No meio de minha leitura eu ouvi um barulho, e encontrei no banheiro um fardamento de Hogwarts, porém aonde deveriam ter as cores das casas tinham as cores preto e branco. Eu até gostei, são as minhas cores preferidas, e as mesmas de meu quarto também.

Me vesti, e logo reparei que já iria dar seis da tarde, eu realmente não percebo o tempo passar quando leio. Não esperei por nada, fui seguindo para o Salão Principal que Dumbledore havia me mostrado, e não era a única. Vários outros alunos também faziam isso, porém nenhum deles deixava de reparar em minhas vestes.

Fiquei muito envergonhada na hora. Não havia uma pessoa que não olhasse e apontasse para mim ao passar.

- Avada... - Ouvi uma voz me chamar.

- É Emily... - Virei-me e me deparei com a mesma figura encapuzada do orfanato. Severo me olhava com um ar de superioridade.

- Venha comigo. - Falou, e logo eu o segui. Fomos andando rápido por dentre as mesas, e enfim chegamos a uma mesa também decorada com preto e branco, porém menor que as outras. Talvez caiba umas oito pessoas ao máximo.

- Emily, esta vai ser sua mesa, eu mesmo providenciei. - Dumbledore disse sorridente, chegando mais perto de mim. - Sente-se e aproveite o jantar.

Olhei para a mesa, e confusa eu o perguntei:

- Que jantar? As mesas estão vazias, sem falar que eu não como. Lembra?

- Um jantar é algo muito além da comida, Srta. Albuquerque. Lembre-se disto. - Ele saiu de perto de mim sorrindo.

Fiquei sem ação. Ele é mais estranho do que eu pensava.

Fiquei sentada observando as pessoas passarem a minha frente. Eu tentava sorrir para elas, mas algumas riam de mim. Admito que eu faria o mesmo, mas fala sério. Nunca viram algum morto vivo não?

Um garoto loiro se sentou em minha mesa. Ele tem olhos claros, bem forte, cabelos extremamente claros e alinhados e usava o uniforme da sonserina. Ele sorria a minha frente.

- O que você é? - Perguntou-me rápido, e eu o olhei incrédula.

- Como assim o que eu sou? Uma bruxa, não é óbvio?

- Não. Não é óbvio. Quero saber o porque de sua mesa ser diferente e sua casa também.

- Já pensou na possibilidade de criarem mais uma casa em Hogwarts?

- Não.

- Que bom, porque não vão. - Falei pouco interessada - A verdade é que eu não estou viva. Sou quase um zumbi.

- Zumbi? Aquele monsro trouxa? Fala sério, você está mais para fantasma. Não existem zumbis. - Bufou - Me fala, o que você é na verdade? - Percebi que ele estava mesmo interessado no assunto.

Quando eu abri a boca para falar toda a verdade, uma voz severa veio de trás de mim. Voz severa. É óbvio que eu sei quem é.

- Malfoy, volte para seu lugar. - Virei-me e vi Severo Snape com o mesmo olhar frio de sempre.  O mais impressionante é que ele consegue amedrontar apenas com um olhar. O Malfoy mesmo saiu quase correndo da mesa. - Avada, fique em silêncio, vamos colocar o jantar na mesa e depois terá a noite livre. Ordens de Dumbledore.

Não respondi. Apenas assenti e fiquei esperando alguma coisa interessante acontecer. E não é que aconteceu? Desta vez um grifinório de cabelos negros veio até mim, mas não se sentou como o Malfoy fez.

- Olá, eu me chamo Harrry Potter. - Ele me cumprimentou.

- Emily Albuquerque. Ou Emily Kadavra se preferir. - Ele ficou um pouco interessado em meu sobrenome do meio, mas não disse nada.

- Bom, eu não sei como perguntar isso, mas porque você está aqui... Afastada de todo mundo e com roupas diferentes?

- É, pelo visto você sabe como perguntar isso. - Falei, e nós rimos baixo - Eu sou diferente de vocês, Harry.

- Diferente como? Você... Tem casa, não tem?

Fiquei me perguntando se deveria ou não contar, mas não me veio resposta. A minha sorte é que ouvi um sino soar distante. Virei-me e vi todos se levantando, então me levantei também.

- Desculpa Harry, depois nos falamos. Eu preciso ir. Nos veremos nas aulas. - Me levantei sem medo de ser seguida e fui adando por dentre os corredores. Mentalizei meu quarto, como disse Dumbledore, e logo uma porta surgiu a minha frente.

A grande e pesada porta se abriu automaticamente ao meu toque na maçaneta. Isso deve ser para ninguém mais entrar.

Entrei, e e ao chegar lá encontrei meus horários, e vi que amanhã, a minha primeira aula será vaga, e me convocaram para falar com o diretor.

Segui a Emily até seu quarto, e o mais estranho é que ela entrou na Sala Precisa e desapareceu. Tentei mentalizar um quarto onde ela estava, as nada aconteceu.

Desisti depois de observar a parede onde ela desapareceu por um tempo, e voltei ao Salão Comunal da Grifinória.

- Onde você estava?! - Perguntou Hermione, violentamente.

- Fui atrás da Emily. - Falei simplismente, me jogando na poltrona, a frente de Ron.

- A menina de preto e branco? Você ficou louco? Nem sabemos nada dela. Pelo que eu sei ela pode muito bem ser uma comensal, ou até mesmo uma dementadora disfarçada de humana!

Eu e Ron nos entre-olhamos confusos e surpresos. Hermione havia surtado de novo.

- Mione, não acha que está exagerando não? - Ron perguntou se levantando e indo até ela.

- Não, eu não estou exagerando. Você viu, não é Ron? Você viu que não tem explicação lógica para ela estar sem casa e separada de todos! Deve ser perigosa!

- Ela é diferente. - Falei suspirando, e todos me olharam - E não é por isso que ela tenha que ser perigosa. Eu confio nela.

Todos ficaram em silêncio, e nem mais uma palavra foi trocada, apenas nos demos boa noite e fomos para nossos devidos quartos.

Tem algo errado com a Emily, mas não é nada ruim ou perigoso. Eu sinto isso.