Aki No Ame (DESCONTINUADA) escrita por SilenceMaker


Capítulo 5
O estopim de tudo


Notas iniciais do capítulo

Hum, será que ficou bom? Se tiver algum erro ortográfico, ou palavras a menos ou a mais, mil desculpas!



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Pareceu que a subida das escadas foi mais longa que antes. A expressão de Hayato, que tinha entrado no orfanato alegre, agora estava meio sombria. Nem teve que pensar muito para achar o quarto de Akita, era o da frente ao de Leeta, e naquele exato momento Jin já deveria estar subindo para falar com a garota.

Hayato deu uma batidinha na porta apenas para avisar que estava entrando, abrindo-a devagar e espiando. De início não viu ninguém, chegando até a pensar que ele não estava ali. Mas, um pouco atrasado, avistou uma pequenina figura sentada no peitoril da janela. Os cabelos negros rebeldes estavam mais displicentes do que o normal, os olhos dourados estavam fixos em algo no jardim.

O albino notou depois as roupas que ele vestia, se surpreendendo um pouco. Eram do exato estilo Gothic Lolita masculino. Do tipo que é chamado de 'Príncipe' ao invés de Lolita. Era preciso admitir que ele estava muito fofo.

Akita vestia uma calça curta preta, que ia até um pouco mais do joelho, com um suspensório de mesma cor. Por baixo tinha uma meia-calça (ou pelo menos pareceu que era isso) listrada em preto e branco. A blusa que ele trajava era branca e comprida, as mangas deixando apenas as pontas dos dedos de fora. O sapato era preto também, com um pequeno salto, como se fosse um conde.

Era novidade que ele usasse esse tipo de coisa. Ninguém esperaria.

Nada se moveu por alguns momentos, até que Akita quebrou o silêncio, sem olhar para Hayato.

— Não lhe disse para não vir?

Hayato entrou e fechou a porta, mas manteu a distância entre os dois, observando o quarto. Era simples, mas confortável. Uma cama com uma colcha branca, com um criado-mudo ao lado. Um guarda-roupa ao canto, a mochila do colégio jogada de qualquer jeito por perto, uma escrivaninha organizada e uma estante atulhada de livros.

— Foi por que não queria que eu soubesse sobre você? — disse Hayato no mesmo tom sem emoções, diferindo muito do costumeiro sorridente Hayato.

Akita não se abalou.

— O que te interessa sobre a minha vida? — disse, sem ao menos desviar o olhar da janela. — Você não tem nada a ver com ela.

— É por isso que você foi rude no primeiro dia de aula? — perguntou Hayato ignorando a última fala de Akita.

Os olhos do pequeno se arregalaram, Hayato pôde ver pelo vidro resplandecente.

— Eu ouvi do pessoal da minha sala — continuou Hayato de braços cruzados. — Você não teria sido importunado assim se não tivesse sido rude naquela vez. Foi por isso? Por medo de machucar os outros?

Não houve resposta além do silêncio, então o albino não parou.

— Apesar de tudo que te fizeram você continua a manter distância. Sabe que é apenas você pegar uma faca e matá-los, certo? Sabe que pode fazer isso, afinal, já fez isso antes.

Finalmente Akita fixou seus olhos em Hayato, mas expressavam puro choque e talvez até mesmo medo. O albino não mudou sua expressão, se aproximando até ficar cara a cara com o pequeno.

— Todos com quem aqui falei estavam preocupados, sabia? — disse.

Akita arregalou os olhos novamente, mas de surpresa dessa vez. Nem mesmo Hayato não esperava essa reação. "Então... ele não sabia?", pensou ele.

— Mas, de qualquer forma, você não se afasta dos outros por medo de se machucar, já sei disso — falou Hayato, retomando o ar impassível. — Você se afasta dos outros por medo de machucá-los. — Inesperadamente ele abriu um sorriso. — E não é nada menos do que eu esperava de você.

Foi só aí que notou as lágrimas que saíam dos olhos de Akita.

— Ah, desculpe — disse Hayato, secando-as com o dedo indicador. — Parece que te fiz chorar.

Akita não lhe respondeu, surpreso pela ação do outro. Com um barulho alto, repentinamente, o vidro da janela que ele estava sentado se quebrou bruscamente, quase como se uma bola o tivesse quebrado. O que aconteceu a seguir foi muito rápido, embora demore para se descrever.

Hayato puxou-o pelo braço para trás de si, sem perder um único segundo. Akita bateu a cabeça no guarda-roupa pelo impacto. Levando a mão ao bolso interno da jaqueta, Hayato tirou algo pequeno e prateado, lançando o objeto pela janela quebrada. Akita ouviu um ganido abafado vindo do lado de fora, seguido de uma massa caindo na grama verdinha. Endireitando-se, como se nada tivesse acontecido, Hayato assumiu um ar sério.

— Você não pode mais ficar aqui — disse ele, ainda olhando para o jardim, em busca de mais gente.

Akita estava assustado. O que foi aquilo? Foi tão de repente! Mas ainda assim, disse algo banal e estúpido, tipo:

— Já ouvi isso de uma dezena de filmes... Essa frase é bem clichê.

Hayato deu um risinho.

— Garanto que isso não é um filme, e muito menos uma pegadinha. Arrume logo uma mala para darmos o fora daqui, temos que ser rápidos antes que apareça mais alguém.

Akita não se moveu, confuso e perdido. O quê? Aparecer mais quem? Rápidos? Mala para quê? Que palhaçada era aquela, afinal?

Ao ver que o pequeno não movera um único músculo, apressou:

— Agora!

Se sobressaltando um pouco, Akita murmurou um vago "t-tá" e abriu o guarda-roupa, tirando de lá duas pilhas de roupas cuidadosamente dobradas. Esvaziando a mochila do colégio, Akita colocou tudo ali dentro e em um segundo já estava enfiando junto duas sacolas cheias de coisas que Hayato não conseguiu ver o que era, um carregador de celular, um carregador de laptop e, obviamente, um laptop.

Hayato observava meio abismado Akita colocar aquele monte de coisa em uma mochila onde obviamente não caberia tudo. Mas uma por uma as coisas foram entrando com tranquilidade, até que chegou o momento em que o pequeno começou a colocar os sapatos.

Se foi por um milagre ou não, tudo entrou perfeitamente sem sequer estufar a mochila.

— Vamos logo então — falou Hayato, ainda meio chocado.

Akita assentiu e pendurou a mochila no ombro, antes de sair do quarto. Hayato deu mais uma espiada pela janela antes de acompanhar o outro pela descida. Ninguém entendeu o motivo dos dois estarem fugindo daquela maneira tão apressada. Mais tarde muitos brincaram de ter sido uma 'fuga de amor', mas esse boato não durou mais que duas semanas. Foi quando saíam pelo portão que Akita viu a massa que caíra anteriormente. Era um corpo, um cadáver mais precisamente dito, de uma mulher de provavelmente 28 anos. Algo prateado reluzia em sua nuca, junto com um filete de sangue.

No momento em que os dois cruzavam o jardim, no terceiro andar, mais especificamente no quarto trinta e sete, dois olhos de um tom alaranjado os observavam vagamente. Jin estava indiferente ao cadáver no gramado, como se visse esse tipo de coisa todo dia. Ele se virou para encarar a garota de chiquinhas sentada ao sofá, com os olhos arregalados e confusos.

— Eu... o que foi que acabei de falar? — disse Leeta, com um misto de medo e confusão na voz. — Eu lembro... alguém veio aqui mais cedo... Quem era mesmo? Puxa, esqueci o rosto dele! Ou será que foi uma mulher? O que foi que essa pessoa disse? EU NÃO ME LEMBRO!

Jin não se abalou por essa fala, apenas mirou meio indiferente o lenço branco que Leeta ainda tinha em mãos. "Aquele rapaz... foi esperto", pensou ele. "Usando uma fórmula simples, o cheiro como principal agente, pôde apagar as memórias perigosas de Leeta. É muito simples, na verdade. Misturando uma certa variedade de cheiros, ele pode entorpecer o cérebro e confundí-lo a ponto de esquecer as memórias mais recentes, nesse caso, sobre os problemas de Akita e sobre Hayato. Mas ela só é apagada depois de relembrada uma vez, pois aí se torna a memória mais recente, não importa ela qual for. Por isso deu tempo de ela me contar."

Decidindo-se por fazer algo mais da personalidade de "Jin, o cara que ajuda no orfanato", ele bagunçou o cabelo de Leeta meio desajeitadamente, meio que estragando uma das chiquinhas, dizendo:

— Acalme-se! Vá tomar um copo d'água e se acalme, depois nós dois vamos tentar lembrar o que aconteceu, está bem?

Leeta assentiu, saindo quarto afora. Quando a porta se fechou, a expressão amigável de Jin sumiu imediatamente, substituída por uma de pura ceticidade. "Quanto mais ela tentar lembrar, mais esquecerá até que chegue ao ponto de nem saber que esqueceu de algo", pensou Jin, satisfeito com o bom trabalho de Hayato com a fórmula.


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— Ei, Hayato — chamou Akita, alguns minutos depois de deixarem o orfanato.

— Sim?

— Que coisa prateada foi aquela que você jogou?

— Hum? Você quer dizer isso? — Hayato tirou do bolso interno da jaqueta uma faca de prata, bonita e simples.

— Você sempre anda com isso?

— Ah, sim! É sempre bom ter algo para se proteger, sabe? E além do mais, é uma arma que eu não uso muito. Na verdade, estava procurando por outra.

Akita estranhou a frase.

— Outra? — repetiu.

— Sim — disse Hayato, e pondo-se um passo a frente de Akita, segurou seu queixo com suavidade. Ele deu um sorrisinho doentio antes de prosseguir. — Você.


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Notas finais do capítulo

Eu não sei se ficou bom, de verdade. O próximo capítulo vou colocar amanhã ou depois, provavelmente.
Para os que não sabem o que é Gothic Lolita, aconselho a ir procurar no wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Gothic_Lolita) que você vai ter uma explicação melhor do que a que eu daria.
Kissuss!!! ♥.♥



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