Aki No Ame (DESCONTINUADA) escrita por SilenceMaker


Capítulo 55
Up, up, up


Notas iniciais do capítulo

Eu acho que esse capítulo ficou um cocô. E puta merda, eu levei esse tempo todo para escrever uma coisa que não presta? É, exatamente. Não sei dizer se o que você vai ler é só enrolação ou é importante, porque tudo que tá aparecendo ultimamente nessa história é importante... Ah, que se dane.
Eu revisei, mas posso ter deixado escapar alguma coisa (desculpa por isso x.x)



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Era uma vez uma família. Uma família feliz, composta de pai, mãe e filho.

A mãe, moça gentil e elegante, com um emprego estável em um hospital; ela era uma neurocirurgiã. O pai, sério mas carinhoso pela família, tinha sua própria loja de eletrônicos — grande e lucrativa — e estava a ponto de ter sua própria marca de televisores e computadores. E o filho, inteligente mesmo que ainda com quatro anos, era considerado um prodígio para a sua idade, já que aprendia tudo muito rápido.

De longe uma família perfeita, e de perto também.

Eles viviam em Terrae, em uma casa relativamente grande em uma vizinhança relativamente rica. O filho, depois da escolinha durante a manhã, tinha aulas particulares de alguns níveis avançados da escola com uma professora durante duas ou três horas, aí seus pais voltavam para casa e os três passavam o resto do dia juntos. Uma vida invejavelmente tranquila e quase paradisíaca; estáveis financeiramente e emocionalmente, sem problemas familiares de nenhum lado.

Qualquer um imaginaria — e com razão — que a criança seria impecavelmente perfeita ao crescer, porque tinha o ambiente em volta propício até demais para isso. Na verdade não houve nenhum motivo exato para não ter sido assim, mas não foi. Talvez tenha sido simplesmente a verdadeira natureza dele que não se encaixava naquela família perfeita.

Foi a partir dos cinco anos que tudo começou.

O filho começou a evitar o tempo após as aulas particulares com os pais, cada vez mais frequentemente. Isso não é comum para uma criança, já que nessa idade, geralmente, o que eles mais querem é a atenção dos pais. Mas sua pediatra disse que podia ser apenas fase, então a mãe convenceu o marido a deixá-lo fazer o que queria.

O tempo foi passando, e passando, e essa dita "fase" não acabava. No ano seguinte, o filho não conversava mais com nenhum dos pais durante o jantar ou qualquer refeição; aos poucos foi ficando mais e mais recluso. No fim do ano, não deixava mais ninguém entrar em seu quarto — ele mesmo o limpava para garantir que nenhum dos dois pisasse ali.

Em poucos meses, naquela vizinhança rica, começou a surgir um ladrão. Ele roubava qualquer coisa que estivesse no primeiro andar da casa, desde colheres de prata a liquidificadores, ou até mesmo cadeiras. Por isso, nem a mãe nem o pai deixavam o filho sair mais de casa, com medo de que fosse sequestrado enquanto ia para a escola com a empregada — ele era a única criança daquela rua —, e o garotinho obedeceu sem hesitação.

Mas na casa deles também começou a sumir coisas: facas, prataria, tesouras, porcelana, canivetes, cristais, garfos, jóias, as bonecas preciosas de coleção da mãe e mais um monte de objetos.

Um dia, os pais, preocupados porque haviam deixado o filho sozinho por meia hora na casa, voltaram correndo. Não o encontraram na sala, nem no banheiro ou cozinha, então foram ao quarto dele atrás do garoto. Abriram devagar a porta, esperando ver o filho sentado estudando ou lendo ou fazendo qualquer coisa que ele geralmente fazia, mas o que viram foi muito diferente.

As cortinas do quarto estavam completamente fechadas, não deixando nenhuma luz do sol entrar, e a luz estava apagada. A única coisa que iluminou, mesmo que minimamente, o cômodo foi a fresta de luz vinda da porta abrindo. O piso estava cheio de espuma, pedaços de tecido, olhos de vidro e cabelos artificiais. De uma gaveta aberta do criado-mudo ao lado da cama dava para se ver os inúmeros canivetes, facas, tesouras e garfos que haviam sumido da casa, inclusive outros que nunca haviam visto antes. Sentado na cama, com as costas na parede, estava o filho, agora com sete anos de idade.

Ele segurava uma tesoura afiadíssima, que reluziu com a luz vinda do corredor. Em sua outra mão havia uma das bonecas de coleção da mãe, com a cabeça de porcelana quase caindo do pescoço e o corpinho macio dela aberto verticalmente. Os cabelos loiros da boneca haviam sido arrancados e jogados no chão, assim como a espuma de dentro dela. E era nesse mesmo estado que estavam as outras dezenas e dezenas de bonecas "roubadas", espalhadas pelo quarto.

O garoto parou em meio ao gesto de quebrar o rosto de porcelana e olhou para os pais, parados chocados na porta. A única coisa que dava para se ver direito nele eram seus olhos azuis safira, que praticamente cintilavam na escuridão por algum fator misterioso. Uma expressão estranha surgiu em seu rosto; não dava para dizer se sorria ou não.

— Eu disse especificamente para não entrar no meu quarto — disse friamente, fazendo a mãe recuar um passo.

Ele levantou devagar da cama, pegando na gaveta do criado-mudo a primeira faca que viu: comprida e serrilhada, com a ponta bifurcada e recentemente afiada.

— Desde aquela aula de ciências, alguns meses atrás, eu vim me perguntando… — continuou o filho, andando na direção dos pais, com uma expressão perto da inocente que ele sempre carregava. — Eu vim me perguntando como é o corpo de verdade por dentro. Tentei ver com bonecas, mas elas são vazias. Estava pensando: posso ver como vocês são por dentro?

A mãe foi a primeira a se recuperar do susto, e disse nervosamente:

— O que está falando, filho? Largue essa faca e vamos jantar, ok? Depois eu arrumo o seu quarto.

— Eu já disse para não entrar no meu quarto — falou o garoto, segurando mais firme a faca serrilhada na mão. — Quantas vezes preciso repetir?

— CHEGA! — gritou o pai. — Você vai largar essa coisa agora! E sem discussões!

O garoto parou de andar, mas não largou nada e seu olhar ficou ainda mais intenso.

— Por que está gritando comigo? — falou num tom cortante. — Você sempre disse que brigar não adianta, que é preciso conversar para resolver qualquer coisa. Então por que está brigando comigo?

Ele parou diante dos pais, a menos de dois passos, e sorriu. Isso fez os dois se arrepiarem da cabeça aos pés. O sorriso doentio não sumiu quando o filho falou de novo:

— Então vocês mentiram para mim, é isso?

— O q-quê? — a mãe exclamou, assustada. — Nós não…!

— Vocês me disseram para não mentir, mas vocês mentiram. Sabe o que eu ouvi na escola, mamãe?

— Diga, querido. — Ela sorriu o mais gentilmente possível, tentando acalmar o filho.

— Um garoto falou que, quando ele mente para os pais dele ou os desobedece, ele é castigado. Parece que vocês mentiram para mim, e ignoraram quando eu disse para não entrar no meu quarto. Será que precisam ser castigados também?

Silêncio.

— Será que — continuou o garotinho —, como castigo, vão me deixar ver como são por dentro?

Ele segurou a faca mais alto.

Gritos.

Sangue.

Agonia.

Dor.

Tudo aquilo encheu a mente do garotinho a medida que ele os esfaqueava sem dó. Estranhamente, aquilo lhe dava prazer. Lhe fazia se sentir bem.

Dois anos atrás, quando ele estava assistindo televisão na sala, esperando o jantar ficar pronto, viu notícias de guerrilhas entre gangues em Immolare. Não havia vídeos das guerrilhas em si, mas havia vídeos do resultado: destruição. Várias pessoas na rua foram entrevistadas e perguntadas a respeito do que achavam sobre esses constantes banhos de sangue em Immolare. O garotinho se surpreendeu quando ninguém deu a mínima e alguns até riram, dizendo o quão patético era.

Mas não disseram na escola que era errado machucar os outros? Então por que eles estão rindo?

E as crianças na escolinha não fazem mal a uma mosca, então por que ficam repetindo que não pode machucar os outros justamente para elas? Por que não falam isso para os adultos que ficam rindo da miséria de centenas de vidas?

Estranho.

Desde então o garotinho quis saber se era mesmo assim tão bom ver o sofrimento dos outros. E, realmente, era maravilhoso.

Ele parou, ofegante, e olhou para o pai morto com o mesmo sorriso doentio. Aquele vermelho… a professora tinha dito que aquele líquido vermelho era sangue, não é? Tão bonito… Suave e ao mesmo tempo forte o suficiente para causar terror em muitas pessoas. Impressionante. O que fazia o corpo sobreviver causa tanto medo em tanta gente só porque está fora do corpo. Curioso…

— Pa… re… — a mãe, fraca e mutilada, tentou dizer com os resquícios apagados de sua força.

Não adiantou nem mesmo ela segurar na barra da calça da criança, manchando o tecido com a marca carmesim de sua mão. O garoto segurou a faca serrilhada em outra posição, enterrando-a no pescoço da mãe. Seu sorriso alargou quando olhou em volta e viu aquele vermelho bonito impregnando tudo; aquele vermelho bonito nos corpos bonitos de seus pais, em suas mãos pequenas, em seu cabelo liso, em seu rosto claro.

Mas, claro, ele já pensara em tudo antes de fazer o que fez. Seria perseguido por todos os lugares se descobrissem que ele matou os próprios pais, sabia disso. Porém descobriu um modo de escapar seguro: em uma visita a Caeli com os pais, alguns anos antes, ele tinha visto uma pessoa entrando em algo que parecia com uma porta feita de ar, mas que dava para um lugar completamente diferente. Confuso, perguntou o que era aquilo, mas sua mãe disse que essas coisas não existiam. Mas ele tinha certeza que existia. Ele viu.

Ele iria por aquela entrada e fugiria para qualquer lugar que desse por alguns meses, até que a poeira sobre o caso abaixasse um pouco e ele pudesse voltar e achar um jeito de fingir que havia sido sequestrado. Essa coisa do sequestro se devia ao ladrão das redondezas, que realmente existia. O garotinho havia aproveitado essa oportunidade e usurpou dos vizinhos e da própria casa lâminas que serviriam para ver o corpo humano. Ele era esperto. Ninguém suspeitaria que uma criança de sete anos havia esfaqueado os pais a sangue frio, se havia um ladrão naquela vizinhança para puxar as acusações.

Com isso em mente, o garoto tomou um banho no banheiro perto de seu quarto e trocou de roupa, saindo da casa pela porta dos fundos. A luz da lua incindiu sobre ele quando ele pisou do lado de fora, combinando com o tom igualmente prateado de seus cabelos.






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— É ali — Mikato sussurrou para os outros dois. — Vamos rápido antes que nos encontrem.

Ele foi na frente, com Jin atrás e Suuji por último. Os três foram agachados entre partes destruídas de uma lanchonete, apesar da névoa forte em torno deles, e foram adiante.

— Hayato deve ter deixado a porta entreaberta para nós — continuou Mikato. — Apesar de eu ter morado por aqui durante muitos anos, é difícil encontrar a porta de noite.

Ele precisou forçar um pouco os olhos verde-água para conseguir distinguir a tábua levantada.

— Logo ali — ele chamou a atenção de Jin, que estava com uma adaga na mão esquerda a postos, olhando em volta atento.

Os três, ainda abaixados, prosseguiram caminho e, da mesma maneira que Hayato e Daichi haviam feito horas antes, empurraram a tábua-porta e entraram. No corredor escuro, com tudo já fechado, Suuji se permitiu falar, ainda ofegante da fuga de minutos atrás:

— Quem eram aquelas pessoas, afinal? Elas pareciam te conhecer, Mikato.

Jin pôde ver, pelo silencio momentâneo, que Mikato não queria responder aquilo.

Assim que se afastaram de Hayato e Akita, mais cedo, foram abordados por algumas pessoas. Não vou especificar o que foi dito ou gritado ou qualquer coisa do tipo, mas Mikato e um cara discutiram feio, falando sobre coisas que Suuji não entendia, mas eles pareciam se conhecer. Disseram algo sobre "gangue", "líder" e "fuga". Depois disso, Mikato ficou sem paciência para dispensar o homem com palavras e tirou a katana longa do suporte preso na cintura, cortando sua cabeça fora como se o pescoço fosse feito de manteiga. Aí, depois de mais uns insultos nada bonitos vindos de Jin, os três foram perseguidos pela cidade inteira por muito tempo.

Parece que matar pessoas e machucá-las é muito comum e rotineiro em Immolare. Ninguém se preocupou com o homem descabeçado jogado no meio de uma avenida que antes devia ser bonita.

— Não é da sua conta — respondeu rispidamente por fim o de olhos verde-água. — Assunto meu. Vamos rápido, senão vamos chegar muito atrás dos outros.

Suuji engoliu a contragosto a vontade de insistir no assunto e seguiu os outros pelas escadas e pelo corredor.

— É aqui que você morava? — perguntou Jin, apontando a porta à direita.

— Ahã — Mikato respondeu. — Bem na frente de Daichi, éramos vizinhos. Mas vamos entrar na casa dele, não na minha. A entrada para a base branca fica lá.

Eles entraram pela porta já aberta. Não conseguiam saber se fazia muito tempo que os outros haviam passado por ali, já que não tinha nada como prova. Continuaram em frente. Passaram pela cozinha, cuja pia estava cheia até a borda com louça não lavada por anos a fio, e chegaram na sala. Nela havia um sofá velho e acabado logo na frente de um armário velho e com a porta caindo, e só.

— É aquele armário estranho? — perguntou Suuji. — A porta está aberta, mas não dá para ver o fundo dele. É ali, né?

— Cala a boca — falou Mikato. — Claro que é ali, idiota. Agora saia da frente, está bloqueando o caminho.

Ao se aproximarem, viram que não era exatamente um armário velho — difícil definir se era um armário ou uma porta —; era completamente unido à parede, mas havia gavetas perto do piso.

— A porta abre para dentro — murmurou Jin, subindo no "armário", observando as portas duplas. — Boa armadilha essa.

— Deixe meio aberto, senão não conseguiremos sair se voltarmos por aqui — ordenou Mikato.

Suuji, que foi o último a entrar, assentiu e fez como foi mandado. Os três seguiram reto pelo corredor escuro por um bom tempo, até virarem bruscamente para a direita e para baixo. Suuji, ainda atrás de todos, não esperava a inclinação repentina, então escorregou e, com uma exclamação de susto, caiu, levando os outros dois junto.

Durante a queda, os três bateram algumas vezes na parede e quase sentiram os braços torcendo duas ou três vezes, mas felizmente — ou não — logo aterrissaram, batendo com tudo no chão áspero. Alguns momentos de silêncio se seguiram, nos quais eles se sentaram e ficaram um pouco longe uns dos outros.

— Ouch… — murmurou Jin no meio da escuridão. — Ouch, meu nariz…

— Ops — disse Suuji rapidamente, em algum lugar à esquerda de Jin —, desculpem, foi sem querer

— Cala a boca! — disse Mikato, pela segunda vez para a mesma pessoa. Um som abafado indicava que ele batera em Suuji. — Não podia ter sido mais cuidadoso?!

— Eu já pedi desculpas!

— Devia ter batido a cabeça durante a queda e morrido.

Um silêncio momentâneo se passou antes que Suuji respondesse.

— É — disse ele por fim. — Talvez eu devesse ter feito isso mesmo. Mas como não fiz, é melhor não nos demorarmos mais nesse corredor estranho.

Mikato se manteve em silêncio enquanto Suuji se levantava, seguido de Jin — que ainda resmungava algo sobre um nariz machucado. O de olhos verde-água foi o último a se colocar de pé, dessa vez andando atrás dos outros dois. Mikato realmente receou, após Suuji ter acabado de falar, que o mesmo se matasse; a seriedade na voz do ex-jogador de baseball chegara a dar arrepios.

Dessa vez não demoraram muito a parar, mas foi por causa de uma porta. Ela era meio camuflada na parede de pedra, mas era mais reconhecível como uma porta do que a que ficava na antiga casa de Daichi. Jin abriu-a. Mal uma linha fina de luz deu "oi" ao corredor de pedra escuro, os três já ouviram vozes do outro lado:

— Vou te perguntar de novo, Akita: por que diabos está tremendo tanto? Nem está frio aqui.

— E eu vou dizer de novo: não é porque está frio.

— Então por quê? — A voz de Daichi soou impaciente.

— Porque… — Um momento de hesitação, até que deu para se ouvir Akita tomando ar antes de prosseguir. — Porque eu estou com medo, tá legal? Desde que descemos aqui estou tendo arrepios ruins.

Suuji escolheu, corretamente, esse momento para abrir completamente a porta, dando para um lugar que parecia uma caverna. Akita e Daichi pararam imediatamente de falar.

— Finalmente chegaram! — retomou o ruivo após uns momentos. — Estamos aqui faz tempo já. O que houve para demorarem tanto?

— Alguns problemas apareceram — respondeu Jin, pulando da elevação de um metro onde estava.

Hayato apenas mirou-o, para logo mudar de assunto:

— Os outros estão aqui também. Oliver está sentado naquele cantinho desde que chegou e se recusa a falar com qualquer um de nós e Kenichi está tentando convencê-lo a se levantar. Ayumu e Takeshi foram dar uma investigada nos arredores, e Riki foi esperar Aiko e Yuurei em uma entrada meio longe. Vamos ficar aqui mais um tempinho até todos voltarem.

Jin assentiu com a informação dada, enquanto Mikato deixou escapar um "tch" aborrecido.

Não levou muito tempo para que Ayumu e Takeshi retornassem, entrando por uma cavidade na parede irregular de pedra, onde adiante era tão negro que era impossível ver o que havia ali.

— Por um tempinho é bem escuro — disse Ayumu, guardando uma flecha na aljava presa em sua cintura —, mas depois de andar um pouco começa a aparecer umas luzes estranhas, vindas do chão, como no corredor no caminho para cá.

— Que corredor? — perguntou Suuji. — Por onde viemos era um breu.

— Viemos por caminhos diferentes, esqueceu? — falou Takeshi, sentando-se em uma pedra. — Por onde andamos o chão brilhava, como um abajur. É estranho e frio como gelo.

— E além disso — continuou Ayumu —, à direita há um caminho reto, e mais adiante tem uma bifurcação. Não tentamos entrar por nenhum desses.

Hayato arqueou a sobrancelha, mas não perguntou nada. No minuto seguinte, mais passos foram ouvidos. Oliver finalmente levantou o rosto.

— Podemos ir agora, não é? — disse Aiko, vindo de um outro corredor, acompanhado do irmão e de Yuurei. — Já acabei o que eu precisava fazer, então podemos ir tranquilos.

— O que você foi fazer? — quis saber Akita.

— Uma coisa importante. Agora vamos? Levante-se, Oliver, não temos tempo para birras.

Akita encheu a bochecha infantilmente ao ter a pergunta evadida, mas deixou quieto. Ajudou Oliver a levantar — relutantemente por parte do loiro — e foram logo atrás de Aiko pelo corredor que Takeshi e Ayumu haviam acabado de olhar.

— Por qual desvio nós vamos? — perguntou Kenichi. — Ayumu disse que havia três.

— Em frente — respondeu Aiko. — Sempre, sempre em frente e aí para a esquerda. E se continuarmos nesse ritmo, vamos levar muito tempo para chegar. Vamos correr um pouco.

Com Aiko e Hayato liderando o grande grupo, eles continuaram pelo corredor de pedra, quase no escuro completo, até que o chão começou a cintilar do nada.

— Olha, eu não disse? — falou Ayumu animado. — Tem luzes estranhas no chão.



.................



Ficaram algumas horas correndo, até que alguns começaram a cansar e eles diminuíram o ritmo.

— Só mais um pouco — disse Aiko para incentivá-los.

Isso aparentemente funcionou, porque eles persistiram mais um pouco até que Hayato parasse de andar.

— Esquerda, você disse? — disse o albino.

Eles estavam de frente para uma parede lisa, mas o corredor continuava para os dois lados.

— É — respondeu Aiko. — Não está sentindo a corrente de ar leve vinda da esquerda? Indica que estamos indo no caminho certo.

— Porque uma base subterrânea teria correntes de ar? — perguntou Daichi revirando os olhos.

Aiko murmurou um "tsc, tsc" e virou para o ruivo com um ar de desaprovação.

— Você não consegue mesmo tirar nenhuma conclusão disso? — disse. — Estou desapontado.

Daichi fechou a cara.

— Cala a boca.

Akita e Oliver deram risadinhas com a expressão do ruivo, mas tirando isso ninguém fez muito barulho, até que de repente o pequeno exclamou:

— Ah! — e sobressaltou todo mundo. — Acho que entendi o que você quis dizer! — Ele olhou alegre para o Tsugumi mais jovem. — Talvez nós já estejamos na base branca, mesmo que bem no comecinho dela, mas não significa que ela toda tem que ser subterrânea. Pode ter algum lugar acima do solo pelo qual o vento entra! Não é esse o motivo do vento aqui em baixo?

Os olhos cinzentos de Aiko brilharam.

— Precisamente — disse ele, para então se voltar para Daichi com uma expressão quase zombeteira. — Entendeu agora ou quer que eu desenhe?

— Cala a boca — sibilou o ruivo novamente. — Mas qual a importância de ter uma parte que não é embaixo da terra? Vai ajudar em alguma coisa?

— Ah, deixa para lá. Você não entenderia mesmo que eu fizesse uma palestra sobre isso.

Daichi fez uma expressão engraçada, como diz Akita, e abriu a boca para responder, mas antes que ele pudesse retrucar, Hayato deu-lhe um cutucão nas costelas para que ficasse quieto — o que provocou um espasmo rápido em Daichi.

De repente, Riki, na frente de todos, parou de andar e apontou para o teto, fazendo todos olharem curiosos para lá.

— Vamos subir aqui — disse ele.

— Como assim subir? — falou Takeshi. — Não tem como simplesmente subir! Quer que demos socos no teto até ele desabar sobre nós e nos dar passagem?

— Acho que não vai precisar ser soterrado — disse Aiko, fazendo sua misteriosa névoa cinzenta surgir com um balançar de dedos.

Um objeto parecido com um frasquinho minúsculo de metal apareceu do nada em sua mão. Ele entregou-o para Oliver, que imediatamente entendeu o recado: colocou o frasquinho no lugar da munição de seu rifle, ao qual o cano se ajustou. O loiro mirou rapidamente e atirou, sem produzir um único ruído. Quase no mesmo momento uma parcela circular do teto virou literalmente pó, caindo em grãos fininhos no chão cintilante.

— Subam, então — apressou Riki, ao ver que ninguém mexera um músculo. — Hayato, pode ir na frente.

O albino assentiu e, com um único salto elegante, subiu até o andar superior. Em seguida foi Akita, e então Aiko, Mikato, Takeshi, Ayumu, Jin e Daichi. Depois deles foram Suuji, Oliver e Kenichi, que precisavam de ajuda para chegar no alto, e Riki foi logo após, seguido de Yuurei.

Com todos já seguros lá em cima, eles olharam em volta. Tudo que havia ali eram escadas. Várias e várias escadas, todas iguaizinhas sem tirar nem pôr, espalhadas pelo cômodo baixo.

— E agora? — perguntou Kenichi. — Subimos por elas também?

— Isso mesmo — disse Aiko. — Mas creio que é melhor não irmos todos por uma única escada. O que você acha, onii-sama?

Riki olhou uma vez para cada escada antes de responder:

— Concordo com você. Com certeza todas elas vão dar no mesmo lugar, então não precisamos nos preocupar em nos separar.

— Eu vou por essa aqui — falou Takeshi de primeira, apontando a escada mais próxima de si. Se ele ia por ali, significava que Ayumu ia junto.

Riki assentiu.

— Sugiro que os três aqui — disse ele logo depois, apontando Hayato, Akita e Daichi — vão juntos para evitar imprevistos.

Akita até pensou em perguntar o motivo, mas eliminou a ideia quando viu o albino concordando de imediato.





........................





Quando terminaram de decidir quem iria com quem e por qual caminho iriam, subiram pelas escadas. Oliver e Mikato acabaram acompanhando Takeshi e Ayumu, enquanto que Jin e Suuji foram por outro lado. Aiko, Yuurei, Kenichi e Riki subiram por uma escada bem no cantinho, e os outros três fizeram sorteio para escolher por qual iriam.

Nos primeiros cinco degraus, Akita sentiu um arrepio tão grande que seu sangue chegou a gelar. Se encolheu um pouco, procurando em volta a fonte do arrepio. Quando não encontrou nada, concluiu que devia ter imaginado coisas, mas se manteu bem próximo de Daichi e Hayato enquanto subia.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!! *3*
Ou espero que tenha lido até o fim XD
Dúvidas? (duvido que tenha alguma) Por favor, coloque no review.



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