Depois de fechar o mercado, nós voltamos para casa a pé, por que o meu querido pai foi embora antes e ficamos sem carona. Caminhamos em silencio até em casa. Chegando lá, alguém na casa dos Haners me chamou, e quando eu virei, era a Kenna. Matt a cumprimentou e entrou em casa.
- Oi Zee! Como foi o primeiro dia de trabalho? – Ela me abraçou.
- Normal, seu irmão encheu um pouco, mas nada que me fizesse ir embora.
- Que bom, não queremos isso né? – Ela sorriu e ainda me abraçava.
- Não, não queremos! – Sorri. – Fazendo o que sozinha aqui fora a essa hora?
- São nove da noite Zacky. – Revirou os olhos. – Estava te esperando, pra perguntar como foi o dia.
- Foi normal. – Dei os ombros.
- McKenna, vai pra dentro agora! – Brian veio caminhando na nossa direção. – Isso são modos garota? Ficar na rua abraçada com esse ai?! – Esse ai não Brian, olha o respeito!
- Mas Bri... – Ela tentou falar, mas logo o outro a cortou.
- Pra dentro McKenna! – Ele apontou para casa. Ela me olhou e saiu. Coitada.
Do lado de dentro na casa, a senhora Haner nos olhava. Ela era a madrasta do Brian e mãe de McKenna. Aos doze anos Brian decidiu que moraria com o pai, mas passava o final de semana com a mãe. Eu odiava os finais de semana por que ele não estava por perto.
- Você é um idiota né Haner? Isso é jeito de tratar a menina?
- Fica longe da minha irmã, ela ainda é uma criança!
- A Gena era uma criança quando você comeu ela Brian. E ela era mais nova que a Kenna. – Ele me olhou com os olhos arregalados.
- Você não é louco de encostar um dedo nela, eu já disse! – Ele estava exaltado. Era engraçado.
- Que isso Bri? – Me aproximei. – Você sabe que eu sou mais o irmão dela! – E agora eu tive que segurar o riso. Brian ficou vermelho e deu alguns passos para trás.
- Nem pense nisso... – Eu caminhava na direção dele e ele ia para trás.
- BRIAN, VEM PRA DENTRO! – A vaca da madrasta dele gritou na janela. Ah como eu odeio essa mulher. Ela é aquele tipo de madrasta que faz jus ao má.
Brian suspirou aliviado e saiu. E então eu pude rir da cara dele. Ele achou o quê? Que eu ia estuprar ele? Ridículo Brian, você é ridículo. Feio você não é, mas é ridículo.
Okay chega disso.
Entrei em casa e Matt estava sentado lanchando com meus pais. Eles ainda vão me trocar pelo grandão. Sentei ao lado ele e comecei a comer. Eu estou com fome okay? É difícil trabalhar em um mercado e não poder comer nada.
- O Johnny ligou. – Matt disse.
- O que ele queria?
- Nos convidar para sair. Eu disse que nós não temos dinheiro, mas ele disse que nos paga algumas cervejas. Se você quiser, ele disse que é pra você ligar.
- E você quer? – O olhei. Meu pai segurou o riso. – O que foi?
- Vocês parecem um casal. É engraçado. – Meu pai é um idiota.
- Okay... Você quer sair ou não? – Olhei para ele, que comia um sanduiche enorme.
- Tanto faz Zacky!
- Poxa Matt, o que foi? Voltou a ficar deprimido?
- Eu não gosto de depender os outros. – Silencio. Meus pais começaram a rir e eu os acompanhei. – O que foi?
- Poupe-me Matt! Come e vai tomar um banho que nós vamos sair!

Encontramos Johnny na frente do mercado e fomos até um bar. Era um lugar grande, com um balcão que ia de ponta a ponta, quatro mesas de sinuca e uma Jukebox tocando Sweet Child O’mine dos Guns ‘n Roses, que dava um toque agradável a um lugar onde valentões vão brigar e garotas vão cair bêbadas. Enfim, um lugar bem legal.
Sentamos no bar e Johnny pediu três cervejas. Ficamos jogando conversa fora por um bom tempo e o lugar começou a encher. Praguejei quando vi um certo cara de cabelos arrepiados entrar no bar com uma garota e... Valery?
Matt os olhava chocado. Não era possível! Como ela pode estar aqui? Será que ela terminou com o Matt por que estava com o Haner?
Eles caminharam até o bar e Matt me olhou, virei para a garota e a chamei.
- Mas será que até aqui me confundem com a Val? – Ela jogou os cabelos loiros para trás.
- Como? – Matt perguntou.
- Eu sou a Michelle, a irmã gêmea da Val. – Nos olhos e sorriu. – Newport Beach é pequena demais para duas DiBenedetto.
- A Val nunca me disse que tinha uma irmã gêmea. – Matt abaixou a cabeça. Haner nos olhava confuso.
- Matt, por favor. Esquece essa vaca! – Falei apertando o ombro do gigante.
- Você é o Matt, ex-namorado da Val? – Ela gargalhou. – Ela me disse varias coisas sobre você, disse que você é um perdedor, mas é bom de cama. – Sorriu maliciosa tomando uma cerveja. – Ela gostava de você.
- Ah inferno! Uma já era ruim e agora é em dobro. – Virei para o barman. – Me dá outra cerveja.
- Zacky. – Johnny me cutucou. – Aquela é a Gena.
E lá estava a loira. Ela estava parada com um taco de sinuca na mão e sorria para a amiga que estava jogando com ela. O sorriso dela continua o mesmo e... Bom, eu não sei o que dizer. Ela está linda e sorridente. Suspirei e virei para o anão.
- Ela está bonita.
- Está. Tudo bem?
- Claro anão, por que não estaria?
Olhei para Matt e ele olhava bobo para a outra DiBenedetto, que se agarrava com Brian no balcão do bar, bem ao lado dele. Matt pegou a minha garrafa ainda cheia de cerveja e virou para frente.
- Eu vou mostrar a essa outra DiBenedetto quem é bom de cama. Espero que ela conte pra irmãzinha dela o quão arrombada o perdedor aqui a deixou.
- Credo! Vai pegar uma doença. Ela tá beijando o Haner. – Falei
- E daí?
- E daí que o Brian deve ser todo infectado, ele já pegava as meninas enquanto eu ainda brincava de carrinho. – Matt e Johnny riram.
Convencemos Matt a deixar essa família de lado e Johnny disse que o melhor era ele virar gay. Matt não aprovou a ideia. Eu já estava na minha quarta cerveja quando o vi.
E agora eu sei. É o Benji.
Me aproximei e encostei em seu braço, de leve. Ele me olhou e sorriu.
- Zacky! Que coincidência! Se eu soubesse que você viria aqui, eu tinha avisado o Benji. – Okay, esse é o Joel. Ah Zacky, seu gordo, você nunca vai aprender!
- Pois é eu nem sabia que ia vir aqui. – Sorri. Melhor disfarçar né.
- Eu vou ligar para ele, pode ser? Acho que ele ficou em casa, parece que ia pedir uma pizza. – Riu.
- Claro, pode ligar sim. Eu vou indo lá okay? Não posso deixar o Matt sozinho.
- Ele é seu namorado? – Mas que porra...
- Não. Mas ele tá deprimido e eu vou lá dar uma força.
Sai e caminhei em direção ao bar e ninguém que estava lá, estava lá. Confuso eu sei, mas eles sumiram. Olhei em volta e pude ver Matt e Michelle se agarrando em um canto do bar e Johnny jogando sinuca com um cara estranho. Quando olhei para frente, Brian marchava em direção ao bar. Sentei ao seu lado.
- Perdeu a garota Brian? – Ri da cara dele. Ele pedia uma dose de Jack.
- Vai à merda Zachary!
- Agora você sabe como eu me sinto. Na verdade não, você não sabe. – Ele me olhou raivoso. – Tomara que ele a deixe arrombada. – Ele arregalou os olhos.
- Você deve saber muito bem como é isso né? – Sorriu cínico. Levantou e me deixou ali. Ótimo.
- Merda. – Falei sozinho. – Nem dinheiro eu tenho.
- Duas cervejas. – Alguém falou do meu lado. – Eu já estava vindo quando o Joel me ligou. Olhei e agora sim era o Benji.
- Oi Benji. – Sorri idiota.
- Oi Zacky. Quanto tempo né? – Me abraçou. – Olha, eu queria pedir desculpas por aquele dia. Me senti mal quando soube que você tinha ido embora.
- Sem problemas Benji, nem esquenta. Você já pediu desculpas umas quinhentas vezes! – Ele riu.
- Como tá a vida? – Me entregou uma cerveja.
- Melhorando. E a sua?
- Normal, como sempre.
Ficamos conversando um bom tempo, nem vi os minutos passarem. O Benji era legal. Os dois Maddens eram, o pessoal daqui é louco. Eu já estava na minha sétima cerveja quando percebi que o ogro e o anão não estavam mais no bar. Eca Matt, que coisa. Eu prefiro você com o Johnny a aquela garota.
- Poxa, fiquei sozinho. – Falei. – Os garotos foram embora.
- Eu não conto? Eu estou aqui seu ladrão de caixa! – Ele disse rindo.
- Claro que conta! Mas eu acho que já vou indo. – Levantei.
- Quer que eu te leve até a sua casa. Eu estou de carro.
- Você tem um carro? Uau, eu de nós virou adulto! Eu aceito, não gosto de caminhar.
- Percebe-se Zee. – Ele apertou minha barriga.
- Você me chamando de gordo também? Assim não dá!
- Eu acho sexy!  - Sorriu de canto.

Conversamos o caminho todo e ele me deixou na frente de casa. Me sinto uma menina. Olhei para a casa do lado e Brian estava sentado na sarjeta, bebendo uma garrafa de um whisky qualquer. Nos olhou e fez uma cara de nojo.
- Esse Haner é a pessoa mais chata que existe. – Benji disse o olhando. – Mas ele é gostoso.
- É... Ele é chato. Tá assim por que perdeu a garota pro meu amigo.
- Aquele seu amigo é... Bem saudável. – Gargalhei.
- Nem pense. Ele não gosta dessas coisas. – Ele fez um biquinho.
Olhei para fora de novo e Brian falava ao celular. Sempre com aquele sorriso irritante nos lábios.
- Eu acho que vou indo. – Abri a porta do carro.
- Espera, vamos nos lembrar dos velhos tempos. – Segurou de leve meu braço e riu. – AQUI Ô HANER, DÁ UMA OLHADA POR QUE EU SEI QUE VOCÊ GOSTA! – Berrou e Brian nos olhou. E então Benji me beijou.
E foi como se eu voltasse a seis anos atrás, naquele banco da pracinha. Minha mão parou inconscientemente no seu rosto e a dele no meu braço. Mas nós somos adultos agora e bastante coisa mudou. Como o fato de estar ficando quente dentro do carro. Okay Zacky chega.
Me separei dele e ele tinha aquele mesmo sorriso nos lábios.
- Não vai ficar dando respostas monossilábicas dessa vez né?
- Não... – Ele gargalhou.
- Foi ainda melhor. – Ele mordeu o lábio inferior.
- É... Ah, eu fico sem graça! Para de rir! Boa noite Benji. – Saí do carro.
- Boa noite Zee.
- Se quiser me ver, eu estou trabalhando no mercado.
- Adoro fazer compras. – Ele acelerou o carro e saiu.
Olhei para Brian e ele tinha aquela mesma expressão ainda.
- Você não presta Zachary. – Ele levantou vendo um conversível vermelho entrar na nossa rua.
- Você tem inveja do Benji. – Sorri.
- Por beijar uma baleia? Poupe-me. – Fez cara de nojo. E então eu vi que quem dirigia o conversível, era a Gena. Ela parou na frente de Brian e ele entrou no carro. – Tchauzinho Zacky.
- Zacky? – A garota perguntou. – Zacky Baker?
- Sim Gena, sentiu saudades? – Perguntei irônico.
- Você está bem diferente. – Me olhou dos pés a cabeça. Brian revirou os olhos.
- Você também. Está ainda mais bonita. – Ela sorriu vermelha e olhei para Haner, ele me olhava raivoso.  Segui em direção a minha casa.
- E mais puta. – Cochichei.
Entrei em casa e os babacas estavam ali dentro. Johnny dormia no sofá e Matt olhava Coragem, o cão covarde. Eu tinha medo desse desenho quando era criança. Sentei ao seu lado e ele suspirou.
- Deixei a menina dentro no banheiro, puxei o anão e nós viemos embora. – Apoiou a cabeça no encosto do sofá. - É estranho fazer isso com uma garota que parece a Val, mas não é.
- Eu sabia que você não ia conseguir. Por que não me chamaram?
- Você estava conversando animadamente com o Joel, não quisemos atrapalhar. – Ri.
- Aquele era o Benji. – Ele me olhou surpreso e riu.
- Parabéns e ai?
- Ele é louco. Chegamos aqui e o Brian estava sentado na sarjeta, ele gritou chamando a atenção dele e me beijou.
- Você não perde tempo né? “Não vou mais ficar com nenhum cara, me traumatizei”. Aham, eu acredito!
- Não enche Matt, eu vou dormir. Não gosto desse desenho.
Deixei Matt rindo no sofá e subi para o meu quarto.
Agora é serio, mesmo. Não beijo mais nenhum cara.