POV Crystal

Eu estava atónica. Seth tinha uma noiva? E estava comigo?

Como é que ele achava que podia brincar comigo?

Eu não me conseguia mover, nem pensar, nem reagir. Sentia-me tão enganada e magoada, sempre pensei que Seth era a pessoa certa para mim. Mas naquele momento, até Paul, que, sinceramente, tinha atitudes deploráveis, me parecia alguém melhor para mim.

Seth pediu licença a quem o acompanhava e pegou-me na mão, arrastando-me para dentro de casa, que estava vazia.

A casa estava vazia por uma simples e louca razão, Emmett tinha levado toda a gente para o jardim e pô-los a todos a dançar a “Macarena”.

Seth continuou-me a arrastar indo na direcção do meu quarto. Quando lá chegámos, ele sentou-me na cama e virou-me para ele, que se tinha sentado ao meu lado.

- Crystal, diz qualquer coisa. – ele falou preocupado.

A música no exterior estava muito alta. Toda a gente se estava a divertir no meu aniversário, menos eu.

Típico, nunca tinha sido uma pessoa muito normal, mas festas eram a minha praia, não existia uma boa festa para onde eu não fosse convidada. Porém tudo tinha mudado quando eu mudei, eu era alguém totalmente diferente hoje.

Olhei para Seth e decidi-me a dizer-lhe tudo o que me vinha na cabeça.

- Olha, eu não sei o que é que significa o que ela disse, mas o que eu entendi, não posso aceitar. E não em interrompas até eu acabar! – disse quando ele estava para falar – Eu era uma adolescente normal, daquelas que só se preocupa com a aparência, moda, tirar boas notas para entrar na universidade e ter um namorado. A minha vida era perfeita, vá tirando uma unha partida de vez em quando. – Seth sorriu ligeiramente com a minha ironia.

Era verdade, a minha vida era mesmo perfeita, eu tinha tudo o que uma adolescente queria e podia ter, pelo menos em Forks.

- Naquele dia, eu apenas estava excitada por ir à compras… eu própria causei o acidente… – eu sempre tinha evitado falar daquilo - …estava tão impaciente que mesmo quando começou a chover, obriguei o meu pai a acelerar o carro e, bem, o resto tu já sabes.

- Crystal tu…

- Shiu! Eu já disse que só falas quando eu acabar! – ele olhou para mim assustado, devia ter sido agressiva demais.

- Depois de Carlisle me transformar, eu sinceramente não acreditei que era o que eles me diziam. Achava que os vampiros eram seres totalmente imaginários e mesmo ridículos. E agora? Bem, agora eu sou um desses seres ridículos…

A ironia do destino era tramada!

Eu achava totalmente estúpidas aquelas fãnzinhas do crepúsculo, e elas nem sabiam que tudo, ou quase tudo o que está naqueles livros era verdade.

- Ao conhecer-te assustei-me, pensei que só ias piorar tudo, que a minha vida só ia se tornar mais dramática. Mas começamos a namorar depois de me teres ajudado naquele dia e tornaste-te numa das pessoas mais importantes da minha existência. Tive medo quando Paul apareceu, mas apesar da ligação forte que sinto por ele, sempre me mantive fiel a ti. – respirei fundo para me acalmar – E agora aparece ela e diz que é tua noiva???

Seth estava a olhar para mim, especado.

Ele não devia estar à espera que eu dissesse tudo o que disse.

- Crystal, não é o que te parece.

A sério??? Porque é que ele tinha de dizer a típica frase de quando se apanha alguém com a boca na botija?! Só estava a piorar tudo o que eu já sentia em relação a ele.

- Na minha tribo existe uma tradição, que, por milagre, não vem publicada naqueles livros. – Seth suspirou, irritado, ele nunca tinha gostado de ver parte da sua vida divulgada através dos livros.

Mas que raio de tradição era essa, sim, porque para justificar que ele tivesse noiva e namora-se comigo, tinha de ser algo bem interessante…

- Como sabes, existem os anciões da minha tribo, eles são descendentes dos primeiros lobos-guerreiros. Quando nós somos pequenos, quando digo nós, refiro-me aos filhos dos anciões, os lobos, escolhem-nos “potenciais” parceiras. Essas parceiras, normalmente afastam-se ou acabam por namorar com o rapaz em questão. Na minha geração, todos tiveram os seus imprintings rapidamente, mas eu fui o único que demorei mais para te encontrar.

- Tu e o Paul. – interrompi.

Seth olhou-me magoado. Ele detestava que eu menciona-se que Paul também tinha tido um imprinting por mim. Ele sentia-se desprotegido, como se ele estivesse preso a mim, mas eu tivesse outra opção.

- Savana foi a rapariga escolhida para mim. Eu anunciei que tinha tido o meu imprinting, mas Paul anunciou-o ao mesmo tempo que eu e todos acharam que devia ser ele a ficar contigo, porque ele e a sua potencial candidata nunca se deram bem. O conselho anunciou que Savana devia vir viver comigo, de modo a que a nossa relação evoluísse. Eu não pude fazer nada além de aceitar…

Agora podia perceber o olhar convencido dela, a cara de Paul e a maneira de Sue me olhar.

Então revoltei-me, ele ia aceitar que nos separassem sem fazer nada contra?!

- E tu não fazes nada?

- Não há nada que eu possa fazer… Eu amo-te mais do que tudo e se quiseres eu continuarei contigo, mas existirá ela como minha legitima mulher, e não há nada que eu…

- CALA-TE!!!!! Não quero ouvir mais nada! – e corri do quarto a chorar.

Estava a acabar de descer as escadas, quando esbarrei com algo.

- Ei, o que se passa? – era a voz de Paul.

Sem pensar duas vezes abracei-me a ele e pedi-lhe para que me levasse dali. Ele pegou-me ao colo e tirou-me de lá.

Estava tão bem no colo dele, contra o seu peito grande e musculado. Era, imensamente, reconfortante.

Quando olhei à minha volta percebi que estávamos no meio da floresta que fica ao lado de minha casa.

Ele poisou-me numa pedra enorme que ali estava e ficou a olhar-me de uma forma tão preocupada e carinhosa que cheguei a duvidar que ele fosse mesmo o Paul.

- Posso fazer alguma coisa para te fazer sentir melhor?

Fiquei a pensar numa resposta, mas vocês já tentaram pensar quando a vossa alma está toldada pelo desgosto? Pois, não dá…

- Fica comigo, nem que seja por um pouco.

Ele sorriu, nunca tinha reparado em como o sorriso dele era lindo, pelo menos não aquele. Eu apenas conhecia o seu sorriso sarcástico.

- Sabes que eu nuca te deixaria. – ele disse numa forma que me deu a entender que era para sempre.

Ele sentou-se à minha frente no chão e passámos algum tempo a conversar sobre coisas banais. E ele conseguiu-me fazer sorrir e até rir á gargalhada.

Estávamos tão bem até que ele disse:

- Acho melhor voltarmos, não achas?

Apesar de não me apetecer voltar, acenei afirmativamente, afinal a festa era minha.

Quando lá chegámos estavam todos na sala a cantar em Karaoke.

Quando Jacob acabou de cantar, desfiou Paul a ser o seguinte e então ele sorriu para mim e foi cantar

Eu sou teimoso, e isso eu sei e repetes
Que tu não vais com a minha voz e muito menos com raps
Mas acontece que esta é mesmo para ti
É que eu sei-te de cor, não 'tejas já a sorrir
Ou com aquela feroz maneira de ser
Eu não preciso de voz pa' te conseguir perceber
No sentimento atroz de precisar de nós
Não conseguimos estar sós dentro de quarto paredes
E não comeces com mimica, toda a gente percebe
És tu que me queres agora ou a fama persegue-me
E eu estou mal habituado, para a próxima eu relaxo como diz o meu carro
Ou para a próxima eu abraço-te, digo que és minha ao ouvido
Ou para a próxima fugimos, esquece o tempo perdido
Nós corremos perigo quando estamos juntos há horas
É que tu tanto me entendes, como me deixas à nora

Ai lá vai ela sabendo que é linda, quando ela passa tudo aquece
Lá vai ela mostrando interesse, nessa palavra, nesse Popless Ai,
Lá vai ela sabendo que mexe, e a minha vida é um sobe e desce
Lá vai ela e acontece, e o que nós temos não desaparece.

Sei todos os teus truques, manias e manhas
Eu conheço os teus amuos mas nem sempre me apanhas
É como ter-te sem te ter, ou ver-te sem te ver
É como ter-te outra vez, sem mas, sem porquês, porque eu,
Eu adoro-te de morte, tu sabes
Somos um golpe de sorte não largues
Porque eu volto por mais que apagues
E tu morres de saudades
Por mais que amante confiante ou amigo
Tu sabes que és o meu porto de abrigo
E apesar do perigo que é estar contigo
Sei que tu és minha por mais que adies o destino

Ai lá vai ela sabendo que é linda, quando ela passa tudo aquece
Lá vai ela mostrando interesse, nessa palavra, nesse Popless Ai,
Lá vai ela sabendo que mexe, e a minha vida é um sobe e desce
Lá vai ela e acontece, e o que nós temos não desaparece.

Lá vai ela... Lá vai ela...

Ele olhava para mim ao cantar e eu tive de sorrir. Acho que aquela poderia ser a nossa musica, quem sabe…

Apesar de eu sempre o ter evitado eu tinha de admitir que ele não era quem eu imaginava.

Ele fez com que eu me sentisse bem, mesmo depois de toda a desilusão com Seth.

Oh drama! Agora estava imensamente confusa!