Existem varias maneiras de se chegar de uma viagem. Você pode ir visitar algum familiar assim que chegar, para contar-lhes a novidade sobre o que aconteceu enquanto estava fora. Pode ir comer alguma coisa, porque a volta foi cansativa demais e você precisa se alimentar.

Pode ir para casa, como três garotos gostavam de fazer. Jogar as malas em qualquer lugar da sala, murmurar um: “sinta-se a vontade”, para seu antigo amigo que acaba de voltar para casa e oferecer a ele o terceiro quarto de seu apartamento. Então todos não diriam mais palavra alguma, só entrariam em seus quartos, fechariam as portas, desligariam os celulares e se jogariam nas camas. Esperando poucos segundos para o sono os atingir e dormindo rapidamente uma noite tranquila e só pensando em se levantar de novo na tarde do outro dia, e olhe lá.

Ou para os que dormiram nas noites em que estiveram no lugar de sua viagem, poderiam chegar em casa tomar um banho relaxante, acomodar a nova amiga no quarto de visitas e voltar para a sala onde se sentariam no chão, com apenas uma das luzes acesas. Preparando-se para conhecer a garota que daqui a apenas alguns dias começariam a chamar de amiga.

- Não temos a mesma vida que vocês, para falar a verdade. – disse Brianna, respondendo a uma pergunta de Leah. – Somos espiões, fomos contratados por Isobel na mesma época que Sean e Ryan entraram na organização, e começaram a entender como as coisas funcionavam. Nosso trabalho era ficar de olho em Lucius e seguir todos os seus movimentos sem que ele sequer desconfiasse, e pelo que você pode perceber somos bons nisso, porque ele nunca chegou a pensar que alguém teria coragem de segui-lo. – a garota riu, achando divertido o dom que tinha para ficar de olho na vida de alguém. – Também nunca tive uma motivação para meu trabalho como vocês. Só somos pagos, e o dinheiro que recebemos acaba sendo motivos o suficiente para isso. Apesar de que eu fiz algumas escolhas erradas na vida.

- Que tipo de escolhas? – perguntou Megan, com uma voz gentil, ajudando a garota a continuar.

Brianna sorriu, sentindo seus olhos se encherem de lágrimas quentes e pesadas, que não tardaram ao descer por seu rosto.

- Não foi minha intenção entrar nesse trabalho, eu não era boa no começo. – ela continuou. – Comecei por Ben, ele me salvou um dia e eu... Não pude mais deixá-lo depois daquele dia. Eu fugi de casa na verdade, por causa do trabalho e por meus pais não aceitarem o que eu faria. Eu fugi para ficar com Ben e para trabalhar em algo que eles não entenderiam. Eu não contei a nenhum deles o que faria, só pulei a janela do meu quarto em uma noite, entrei em um carro com Ben e fui embora. Eu não o conhecia nem a 2 meses, e na hora tinha medo dele ser um psicopata ou daquela ser uma decisão terrível. No entanto acabou se tornando a melhor escolha que já fiz em minha vida.

 - Você pretende voltar para sua casa algum dia? – Leah perguntou.

- Sim, é claro que sim. – Brianna falou, limpando os olhos. – Só tenho que esperar a decisão de Sean, e quando ele acabar com a organização e com o próprio pai, então todos nós estaremos livres. E eu poderei apresentar Ben aos meus pais, e aproveitar.

Brianna não chorava mais, mesmo a expressão triste ainda estar em seu rosto, assim como o das outras garotas.

- Vamos à praia amanhã? – Megan perguntou as duas garotas, tentando dar uma ideia que as animasse.

As três garotas sorriram minimamente, se olhando mutuamente. Logo se levantaram e apagaram as luzes, indo para suas camas. Mesmo depois de deitarem, nenhuma delas conseguiu arranjar uma posição confortável.

Nenhuma conseguiu pegar no sono, passando toda a noite em claro e só conseguindo pregar os olhos cansados ao raiar do sol.

Foi quando Leah teve algum sossego que ouviu a campainha tocando, já eram por volta das 9 horas da manhã, horário que elas tinham decidido se levantar para começar a arrumar as coisas e acordar os garotos para ir a praia. Talvez por esse motivo confundiu o som que havia ouvido com o toque de seu celular, decidindo enrolar somente mais 5 minutinhos.

Quando a campainha tocou de novo e a loira ouviu Megan praguejando alto do quarto ao lado que resolveu se levantar e ver quem era.

A loira arrastou os pés vagarosamente até a hall de entrada e abriu a porta. Seus olhos automaticamente se arregalaram, e junto de seus cabelos arrepiados e desarrumados parecia que a garota tinha acabado de sair de um filme de terror e não da cama. Mesmo que a semelhança entre os dois naquela noite fosse muito grande.

A garota parada na soleira de sua porta tinha a pele morena, de cor café com leite, os cabelos negros e compridos. Lisos devido a chapinha e a química que ela tinha usado para deixá-lo chapado do jeito que queria. O sorriso branco e acolhedor. O corpo sem muitas curvas e bem magro.

- Ei Leah. – ela disse, dando um grande abraço na garota.

- Abigail, o que você esta fazendo aqui? – a loira perguntou em um tom exasperado e cínico. Sinalizando internamente o quanto ela queria que a garota a tivesse encontrado.

- Vim te visitar, é claro. – Abigail disse com um tom sarcástico, entrando no apartamento junto com uma mochila enorme cheia de seus itens pessoais. – Então, é aqui que você mora?

- É sim. – Leah respondeu visivelmente desconfortável com a situação.

- Olha, parece que perder os pais foi realmente uma coisa boa para você. – Abigail falou, a loira apenas fincou suas unhas nas palmas de suas mãos para controlar o ódio que sentia.

- Leah, por que essa barulheira toda? – perguntou Megan vindo pelo corredor e congelando ao ver Abigail. – Quem é essa?

Abigail olhou de Megan para Leah, com olhos questionadores.

- Megan, essa é Abigail uma antiga minha de Nov York. – Leah explicou. – Abigail, essa é Megan uma grande amiga minha e minha companheira de quarto.