Not Alone. escrita por monkelfplus


Capítulo 10
IX - Confissões.


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo começa mais suave... Apenas para descontrair um pouco todo o susto dos capítulos anteriores, mas se preparem para os próximos, a "ação" finalmente vai ser iniciada.
Boa leitura.



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POV JiHyun.

"Que dia" — Pensei ao sair do quarto, não aguentava mais ver HyunAh triste, ela era minha melhor amiga, praticamente irmã e me doía demais, ainda mais porque eu entendia demais a dor dela, me sentiria da mesma maneira se fosse o meu namorado ao invés do dela. Fui direto para a sala e lá me aproximei de Joon, só precisava avisar que iria tomar um banho e desejava que ele me esperasse, queria jantar junto ao meu homem, não gostava de comer sozinha e a melhor companhia ali, além das minhas amigas, claro, é ele.

Segui para o banheiro e tranquei a porta, por mais que soubesse que ninguém entraria, todos saberiam que o local estaria ocupado, mas não custava nada se prevenir, não acham? Tampei o ralo da banheira e deixei a mesma enchendo enquanto me despia, jogando as roupas sujas no cesto, não demorei muito para ir até o meu banho e ali, relaxei todo o meu corpo, cheguei até a afundar minha face, nem ligando em molhar o cabelo, poderia usar o secador que levei na viagem depois.

Tudo estava correndo muito bem e quando pensei em me levantar, afinal, não estava mais aguentando mais prender a respiração para mergulhar a face na banheira, junto ao corpo, porém, quando tentei voltar a superfície, uma mão apareceu do meu lado, pousando sobre meu rosto e me obrigado a afundar, lutei, tentei me mover, mas meus braços pareciam estar sendo segurados também e minha única escolha foi mover as pernas, derrubando um pouco de água, talvez aquele barulho de água chamasse a atenção de alguém de fora, mas não estava dando muito certo. Sabe aquela sensação de desespero? Chegar a pensar que você estava a beira de desmaiar e não acordar mais? Era isso que senti e com um pouco de força, senti um dos meus braços ser livre, segurei na cortina e tentei me puxar para cima, consegui livrar minha face e voltar a superfície, recuperei o fôlego e estava prestes a gritar quando uma outra mão apareceu e esta segurava uma face, antes que pudesse reagir, esta perfurou o meu pescoço, fazendo-me mergulhar novamente, minha visão foi ficando cada vez mais escura e ainda vi o sangue espirrar de meu corpo, agora era tarde demais para conseguir ajuda...

POV JiHyun off.

A namorada não o respondia de jeito nenhum. Joon chamou mais algumas vezes, estava desesperado, e não obtinha resposta. Notou que havia algo errado, precisava ver a amada e certificar-se de que estava bem.

— Ji? — Chamou mais uma vez, e tinha em mente que, se ela não o respondesse, arrombaria aquela porta de uma vez por todas. Como a jovem não se manifestou, o rapaz tratou de tentar forçar a maçaneta mais algumas vezes, afim de tentar abrir esta, mas ao ver estava muito bem trancada, começou a afastar-se um pouco dali, precisaria pegar impulso para fazer o que devia. Mir teve um calafrio, sabia muito bem o que aquilo significava. Chegou à porta da cozinha e viu que Joon estava preparando-se para um arrombamento.

— O que houve? — Perguntou, por mais que estivesse óbvio o que o amigo planejava.

— A Ji, ela não responde, vou ter que invadir. — O coreano mostrava-se bastante nervoso, precisava saber o que estava acontecendo, e na pior das hipóteses, salvar a namorada. Nem esperou uma resposta do menor, apenas correu em direção à porta, abrindo esta à força com o impacto, não demorou para que localizasse a banheira, por mais que estivesse um pouco desnorteado por conta do nervosismo. — Meu amor! — Correu em direção ao local onde a moça estava, percebeu que a água estava completamente vermelha e que a jovem estava mergulhada ali. — Ji... — Com as mãos trêmulas trouxe a mais nova para a superfície, tentaria fazê-la respirar novamente, até que viu o motivo de todo aquele sangue. — Não... NÃO! — O grito do coreano pôde ser ouvido por toda a casa.

O coreano mais jovem que estava por ali por perto veio às pressas, precisaria ajudar o amigo e ver o que havia acontecido de fato, afinal, tinha sentido que algo ruim estava prestes a acontecer. Os outros que estavam na casa ouviram o grande estrondo seguido por um grito e vieram correndo também. Pararam à porta do cômodo, deparando-se com o amigo agachado ao lado da banheira, segurava uma das mãos da jovem namorada e a outra mão estava em seus cabelos como em uma carícia.

— Por quê, Ji? Por quê? — O choro era desolado, mas este foi interrompido por batidas na borda da porta, eram de Mir.

— Posso entrar? — Perguntou ao amigo, querendo ajudá-lo. Não obteve resposta, Joon não conseguia falar nada, não tinha forças para aquilo, apenas voltou o rosto para o amigo e rapidamente voltou o olhar para a namorada morta, o que fez com que o maknae tomasse aquilo como uma resposta positiva. Adentrou o local e agachou-se ao lado do amigo. A única coisa que poderia ver era a água em puro sangue, não poderia ver nada que o mais velho não quisesse que os outros vissem devido à densidade com que esta estava, tudo que podia ver era o que estava para fora desta, que no caso, era uma das mãos da moça e seu pescoço, que apresentava um enorme corte. Precisava confortar o amigo, abraçou-o pelo lado, estava em choque, mas precisava ajudar de alguma forma. — Força. — E apertou o corpo alheio contra o seu próprio.

Não demorou para que Kaoru, que estava na porta, pedisse licença, entrando no local. Aproximou-se da dupla que estava perto da banheira, observando o corpo, e logo abaixou próximo do coreano mais velho.

— Vai ficar tudo bem, cara... — Abraçou-o também, porém, pelo lado oposto ao que Mir estava. — Vamos lá pra dentro, você precisa comer alguma coisa.

O coreano fez um sinal negativo com a cabeça, seu choro era contínuo e era difícil para os outros ver o amigo naquele estado, e não poderiam negar que também não se sentiam a vontade próximo ao corpo da jovem e evitaram olhar e ver o corte em seu pescoço que poderia causar arrepios em qualquer um. As meninas, vendo tudo da porta, choravam também, afinal desta vez uma amiga havia partido, e para HyunAh era ainda mais difícil, já que perdera o namorado e a melhor amiga no mesmo dia. Preferiram não entrar, era melhor deixar o rapaz ali, precisava respirar e quanto menos gente em volta melhor. Também preferiam não ver o corpo da amiga morta, ficariam ainda mais abaladas do que já estavam. Kaoru apenas levantou-se e esperou que Mir fizesse o mesmo, seria melhor deixar o rapaz sozinho por um tempo. Foram andando e ao que chegaram na porta, pediram ao grande aglomerado formado ali para que não o perturbassem. Seguiram para a cozinha novamente e todo o resto os acompanhou, exceto as garotas, que ficaram reunidas nos sofás.

— Vamos comer logo, o Joon não vai querer agora. — Sugeriu Shinya, pegando os pratos que estavam guardados.

— É, vamos. — Concordou Kaoru. — Vou chamar o pessoal que tá na sala, e vou perguntar ao Joon se ele não quer mesmo. — E foi em direção ao outro cômodo. Parou em frente ao trio, estavam quietos em um dos sofás. — Vamos jantar. — Os três assentiram, sabiam que precisavam se alimentar e logo seguiram para a cozinha, juntando-se aos garotos que lá estavam. Agora a missão do líder era de tentar convencer as garotas de fazer o mesmo, todas ali eram amigas de JiHyun e estavam bastante tristes com a perda. — Meninas... — Agachou-se em frente à elas, já que estavam sentadas. — Vocês precisam comer alguma coisa... Senão não vão reagir. — Sugeriu.

— Meninas, é verdade. — Jessica era a única que conseguia reagir apesar dos grandes sustos.

— É impossível... — Disse GaYoon, enxugando as lágrimas que escorriam com o dorso de uma das mãos.

— Precisam pelo o menos tentar... — Insistiu com elas. — Olha, não precisam ficar lá com a gente se não quiserem... Querem comer aqui? Eu trago os pratos pra vocês.

— Traz, Kaokao, nós queremos. — Jessica respondeu pelas amigas, sabiam que não tinham vontade de comer, porém tinha total convicção de que era necessário, principalmente numa hora como aquela.

— Tudo bem, vou lá buscar. — O maior ficou um pouco sem graça como de costume mas logo relevou, precisava ajudar e tinha que ser logo.

— Eu te ajudo. — Disse a loira, levantando-se so sofá onde estava sentada. Logo os dois seguiram para a cozinha, não demorou para que servissem os quatro pratos e voltassem para a sala, cada um levava dois para facilitar. — Pronto, meninas, vamos comer. — Disse, sentando-se.

Kaoru aproveitou para chamar Joon, este também precisava se alimentar e até mesmo tentar se distrair, seria difícil, mas não impossível. Parou na porta do banheiro e deu três batidas na borda de madeira desta.

— Será que eu posso entrar? — Indagou ao outro.

— Entra... — Permitiu o coreano, a voz estava ainda um pouco falha por conta do choro.

Não demorou para que o japonês se aproximasse e se abaixasse logo ao lado do amigo mais uma vez, não gostava muito de ter que ver o corpo da moça morta, mas precisava falar com o rapaz.

— Vamos comer alguma coisa, Joon, você precisa. — Sugeriu ao coreano.

— Não quero nada... — Respondeu entre um soluço e outro.

— Tem certeza? — Insistiu, mas a única resposta que obteve foi um gesto positivo com a cabeça. — Tudo bem. Se você quiser, é só ir lá. — Deu dois tapinhas de leve sobre o ombro do rapaz e levantou-se, podendo voltar para o cômodo anterior. Viu que as garotas estavam comendo devagar e que Jessica estava insistindo bastante para que HyunAh se alimentasse. Seguiu então para a cozinha, os outros rapazes já haviam iniciado suas refeições e o representante iria agora fazer o mesmo. Serviu seu alimento e sentou-se à mesa com os companheiros, aquele jantar estava sendo silêncioso, tudo o que podiam ouvir era a voz de Jessica dando apoio às amigas e insistindo para que comessem. De repente puderam perceber uma nova presença na cozinha. Mir já estava de pé colocando seu prato sobre a pia, e quando virou-se deu de cara com Joon parado na porta do cômodo sem nenhuma reação. O menor já ia aproximando-se deste, sabia que precisava de ajuda, mas antes que Mir chegasse perto, o coreano mais velho correu até o amigo, abraçando-o.

— Calma, calma... — Foram as únicas palavras que o maknae conseguira dizer, e o choro alheio era bastante claro perto de seu ouvido. — Não chore mais... — Tentava tranquilizar o amigo, assanhou os cabelos deste em uma breve carícia. Logo foi solto do abraço.

— Ela foi embora, Mir... Pra sempre... — Soluçava, enxugando as lágrimas com as mãos, como podia. Os outros apenas observavam, gostariam de ajudar, mas não sabiam bem o que fazer.

— Vem cá, senta aqui com a gente. — Foi em direção à mesa e puxou uma das cadeiras vagas, sugerindo ao amigo que chorava, que sentasse ali. Assim ele fez, talvez a companhia dos amigos pudesse realmente lhe ajudar. — Coma só um pouco.

— Não... Vou ficar só aqui com vocês. — Respondeu em voz baixa, já conseguindo conter o choro, pelo o menos naquele momento.

— Vamos falar sobre... — Começou HeeChul, afim de melhorar o clima ali, afinal queria que o rapaz que perdeu a namorada pudesse se distrair um pouco, por mais que fosse difícil pela a perda ser recente.

— Baseball. — Completou Die.

— Não, vamos falar sobre futebol. — Sugeriu Kaoru.

Assim os rapazes finalmente conseguiram encontrar um assunto, mesmo que fosse apenas uma discussão sobre o que iriam conversar, já era um bom começo, tendo em vista que antes o silêncio era predominante. O tempo ia passando mais depressa, talvez pelo o fato de Joon estar começando a se distrair. Ainda teriam que decidir o que fazer com o corpo de JiHyun, quanto mais cedo melhor, já que teriam de usar o único banheiro da casa e não iria demorar para que isso acontecesse, logo iriam se cuidar para dormir e não poderiam fazer isso vendo o cadáver ao lado, seria difícil para todos, principalmente para o coreano e as amigas da moça. Kyo tratou de chamar Kaoru em um canto, teriam que tomar aquela decisão logo e achava melhor não falar sobre aquele assunto perto do ex-namorado da vítima.

— Kao... — Disse, Kyo enquanto levantava-se e ia em direção à pia da cozinha, fazendo um gesto para que o mais velho fizesse o mesmo.

— Diga. — Respondeu ao loiro, logo após seguir o mesmo.

— Você já ligou para a polícia? — Indagou em voz baixa. Shinya aproximou-se para colocar seu prato sobre a pia também, e vendo que se tratava do assunto de mais cedo, permaneceu ali.

— Não, eu ia fazer isso sem que o Joon visse, seria melhor para evitar mais choro. — Respondeu ao amigo.

— Então é melhor você fazer isso lá fora. — Sugeriu Shinya ao mais alto. Kyo assentiu, concordando.

— É, eu tava pensando nisso... — Virou-se para os demais. — Caras, vou lá fora tomar um ar. — E seguiu para a porta.

— Eu vou com você. — Disse Shinya, seguindo o líder. Logo os dois deixaram a casa, não se afastaram muito desta, ficaram logo à frente, mas em uma distância considerável para que as meninas, que estavam na sala, não ouvissem.

Kaoru pegou o telefone celular que estava em seu bolso e tratou de ligar rapidamente para a polícia, explicou tudo o que havia acontecido e pediu que viessem logo, afinal o corpo precisava ser recolhido depressa.

— Eles já estão vindo. — Comunicou ao amigo. — Agora vamos entrar. — Caminhou em ritmo acelerado à varanda da residência sendo acompanhado pelo mais jovem, logo abriu a porta e ambos entraram. Kaoru lançou um olhar para o menor e logo fitou as garotas, precisava que elas ficassem todas no dormitório feminino e não saíssem de lá, assim, não veriam o corpo. Shinya já sabia o que fazer.

— Sica... — Chamou a caloura, que logo veio em sua direção.

— O que houve, Shin? — Ela indagou, com uma expressão ainda um pouco abatida.

— Eu e o Kao já ligamos pra polícia, eles logo virão recolher o corpo... E acho que não será bom que as meninas que eram mais próximas dela, vejam isso. — Fez uma pausa, vendo que a outra assentia. — Tem como você levar elas para o dormitório e não deixá-las sair de lá?

— Bom, eu posso fazer isso, sim. — A loira assentiu novamente.

— Contamos com você. — Seguiu para onde o líder havia ido após fazer tal comunicado. A caloura foi em direção às outras moças, sentando-se perto delas novamente.

— Meninas, vamos lá pra dentro? — Sugeriu em voz baixa e com calma, também estava triste com o acontecido, mas era menos próxima da última vítima, tinha então o dever de ajudar as que eram mais amigas da moça. GaYoon nada disse, apenas assentiu com a cabeça enquanto enxugava as lágrimas que lhe escorriam pela a face e levantou-se, sendo acompanhada por JiYoon. Jessica estendeu as duas mãos em direção à HyunAh. A coreana segurou-as e ao levantar abraçou a loira, afinal, ela estava sendo bastante companheira naquele momento tão difícil. Pouco tempo depois, todas seguiram para o dormitório feminino, lá ficariam todas reunidas com mais conforto e não teriam que ver o que aconteceria, como planejado.

Pouco tempo se passou e as viaturas chegaram, e os rapazes que estavam atentos para isso logo foram abrir a porta. Fizeram algumas perguntas à Kaoru talvez por ser o mais velho e o responsável por todo o grupo. O corpo foi recolhido, Joon observava de longe toda a ação, não pôde conter o choro mais uma vez. Mir chegou a pedir que ele fosse para seu dormitório, mas o rapaz quis ficar por ali mesmo.

— Vocês tem que deixar essa casa o mais rápido possível. — Recomendou uma das autoridades a Kaoru e aos outros que estavam por perto, no caso, Kyo, Shinya, Toshiya, Die e HeeChul.

— Não temos como fazer isso. — Respondeu Kaoru. — Pra sair daqui, precisaríamos de um meio de transporte, e o ônibus em que viemos teve um problema no meio da estrada, depois o motorista apareceu morto...

— Me lembro de terem comentado sobre esse caso no departamento. — Fez uma pausa. — Então a coisa é pior do que eu podia imaginar. Faremos o seguinte. Nós vamos mandar um ônibus buscar vocês, ele pode chegar a qualquer momento, fiquem atentos. — Disse aos garotos, deixando a residência com sua equipe.

No momento em que os policiais deixaram a casa, os rapazes que estavam na sala foram surpreendidos por uma voz feminina.

— O quê está acontecendo aqui? — Era JiYoon, bastante nervosa, queria saber o que de fato ocorria naquela casa, já estava notando que havia algo de errado no local há algum tempo, e agora queria a confirmação.

— Fique calma. — Pediu HeeChul à coreana. Esta aproximou-se mais dos rapazes, o choro nervoso começava a cessar.

— Eu preciso saber! — Sua voz saiu em um tom mais alto do que o esperado pelos garotos, chamando atenção de Joon e Mir também, que ainda estavam na cozinha. Os dois vieram ver o que acontecia, Joon já estava um pouco mais calmo, apesar de a tristeza ser grande. Juntaram-se os outros meninos.

— Nós vamos explicar tudo o que está acontecendo... Se acalme. — Disse Kaoru à caloura.

— Tem algo de muito errado aqui, eu sei que tem! — O tom de voz da moça foi mais elevado no fim da frase.

— Calma, venha aqui. — Quem pediu, então, foi Mir, indo em direção à garota, segurou em uma de suas mãos e conduziu-a para o sofá mais próximo, assim ela poderia se acalmar e só então iriam começar a explicar. — Vou buscar uma água pra você. — Ao que acabou de pronunciar aquelas palavras, correu em direção à cozinha e encheu um copo com água, voltou rapidamente e entregou-o para a jovem, que bebeu depressa.

— Nós não queríamos contar nada pra vocês, para não ficarem assustadas... — Comentou Toshiya, fazendo com que os outros ali presentes concordassem.

— Mas mais cedo ou mais tarde nós iamos perceber que tem algo errado acontecendo aqui... E eu já notei. — Ela respondeu. — Vou chamar as meninas, elas também tem que saber. — A jovem levantou-se de onde estava e direcionou-se ao dormitório onde as amigas se encontravam. Não demorou para que estas chegassem e sentassem nos sofás, já estavam um pouco mais calmas.

— Pois então, agora temos mesmo que contar tudo a vocês. Peço que não entrem em pânico e evitem ficar sozinhas... — O líder fez uma pausa. — Bom, desde o primeiro dia, quando chegamos... Já começaram a acontecer coisas diferentes, como aquele retrato que apareceu por aqui do nada... — As coreanas apenas ouviam e assentiam. — Depois teve o fato de uma das pessoas dessa foto simplesmente sumir da mesma...

— Isso... Isso é sério? — Indagou Jessica, os olhos estavam mais abertos do que no normal, em uma expressão de espanto.

— Infelizmente... Sim. — Ele fez uma pausa após aquela confissão. — E não parou por aí. Nós ouvimos passos, janelas batendo... Alguns presenciaram vultos... — Foi interrompido por uma voz feminina.

— Eu vi uma sombra no nosso dormitório... Até pensei que fosse alguma de nós que tinha levantado, mas estavam todas deitadas. — Comentou HyunAh com os outros, aquele era o momento de compartilharem tudo o que haviam presenciado no local.

— Ah, e eu... Bem, eu vi uma coisa estranha. — Começou GaYoon. — Eu acordei de noite, e, bem, quando abri os olhos... Vi como se houvesse uma pessoa deitada ao meu lado, uma garota... Fechei os olhos, e quando os abri denovo, o que vi foi apenas meu cobertor, mas o que eu presenciei antes, foi tão... Tão real. — Acrescentou a caloura.

— Outra coisa que vocês tem que saber. Quando fomos buscar nossas malas, no ônibus... O motorista estava morto. — Comentou Die. — Sorte que eu consegui pegar a chave que estava no bolso dele, aliás, nem sei como tive coragem para isso, mas... Conseguimos pegar nossas bolsas e voltamos. — As meninas, como não sabiam de nada daquilo, ficaram ainda mais assustadas.

— Teve o episódio da porta que bateu sozinha e não queria abrir, e do ventilador, pouco antes do ocorrido com o Takeru. — Lembrou Kyo, que estava presente na sala e lembrava muito bem. — A gente estava com calor e o Takeru se ofereceu pra buscar um ventilador portátil. Por mais que ele arrumasse a parte móvel, direcionando para a gente... Bem... — Suspirou pesado. — Toda hora a direção do vento mudava pra outro lado.

— Fora que depois, mesmo que o ventilador estivesse jogando o ar para a direção onde eu, o Die e o Totchi estávamos... A gente não sentia o vento, era como se... Como se alguém estivesse ali na frente, bloqueando a corrente. — HeeChul não gostava de lembrar do ocorrido. — E tem mais uma coisinha. — Fez uma pausa pra respirar. — Na hora em que estávamos ali fora, contando histórias... Eu estava olhando bem para o sótão, a luz estava apagada, mas de repente ela acendeu. — Arrepiou-se.

— Você não comentou nada, garanhão. — Disse Toshiya ao amigo.

— É, achei melhor ficar na minha quanto a isso, sei lá... Vocês podiam ficar assustados, ainda mais que no momento a gente tava contando histórias de terror. — O coreano rebateu.

— Agora, eu acho que vocês deviam saber a verdade sobre as mortes. — Die comentou.

— Verdade? Mas... — JiYoon foi interrompida por Joon, que agora, começava a falar também. Afinal, sabia da verdade assim como os outros.

— Achamos melhor não explicar direito como as coisas aconteceram, omitimos algumas coisas e até mesmo mudamos alguns fatos... Queríamos proteger vocês de outros sustos. — O coreano explicou. — O fato é que... Bom, o Takeru tinha ido ao sótão fechar as janelas. Eu estava na sala junto com os outros caras, e de repente ouvimos um grito. Segundos depois fomos surpreendidos por um barulho de algo caindo na varanda, corremos para ver... Ele estava lá, jogado no chão, com um pedaço de vidro na garganta, mal conseguia falar, mas deu pra entender que ele disse algo sobre uma menina.

— Meu Deus... — Disse GaYoon, impressionada com o que ouvira, assim como as outras.

— Depois disso aconteceu uma coisa... Eu achei melhor nem comentar nada. Quando eu estava lá, varrendo os cacos de vidro e limpando o sangue da varanda... Bem, eu olhei para a janela de onde o Takeru caiu, e... Havia uma menina lá. Os cabelos dela eram longos e negros, a pele era bastante clara, deu pra notar isso. E o pior... — Fez uma pausa, suspirando. — Ela sorriu para mim. Até pensei que estava só impressionado por ele ter comentado algo sobre uma garota no sótão, mas... Sei que não era minha imaginação. — Contou Kaoru aos demais.

— Você tem certeza? — Perguntou JiYoon, assustada. O mais velho apenas assentiu com a cabeça.

— Agora, o Henry... A HyunAh e a Sica precisam saber da verdade. — Iniciou Mir, os outros assentiram, afinal, sabiam o que havia ococorrido. Os olhos da morena citada logo voltaram-se para a figura masculina que se pronunciava, prestava atenção, afinal, queria saber o que de fato ocorreu com o namorado. — Bem, a gente 'tava ali fora, contando histórias de terror. O Henry levantou pra ir ao banheiro, aquele que tem ali no quintal mesmo... Quando ele saiu e já vinha voltando, bem, nós vimos ele cair, pensamos que ele tinha perdido o equilíbrio ou algo assim, até mesmo que um bicho tinha passado correndo e tivesse derrubado ele, mas... Ele começou a ser arrastado por algo que não podíamos ver, tentamos salvá-lo, mas ele foi levado para o mato, procuramos por mais de uma hora e não achamos o corpo... Ouvimos um grito, vindo dele, claro... Fomos na direção, mas... — O coreano fez um gesto negativo com a cabeça.

— O meu Henry... — Disse HyunAh, com voz de choro. — Ele... Ele não pode ter morrido... — Foi abraçada novamente por Jessica, que tentava consolá-la.

Nesse exato momento, as luzes da casa se apagaram. Os jovens gritaram devido ao susto, e como estavam comentando sobre as coisas estranhas que aconteciam na casa, o medo aumentou.

— Mantenham a calma. — Disse Kaoru aos companheiros. — Lanternas, precisamos das lanternas. — Lembrou-se que quando entraram na casa, haviam deixado os objetos citados sobre a mesa de centro da sala e não os tiraram mais dali. Aproximou-se e tratou de procurar o que precisavam, não demorou muito para que encontrasse. Pegou uma para si e a acendeu, podendo ver os amigos ali. Die, Toshiya, Joon, e Kyo pegaram as outras que estavam sobre a mesa, assim poderiam clarear vários lugares ao mesmo tempo.

— Kaokao, seu cachorrão... — Chamou Die, nem mesmo quando estava assustado deixava os apelidos de lado. — Porque você não pega sua câmera? A visão noturna pode ajudar também. — Sugeriu ao amigo, que concordou.

— Boa idéia. Vou buscar lá no dormitório. — Disse, seguindo para o local.

— Eu vou com você. — Toshiya achava melhor acompanhar o rapaz, afinal, o próprio havia pedido que não ficassem sozinhos. Não demorou muito para que achassem o que desejavam, já que Kaoru sempre deixava sua filmadora em lugares de fácil alcance, afinal, nunca sabia quando iria precisar.

Logo voltaram para a sala e o representante ligou a câmera no modo noturno, fimou os amigos presentes e também alguns cantos da casa. Quando mirou no corredor, pôde ver uma vulto esquisito passar por ali. Logo clareou o local com a lanterna, mas nada havia ali. Pela iluminação dos outros feixes de luz no local, percebeu que todos estavam na sala, então, o que foi filmado não era nenhum dos amigos.

— Galera, eu acho que captei alguma coisa passando no corredor. — Avisou aos outros. Os gritos foram coletivos, afinal, agora sabiam que aquela casa era assombrada de verdade. GaYoon abraçou sua amiga JiYoon e trataram de ficar perto de alguém que possuía lanterna, no caso, Joon, que também estava junto de Mir. Assim poderiam ver melhor o que acontecia, o completo breu era sinistro, ainda mais sabendo que não estavam sozinhos naquela casa. Jessica e HyunAh fizeram o mesmo, aproximaram-se de Toshiya, já que esse também poderia clarear por ali.

— Porque a gente não vai embora desse lugar? — Perguntou JiYoon a quem soubesse lhe responder.

— Nós não temos como sair daqui, nosso ônibus estava com os pneus furados, como vocês devem se lembrar, e... Bem, o motorista, você sabe, nós contamos. — Respondeu o representante à moça. — Mas os policiais disseram que vão mandar um ônibus nos buscar. — Suspirou. — Só não se sabe o quanto vai demorar para isso.

Um barulho de coisas caindo foi ouvido da cozinha. Era como se algum pote ou algo do gênero tivesse sido jogado no chão. Kaoru tratou de correr para o local com a câmera e a lanterna, uma em cada mão, seguido por Die, afinal, o amigo não poderia ir sozinho até lá, ainda mais que tinham certeza de que havia alguém no lugar. Kaoru adentrou o local, queria ver o que havia ali, Die ia logo atrás do mais velho, o feixe de luz que sua lanterna emitia era instável devido ao fato de o mais alto tremer, estava com medo, não sabia o que os esperava naquele cômodo. Havia uma luz atrás de si e podia perceber isso, mas esta era da lanterna de Totchi, clareava o local curioso da sala mesmo, talvez pudesse ver algo.

— Tem alguém aí? — Perguntou Kaoru por mais que estivesse com medo, queria ver se alguém o responderia, e ainda mais, se poderiam ouvir isso no vídeo mais tarde. Mas a única coisa que ouviu foi o barulho de mais alguma coisa caindo logo ao seu lado, virou-se rápido filmando o local e pôde ver uma colher jogada no chão, engoliu a seco e continuou filmando ali. Die estava logo ali naquele mesmo canto, porém, não aparecia na filmagem. O rapaz tentou andar mas não conseguiu, queria ir atrás de Kaoru, porém, sentiu algo pesado sobre seus pés. Olhou-os e foi nesse instante que todos puderam ouvir um grito desesperado do mais jovem, de total pavor. — Die? — O representante chamou o amigo, voltando-se para o mesmo, iluminando-o e filmando ao mesmo tempo. — O quê houve?

— Meus... Meus pés... — O nervosismo tomava conta do garoto. Kaoru voltou a câmera para a parte que o amigo citara e pode capturar uma imagem que não gostaria de ver novamente.

— Meu... Deus... — Permaneceu imóvel filmando o mesmo local. Havia capturado imagens que, com certeza, não gostaria de ver novamente. Era uma menina sentada sobre os pés do colega, sua cabeça estava abaixada e ela estava encolhida. Porém, logo levantou a cabeça, sorrindo para o líder e uma das mãos apontou para este, ao mesmo tempo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam desse capítulo?
Olha, deixa eu avisar vocês... A cena de algo sobre os pés do Die é real, aconteceu comigo, na cozinha da minha casa, juro para vocês que algo sentou nos meus pés, enquanto tentava ajudar minha avó a guardar umas coisas nas armários e também teve apagão na minha casa nessa mesma noite.
Depois de um momento triste, todos tem que se manter juntos agora, tudo que os viajantes menos querem, é que tenha mais alguma vítima.
Desculpa se algum erro escapou.
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