Jogos Vorazes - Parte Dois escrita por Katniss e Peeta


Capítulo 17
Um mês depois


Notas iniciais do capítulo

-



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/184510/chapter/17

O sol irradiava calor, eu estava sentada na pedra costumeira, um pequeno laguinho havia se formado logo à frente. Minha cabeça latejava e eu sentia que ia vomitar a qualquer instante. Bebo um pouco de água do lago e começo a caminhar em frente, seguindo por lugares onde eu nunca tinha passado.

Os lírios e as prímulas floresciam e davam um ar de alegria à floresta, mas quanto mais eu andava, menos sinais de vida existiam.

Se eu continuasse caminhando eu iria parar em outro distrito? Não sei, mas continuei seguindo em frente. As pedras estavam se tornando mais escuras e as árvores mais secas, tudo parecia morto e infeliz, eu mesma estava morta e infeliz.

Essa parte escura da floresta se assemelhava comigo, fria, triste. Eu sabia que nunca devia ter tirado os rastreadores. A Capital está furiosa. Eles haviam sido deixados por algum motivo. A realidade é que minha vida será para sempre uma arena.

A náusea aumenta, apesar de não ter nada para vomitar, já que eu não tinha comido nada essa manhã, apenas os ácidos do meu próprio estômago.

Minha garganta estava fervendo, encosto-me a uma árvore e boto seja lá o que estivesse dentro para fora. Minha boca fica ácida e pegajosa, minha cabeça ainda não parara de latejar.

Que mau a Capital faria para Dylan e nossas famílias? Tudo por causa de dois rastreadores. Mas eu não suportava a ideia deles me controlando, controlando meus movimentos e minhas decisões. Minha vontade agora era fugir. Com todos os que amo, eu até levaria Haymitch junto, ele com certeza seria morto se eu fugisse.

Dylan devia estar me procurando nesse instante, o que me faz apressar o passo. Eu não queria contar a ele, eu não podia. Ele com certeza iria me deixar. Não aguento e me sento em um tronco oco e caído. As mãos no rosto e mais náusea.

Ouço um farfalhar de folhas e ele aparece dentre as árvores.

– O que foi? Por que veio para cá? – ele se pondo na minha frente.

Ele percebe o meu silêncio e continua insistindo.

- Fale comigo, por favor. – ele tira minhas mãos dos olhos.

- Dylan... eu não posso, eu não quero te falar. – falo vomitando de novo sobre algumas folhas verdejantes caídas no chão.

- Você não está bem, vou leva-la para casa. – ele estava me levantando e eu me forço a sentar novamente.

- Não quero ir para casa. – teimo.

- Você está vomitando, está pálida, vai desmaiar. – ele vocifera.

- Estou bem, é só... nada, esquece. – coloco as mãos no rosto.

- Amanhã terá a o Massacre, seremos mentores, você precisa estar bem, Gabriela! – diz Dylan me abraçando.

- Não vou poder ser mentora. – digo.

- Precisamos ser, é horrível os ver morrendo, mas é uma das consequências de não morrer na arena. – diz ele me reconfortando.

Ouço que apenas um pássaro canta e os outros estão em silêncio, não devia ser nada, então olho profundamente nos olhos de Dylan e solto o que estava entalado na minha garganta.

- Eu estou grávida. – digo e olho pra sua cara que estava estampada com um sorriso. – Isso não é legal. Sabe que podemos ir de novo para a arena, não sabe? E dessa vez, acho que apenas um volta vivo.

- Se apenas um voltar vivo e se nós entrarmos na arena, você vai voltar. É a minha vez de te proteger. – diz ele me beijando, não sei como aguenta o gosto pegajoso da minha boca.

Então um aerodeslizador aparece à cima de nossas cabeças e nos leva para dentro. Haymitch estava mais pálido do que eu e veio nos dar as notícias.

- Um de vocês voltará para a arena. – diz ele com um suspiro.

- Dylan não vai e eu não posso. – falo secamente.

- Um de vocês terá que voltar. – diz ele.

- Tudo bem, Gabriela fica, eu vou. – fala Dylan com calma me abraçando.

Foi aí que percebi uma dúzia de Pacificadores logo ali, um deles apontando para a parte seca e escura onde eu estava na floresta, ele fazia um “A” na mão e apontava para lá. Ninguém percebeu isso além de mim, estranhei mas deixei passar.

- Não Dylan, eu vou. – digo. – Haymitch, está decidido, eu irei.

- Gabriela, você está grávida! – Dylan fala segurando meus ombros.

- Tudo bem, eu prometo que vou voltar. – olho para Haymitch e percebo que no fundo ele também sabe que não.

- NÃO VOU DEIXAR VOCÊ IR. SABE DISSO, GABRIELA! – Dylan grita se pondo na minha frente.

- Dylan, se você for... eu me mato. – falo secamente.

- Gabriela! Pare com isso. Não posso deixar você e meu filho correrem perigo no meio de outros vinte e três sanguinários! – fala ele segurando meu rosto.

- Vai ter que deixar. – olho para Haymitch que parecia infeliz. – Quando eu entro na arena? – peço contendo as lágrimas.

- Amanhã irá para a Capital, depois de amanhã estará lá dentro. – diz ele.

- Ótimo. – digo tentando ser forte.

Os Pacificadores assentem e nos deixam em casa.

- Gabriela, você é louca. – Dylan começa a derramar lágrimas nos meus cabelos.

- Prometa que vai continuar forte se algo der errado. – falo abraçando-o.

- Como posso prometer isso? Deixe-me ir. – suplica ele me dando beijos rápidos.

- Não, por favor, eu tenho que fazer isso, você sabe, nós soubemos. Soubemos também o por que estão me colocando lá de novo. – digo apontando para os cortes de onde tirei o rastreador de nossos braços.

Ele coloca as mãos na cabeça e começa a chorar, eu nunca tinha o visto assim antes, ele estava quase arrancando os cachos da cabeça. Espremia os olhos e soluçava.

- Não me deixe pior, Dylan, eu vou vencer por você, prometo. Nós voltaremos para casa. – falo pondo a mão na barriga.

- Me deixa ficar com você hoje de noite? Por favor. – pede ele e eu assinto com a cabeça.

Vou para casa e conto tudo pro meu pai que começa a chorar também. Mag e Mark me abraçam e suplicam para eu não ir, mas no fundo, todo mundo sabe que sou eu quem deve voltar.

Vou para o meu quarto com Dylan e deito na cama, ele me abraça forte e eu durmo em seus braços com a mesma promessa de sempre nos lábios, eu faria tudo o que fosse preciso para não deixar a Capital encostar em nele.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

xoxo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Jogos Vorazes - Parte Dois" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.