Aki No Ame (DESCONTINUADA) escrita por SilenceMaker


Capítulo 48
Quatro dias


Notas iniciais do capítulo

A minha internet é realmente uma porcaria =.=
Ela não voltou até agora, então estou até mais tarde no colégio, usando o computador daqui, para colocar o capítulo '-'
Bom, como eu sempre faço, "desculpem pelos erros" mas me avisem se tiver algum, "me desculpem se estiver confuso", etc.etc. XD



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Era um quarto escuro como breu, apenas com uma luz fraca iluminando um pequeno círculo. Nessa pequena área havia uma cama comum de casal, a cabeceira de ferro intercalada e trançada. Amarrados com cordas ásperas em uma das barras de aço estavam pulsos pálidos de um adolescente. Sangravam por causa das cordas apertadas, o líquido vermelho escorrendo pelo braço até chegar aos cabelos escarlates, as cores idênticas se confundindo.

Além disso, os olhos verde cítricos estavam vendados com uma faixa de couro, tão forte que certamente deixaria algumas marcas no rosto mais tarde. Os dentes brancos cerrados tentavam abafar gritos, gemidos, ofegos. O corpo nu estava tão cheio de marcas quanto possível — mordidas tão profundas que algumas sangravam, arranhões ardidos, chupões avermelhados, até mesmo alguns cortes.

Entre suas pernas havia um homem na faixa dos vinte ou trinta anos, malhado e bronzeado, que não tinha dó dos machucados do mais novo e o penetrava violentamente, os dedos apertando a cintura já cortada e fazendo doer ainda mais.

— Sei que o seu horário está corrido — dizia o homem entre gemidos —, por isso te darei informações extras para compensar.

A única resposta que o ruivinho conseguiu formar foram mais gemidos e exclamações de dor e prazer — que, na verdade, significavam exatamente o mesmo para o adolescente.

— Eu nunca consegui encontrar alguém masoquista o suficiente — continuou o homem — para satisfazer os meus caprichos.

Ele afogou-se mais uma vez na barriga do menor, reforçando uma mordida anterior. Um grito foi ouvido.

— Não se preocupe, eu lembro das condições. — Lambeu o sangue que escorria. — Sem marcas no rosto e pescoço. — Passou os lábios na jugular do jovem, fazendo-o se arrepiar ainda mais. — Que pena… Queria tanto te morder aqui.

Simulou uma mordida, encostando na pele do pescoço com os dentes. Pela primeira vez na noite o ruivo se encolheu, quase como se quisesse escapar.

— Ah, entendi. — Mais uma estocada. — Conhecidos seus não podem ver as marcas? Então sugiro que use luvas também…

Tateou os cobertores até achar um canivete. Subiu-o pelo braço direito do rapaz até a palma da mão, cravando a lâmina e fazendo sangue brotar. O garoto de cabelos carmesins estremeceu e mordeu o lábio inferior já ferido, evitando soltar qualquer som. O enrubescimento do rosto se tornava cada vez mais forte.

— Tsc, tsc, nada bom. Não pode se segurar.

O homem segurou sem delicadeza nenhuma no maxilar do mais novo, fazendo-o entreabrir a boca mais uma vez. Os gemidos ficaram altos.

— Diga meu nome — o maior ordenou, aproximando sua respiração da pele macia do rosto do ruivo.

— T-To… Toryu… — ofegou o outro obedientemente, sua voz saindo mais falha à medida que era penetrado.

— Você é minha prostituta favorita, sabia? — Passou os dedos sobre um corte na coxa direita do outro antes de sussurrar: — Da-i-chi.

•                                  •                                  •

Aiko e Riki estavam sentados na comprida mesa de jantar de vidro com um tabuleiro de xadrez entre os dois, ambos com expressões pensativas. Nenhum demonstrou interesse na porta que se abriu e fechou lentamente atrás de Riki.

— Não deviam estar treinando? — perguntou Mikato crítico, parando ao lado da mesa.

— De alguma forma, estamos — respondeu Aiko, movendo sua torre três casas para a frente. Só então que desviou o olhar para o garoto de orbes verde-água. — O que é isso que está carregando?

Como se para lembrar-se do que levava, Mikato olhou para o que tinha na mão esquerda. Era algo pouco mais comprido que um metro e cinco enrolado em um pano negro.

— Alguma coisa sólida — respondeu vagamente.

Aiko encarou por mais uns momentos o estranho embrulho.

— É a sua vez — avisou Riki.

Parecendo “acordar”, o Tsugumi mais novo voltou a atenção para o tabuleiro de xadrez. Observou atentamente cada peça antes de recuar o cavalo.

— Takeshi e Ayumu saíram do bosque nos fundos do jardim — contou Riki, sem desgrudar os olhos do jogo. — Se quiser ir treinar lá…

Mikato assentiu e foi em direção à porta que dava para a sala de entrada. Antes de passar por ela, olhou de esguelha para Yuurei, que estava praticamente escondido entre um armário cheio de taças de cristal e um vaso de plantas artificial.

— Ele acabou de sair da sala de troféus, não é? — perguntou Aiko, assim que Mikato saiu.

Riki assentiu, movendo seu bispo.

Na casa de Jin há um cômodo grandes apenas para guardar as conquistas, troféus, medalhas e esse tipo de coisa, que sua família um dia ganhou (pais, avôs, bisavôs ou o que seja). Jin não dava a mínima para isso — embora exatamente dez prêmios naquele quarto fossem dele —, mas deu total liberdade às quatro empregadas para limparem a sala regularmente.

Aiko observou o tabuleiro por mais um minuto inteiro, até derrubar seu próprio rei em sinal de desistência.

Hayato e Oliver haviam pedido ao motorista de Jin, naquela manhã, para os levarem até a floresta que ficava entre Caeli e Terrae. Como saíram 6h30, levaram exatamente três horas e quarenta e cinco minutos para saírem de Aqua, passarem por Ignis e Terrae e chegarem a um meio termo da floresta que ficavava em torno da estrada. Pediram ao gentil motorista para que voltasse para Aqua, já que voltariam de ônibus para a mansão.

Após o prateado carro caro e grande ter se distanciado tanto que sumiu de vista, os dois entraram em meio às árvores altas à esquerda da estrada. Caminharam bastante, chegando praticamente ao extremo da floresta e se acomodando ali. Hayato deixou a mochila com lanches em cima de uma pedra e se dirigiu ao loiro, levando apenas uma outra mochila pequenininha na mão.

— Tome — disse o albino, estendendo a mochilinha para Oliver. — Ontem à noite, Aiko me deu isso e me pediu para te entregar quando viéssemos treinar.

Curioso, Oliver pegou o objeto e abriu, tirando surpreso…

— Pistolas — disse Hayato, como se lesse os pensamentos do menor. — Ele acha melhor você ter alguma coisa para o caso de precisar atirar de perto, já que as pessoas podem muito bem se aproximar de você sem que veja e então não vai ter tempo de usar o rifle.

Como sempre fazia com coisas novas, Oliver admirava as duas pistolas idênticas negras com facínio.

— Se olhar aí de novo — continuou Hayato, apontando a mochila — vai encontrar um revólver também. Sei lá o motivo, mas acho que Aiko sabe o que você pode fazer com isso. Ah, é, ele recomenda usar só em casos de emergência essas três porque elas funcionam como uma arma normal. Não sei o que exatamente isso significa, mas acho que você sabe. Enfim, Aiko modificou essas armas um pouquinho para que ficassem mais confortáveis para você.

— Beleza.

Oliver procurou de volta e logo ergueu — assim como dito — um revólver, preto como todas as outras armas.

— Aiko gosta mesmo dessa cor, hein? — comentou o loiro com uma risadinha baixa.

— Acho que sim. Por quê, não gosta?

— Na verdade sim, é a cor que mais gosto.

Hayato sorriu e afastou-se uns bons vinte metros do outro.

— Como já combinamos antes — disse —, vou jogar as facas acima da sua cabeça e você vai ter que desviá-las com as balas, ok?

— Ok!

Oliver ajeitou-se em uma pedra, apoiando-se ali para melhor precisão.

— Pode começar!

No canto do campo de visão, viu algo prateado se aproximando em alta velocidade. Embora fosse rápido mirando e atirando, a bala não chegou a tempo. Arregalou os olhos quando a faca fincou até a metade da lâmina exatamente cinco centímetros acima da cabeleira loira.

Nem teve tempo de olhar para cima e veio outra faca. Mirou mais uma vez, só que mais rápido do que antes, e puxou o gatilho. A bala realmente chegou a tempo de acertar o objeto cortante, mas o ângulo saiu errado — por isso, passou bem longe do alvo, acertando uma árvore. Oliver deixou escapar um “tch” aborrecido antes de atirar de novo.

•                                  •                                  •

Akita estava sentado nas escadas entre o segundo e terceiro andar, abraçando suas pernas e encarando os próprios tornozelos — que no dia anterior haviam ficado presos na árvore. Tinha um olhar vago no rosto, quase como se quisesse dormir. “É tão estranho eu estar sozinho”, pensou. “Não faz tanto tempo assim, mas me acostumei tanto com a companhia de Hayato que fico desconfortável quando ele está longe.” Mas além disso não conseguia formar nenhum pensamento coerente (apenas algo como asdfdsasdfbolodechocolatefdsasdf).

Hã? Bolo?

Sentiu um cheiro delicioso de chocolate amargo em meio a massa de bolo e chantili, que o fez salivar imediatamente.

— Finalmente te encontrei, Akita.

— Hã? — Virou a cabeça. — Kenichi! E bolo!

O enfermeiro sorriu diante à animação do garoto, sentando-se ao lado dele e estendendo o pratinho que tinha na mão.

— Hayato fez antes de sair — disse Kenichi. — Como você estava dormindo, ele não quis te acordar só para comer e me pediu para te entregar assim que eu te encontrasse. Na verdade eu só fui lembrar disso agora há pouco.

— Está quase na hora do almoço — comentou Akita, olhando para o relógio pendurado na parede oposta.

— Pois é. Mas você não se importa, não é?

— Claro que não! Obrigado por trazer.

— Sem problemas.

Akita deu uma garfada — colherada, melhor dizendo — generosa no bolo, colocando tudo na boca e deixando um rastro de chantili pelo queixo.

— Qu hoas Ayato e Oiver regam? — perguntou o pequeno de boca cheia.

— Antes do jantar, eles disseram.

Akita respondeu com um “hum” antes de engolir.

— Hayato vai fazer o jantar? — disse.

— Provavelmente não. Acho que ele vai voltar cansado.

— É, tem razão… O que será que posso fazer para ajudar?

Kenichi pensou um pouco.

— Eu estava pensando em uma coisa — falou devagar. — Se você não sabe o que treinar fisicamente, que tal tentar algo diferente?

— Como é que é?

— Assim, você tem uma coisa de gelo dentro de você, não é?

Akita assentiu.

— Então, não sei se sabe, mas essas coisas podem se manifestar fora do corpo também. Por exemplo, ontem mesmo Daichi me contou que quase começou um incêndio quando sem querer botou fogo em um criado-mudo.

O pequeno ficou com um misto repentino de feliz e assombrado no rosto.

— Isso quer dizer que… que eu… que eu posso fazer isso também?

— Possivelmente.

Akita se pôs de pé em um pulo com sua animação facilmente renovável.

— Vou lá falar com Daichi para ver como ele fez isso! — exclamou, já subindo os degraus.

— Ele está na cozinha — avisou Kenichi.

Imediatamente o menor deu meia volta e começou a pular para baixo de dois em dois degraus. O enfermeiro deu um sorriso e se levantou também, mas subindo e andando até o seu quarto.

Ainda longe da entrada da cozinha, Akita ouviu as vozes de Daichi e Jin pronunciarem algumas frases e depois se calarem. Chegou até ali e empurrou a porta devagarinho. Viu o ruivo com o olhar meio recuado meio desafiador, seu antebraço sendo seguro por Jin — que, por sua vez, estava zangado. Os dois ouviram a porta se abrir e voltaram suas atenções para lá.

O ruivo se soltou bruscamente, puxando o braço da mão do outro.

— Eu… queria falar com o Daichi — murmurou Akita, escondendo metade do corpo atrás do batente. Olhou para Jin como se pedisse sua permissão.

— Tudo bem — disse Jin. — Eu tenho coisas para fazer agora.

O pequeno escancarou a porta para o mais velho passar, e assim ele fez.

— O que precisa falar? — perguntou Daichi suavizando sua expressão.

— É que eu tenho que saber como você botou fogo no seu quarto.

— Quê? Ah, tá. Na verdade eu não sei controlar aquilo direito.

— Aquilo?

— É. Sei que é repetitivo demais ficar ouvindo isso o tempo todo, mas o “bicho” dentro de mim está meio que crescendo, sabe? Está meio descontrolado por enquanto, por isso usei um sedativo do Kenichi para nada grave acontecer. Aliás, foi ele que te contou sobre o incidente de ontem?

Akita assentiu.

— Acho que é só você ter um motivo para, hum, extravasar o poder — falou o ruivo pensativo. — Por exemplo, naquela hora eu estava frustrado e com raiva.

— E por que estava assim?

— Mikato tinha escondido meu celular em algum lugar e eu não estava achando, mas essa é outra história. Enfim, é isso que eu acho que está acontecendo. Consegui ajudar em alguma coisa?

— Sim, sim, obrigado. Ei, vou para o meu quarto pensar um pouco, tá? Sabe, tentar alguma coisa.

O ruivo sorriu e correu pela porta aberta, sumindo pela dobra do corredor. Assim que teve certeza de que o pequeno já tinha subido até o terceiro andar, Daichi deixou seu sorriso desaparecer e sentou-se no banco atrás de si. Vinha à sua cabeça o que acontecera logo antes de Akita chegar.

Daichi havia acabado de descer até a cozinha e de pegar uma jarra de suco da geladeira, quando Jin entrou ali também, sua roupa abarrotada.

— Acabou de levantar? — falou o ruivo.

— Pois é — Jin bocejou, passando a mão preguiçosamente pelos cabelos castanhos.

Daichi riu e estendeu o braço para alcançar seu copo — a manga comprida da sua blusa cinza escorregou um pouco com o gesto. Jin parou de desenrolar um papel toalha quando viu algo na pele do ruivo. Em um segundo, chegou até ele e segurou seu antebraço.

— O que foi? — Daichi arqueou a sobrancelha.

Sem dizer nada, Jin puxou um pouco mais a manga dele. Seus olhos da mesma cor do cabelo se arregalaram quando viram uma marca de ferida funda cicatrizando no pulso.

— Você foi amarrado — disse objetivamente. — Aquele velho de novo?

— Ele não é velho. — Tentou se soltar. — Ele tem trinta e três anos.

— É um pedófilo.

— E daí? Você também é praticamente um, não tente dar uma de moralista.

Os dois ficaram se encarando furiosamente por bons quarenta segundos até a porta se abrir e Akita entrar.

— Aah, por que diabos eu tenho que ser aliado do meu primeiro cliente? — murmurou Daichi, amaldiçoando sua má sorte.

Ele afundou o rosto nas mãos. Alguns momentos depois, ergueu o olhar para o copo ao seu lado.

— É limonada suíça, não dá para desperdiçar.

Alcançou-o e deu grandes goles.

○                                 ○                                 ○

Ayumu estava sentado quietinho em um banco discreto em uma praça, olhando nervosamente em volta pela franja que lhe caía comprida nos olhos. Sua expressão de insegurança se tornou uma de alegria ao ver Takeshi saindo de uma loja um pouco ao longe.

— Takeshi-sama! — disse ele, correndo até o visconde. — Então, deu certo?

— Sim. E mais, o vendedor queria me convencer a comprar espadas novas, aquele…

Enquanto Takeshi xingava, Ayumu dava risadinhas.

— Mas eu não acredito que as lâminas conseguiram ficar cegas em tão pouco tempo — murmurou o visconde, mudando um pouco de assunto e começando a andar. — Não faz nem quatro semanas que afiei, é mesmo estranho.

— Deve ter sido aquele vento forte de quando encontramos a peã das peças brancas — falou Ayumu pensativamente, indo atrás do patrão. — Ah, sim, esqueci de contar. Eu estava observando minhas flechas direito, ontem de noite, porque elas estavam rasgando a casca da maçã, e não furando. Aí deu que a parte que devia estar pontuda estava completamente lisa. Deve ter sido a mesma coisa.

Takeshi parou de andar.

— O que houve, Takeshi-sama?

— Nada demais. É só que… estou realmente empolgado.

Ayumu não tomou aquelas por palavras boas, sentindo um calafrio na espinha quando viu o olhar perigosamente — perversamente — alegre que Takeshi tinha.

— Ahn… não é melhor voltarmos? — falou Ayumu, tentando distrair o outro.

Sem responder, Takeshi começou a andar na direção que ia até a casa de Jin, o que deixou Ayumu aliviado antes de seguí-lo.


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Notas finais do capítulo

Bom, esse ficou um tiquinho mais curto que os outros, mas acho que não tem problema XD
Alguns personagens não foram citados nesse capítulo, mas vão aparecer no próximo, mas não esqueci de nenhum, viu? heheh
Obrigada pela atenção!! ^^



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