BACK IN BLACK

Capítulo 10: Coming back

Londres, Inglaterra

Duas horas antes do show

Chris piscou duas vezes e soltou um palavrão, rindo e tapando os olhos com as mãos.

- Sério, Alexis, pare com isso. – ele se endireitou no sofá e se inclinou pra frente.

- Não, é divertido. – retruquei.

- Jullian vai te matar se descobrir.

- Se eu descobrir o que?- alguém atrás de mim disse.

Eu saltei no mesmo lugar, me assustando. Segurei um grito e quase deixei o objeto em minhas mãos cair no chão. Chris começou a gargalhar, e eu reconheci a voz ao mesmo tempo em que me virava para encarar o dono da voz.

- Mason, não faça isso, seu cachorro! – exclamei exasperada, mas não consegui controlar uma risadinha em seguida.

- Mas Chris tem razão, é melhor tomar cuidado com essa coisa. – Mason se aproximou de mim e tirou o objeto das minhas mãos.

Eis o que acontecia: havíamos chegado em Londres a quatorze horas, e eu estava absurda e retardadamente deslumbrada com tudo, e ficara com a cara colada na janela do nosso ônibus aqui durante todo o trajeto.

Violet me sugeriu um jeito divertido de registrar meus momentos: câmera Polaroid. Sim, aquelas que a foto sai na hora, e que você tem que sacudir um pouquinho pra imagem aparecer. Então, eu comprei uma (os cartuchos de filme desse negócio são os olhos da cara, mas tudo bem), e devo dizer que é simplesmente DEMAIS. Desde então eu não paro de tirar fotos feito uma maníaca.

E uma coisa que eu adoro fazer é tirar fotos espontâneas. Não aquelas espontaneamente forjadas, as espontâneas mesmo. As pessoas, bem, por outro lado, não gostam muito de terem fotos de seus rostos fazendo caretas e coisas do tipo.

- São fotos instantâneas, não tem como vazar – comentei, cruzando os braços.

- Acredite, tudo tem como vazar hoje em dia – Mase riu e, sem que eu esperasse, bateu uma foto minha

- Ei! – reclamei

- É assim que nos sentimos quando você tira fotos nossas! – Chris ria, deitando-se novamente no sofá.

- Mas que droga – resmunguei, ajeitando a blusa preta dos Ramones caída em meus ombros.

- Craaaaaaaaaaaaaaaazy motherfuckers!!! – Corey colocou a cabeça pra dentro da sala gritando, sendo empurrado por Sid, que estava atrás dele – Caralho, Sid!

- Caralho o caramba, você fica bloqueando a porta- retrucou Sid, passando seus braços em volta de mim e me levantando do chão alguns centímetros. Abri a boca pra protestar.  – Uh, videogame. – ele me largou e sentou-se em cima das pernas de Chris (que protestou e saiu de baixo dele) e pegou um joystick, juntando-se a Chris no que ele jogava antes

- Também quero! – Corey se jogou ao lado dos dois

- Agora espera, Taylor – retrucou Chris, pegando uma long neck na mesa ao lado

- Cuzões – o #8 fez uma careta.

- Pare de xingar um pouco, Corey. Guarde suas delicadezas para os maggots. – disse Mason, saindo da sala

- Comportem-se, crianças – brinquei antes de fechar aporta, sabendo que em meia hora eu voltaria ali e eles já estariam levemente alterados e mais obedientes para se arrumarem pro show. Um barulho de estática saiu do walkie-talkie no bolso de Mason.

– Diz.

- Mason, a bateria do Joey está um lixo, cara! Porque não foi você quem montou? Nem o Joey está se localizando direito! – a voz de Guy saiu estremecida pelo aparelho

- Como assim, porque não fui eu? Estava escrito que a organização da arena ia cuidar disso por causa da estrutura toda? E outra coisa, eu estava mexendo na guitarra do Mick, que você deveria estar afinando! – Mason pareceu levemente irritado. O celular dele começou a tocar e ele me estendeu para que eu atendesse pra ele, com um olhar de quem implora

- Oi- atendi o celular de Mason

- MASE, OS CARAS JÁ ESTÃO AÍ? – era Jullian

- Jullian, é Alexis. Espere, vou conferir – corri até a sala do lado de onde estávamos antes, enfiei a cabeça pra dentro e contei silenciosamente, lembrando que Joey estava com Guy e Corey, Chris e Sid estavam na outra sala – Sim, todo mundo já chegou.

- Avise Mason que as guitarras, o baixo e os microfones todos estão no lugar errado e quero gente tirando-os de lá AGORA. Eles tem que ficar na sala atrás do palco –ele desligou.

- GUY, EU VOU MEXER NA PORCARIA DA BATERIA ASSIM QUE... – eu cutuquei Mason e ele parou de falar, me lançando um olhar indagador

- É pra tirar as coisas da sala onde vocês colocaram e transportar para a que fica atrás do palco. – sussurrei

- Ok. – ele voltou a falar no walkie-talkie - Guy. Guy, me escuta, cara! Cala a boca um pouco. Sai daí, eu já estou indo. Vai pra sala onde colocamos as guitarras, chama a equipe e diz que é levar tudo pra trás do palco. Tem uma sala lá. Ordens do Jullian. Vai lá. - Mason desligou e bufou.

- O que está acontecendo?

- Demos azar e temos um bando de novatos trabalhando na organização do palco. Confiamos a montagem nas mãos do pessoal da arena, mas dessa vez não deu certo. E olha que sós sempre fizemos isso antes.

O show em Londres ocorreria no Hammersmith Apollo, um lugar onde o Slipknot já tocara antes, por isso confiaram a montagem ao pessoal da arena, o que estava dando uma série de problemas agora. Por sorte, não haveria banda de abertura ali em Londres, então nós teríamos mais tempo pra resolver aquilo.

- Pode vir comigo e ver o que está acontecendo lá na bateria? Seria de grande ajuda se você atendesse os chamados enquanto eu mexo naquilo.

- Claro – disse, dando de ombros. Eu já havia verificado a lista de exigências e Phoebe e Ethan estavam reparando alguns errinhos. Ryan estava com Tom e Fiona verificando as roupas e as máscaras.

Andamos rapidamente até o palco, onde os projetistas já fincavam os “S” estilizados por todos os cantos e um dos caras testava em pequena escala os efeitos dos telões de fundo.

- Hey Mason, veja se está bom! – berrou Dennis enquanto passávamos ao lado dele, um dos caras do efeitos, soltando uma labareda de três metros de altura que ficou perto demais de mim pro meu gosto, me assustando. Abri a boca pra gritar, mas me contive

- Tá ótimo! – gritou Mason de volta, rindo e me puxando pra longe o fogo artificial

- Filho-da-mãe!! – exclamei, rindo e ainda sentindo o coração meio acelerado

- Relaxa – Mason chegou perto da bateria

– Putz, o que fizeram aqui?

- Os pratos da esquerda estão muito altos, e os da direita estão muito baixos. O bumbo está torto, a caixa está quase solta. – ele fez um “diagnóstico” com uma careta

- Eu agradeceria se você desse um jeito nisso – disse Joey, que acabara de se postar do meu lado

- Hey Joey. Estragaram seu bebê, ham? – comentei. Ele esboçou um sorriso

- Estava pior. Dei uma mexida aí. – Joey indicou um lugar com o pé – Viu?

- Estou vendo, você um pouco arrastou a parada. Acho engraçado, bateristas sempre fazem umas coisas estranhas com suas baterias que sempre dão certo, mas acabam com o instrumento com o tempo. – Mason disse rindo, desparafusando uma parte. Joey franziu o cenho.

- Admito.

- Se quiser ir, Joey, eu testo pra você.

- Ok. – o baterista deu de ombros – Vejo vocês depois. – Joey saiu de perto, descendo da plataforma e parecendo ainda menor

- Fizeram um trabalho muito amador aqui – resmungou Mason. O celular dele começou a tocar de novo – Atende pra mim?

- Diga, Ry – disse, vendo o nome de Ryan na tela

- Alexis?

- A própria.

- Ah, é bom que eu aviso você logo. Vai ter festa depois do show, ok? Então não se dispersa da galera que vamos todos juntos pra um pub, nem vamos ao hotel. Avise o Mason aí. – ele disse, com a voz animada

- Ok, aviso. – desliguei

- Mais problemas? – Mason perguntou, dessa vez praticamente enfiado de baixo da bateria

- Nah. Ryan avisando que tem festa depois.

- Por incrível que pareça, não estou muito bem pra festas. Acho que só vou dar uma passada. – Mason suspirou, afastando o cabelo dos olhos

- Deixe de desânimo. Vamos comemorar um pouco o sucesso que será o show de hoje– encorajei.

- Espero que esteja certa – um sorriso surgiu nos lábios dele e ele me olhou por alguns instantes – Escute... – o walkie-talkie dele chiou, e o sorriso desapareceu

- Eu respondo – peguei o objeto – Oi.

- Mason? – era Guy novamente. Geez.

- Alexis.

- Você virou secretária dele agora, é?

- Diga logo, Guy!

- Já fizemos o que o Jullian pediu. Diga pra esse panaca aí que a guitarra do Mick está afinada igual à bunda dele.

- VOCÊ devia fazer isso! – exclamou Mason, ajeitando a caixa da bateria

- Eu estava ocupado com o baixo, sabia? Não é fácil ajeitar um baixo pra canhotos sendo destro! A culpa não é minha se a Lily quebrou o braço e ela é a única canhota aqui. – Guy gritava de forma esganiçada

- Ok, parem, vocês dois. É só isso, Guy? - perguntei

- Não. A caixa de palhetas não estava na sala. Já estamos vasculhando tudo, mas está difícil de acha. Se não encontrarmos... Avise para eles não ficarem jogando muitas palhetas pra plateia antes do fim do show, Alexis, porque aquelas presas nos pedestais e junto com os pedais serão as únicas – ele informou, sério

- Ok, eu aviso – olhei para o relógio. Estava na minha hora de ir e começar a arrumar os caras. Era melhor deixar tudo pronto antes, já que os preparativos estavam tão caóticos.

Eu mal podia esperar a hora daquele show começar.

Cinco minutos antes do show

Foi só nos momentos finais de preparação que eu percebi como eu sentira falta daquilo. A adrenalina, a expectativa, os caras correndo de um lado para o outro, enfim, tudo! Era bom ter aquilo de volta. Senti alguém passando a mão pelo meu cabelo e bagunçando-o.

James.

Sorri pra ele e nós fizemos nosso “high-five” de sempre. Chris tocava uma guitarra imaginária, quase sendo acertado por uma garrafa de água que Mick tinha nas mãos. Craig conversava (sim, PASMEM) com Paul no canto, enquanto Sid pulava de um lado a outro, perseguindo Clown. Joey e Corey conversavam com Bruce, esperando que ele anunciasse a hora de entrar.

O que acontece logo.

- Ok, gente, hora do show!! – ele gritou acima dos ruídos. O Slipknot posicionou-se em fila, os roadies dos instrumentos já trás do palco para entregá-los a seus respectivos donos. Demos boa sorte para todo mundo, até que a porta se fechou atrás do último- Corey.

Aguardei, ouvindo a abertura. Fechei os olhos e sorri ao ouvir a voz de Corey.

- WE’RE BACK, MY FRIEEEEEEEEEEEEEEEENDS!!!!

Abri os olhos e encarei todos ao meu redor.

“Oh sim, Corey”, pensei, “Nós definitivamente estamos de volta.”