Entramos na sala e vimos Harry, Emma, Zayn, Mandy e Laure chorando desesperadamente.

– O que aconteceu?! – perguntei desesperada.

– F-filme! O-olha que f-filme é! – disse Mandy entre soluços. Harry Potter. Comecei a soluçar do nada, e lágrimas caíram pelo meu rosto.

– Ah, eu mereço isso! – disse Louis. – Eu vou ter que consolar mais uma?!

– Não, pode deixar comigo. – disse Niall com um pouco de ciúmes em sua voz, enquanto eu abraçava seu pescoço e chorava desesperadamente como os outros. Niall deu mais alguns passos e sentou-se em um dos sofás, comigo no colo e passando a mão em meus cabelos. – Ei, vai ficar tudo bem. Eu ia dizer que é só um filme, mas não é, eu sei como você tá se sentindo... – ele sussurrou no meu ouvido.

– Obrigada.

O filme estava na parte em que aparece a quadra de quadribol pegando fogo e caindo aos pedaços, e foi aí que eu comecei a morrer mais uma vez. Essa é umas das partes positivas e negativas de se ter todos os filmes de Harry Potter e todos os livros em português e em inglês.

Sempre que estou triste vejo Harry Potter, só pra ver se choro um pouco, e sempre funciona. Principalmente quando eu estou com um pote de sorvete... Espera aí... Sorvete! Isso, tem Ben & Jerry’s no congelador, como eu pude me esquecer?

– Niall, você pode me levar na cozinha? – sussurrei em seu ouvido.

– Claro, mas... Pra quê? – ele sussurrou de volta.

– Lá eu te mostro pra quê... – sussurrei com um sorriso. Niall levantou-se me carregando, mas logo saí de seu colo, subi com dificuldade no sofá e subi em suas costas. É, eu sei, você deve estar pensando “nossa, como essa garotas gosta de subir na costa desses meninos!”. E é exatamente isso! Pra mim, além dos olhos, as costas de um garoto são fundamentais.

Chegamos à cozinha, Niall sentou-me na bancada e virou-se para mim, sorrindo. Ajeitei meus óculos e ele olhou-me com ternura, como se achasse que aquele simples ato era a coisa mais linda do mundo, coisa que eu achava irritante.

– O que você quer que eu pegue, Allie? – perguntou Niall se encaixando entre minhas pernas abertas.

– Sorvete. – disse pegando seu rosto com as mãos e dando-lhe um selinho demorado.

– Sorvete de quê?

– Tem todos os possíveis do Ben&Jerry’s. – disse enquanto ele ia até ao congelador.

– Hm, amo Bem&Jerry’s. – disse ele procurando algum sabor de que gostasse, quase enfiando a cabeça no congelador. – Pode ser de cookies?

– Pode.

Niall pegou duas colheres na gaveta, abriu o sorvete e deu a primeira colherada, e fez uma careta, me fazendo das uma risada.

– O que? – perguntou enquanto voltava para a mesma posição de antes, entre minhas pernas.

– Nada, só foi engraçada a careta que você fez. – disse sorrindo. Senti algo gelado tocar meu queixo e vi que Niall havia passado o dedo com sorvete em meu queixo. O olhei indignada. – Niall!

– Que foi?

– Como assim “que foi”? Você me sujou de sorvete!

– Ah, é verdade... Nem percebi. – respondeu chupando o dedo e fazendo cara de inocente. Ah, mas é claro que isso não ia ficar assim! Peguei um pouco de sorvete e passei em sua bochecha, o fazendo olhar para mim, enquanto eu abria um sorriso meio maligno. – Então é guerra?

– Se você me limpar, não!

– Ok, eu limpo. – disse ele dando-se por vencido e lambendo meu queixo. – Hm, seu gosto deixa o sorvete melhor.

– Virou um gato agora, Sr. Horan? – perguntei cruzando os braços.

– Talvez, se você gostar de mim como um gato, eu viro um gato. – disse ele fazendo um movimento como se estivesse arranhando o nada.

– Nossa, que sexy. – disse mordendo o lábio inferior. Ok, aquilo foi estranho, outro momento de insanidade na cozinha. Peguei mais um pouco de sorvete sem que ele percebesse e passei mais uma vez em seu rosto, mas dessa vez no nariz. Ele me olhou com cara de safado.

– Você é terrível, sabia disso? – disse ele lambendo meu dedo sujo e me abraçando forte pela cintura, deixando nossos rostos próximos.

– Sabia sim, sou terrível, né? – eu disse aproximando-me mais ainda de seu rosto. Olhei para sua boca vermelha, olhei em seus olhos e percebi que ele estava sorrindo “safadamente”. Colei minha testa na sua e rapidamente levei uma de minhas mãos à sua nuca, brincando com seus cabelos.

– Sim, é. – disse Niall, logo depois beijando-me ferozmente. Era um beijo urgente, como se não nos beijássemos há décadas e mais décadas. Era bom, na verdade. Passamos bastante tempo nos beijando, diria que uns sete minutos, ou um pouco menos, mas estávamos sem fôlego e Niall foi parando o beijo com leves selinhos, e quando abri os olhos, dei de cara com seus olhos azuis me encarando. Aqueles olhos me deixavam louca! Senti um leve arrepio subir por minha espinha.

– Niall...

– Diga, meu amor. – meu amor..., pensei.

– Como você consegue ser tão perfeito? – perguntei passando as mãos pelos seus braços e entrelaçando meus dedos nos seus.

– Eu que te pergunto. – senti seus lábios quentes tocando minha testa, depositando um beijo ali. – Você tá com frio?

– Aham. – senti um de seus braços me puxando para perto e entrelacei minhas pernas em sua cintura, involuntariamente. Era bom ficar daquele jeito... – Eu ainda quero sorvete. – falei com a voz abafada contra seu peito e ele soltou um risinho, muito fofo, devo acrescentar.

– Vamos voltar pra sala, ok? – disse ele afastando-se e me olhando. Ele tampou o sorvete e entregou-me, colocando a colher na boca e levantando-me da bancada como se eu fosse um bebê.

– Eu sou tão pequena assim? – perguntei em seu ouvido.

– Pra mim, é.

Voltamos para a sala e Mica, Liam e Louis estavam dormindo jogados pela sala, enquanto os outros terminavam de assistir Harry Potter chorando mais ainda com a morte de Fred, Tonks e Lupin. Senti-me triste instantaneamente.

– Ei, não chora de novo. – disse Niall sentando-se encostado em uma das paredes da sala, com um cobertor e um travesseiro. – Vamos, deita aqui. – disse ele cruzando uma das pernas e deixando a outra esticada. Deitei-me em seu colo, peguei a colher de sua mão e, por fim, tomei um pouco de sorvete.

Niall brincava com meus cabelos cacheados e dava-me um beijo na bochecha ou mordia minha mão às vezes. Acabou o filme e Zayn e Emma choravam desesperadamente sentados no sofá. Harry engatinhou até o DVD,o tirou do aparelho e o guardou, colocando a capa na estante de volta.

– Então, o que a gente faz agora? – perguntou Emma se contendo.

– Ah, não sei, vamos ficar conversando, não tem nada pra fazer mesmo. – disse Harry jogando-se no tapete peludo ao lado de Louis que estava dormindo.

– Que tal dormir? – perguntou Zayn bocejando.

– Não, dormir é chato! – disse Harry e todos olharam pra ele com uma cara de “você é demente, querido?!”. – Que foi?! Só to dizendo o que eu acho...

– Ok, chega disso... Do que vamos falar? – perguntou Emma.

– Eu preciso de uma meia. – eu disse fazendo todos me olharem.

– É, eu também. – disse Emma.

Conversamos sobre coisas toscas como animais, música, filmes, carros, cores, sapatos, roupas, números, casas e essas coisas da vida. Os assuntos não parecem muito divertidos, mas são, principalmente com os meninos fazendo graça sobre todos os assuntos existentes e inexistentes.

– Gente, eu acho melhor irmos dormir. – disse Niall.

– Por que? – perguntou Harry cruzando as pernas.

– Porque vai dar cinco horas da manhã, e eu estou com sono. – respondi quando Niall abriu a boca para falar.

– Cinco horas?! – perguntou Zayn. – Mas o que é isso?!

– Horas, Zayn. – respondeu Harry fazendo todos rirem.

– Pergunta retórica, seu demente.

– Tá, tanto faz, calem a boca. – eu disse levantando-me com o cobertor em meus braços. Os que ainda estavam acordados – Harry, Emma, Zayn, Laure, Mandy e Liam, que havia acordado há um tempo – levantaram-se e subiram as escadas parecendo zumbis, assim como eu e Niall.

Cheguei no quarto e a primeira coisa que fiz foi me jogar na cama, pensando em uma perfeita “noite” de sono. Dormir cedo e acordar tarde era meu passatempo favorito, mas nesse caso seria dormir tão tarde que já é cedo e acordar mais tarde ainda.

Niall deitou-se na cama ao meu lado, puxando o cobertor que estava aos nossos pés. Cobriu-me até o pescoço e puxou-me para perto, de forma que deitei minha cabeça em seu peito.

– Boa noite. – disse Niall depositando um beijo em minha cabeça.

– Boa noite, meu Niall.