada. Mas falta alguma coisa. Olho para o túmulo ao lado: “Madeline Caroll* Strecker. Ótima mulher e amiga.” Tiro um cravo do buquê e ponho ao pé do túmulo dela. Rezo um pouco e me viro para Ethan, que estendeu uma toalha estampada a baixo da árvore e distribui vários potes com comidas por ela. Levanto as sobrancelhas e sento-me em cima da toalha.

- Que é isto?

- Um piquenique. –Ele dá de ombros. Várias frutas, pães e doces estão espalhados pelo chão. Apetitosos. Pego algumas uvas e começo a comê-las. Direciono meu olhar para ele. Ele tenta comer um melão sem se sujar, sem progresso. Rio alto e pego um guardanapo, me aproximando. Limpo ele, que cora. Quando percebo o que estou fazendo me afasto e coro junto. Quando estamos satisfeitos, retiramos as coisas e guardamos elas na cesta.

Quando me apoio na árvore novamente, sem aviso prévio, ele recosta a cabeça em meu colo. Não tento retirá-la de lá. Na verdade, começo a massagear seus sedosos cabelos. Os olhos estão fechados de prazer e quando penso que está prestes a dormir, pergunto:

- Que cicatriz é esta em cima de seu olho? –A cicatriz é branca e razoavelmente grande. Ele passa a mão no local e suspira.

- 23 de janeiro. Quebrei o nariz de um cara e ele abriu minha cabeça. –Aponta o dedo para o corte. Levanto a sobrancelha.

- Por que toda esta violência? –Pergunto. Ele solta uma risada sonolenta.

- Diz a menina que arranjou briga na escola. –Ele dá um peteleco em minha testa.

- Ei, ela mereceu! –Soco seu braço. Ele solta outra risada. –Então? O que aconteceu? Por quê fez isso?

- Pela reputação da minha irmã.

Então sinto. Uma sensação vinda do fundo do peito. Nunca fui a favor da violência, vocês sabem, mas esta foi a causa mais nobre que já ouvi. Dou um sorriso e volto a mexer em seus cabelos. Quando ele fecha os olhos novamente, chego perto e encosto meus lábios nos seus, em um movimento leve e delicado. Ele se assusta, é claro. Olho para seus olhos quando me endireito e volto com a posição inicial. Provavelmente estou tão vermelha quanto um tomate maduro, mas não ligo, já que ele está da mesma cor. Dou uma risada e olho para cima, mais tentando esconder minha expressão envergonhada do que olhar para os pássaros que cantam nas copas das árvores.

- Os tímidos sempre impressionam aqueles que têm paciência de conhecê-los melhor. – Diz ele de repente. Solto uma risada com uma pitada de alívio. O clima fica mais descontraído. Ele é tão bom com as palavras, sempre fazendo as pessoas rirem.

- Você se considera uma pessoa paciente?

- Extremamente. –Ele diz, pegando uma mecha de meu cabelo. Conversamos mais um pouco e depois ele me leva para casa. Na hora da despedida foi aquela vergonha. Não conseguia falar nada e tão pouco sabia se íamos nos beijar de novo. Não nos beijamos.

No outro dia acordo animada e sem um pingo de sono. Tomo banho, arrumo o cabelo de um jeito que nunca arrumei antes. Ficou bonito. Ponho o uniforme e troco a calça folgada pela saia da escola. Passo brilho labial. Porém não troco meu all star velho por nada neste mundo. Tomo um café da manhã reforçado e desço. Diferente de um dia trás, o clima está mais quente e vejo o sol nascendo por entre os prédios.

Quando estou a ponto de passar pela portaria, vejo uma sombra recostada sobre o muro de meu prédio. Viro-me assustada e vejo Ethan sorrindo para mim.

- Oi idiota.

-Oi - Ele dá uma pausa e se vira para mim. Paro de andar. –O que eu faço, Tay? –Levanto minha sobrancelha em pergunta. –Eu conheci quatro garotas. Três delas me chamam de amor.

Fico ressentida. Quatro meninas? Aonde? Mas a curiosidade ultrapassa o ciúme e o orgulho.

- E a quarta te chama de quê?

- Ela me chama de idiota, e é somente ela que quero para mim. –Reviro os olhos e ultrapasso-o, que solta uma risada alta. Chegamos juntos a escola o que atrai diversos olhares, incluindo o de Anne e Christi. Perfeito, um complô para minha morte.

- Não se preocupe, eu lhe protejo delas. –Ele sussurra em meu ouvindo, me fazendo arrepiar da cabeça aos pés.

- É melhor mesmo, se não o próximo túmulo que você visitará será o meu. –Sussurro de volta e ele ri. Vou para minha sala de aula. História. O professor passou a aula mostrando slides, ou seja, eu dei uma bela cochilada. Acordo pronta para aula de química, uma de minhas preferidas, e depois vou ao pátio. Pego apenas um banana e algumas uvas e me sento em minha árvore. Ethan se senta ao meu lado logo em seguida, com uma um pão de batata recheado com catupiry e alguns doces.

- Como consegue comer tanto? Ainda são dez da manhã. –Ele dá de ombros e devora tudo antes que eu consiga descascar minha banana toda. Conversamos e rimos muito, até uma hora que ele se vira para mim com um olhar diferente, que faz minha barriga ficar com aquela sensação de quando você cai de um lugar bem alto. Um frio percorreu meu corpo.

- Eu não consigo ver nada que eu não goste em você. –Ele murmura. Olho para minhas mãos.

- Mas você vai. –Afirmo. Ele me olha e não diz mais nada. O sinal toca e vamos para nossas respectivas salas, tendo as mais variadas aulas com os mais variados graus de chatice. Durmo mais algumas horas e nas outras passo o tempo desenhando. Desenho um casal. A menina loira está beijando o moreno, que está com a cabeça apoiada em seu colo. Sorrio. O sinal toca, liberando todos para ir para casa. Arrumo meu material rápido e espero na frente do portão. Cinco segundos depois ele aparece.

-Vamos? –Ele pergunta. Balanço a cabeça em positividade e começamos a andar. Chegamos à portaria de meu prédio e ele conta mais algumas piadas sem sentido.

- É estranho, não é? Como eu consigo fazê-la rir nas piores horas...

- Não acho estranho, acho encantador. Você sempre sabe a hora certa de me fazer rir. Você sempre soube... –Confesso.

- E espero sempre saber. –Ele completa, abaixando a cabeça. Sorrio maravilhada. Como ele consegue? Ser sensível e ao mesmo tempo engraçado? Ser forte e ao mesmo tempo tão frágil? Levanto seu queixo e dou-lhe um beijo na bochecha.

- Tchau Ethan.

- Tchau Tay. Até amanhã.



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Notas finais do capítulo

Desculpa qualquer erro de digitação, guys...
E ai?? Gostaram??
Safadinha essa Taylor, hein? Sempre tomando a iniciativa hehehe
O que vocês acharam? Quero a opinião de vocÊs NOW.
Ok, parei de novo. Preciso me controlar. Preciso dos meus remédios! Eheheh (nossa, como eu sou ruim em piada!)
Enfim, beijão e até a próxima!
*Eu sei que a Madeline Caroll é uma atriz, mas eu amo ela e resolvi pegar seu nome emprestado :3



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