Muito Além do Fim... escrita por BrunaGonda


Capítulo 7
Não é o fim, propriamente dito.


Notas iniciais do capítulo

C_A_L_M_A. A história NÃO acabou.



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-       Harry... Harry, meu amor, acorde! – uma voz sussurrou a ele rindo.

-       Mãe? – ele pensou debilmente.

-       Não. – a voz falou meio constrangida – Gina.

Harry abriu os olhos. Só reconheceu Gina por seus cabelos vermelhos. Seus olhos toldavam a imagem com uma camada de neblina. Mas havia algo errado. Sua testa fervia. Sua cabeça fervia. E doía. Muito.

Ele não conseguia arranjar forças para erguer os braços dormentes e doloridos. Sua garganta estava seca e rouca. Ele sussurrou.

-       Desculpe. Acho que estou delirando. –E umedeceu os lábios – Água. Por favor.

Ele sentiu uma tontura que fez girar o quarto, e estranhamente, lembrou de Dumbledore pedindo água a ele. Sentiu algo molhado na boca, e pôs a mão fracamente no copo, em cima da de Gina. Quando o copo foi retirado, ele perguntou:

-       O que aconteceu comigo?

-       Então Harry... – começou Gina com a voz altamente preocupada. Harry se assustou – Você está desacordado desde ontem. Eu e a mamãe estivemos tentando deixar sua temperatura estável...

-       Gina... – ele a censurou com a voz rouca.

-       Bem, é que nós não sabíamos que você não havia tomado a dose de Varíete quando era pequeno... Senão isso não teria acontecido... Senão teríamos dado a você... Porque nunca contou? – ela perguntou chorosa.

-       Va... O quê? – ele perguntou rouco e confuso?

-       Varíete. É a poção que as crianças de oito anos tomam, de uma série de outras, para evitar pegar doenças.

-       Como uma vacina?

-       O que é uma vacina? – ela perguntou curiosa.

-       Mas não importa. O que eu peguei? – ele falou com a voz fria. Algo terrível devia ser. Ele não caía nem sob tortura.

Gina ficou em silencio. Parecia estar chorando. Soluçado e fungando. Harry foi até o seu rosto e o afagou, espantando as lágrimas que lhe desciam pela face.

-       Me responda Gina. Eu não estou com medo.

-       Eu estou – ela sussurrou desesperada.

Gina fungou mais uma vez, e depois silenciou. Então falou, sem emoção ou inflexão.

-       Varíola de dragão.

Harry ponderou. Sabia que era uma doença terrível. Sabia que muitos morriam dela. De início, indignou-se com sua sorte. Quando o maior perigo se sua vida havia sido erradicado, ele havia pegado uma simples doença, capaz de mata-lo como a um verme.

Ele podia crescer e casar com Gina, tanto quanto podia morrer moço. Com varíola de dragão. Depois pensou que era forte. Que nunca ficara doente em vida. Que era jovem, e que se tivesse força de vontade, iria sair dessa.

Eles ficaram em silencio por um momento. Então Harry falou.

-       Não estou com medo Gina.

-       Mas eu estou! – ela se levantou chorando – Como deus é ingrato! Você salva milhões de pescoços, perde todos que ama, cresce sofrendo! E quando pensamos que poderíamos ser felizes ele puxa o prato, brincadeirinha! – Gina gritou alucinada, chorando.

 Ela parou por um momento, chutou um móvel de raiva, e depois caiu sentada em sua cama, encolhida e tremendo.

Harry tinha que acalmá-la. Ele afagou suas costas e falou calmamente:

-       Como foi que eu peguei isso?

Gina fungou.

-       Varíola de dragão não é viral. Se pega com contado de sangue. E atinge tanto a animais quanto humanos.

-       O gnomo que me mordeu? – ele chutou, com as sobrancelhas erguidas. Ela assentiu.

-       Dura em média uma semana. - ela se virou e olhou em seus olhos – Eu não quero perder você. É injusto demais.

Harry afagou seu rosto. Não o enxergava com clareza. A visão não permitia.

-       Nós vamos sair dessa. Eu prometo.

Gina se deitou ao seu lado e o abraçou. Eles ficaram assim por um longo tempo, até Harry perguntar:

-       Onde estão meus óculos?

Silêncio. O que teria acontecido? Se seus óculos tivessem quebrado com a queda, não seria nada que eles não pudessem consertar.

-       Sabe Harry... – começou Gina – Varíola de dragão dá manchas vermelhas na pele.

Ótimo. Sua pergunta havia sido respondida.

-       Gina, eu quero meus óculos.

Gina pareceu dar de ombros, então mãos carinhosas colocaram os óculos em seu rosto. Harry estendeu os braços fracamente a sua frente. Manchas vermelhas se estendiam por toda a extensão e seus braços. Ele se repugnou.

-       Por favor, não encoste em mim. Eu estou horrível.

-       Não me importo com isso – ela falou desolada.

Harry continuou se examinando até notar uma coisa curiosa.

-       Eu estou pelado?

Harry não notou de inicio, já que estava coberto por um cobertor. Mas agora tinha certeza que estava.

-       Sim. – Gina falou sem se envergonhar.

-       E o que sua mãe falou ao saber que você está aqui comigo? – Harry quase assoviou.

-       Nada. Ela sabe que você está mal. – Gina comentou cabisbaixa.

Harry ergueu seu queixo.

-       Ei, não fique assim. Eu ainda vou viver o suficiente pra ver Rony pedir Mione em casamento. E rir com isso.

Gina sorriu.

No primeiro dia, Harry sentia queimações por todo o corpo, sua febre era tamanha que seu cobertor foi trocado por um lençol, e Gina estava constantemente mantendo sua temperatura, trocando paciente os panos molhados em água fria de sua testa.

Quando Gina ia tomar banho, ir ao banheiro, ou comer, ele ganhava visitas.

Hortência, muito amavelmente, colhera margaridas para colocar no vaso de sua cabeceira. Foi com muita compaixão que ela abriu as janelas para que entrasse ar, e se sentou ao seu lado para conversar. As atitudes de Hortência eram tão amáveis que Harry começou a duvidar que ela mantivesse alguma segunda intenção por ele. O garoto já a considerava uma amiga.

Perséfone lhe trouxe um cartão de melhoras, e por ser a mais tímida, chorou um pouco ao vê-lo doente. Ela trocou a toalha que o mantinha com a temperatura normal, e disse que havia rezado a noite inteira pra que ele melhorasse. Ela contou que todos o viram despencar pela escada, e que Hortência, Gina, Hermione e a Sra. Weasley tentaram levantá-lo sem sucesso. Depois foram correndo chamar Gui, Percy, Rony e o Sr. Weasley.

Com bastante esforço eles o carregaram escada acima até o quarto.

Molly também apareceu, o abraçou e chorou muito. O garoto ficou muito vermelho quando ela reclamou: “Porque tudo acontece aos meus filhos?” Harry achou que talvez ela não aprovasse incesto.  A Sra. Weasley explicou que Gina se recusou a leva-lo para o St. Mungos, uma vez que o internariam no setor de doenças contagiosas e ninguém poderia visita-lo.

Afinal, ela sabia fazer os remédios usados, de forma que a Sra. Weasley trazia todos os dias um copo com um líquido preto e malcheiroso que lembrava infusão de raiz de cuia para Harry beber.

Rony e Hermione vieram enquanto Gina acariciava seus cabelos. Apesar de Rony ter ficado com uma cara estranha, ele não reclamou. Ambos pareciam abalados a ver Harry finalmente perecer.

Gina dormiu com ele em sua cama na primeira noite. Apesar de estar com febre, Harry começou a tremer convulsivamente de frio. E Gina passou a noite acordada lhe acalmando, quando ele começou a sentir dores tão fortes que seus músculos se contraíam em convulsões.

No dia seguinte, Harry suava, e Gina e a Sra. Weasley passaram o dia preparando uma pomada que faria sua pele parar de queimar. Foi em um desses raros momentos em que estava sozinho que Morguin apareceu, trazendo-lhe café e bolo. Ela lamentou seu estado, mas foi embora logo, pois Gina prometia voltar logo.

Harry suava e sofria em paz, seus olhos fechados e as caretas de dor pareciam ser sentidos por Gina, de modo que o garoto temeu que logo ela caísse doente em vê-lo assim.

No terceiro dia, Harry deixou de enxergar. Gina derrubou toda porcelana em que trazia o café da tarde de Harry no chão, ao ouvir do namorado que ele não a enxergava mais. No quarto, seus membros ficaram dormentes, mas pelo menos, ele não sentia mais dor. Ele tinha alucinações frequentes, e por vezes ficava desacordado. As vezes não falava coisa com coisa, e os rostos de pessoas que já tinham partido apareciam rondando-o. Sirius, sua mãe, seu pai, Lupin, Dumbledore...

No quinto dia, ninguém acreditava que Harry fosse passar daquela noite. Gina chorava muito abraçada a ele. Morguin, Perséfone e Hortência rodeavam seu leito enfermo. Assim como Hemione, que sentava em sua cama, segurando sua mão e chorando desenfreadamente, e Rony, que Harry nunca vira chorar, deixava as lágrimas rolarem silenciosamente ao pé de sua cama.

Sra. Weasley soluçava no canto do quarto abraçada a Arthur, assim como Fleur, Percy e Gui.

Harry sentia sua consciência ir deixando-o devagar. Ele sussurrou tão baixo e rouco, que Gina teve que se esforçar para ouvir.

-       Gi.. Gina... – ele arquejou.

-       Sim? O que foi meu amor? – lágrimas rolaram seu rosto.

-       Eu... Eu te amo.. – ele explicou.

-       Eu também – ela falou com a voz embargada – Eu também... – ela acariciou seus cabelos carinhosamente com as mãos trêmulas.

-       Gi...na... – Harry pegou o ar com dificuldade.

-       O quê? – ela perguntou arrasada.

-       Quer... quer casar comigo? – ele arquejou.

Gina soltou um lamento sofrido, as lágrimas cortando-lhe o rosto. Harry sabia que era cruel. Mas ele precisaria saber isso antes de morrer.

-       Sim – ela soluçou, em um riso sofrido – Sim, claro!

-       Eu... eu te amo Gina... Muito... Muito além do fim.

Gina começou a chorar loucamente, e escondeu o rosto no pescoço de Harry.

Fleur soluçava arrasada, vendo a cena mais triste que já havia visto em sua vida.

No momento seguinte, Harry sorriu e suspirou feliz.

Então tudo escureceu, e um uivo de dor cortou o ar.


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Notas finais do capítulo

Estamos com a new banner, deem uma olhada! Em breve trailer da fic.
AVISO: Sabe, recomendações me dariam uma vontade danada de postar mais.
OBS: KKK, eu dei uma pirada cap passado mas não se preocupem, eu não vou excluir. Só queria dar um empurrãosinho na má vontade de alguns em comentar.



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