Aki No Ame (DESCONTINUADA) escrita por SilenceMaker


Capítulo 58
Dear eyes of mine...


Notas iniciais do capítulo

LEIA, É IMPORTANTE:

antes que você leia e comece a me xingar porque sou uma idiota que só escreve coisas que não fazem absolutamente nenhum sentido, já vou avisando que tudo que tá estranho nesse capítulo vai ser explicado mais adiante, então por favor NÃO me faça muitas perguntas. Grata XD

Pessoalmente, eu odiei esse capítulo -_- Ah, releve erros, por favor.



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Era uma vez um aprendiz.

Quando ele se juntara ao seu mestre, tinha apenas nove anos. O seu mestre, pessoa misteriosa cujo rosto só foi visto uma vez por seu pupilo, era bem duro com seus treinamentos. Os anos que se passaram com o mestre deixando o aprendiz mais forte podem ser explicados de forma simples: horas ininterruptas de árduo treinamento que por muitos só poderia ser visto como tortura. Mas o modo como eles se conheceram não foi tão simples.

O tal aprendiz, quando mais jovem, morava com seu irmão mais velho em Ignis, em uma das casas localizadas longe do centro da cidade, onde é mais tranquilo. Seus pais não estavam com eles porque, antes mesmo de algum dos irmãos sequer completar quinze anos, os dois se divorciaram e a mãe sumiu de uma hora para a outra da face da Terra.

Anos relativamente tranquilos se seguiram a isso, onde os dois irmãos cuidavam da casa e o pai levava dinheiro para sustentá-la, até que, num belo dia, chegou a eles a notícia de que a pequena família podia estar em perigo. Um grupo de arruaceiros, aparentemente sem motivo, estava ateando fogo a inúmeras casas na região, e a deles podia ser a próxima.

Apenas isso bastou para que o pai dos irmãos ficasse apavorado de ser carbonizado enquanto dormia e, simplesmente abandonando tudo que havia juntado em sua vida inteira, literalmente saiu correndo pela porta para nunca mais voltar. Isso deixou os irmãos, com cinco anos de diferença entre si, sozinhos.

Mas de alguma forma, os dois conseguiram se aguentar firme por mais algum tempo, porque acharam uma reserva relativamente grande de dinheiro embaixo do armário da cozinha. Infelizmente esse tempo foi muito curto.

As casas incendiadas estavam fechando um cerco em volta da deles, então eles tinham certeza que em breve a deles ia ser destruída. Sabendo disso, os dois resolveram ir para o centro de Ignis, onde estariam seguros, e alugar um apartamento qualquer por lá.

Já era de noite quando eles decidiram isso, então optaram por embalar tudo de importante na manhã seguinte e partir antes do almoço. Porém não contavam que, de madrugada, enquanto dormiam, a tal gangue piromaníaca aparecesse lá do nada e colocasse fogo na casa e que, além de tudo, em poucos minutos seus quartos já estivessem quentes como um forno.

O mais impressionante de tudo, é que ninguém das redondezas viu os tais arruaceiros ali. Ninguém nunca via, já que eles agiam como verdadeiros fantasmas.

O irmão mais velho, cujo sono pesado só foi interrompido pela dor de uma fagulha das chamas atingindo sua pele, acordou alarmado com o cheiro ruim em seu quarto. Demorou alguns segundos, mas quando se deu conta do que estava acontecendo, pulou da cama e foi o mais rápido possível para o quarto ao lado, que era do seu caçula. No caminho até lá, sua visão de repente começou a falhar e seu corpo ficou ligeiramente entorpecido; a fumaça tóxica do fogo estava começando a lhe afetar.

Se surpreendeu com o tanto que o fogo — vermelho como sangue — havia avançado, lambendo as paredes do corredor, e sentiu uma onda de pânico. Alarmado, abriu com força a porta do quarto do irmão. O pânico e o medo aumentaram absurdamente quando viu o corpo inerte do seu precioso irmãozinho no chão, enquanto as labaredas se aproximavam cada vez mais.

Trêmulo e sentindo vontade de chorar, o mais velho aproximou-se do menor e encostou o ouvido no peito dele. Um alívio inimaginável espalhou-se por todo o seu corpo quando o som ínfimo de batimentos cardíacos foi processado por seu cérebro. Provavelmente o caçula acordara e foi tentar avisar o irmão, mas inalou fumaça demais e desmaiou ali mesmo.

Levando o braço do mais novo por cima dos próprios ombros, o que ainda estava consciente tentou seu máximo para endireitar-se enquanto sustentava o peso do outro. Certo, ficar de pé é uma coisa, mas caminhar era outra muito diferente. Com o gás que inalara até então, seu cérebro estava começando a desistir de trabalhar.

Mesmo com os pensamentos fugindo pelas suas orelhas, no momento em que realizou que tinha pouquíssimo tempo para sair, tentou correr. Pena que seu "pouquíssimo tempo" já havia acabado. Em um instante, logo após o primeiro passo, tudo apagou e seu corpo desabou. Ainda assim, as chamas não pararam de avançar até que tocassem os corpos dos garotos e grudassem às roupas como se eles estivessem cobertos de álcool.

Um tempo indeterminado depois — pode ter sido uma hora ou um segundo, não dava para se saber, pois o tempo parecia congelado naquele lugar —, a uma altura em que os corpos já podiam estar completamente desfigurados, uma sombra passou entre as chamas de uma das janelas para fora, pisando na grama verde do jardim. Mas era alta demais para ser de qualquer um dos irmãos.

Não dava para se saber quando a pessoa entrara na casa em chamas, mas se estava saindo é porque em algum momento havia o feito. Essa pessoa carregava um dos irmãos nos braços, ignorando o sangue que pingava em suas roupas escuras. Embora seu rosto estivesse coberto com uma máscara estranha, era obviamente um homem, pela estrutura do corpo.

Lentamente, quase tomando cuidado, o homem depositou o garoto na grama. Mirou o rosto dele, que estava tão coberto de sangue que suas feições estavam irreconhecíveis. Minutos depois, em meio a visão perturbadora de carne gravemente queimada, os olhos verde acizentados do garoto se abriram lentamente. A dor não parecia atormentá-lo muito, mas mesmo assim ele não se mexia.

— Nii-san… Nii-san… Nii-san…

Com a voz esmaecida e quebrada, ele ficou repetindo o chamado por seu irmão mais velho incontáveis vezes, mas não parecia capaz de formar mais palavras. Seus olhos cheios de medo olhavam em volta, procurando sinais do "nii-san", mas nenhuma vez ele olhou para a casa em chamas, como se se recusasse a cogitar que o outro estava lá ainda.

"Ele é forte", pensou o homem ao seu lado, que apenas observava as reações do garoto. "Não faz nem cinco minutos que eu o trouxe para fora e ele já acordou. Parece que eu finalmente encontrei o tipo de pessoa que procurava."

Foi só então que ele penalizou-se do garoto — e ele também não queria que o outro enlouquecesse, porque saúde mental também é importante — e disse, sua voz grave, mas suave:

— Não consegui salvá-lo. Ele já estava morto quando achei vocês.

Isso era uma mentira, claro, porque os dois estavam igualmente feridos e desacordados. Por que o homem decidira tirar justo o mais novo dos irmãos? Intuição, apenas.

— Não, nii-san… nii-san não… nii-san não morreu… Ele…

— Shhh — disse o homem, mais gentilmente dessa vez. — Você não vai ficar sozinho, porque eu vou estar aqui com você. Mas, claro, só se você concordar em ser meu aprendiz, pois eu também sou solitário e preciso de companhia. Combinado?

As lágrimas que formaram nos olhos do garoto — ao cair a ficha que nunca mais veria seu amado irmão mais velho, nem mesmo no enterro porque não sobraria mais que cinzas do cadáver — queimavam mais que o fogo de antes. Elas doíam muito também, mas doíam de um jeito diferente, e doíam mais.

— Então? — perguntou o homem, após esperar mais alguns momentos.

Sua única resposta foi um assentir vagaroso e doloroso, mas essa era toda a resposta que queria. Num piscar de olhos, nenhum dos dois estavam mais ali, como se tivessem evaporado ou como se nunca tivessem existido.

No momento, exatamente vinte anos depois, o rapaz que outrora fora uma criança, ainda dava seu máximo para esquecer que seu irmão havia morrido. Infelizmente, aquelas memórias não puderam ser completamente erradicadas, porque havia uma coisa que evitava que isso acontecesse: as queimaduras em seu rosto nunca sumiram, as cicatrizes nunca sumiram, então ele não podia evitar relembrar.

Seu corpo inteiro era sempre coberto com panos, não importa se dormia, ou treinava ou fazia qualquer outra coisa, porque considerava-se horrendo com suas deformações. A única exceção eram seus olhos, que continuaram intactos apesar do estrago; olhos penetrantes que podiam ser vistos por trás da única fenda estreita no pano em seu rosto.

Mas ele não era muito devotado ao seu mestre, apesar de ele ter sido a pessoa que salvara sua vida. Desde que, dez anos antes, descobrira todos os podres em que ele estava envolvido, sua reação a ele passou a ser de repulsa, embora ainda obedecesse cada ordem do mesmo.

Seu mestre sabia, mas nada fazia quanto a traição de seu pupilo, que em breve — muito breve — aconteceria.







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Eles andavam por um lugar que, se não soubessem o ano em que estavam, iriam jurar que estavam na era medieval. As paredes eram de blocos de pedra bruta grossa, com archotes grandes e acesos, e o chão de madeira fria.







Qualquer som que fizessem ecoava alto pelo corredor, como se fosse dez vezes maior do que realmente era. Era quase amedrontador, como em um sonho. E tudo além do fato de que eles pareciam andar em uma esteira rolante, sem nunca sair do lugar. E Akita ainda estava com dor de cabeça, embora, felizmente, mais fraca que antes.

Por algum motivo, Riki tinha o olhar distante ao mirar o tremeluzir do fogo nos archotes. Aiko foi o primeiro a notar isso, mas foi o único a não pensar em perguntar; sabia que tudo que receberia em resposta seria silêncio. Mas tinha mais coisas para se preocupar, como por exemplo o fato de que aquela base maluca em que estavam podia se localizar em qualquer parte do planeta e que estavam praticamente dançando na mão do inimigo. Estava a ponto de ter uma dor de cabeça também.

Ninguém disse nada por algum tempo, até que Hayato — que no momento agia como os ouvidos do dolorido Akita — quebrou o silêncio:

— Estou escutando passos.

— De onde? — perguntou Aiko, sua atenção imediatamente voltada para o albino.

— Hum… — Fechou os olhos por um momento. — Não tenho certeza, estão meio abafados e distantes… mas deve ser da direita.

— Estão dizendo alguma coisa?

— De novo, não tenho certeza. Precisamos chegar mais perto.

— Cadê o Oliver? — falou Kenichi sem nem prestar atenção na outra conversa, olhando em volta ao procurar o loiro, que realmente não estava a vista.

Suuji foi o primeiro a reagir a pergunta, parando de andar de repente. Tão subitamente quanto parara, disse, com um tom de voz estranho:

— Há uma abertura ao meu lado. Estou indo por aqui.

O cérebro de Aiko demorou um segundo para se conectar de seus pensamentos organizados para a frase de Suuji, mas assim que entendeu, exclamou alarmado:

— O quê? Não, não! Volte agora! Su…!

Mas o ex-jogador de baseball ignorou-o completamente e abaixou-se para passar pela fenda extensa próxima ao chão, sumindo na escuridão do mini túnel.

— Mas que teimoso — murmurou Aiko frustrado, passando a mão pelos cabelos anis.

— Eu vou atrás dele — disse Akita, dando o seu melhor para esquecer as pontadas dolorosas e virando-se para a tal entrada.

— Deixe-o — disse Riki.

— Hã? Quê? Como… Como assim, "deixe-o"? — Ele estava espantado. — Ele pode morrer se…!

— Ele não vai morrer — interrompeu Riki firmemente, mas com um olhar afável. — Eu não teria o deixado ir se não soubesse que ia sobreviver sozinho. Confie em mim.

— Mas…

— Algo já deu errado quando você acreditou nas minhas palavras?

— Não, mas…

— Então. Por favor, deixe-o. É algo que ele quer fazer por si só.

Akita hesitou, mas cedeu ao "por favor" do Tsugumi mais velho e acabou acompanhando o grupo em frente.

— Quando foi que aquele buraco na parede apareceu? — sussurrou Takeshi pelo canto da boca, de forma que apenas Ayumu ouvisse. Como estavam por último, ninguém olharia para os dois conversando.

— Eu não ouvi nada que pudesse ter sugerido que acabou de ser aberto — respondeu o servo no mesmo tom —, então eu suponho que sempre esteve ali.

Takeshi balançou negativamente a cabeça, o mal-humor e cansaço mais evidentes no rosto jovem.

— Eu olhei para lá antes disso — disse. — Com essa claridade eu teria visto, tenho certeza. E mais, eu não sou burro, mas ainda que não seja um crânio, sei que há algo esquisito nisso tudo. Mas o grande problema é que a resposta está bem na nossa frente — para enfatizar, gesticulou energicamente na frente do rosto — e eu não consigo entender porcaria nenhuma!

Ayumu não se sobressaltou com o tom exasperadamente zangado de Takeshi, já acostumado com o comportamento do patrão, então apenas sorriu compreensivamente. Com a ponta dos dedos, tocou de leve a mão do outro, recolhendo-os logo em seguida para que Takeshi não ficasse zangado.

— Não se preocupe — disse Ayumu. — Pela expressão que Aiko-san está fazendo agora, acho que nem ele sabe muito, e olha que ele sempre está um passo a frente de nós.

Takeshi precisou se esforçar muito para não sorrir bobamente em agradecimento, então manteu a expressão neutra. Porém, contraditoriamente a sua aparente indiferença, sua mão discretamente alcançou novamente a de Ayumu, entrelaçando os dedos. O servo viu que o segurar de mãos estava frouxo o suficiente para que se afastasse se quisesse.

Isso o deixou feliz.

Ayumu envolveu mais firmemente a mão do mais velho, chegando um passo mais perto, enquanto andava, e apoiando de leve a cabeça no ombro do patrão. O fato de que Takeshi não objetou o deixou mais feliz ainda, a ponto de esquecer a situação crítica em que ele e todos se encontravam e concentrar-se apenas no cheiro gostoso da camisa de Takeshi.



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Suuji não entendia o que o fizera simplesmente pular naquele buraco negro atrás de Oliver sem nem pensar duas vezes. Saber ele sabia, mas não entendia. Embora soubesse de cada coisa que o levara a seguir o loiro, nada daquilo fazia o menor sentido. Era frustrante perceber que havia muitas dúvidas sobre o que julgava já ter certeza.



Foi tirado de seus pensamentos quando o túnel estreito acabou e teve que que ficar de pé. Tirou o pó das roupas, que pegara por ficar rastejando em uma passagem de pedra, e olhou em volta. O lugar em que estava era no mínimo bizarro, com suas placas brancas cobrindo o piso, as paredes e o teto, divergindo tanto do ambiente anterior e dando-lhe a estranha sensação de estar em uma caixa.

Mas onde estava Oliver? Havia algum lugar para o qual ele possa ter escapado? Não em volta, ao menos. No chão, não também… epa, aquilo ali embaixo era uma grade? Talvez em cima então? Ah, sim, em cima!

— Duto de ventilação — murmurou Suuji para si mesmo.

Como a grade já estava no chão, não havia nada para obstruir o caminho. Com um salto não tão gracioso ou elegante, mas ágil, subiu. Ao, com certo alívio, ver que o duto ia para o lado e não para cima, se pôs a seguir a única direção que havia: a esquerda.

Quase imediatamente seus olhos negros perceberam um objeto fino e metálico, de formato cilindrado, preso em uma abertura mínima entre duas placas metálicas: uma bala. Então era aquele caminho mesmo para se chegar a Oliver. Mas…

Mas? Mas o quê? Não havia nada errado naquela situação. Por que sua cabeça estava criando problemas onde não tem?

Mentira.

Havia sim um problema ali. Só que, dessa vez, embora ele saiba e entenda, nenhuma parte de si queria aceitar.




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O rapaz idêntico a Oliver estava sentado em um dos sofás vitorianos, no meio do mesmo cômodo hexagonal da última vez. Agora ele estava recomposto do cansaço exacerbado de antes, carregando um olhar seriamente neutro no rosto, as sobrancelhas ligeiramente franzidas. Ele usava, por cima de uma blusa preta desabotoada até a clavícula, um casaco social comprido com dois botões grandes o fechando, com as mangas dobradas até os cotovelos. As pernas com calças pretas justas estavam cruzadas nervosamente.




A sua frente estava o verdadeiro Oliver, cujo semblante era mais suave, com os dois olhos normais, e trajando um conjunto de roupas muito semelhante ao do outro, porém inteiro branco. Na verdade, assim, um de frente para o outro, eles pareciam espelhos. Enquanto Oliver tinha uma pintinha no lado esquerdo da testa, o outro "Oliver" tinha a mesma pintinha no lado direito.

— Liey, você não falou nada até agora — disse Oliver (o verdadeiro, de branco), encostado a mesa ao canto da sala. — Está pensando em alguma coisa?

— Mais ou menos — respondeu Liey, com sua voz mais áspera. — Está tudo bem em vir aqui, quando não está noite e não tem ninguém ao lado do corpo para cuidar dele?

— Se for rápido, sim. Antes de vir, escondi-me em um lugarzinho bem difícil de ser encontrado.

Liey assentiu, embora sua expressão continuasse grave.

— Esse é um grande problema em compartilhar o mesmo corpo — suspirou Oliver. — Não podemos conversar propriamente se não estivermos ambos aqui, em nossa mente, no mesmo momento.

Sua mente, que eu invadi — corrigiu Liey com um resmungo aborrecido.

Oliver deu uma risada baixa e disse:

— Não foi por querer que você "invadiu", então é nossa sim. — E antes que Liey reclamasse, prosseguiu num tom mais sério: — Mas o que acha, sobre o que eu te falei?

— O quê, sobre o Suujidiota te seguindo que nem uma porra de uma doença?

— Não, né. Sobre aquele quarto estranho em que acordamos e sobre a dor de cabeça de Akita, que está realmente me preocupando. Não é normal, é? Digo, começou do nada!

Liey se pôs de pé, dando passos ansiosos do sofá para uma poltrona e de volta. Por fim, disse:

— A personalidade extra de Akita não passou tempo suficiente acordada aqui, anos atrás quando eu fiquei, onde foi desenvolvida, então está desacostumada ao ar pesado que cai sobre ela. Claro, além de que… ah, tem aquelas merdas todas sobre a transformação de Selected Children e tals, então a tal "personalidade extra" está sobrecarregada demais e acaba deixando transparecer no corpo.

— Então não é para eu me preocupar muito? — perguntou Oliver.

— Isso. Não há o que se fazer, por ora, a não ser esperar que ele fique melhor por si só.

— E o quarto? Aquele com luzes estranhas e a voz sinistra.

Liey parou de andar a menção do tal quarto. Suas sobrancelhas se franziram um pouco mais com os pensamentos que lhe bombardeavam a cabeça, mas por fim soltou um resmungo aborrecido e passou a mão pela franja, trazendo a mão para o lado e deixando cabelo cair sobre o olho completamente negro.

— Eu sei o que é aquilo — murmurou. — Eu sei, mas ao mesmo tempo parece que eu não sei, porque eu não me lembro…

E depois de mais uns segundos pensando e falando sozinho, um momento de silêncio se seguiu e foi substituído por um grito de frustração, que sobressaltou Oliver.

— Acho… acho que é melhor eu voltar — disse o de roupas brancas, vendo que seria melhor deixar o outro pensar em paz. — Afinal, não é uma boa ideia deixar o corpo ao relento, não é?

E deu uma risadinha sem graça antes de se despedir do seu "espelho". Andou até uma prateleira baixa de uma das estantes monstruosamente altas, alcançando no fundinho um objeto semelhante a um globo de neve, mas vazio por dentro. Seus dedos tocaram a superfície fria do vidro e quase imediatamente, na parte interna, uma névoa branca como neve surgiu aos poucos e começou a rodopiar. A névoa pareceu envolver, fina, espiralando o braço de Oliver, e em um instante ele não estava mais lá.

Liey deixou-se cair pesadamente em uma poltrona, antes que começasse a gritar sem parar de tão irritado. No mesmo momento, Oliver, em seu esconderijo improvisado na base branca, vestindo as roupas casuais de sempre e agora com uma sujeirinha na bochecha, saiu lentamente de um espaço mínimo entre duas paredes, espiando em volta antes de continuar andando pelo corredor.





= = = = = =









O White King observava tudo que acontecia com o jovem time adversário. Mas ele não via por telas de segurança ou por uma bola de cristal mística. Com as pálpebras fechadas, ele podia ver perfeitamente o outro cenário, mesmo que apenas pelo olho direito, como se fosse uma memória ou filme passando por trás de seus olhos.





Infelizmente não podia ver pelos olhos de outra pessoa que não os do pequenino, então não podia ver se alguém se afastasse do grupo, como Suuji e Oliver acabaram de fazer. Mas aquilo era o suficiente, pois, como parte do pequenino Black Rook pensava como si, ele olhava exatamente para os lugares que o White King queria.

Sentado confortavelmente em um tipo de trono de veludo bordado com fios de ouro, digno de sua posição como o mais importante de seu time, ele via, escapando das conchas externas das personalidades mais aparentes, detalhes pequenos e importantes das partes mais distorcidas dos distúrbios dos mais esperados e inesperados companheiros a volta de seus "olhos". Eram deslizes mínimos, mas perceptíveis, como um gesto ou um olhar um pouco diferente do usual.

E ele estava satisfeito.

Todos os resultados, as consequências, de seus planos perfeitamente planejados e executados estavam indo exatamente como esperava. Assim como queria, como era e sempre tinha sido seu objetivo naquilo tudo, seu tédio estava sumindo. E, se não houvesse nenhum imprevisto inesperado, a conclusão do show seria a mais dramática possível… bem do jeito que gostava.

E, evidentemente, além de ele próprio saber o que ia acontecer, seu querido Tsugumi de vinte e cinco anos também o sabia.

O Grand Finale.

Um sorriso indecifrável surgiu no rosto do White King enquanto ele abria os olhos, interrompendo a visão do corredor medieval. Seus orbes eram diferentes um do outro; enquanto a íris do esquerdo era negra e misteriosa, a do outro era dourada como a pedra preciosa, enquanto a pupila tomava a estranha forma de um sinal de infinito na horizontal.

Agora… o que faltava? Ah, claro, faltava a sua rainha avançar. Era mais do que hora de ela entrar no tabuleiro e parar de agir nas sombras.


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Notas finais do capítulo

Bom, aqui está essa p**** que eu levei dias escrevendo ^-^

Obrigada por ler!! o/



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