A Preferida escrita por Roli Cruz


Capítulo 5
O Jogo


Notas iniciais do capítulo

Quero agradecer aos leitores que deixam meu dia mais feliz, quando comentam *-*
Brigada mesmo.
Boa leitura!



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Por onde eu e Piper passávamos, conseguíamos ouvir os murmúrios sobre os dois novos professores.

– Mal sabem eles... – Piper sorriu maliciosamente ao meu lado.

– Quer dizer o que com isso?

– Primeiro, a nova professora de educação física é sua mã...

– Shhhhhhhhhhhhhhhh! – Eu a cortei, antes que alguém ouvisse. – Isso é para ser confidencial! – Eu disse, olhando-a com os olhos estreitos.

– Tá bom! Eu não falo mais nada! – Ela levantou os braços para o alto, como se fosse se render.

– Hey. - Eu cheguei mais perto da minha amiga. – Você teve alguma outra notícia do novo professor de português?

– Não. – Piper negou.

– Você nem me disse o nome dele. – Eu me lembrei, mas no mesmo instante, o sinal tocou e eu fui forçada a ir para a sala de aula.

– Bom. Isso nem vai adiantar muita coisa mesmo. – Ela deu de ombros. – Você tem a primeira aula com ele.

– Tá bom então. – Eu olhei para a menina negra chamada Piper e dei tchau. Ela se despediu e cada uma foi para o seu lado.

*

– Ele chegou! – Murmúrios começaram a surgir ao meu redor. Eu sabia que ele estava na porta, pronto para entrar, mas eu também sabia que preferia ouvir a voz do cara primeiro.

Eu a imaginava profunda e marcante. E eu não sabia o quanto estava certa.

– Olá. – Ele entrou na sala e eu congelei. Não... Não, não, não! Por favor, ele não! – Como vão?

– Bem até demais. – Eu pude ouvir uma garota ao meu lado suspirar. Acho que ele não ouviu, pois as amigas dela deram risadinhas.

– Então. Eu sou o professor Turner e como dá para perceber, vou dar aula de português para vocês. – Ele continuou. Não levantei a cabeça. – Antes de qualquer coisa, quero adiantar que hoje não vai ter uma aula normal... – Ele foi cortado por exclamações que vinham dos alunos. – Hey! – O novo professor chamou. – Eu disse que não vão ter uma aula normal. Não disse que teriam aula vaga. – Ao ouvir isso, algumas pessoas começaram a reclamar.

Eu continuei muda e com a cabeça abaixada.

– Primeiro, eu vou dar duas folinhas para vocês. – Ele continuou. – Em uma delas, quero que escreva seu nome. E na outra, façam uma pergunta.

– Qual o objetivo? – Uma menina perguntou.

– Vocês verão. – Ele disse e eu, cautelosamente, olhei para frente.

O novo professor estava de costas para a sala, mexendo em alguns papéis. Ele era exatamente como Piper descreveu. E exatamente como eu me lembrava.

– Qualquer tipo de pergunta? – Um moleque esquisito perguntou atrás de mim.

– Qualquer uma. – O Senhor Turner respondeu, ainda mexendo nos tais papéis, fazendo com que risadinhas maliciosas aparecessem.

Ele entregou os dois papéis, passando de mesa em mesa. Quando estava quase chegando em mim, eu empurrei uma caneta para o chão, e na mesma hora que ele passou, eu abaixei para pegá-la.

Na verdade. Eu só estava adiando o inevitável.

– Já colocaram o nome na primeira? – Ele perguntou assim que chegou a sua própria mesa. – Agora vocês podem fazer as perguntas na outra.

Eu escrevi rapidamente meu nome e fiquei encarado a folha em branco. Qualquer pergunta?

O professor passou novamente entre as mesas, com dois saquinhos na mão. Em um, ele colocava os nomes, no outro, as perguntas.

– Vamos! – Ele dizia. – Que lerdeza é essa?

Ele passou novamente por mim e eu entreguei os papéis sem olhá-lo nos olhos. Ao contrário de todas as outras garotas, que davam um amplo sorriso para o cara.

Quando tinha acabado de recolher, ele foi até a frente e disse que também estava participando.

O senhor – cara, como é estranho chamá-lo de senhor – Turner olhava para todas as pessoas com um sorriso no rosto.
Quando estavam todos prontos, ele tirou um nome do primeiro saquinho e leu em voz alta:

– Elizabeth Cole. – Uma menina levantou o braço. Era a mesma que tinha perguntado o objetivo do jogo. – Venha aqui do meu lado. – Ele chamou e ela, com o rosto vermelho, obedeceu.

O professor chegou perto dela e estendeu o saco que continha as perguntas. Ela pegou uma e leu em voz alta:

– Qual a pior parte de ser uma piranha?

Todos começaram a rir. Menos eu. Elizabeth tinha ficado ainda mais vermelha.
O pior era que o tal professor também estava rindo. E rindo mesmo. De ficar com os olhos cheios de lágrimas.

– Elizabeth. – O senhor Turner chamou entre os ataques de risos. – Quem você acha que fez essa pergunta?

Ela parou e olhou para cada um na sala.

– O John. – Ela respondeu, apontando para um garoto que quase caía da mesa de tanto rir.

– Por quê?

– Porque ele chama todas as garotas de piranha. – Ela deu de ombros.

– Foi você John? – O homem perguntou.

– Foi. – Ele respondeu em meio a um ataque.

– Bom. – O professor continuou. – Qual é sua resposta, Elizabeth?

– Que a pior parte, é ser chamada de uma. – Ela encarou fixamente o garoto com seus olhos castanhos. Murmúrios de concordância circularam pelas garotas da sala. Permaneci quieta.

– Tire um nome e pode se sentar. – O professor estendeu o outro saquinho.

– Owen Ulisses. – Ela chamou e foi se sentar, recebendo alguns parabéns das amigas.

Um garoto moreno e gordinho foi até a frente. Tirou uma pergunta e leu:

– Quanto você cobra?

A sala inteira começou a rir novamente. Eu me limitei a olhar para o outro lado da sala. Procurando pelo loiro de sardas que eu vira ontem.

Ele estava sério. Seus olhos amarelados estavam fixos no homem que nós vimos na Dunkin’ Donuts.

– 100 reais a estocada. – Eu pude ouvir Owen fazer graça para a sala, que ria descontroladamente.

– Muito bom. – O professor ria em cima da mesa. – Owen, - Ele tentou se acalmar. – pega um nome e pode sentar.

– Jennifer Connor. – O garoto chamou. Todos voltaram os olhos para mim.

Eu levantei de cabeça baixa e só quando cheguei à frente, olhei o cara. Ele arregalou os olhos e depois sorriu, lembrando-se de mim.

– Olá Dylan. – Eu sussurrei.

– Olá Jenny. – Ele sussurrou de volta.

Eu fui até o saquinho de perguntas e tirei uma. Senti meu corpo enrijecer na hora. PORQUE MEU DEUS? – Eu pensava.

– Jennifer? – O professor chamou.

Eu hesitei e finalmente li minha pergunta:

– O que acha do novo professor?

E para piorar minha situação, um silêncio enorme caiu sobre a sala.

Todos olhavam fixamente para mim. A garota que fazia os professores se demitirem.

– Quem você acha que fez essa pergunta? – Dylan perguntou.

– Eu não tenho uma só pessoa em mente. – Falei. – Qualquer um pode ter feito. Você é novo aqui. – Eu olhei para ele, que estava boquiaberto. – Estou errada?

– Não. Mas fale pelo menos uma pessoa. Para dar continuidade na brincadeira.

E então por instinto, eu apontei para a única pessoa que não me enterraria viva naquela sala.

– Amani.


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Notas finais do capítulo

Um agradecimento especial à Lys Castellan (https://www.fanfiction.com.br/u/117539/)
E seus Banners - e a capa - incríveis!
Brigada mesmo flor *---*



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