Aki No Ame (DESCONTINUADA) escrita por SilenceMaker


Capítulo 45
Take a little break


Notas iniciais do capítulo

Sem criatividade para o título, vai em inglês mesmo XD
Demorei para postar porque tinha que terminar meu trabalho de história e hoje precisei ficar até mais tarde para ensaiar uma peça de teatro para a aula de artes (longa história... enfim, deixe para lá, ninguém quer saber da minha vida mesmo heheh)
Como sempre, desculpem por erros que eu possa ter deixado passar pela revisão, sim? E obrigada pela atenção que vocês dão a esse capítulo estranho!! ^-^



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Akita e Hayato estavam sentados lado a lado nas cadeiras à beira da piscina da mansão. Tinham um ar silencioso em volta deles, até que…

— Hayato.

— Sim?

Quando o albino se virou, Akita tocou seu rosto com a ponta dos dedos, quase sussurrando:

— Você está ferido.

— Não, não. Meus machucados sararam há dois dias.

Akita balançou negativamente a cabeça.

— Sabe que não estou falando disso.

Hayato baixou o olhar.

— Faz uma semana desde que fomos atacados — continuou o pequeno. Seu olhar era tenro. — Você ainda não tomou nenhuma atitude quanto ao que aconteceu. Além disso, você não anda agindo normalmente nesses últimos dias.

O albino observou-o por uns momentos. Ao contrário do que geralmente fazia, não desviou o olhar.

— Francamente? — disse ele por fim. Akita assentiu. — Estou com um pouco de medo, eu nunca encontrei antes pessoas assim. Estou receoso de que não possa cumprir minha promessa e isso me deixa meio amedrontado. Isso nunca aconteceu comigo.

O pequeno se manteu em silêncio. Em seguida, corando um pouco, passou os finos braços em volta do maior, surpreendendo-o.

— Amedrontado… — repetiu Akita. — Não vejo motivos para isso. — Corou mais ainda antes de prosseguir. — Hayato é incrível, não precisa ficar assim. Quem devia estar com medo sou eu, mas ainda assim não estou.

— Por quê?

— Porque você está aqui.

Hayato parou para ter certeza do que tinha ouvido. Quando a simples frase foi confirmada em sua cabeça, suas bochechas ficaram meio vermelhas. Akita podia ter parado por aí, mas adicionou:

— Se você ficar com medo, eu vou me assustar também, então… não me decepcione.

O albinou abraçou-o de volta, o que significava uma concordância.

— Ah, e de que promessa você estava falando? — indagou Akita.

— Aquela de que vamos terminar o jogo sem nenhum sacrifício — respondeu Hayato meio embaraçado.

— Não foi uma promessa.

— Para mim foi. E preciso te contar outra coisa, que talvez você saiba o que seja…

•                                  •                                  •

— Mas que droga!

— O que houve agora?

— Minhas flechas estão tortas, o ângulo de disparo está saindo errado. E o pior é que não faço a mínima ideia de como elas ficaram assim!

Takeshi, com um quê de desinteresse no andar, se aproximou de Ayumu, que examinava suas preciosas flechas com um olhar crítico. Olhou para elas também.

— Isso não é exatamente uma coisa ruim — comentou o visconde, mordendo a bolacha que tinha na mão. Em resposta ao olhar confuso do outro, prosseguiu: — Se você se acostumar a tiros irregulares, poderá usar como uma vantagem. Ninguém além de você saberá a direção que a flecha irá.

— Mas… como elas ficaram desse jeito? — Ayumu repetiu sua dúvida.

Takeshi deu de ombros, mas disse:

— Não sentiu ontem? Aquele vento forte enquanto lutávamos contra Akemi?

Ayumu assentiu, observando mais uma vez uma das flechas.

— O vento estava atrapalhando meus disparos — respondeu. — Errei tudo.

— Essas flechas não foram recolhidas uns dias atrás? — Takeshi falava como se quisesse que o outro entendesse o raciocínio por conta própria.

— É… — O servo parou de passar o dedo pela haste de repente, levantando um olhar espantado para o patrão. — Acha que o vento as entortou?

— Possivelmente. — Takeshi sentou-se na poltrona onde estivera antes. — E isso leva a outra pergunta: de onde veio o vento?

Ayumu fixou o olhar na ponta afiadíssima da flecha, refletindo por alguns momentos. Resolveu dizer algo que lhe perturbava já fazia algum bom tempo:

— Takeshi-sama, percebeu que os olhos daquela garota estavam estranhos?

— Claro, viviam mudando de cor. Por que a pergunta?

— Não pareciam dela…

— Explique direito.

— Pareciam meio deslocados, quase como se fossem de outra pessoa.

Takeshi pensou um pouco, mas não disse nada em resposta. Ayumu sabia que era porque o mesmo era muito orgulhoso para admitir que não tinha percebido, então deixou o assunto de lado. Mas se surpreendeu quando os olhos castanhos do jovem visconde se arregalaram do nada.

— Será que ela estava sendo possuída por alguém? — sugeriu Takeshi em uma voz sombria.

Ayumu também arregalou os olhos, estremecendo com a possibilidade.

— A-acha que uma das peças nobres tem essa habilidade?

— Talvez.

Enquanto Ayumu olhava inseguro para os próprios joelhos, Takeshi desviou o olhar para fora da janela. Observou algo vermelho como sangue pendurado no galho de uma árvore.

— Acerte aquilo — disse, apontando.

— O quê? A maçã?

— É.

— Com as flechas tortas desse jeito?

— Apenas acerte logo!

Tomando aquilo por um sim, Ayumu abriu a janela e levantou seu comprido e gracioso arco de marfim, encaixando uma das defeituosas flechas ali e mirando na gorda e grande maçã vermelha — que mais parecia uma cereja gigante do que qualquer coisa. Quando soltou-a, não houve o reto e firme movimento esperado. Na verdade, fora desviada praticamente 90° para baixo. Ayumu grunhiu em insatisfação.

— De novo — ordenou Takeshi sem nem mesmo olhar para o servo, concentrando-se nas bolachas da cesta à sua frente.

— Quê? Por quê?

— Você vai atirar até acertar.

— Mas…

O olhar gélido que lhe foi lançado pelo patrão — de jeito que só ele sabia fazer — foi o suficiente para extinguir completamente todas as suas objeções. Levantou novamente o arco e mirou a flecha, dessa vez um pouco mais para cima. Soltou. Mas dessa vez, a flecha desviou-se para a direita e para baixo, batendo no muro e caindo inofensiva no chão.

Considerando agora uma questão de honra, Ayumu preparou seu arco mais uma vez — só que antes de disparar, seu olhar, por algum motivo, se fixou nas penas da flecha. Abaixou mais uma vez a arma, segurando dessa vez só a flecha entre os dedos. Observando as penas atentamente, dava-se para perceber que estavam retorcidas. “Então é isso que está prejudicando o equilíbrio”, pensou Ayumu.

Ele tentou atirar mais uma vez, dessa vez se concentrando mais na flecha em si do que na trajetória da mesma. Seus olhos demonstraram a surpresa que sentiu quando a viu espiralar mais do que geralmente fazia em um disparo comum, tomando uma direção completamente diferente da mirada anteriormente.

Uma repentina animação tomou conta de Ayumu assim que percebeu isso.

Takeshi, espiando pelo canto dos olhos, sorriu de leve quando viu que o servo estava fazendo progresso. Resolvendo-o deixar ali com seu próprio objetivo, levantou-se preguiçosamente e foi até a porta. Antes de sair, pegou um maço de papéis de cima de uma mesa.

•                                  •                                  •

Jin caminhava pelo corredor onde ficava a porta de seu quarto. Antes de chegar à escada, parou de andar e fixou o olhar em um perfeito quadro de girassóis — pendurado logo ao seu lado.

— Takeshi-san? — disse. — O que está fazendo aí escondido?

Ele olhou para o grande lustre moderno no teto alto. De lá, uma figura jovem pulou e pousou ao lado do outro.

— Por que não falou a verdade para ninguém? — perguntou o visconde, em um tom tão áspero que parecia cortar qualquer resposta; mas Jin não se deixou abalar.

— Que verdade?

— Não se faça de idiota.

Takeshi levantou o maço que recolhera antes, preso por um clipe de papel.

— Sua ficha da cadeia — disse, para deixar bem claro o que era. — Eu não acreditei quando olhei o seu número de crimes. Como já deve saber, a explicação de cada um tem duas linhas, sem exceções, e os seus ocuparam duas páginas inteiras, frente e verso. E eles incluíam…

— Mutilação, tortura, chantagem, hack, venda humana, testes científicos ilegais, assassinatos de parentes e outras variações disso tudo — interrompeu Jin, sorrindo de lado. — Eu decorei minha ficha quando fui solto de lá.

— “Solto”, nada. Você subornou a prisão para sair.

— Como se eu tivesse sido o primeiro.

— Queria que fosse o último.

Jin riu.

— Por acaso vai me denunciar?

— Sabe que não posso — a resposta de Takeshi foi completamente desgostosa. — Somos equivalentemente influentes, seria inafetivo.

— Pois é, né… O que fazer, afinal?

O tom falsamente brincalhão de Jin deu nos nervos do mais novo. Em um piscar de olhos, Takeshi soltou a ficha do outro, puxando a espada de esgrima da bainha vermelha que levava à cintura. Antes dos papéis tocarem o chão, o visconde já tinha a lâmina quase encostada no pescoço de Jin, mas parara antes de atingir a pele. O motivo não ficou claro até que Takeshi olhou de esguelha — seus orbes transmitindo claramente a óbvia mensagem de que queria de fato matar Jin — a manga comprida do mais velho.

No momento do ataque, Jin escorregara para a mão a adaga de bronze que levava escondida na manga, apontando-a para o coração do visconde.

Estavam travados naquela posição, nenhum podendo avançar ao outro sem matar a si mesmo. Rejeitando essa opção, Takeshi recuou, guardando sua Espada de volta, mas mantendo a mão firme no punho enquanto virava de costas para as escadas. Antes de pisar no primeiro degrau, disse friamente:

— O crime de assassinato de parentes nunca foi cometido por você, já descobri.

— Como sabe? — A pergunta de Jin soou deveras desconfiada.

— Só de olhar nos olhos de alguém, eu já sei exatamente os segredos do passado que essa pessoa esconde. Sei o que houve quando era pequeno e tudo mais, só que tem uma parte que não está clara… Afinal, não há segredos se essa pessoa nem sabe o que deveria guardar como segredo, ou seja: perda de memória. E suspeito que você saiba dessa sua falha na memória e também que foi você que a causou a si mesmo.

— Deduza o motivo então de eu supostamente ter feito isso.

— Conveniência.

Jin arqueou a sobrancelha.

— O único problema é que um detalhe importante está contido nessas memórias apagadas — continuou Takeshi. — Tenho apenas uma dúvida: por que diabos você livrou a cara de Hayato? Afinal, foi ele que esfaqueou os próprios pais até a morte, não você.

— Não importa — respondeu Jin rapidamente.

— Viu? Sua vontade brusca de mudar de assunto significa que se você mencionar nem que seja uma fagulha do que aconteceu, sua memória perdida vai ser revertida e vai lembrar de tudo, então eu vou poder descobrir cada detalhe. — Deu um sorrisinho sádico deliciado. — Mal espero por isso.

O olhar aborrecido e furioso que Jin lançou-lhe só atiçou o outro ainda mais.

— Ainda não gosto nem um pouco de você e sei muito bem que o sentimento é recíproco, felizmente — Takeshi guiava a conversa para um rumo final à seu gosto. — Mas inoportunamente o que você esconde me é importante, então eu sou praticamente forçado a investir algum esforço nisso.

Os olhos de Jin se tornaram quase assassinos a medida que o outro descia as escadas. O temperamento ruim do jovem rico aparecendo a cada passo que Takeshi usava para se afastar. Ele respirou fundo para conter-se, antes que tivesse o impulso de cortar a garganta do primeiro que aparecesse. Encarou duramente um quadro pintado cuidadosamente, praticamente do outro lado do corredor. Era cheio de pormenores — com uma casa campestre e pinheiros altos rodeando-a, com a imagem de um lago ao fundo. As nuvens no céu azulado eram cheias e pareciam fofas, com um sinal de chuva se aproximando.

O braço esquerdo de Jin deu a impressão de se mover, mas nem deu para ver direito. Jin tentou se acalmar mais uma vez, respirando fundo e tendo um pouco mais de sucesso dessa vez. Decidiu voltar para o seu quarto, pegando do chão sua ficha caída. Virou-se, deixando para trás o tão detalhado quadro, com uma adaga de bronze cravada bem onde havia uma pessoa sentada em uma cadeira de balanço na varanda.

•                                  •                                  •

Kenichi arfava, cansado. Esgotara suas últimas energias para praticamente “reviver” uma pessoa à beira da morte. Estava no treinamento com Riki já fazia três dias sem interrupto. O Tsugumi sabia fazer ilusões muito realistas de pessoas feridas, chegavam a parecer sólidas para o enfermeiro.

— Muito bem — disse Riki, que estivera de pé ao canto até então. — Habilidades puramente de proteção são naturalmente mais difíceis de controlar do que as versáteis, como as de Akita e Daichi. Por isso eu esperava que você levasse no mínimo uma semana para aprender o básico.

— Estamos sem tempo — respondeu Kenichi, passando os dedos pela testa suada. — Você acha que vou conseguir salvar alguém de verdade, mesmo sob pressão?

— Eu não acho nada. O que precisa lembrar é que tudo depende da sua vontade, se você quer mesmo ou não salvar o tal fulano.

— O “tal fulano” que você mencionou me soou suspeito. Quis dizer alguém em especial?

Riki fixou o olhar nele, mas não respondeu à essa pergunta.

— Vá tomar um banho, comer algo e depois dormir — disse, após segundos de silêncio, como se a questão anterior não tivesse existido.

— Mas…

— Não adianta mentir para mim e se fazer de durão, eu sei que você chegou ao seu limite muito tempo atrás.

— E quanto ao prazo?

— Ainda há uma semana. Nos próximos dois dias, você vai descansar e sem “mas”. Além disso, eu… também estou cansado. Minhas ilusões estão ficando fracas por causa disso.

Foram essas palavras que convenceram Kenichi a sair daquele campo aberto que usaram durante dias a fio. O enfermeiro cambaleou fracamente até a porta dos fundos, que era a mais próxima de onde estavam. Quando encontrou-se com Oliver na virada de um corredor, recusou educadamente a ajuda do mesmo.

Assim que saiu de um revigorante banho, Kenichi sentiu um cheiro delicioso de pão quente com manteiga e seu estômago grunhiu de fome. Suas pernas automaticamente lhe levaram até a cozinha, onde Hayato fazia pilhas de torradas e pratos de bacon.

— Finalmente acabou — disse o albino, alegre. — Sente-se, já está pronto. Gosta de café?

Kenichi assentiu e sentou-se no banco alto à frente do balcão que era usado como mesa.

— Deve estar cansado — falou Hayato, tirando as torradas da torradeira e indo com o prato até o mais velho. — A empregada limpou o seu quarto ainda ontem, então pode dormir tranquilo.

O enfermeiro viu a tempo os dedos do albino vacilarem de repente e o prato escorregar. Conseguiu ampará-lo antes que caísse no chão.

— Por que você não vai descansar? — perguntou Kenichi em tom crítico. — Suas mãos estão tremendo. Anda fazendo esforço demais? Lembre-se que até mesmo o seu corpo tem limites.

Pousou o prato de torradas ao lado do de bacon, em cima do balcão.

— Nem tenho muita escolha, na verdade — respondeu Hayato, sentando-se ao lado do outro. — O serzinho em mim está ganhando força muito rápido e está sugando minha energia com a mesma velocidade. Estou tendo alguns problemas só para me manter acordado

— Vá dormir — aconselhou Kenichi, começando a se preocupar.

— Mas o prazo está quase no fim e eu…!

— Não me conteste, sei o que estou falando. — Kenichi notou que falara a mesma coisa de “prazo” para Riki, mas só agora entendia o motivo do prazo não interessar muito ao Tsugumi. — Além do mais, é óbvio que você não vai conseguir fazer nada mesmo se estiver com sono desse jeito. Vai lá, eu posso me virar.

Hayato deu um sorriso em agradecimento e, depois de comer uma ou duas torradas, desceu do banco e foi em direção à porta. Antes de sair, apontou o próprio cabelo e disse:

— Está vendo? — Por uns dois segundos, contáveis mechas dos fios alvos ficaram de um verde-bebê, para então voltar à cor normal. — Esse é o ser se manifestando no externo do meu corpo. Preciso de apenas mais algumas horas para ele ajustar a nova força aos meus limites.

— Como pode afirmar algo assim do nada?

— Akita e a intuição dele me contaram. — Deu uma risada calorosa.

— Intuição?

— Acredite ou não, aquilo funciona.

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Aiko e Yuurei estavam em uma tranquila sacada escondida entre ramos de árvores, longe de tudo e de todos.

— Não acha isso tudo muito estranho? — Aiko quebrou o silêncio, fitando um dos galhos perto de sua face. — Quero dizer, será que a tal de Akemi é uma fantasma igual a você?

Yuurei, como sempre, não disse nada — e, como sempre, Aiko não ficou incomodado pela falta de resposta.

— Mas se ela não for uma fantasma, como ela pode ter voltado à vida? — o Tsugumi expôs sua dúvida, colocando o cérebro para funcionar.

— Um fantasma só pode existir se houver uma pessoa a quem era extremamente afeiçoado enquanto vivo — Yuurei finalmente falou. Aiko francamente achava um certo desperdício tal preciosa voz ficar guardada por tanto tempo, então gostava quando ele continuava conversas. — E quando esse alvo de afeição morre, o fantasma deixa de existir também, é algo lógico.

— Acha que Suuji é essa pessoa?

Yuurei balançou negativamente a cabeça.

— Se fosse, ela teria voltado próxima a ele, né? — Aiko notou o que o espectro queria dizer. Algo estalou na cabeça do Tsugumi quando uma ideia lhe ocorreu. — Epa, Suuji não mencionou que ela se suicidou? Pessoas que se matam não conseguem voltar! Afinal, se há alguém que elas prezam muito, é impossível que se matem. Que estranho… algo não parece certo nisso tudo…

Yuurei retomou seu amado silêncio, calando-se de vez até que surgiu outra pergunta que precisava ser respondida verbalmente.

◘                                 ◘                                 ◘

Oliver estava deitado na grama, com os olhos fechados para tentar pegar no sono. Daichi também estava ali, fazendo-lhe companhia, alguns passos longe. E sentado no galho mais alto da árvore em que os dois estavam sob a sombra, Mikato descansava serenamente, mas não dava para saber direito se ele queria ou não ficar perto de outras pessoas — talvez fosse por isso que optasse por um meio termo.

— É estranho — comentou Oliver do meio do nada.

— O quê? — perguntou Daichi curioso.

Mikato se interessara pela repentina conversa, observando quando o loiro apontou para o céu e disse:

— As nuvens estão se movendo para a direção contrária ao vento.

Os outros dois também olharam as nuvens, que iam calmamente para a esquerda.

— Tem vento hoje? — disse o ruivo, confuso. — Não sinto nada.

— Está bem fraco, mas com certeza tem e está soprando para a direita — respondeu Oliver. — Por que será que isso está acontecendo?

— As coisas por aqui são todas malucas, é difícil ter uma explicação perfeitamente cabível. Na verdade, até a minha própria existência pode ser considerada um absurdo!

O loiro, por algum motivo, teve uma pergunta — há muito armazenada na sua cabeça — puxada por essa última frase do mais velho.

— Ei, é verdade que Akita tem distúrbios de personalidade?

Daichi precisou pensar um pouco antes de responder.

— Acho que todos temos — disse por fim. — Também estou incluído nisso, claro. E pode apostar vidas que tanto você quanto o enfermeiro também têm.

— Eu? E Kenichi? Sério?

— Claro! Todos aqui nesse time precisamos ter pelo menos uma característica em comum, não é?

— E qual seria?

— Ter mais que uma personalidade.

As palavras pesaram nos ouvidos de Oliver por uns momentos, até que ele disse:

— Então não deveríamos ser internados numa clínica psiquiátrica?

O ruivo ficou surpreso.

— Por quê?

— Não somos loucos?

— Acho que você é um dos primeiros a perceber isso assim tão rápido. Evidente que somos loucos! Por qual outro motivo estaríamos aqui? Mas, claro, cada qual com sua loucura. A única regra que existe, e que todo mundo provavelmente já sabe, é não se meter com a demência dos outros. Cada um lida com a sua, entendeu?


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Notas finais do capítulo

Sei que não ficou um capítulo com muita ação, mas ainda assim é muito importante, embora talvez eu não tenha conseguido expressar minhas mensagens aí assim tão claramente... Dúvidas ou qualquer outra coisa? Por favor, coloque no review que eu com certeza respondo! o/



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