Brian POV

Acordei terça-feira com mau humor e com uma pirralha me olhando. Ela sorria daquela forma irritante que só um Haner sabia fazer. Tentei bater nela, ela apenas desviou e riu, se jogando em cima de mim.
- Sabe maninho, é bom ser a mais nova e ir bem na escola, sabe por quê?
- Por que sua praga desgraçada, meio metro?
- Porque eu vou viajar pra casa da vovó em LA, e você vai ficar ai, trabalhando e chorando as mágoas na cerveja.
- Ela nem é minha vó sua chata, é só sua. E eu não tenho mágoa nenhuma pra afogar. – Levantei e a Kenna foi ao chão.
- Como você é... Legal Brian. – Ela disse com dificuldade pra levantar. – Enfim, vamos viajar hoje e a casa vai ser só sua e do Baker! – Ela saiu dançando do quarto.
- Hoje?! Mas como ninguém me avisou?
- Ah é... O pai pediu pra eu avisar semana passada, mas eu esqueci. – Sorriu. – SE PREPARE L.A, MCKENNA HANER ESTÁ CHEGANDO! – Saiu dançando de novo.
- Doida. – Falei sozinho enquanto ia ao banheiro.
Me arrumei rápido, já que estava quase atrasado, e desci correndo. Conversei com meu pai sobre a tal viagem e eles não sabem quando voltam, pois daqui a pouco começam as férias da Kenna. Iria depender de quantos dias o pai conseguiria de férias, e talvez voltassem e fossem viajar de novo.
Como você pode ver, os Haners são muito decididos e sempre tem certeza de seus atos.
Caminhei rápido até o mercado e quando cheguei James já estava lá. Conversamos um pouco, perguntei por que ele não passou lá em casa para virmos ao mercado e ele disse que dormiu na Leana. E então eu fui para o meu odiado trabalho, pensando em como seria legal ir para L.A também.
Eu arrumava as prateleiras de produtos de higiene quando percebi que não tinha visto nem sinal do Baker. Olhei para os lados e nos corredores vizinhos e nada. Morreu foi?
Dei os ombros e continuei meu trabalho, ele deve estar no estoque comendo, por que ele sempre faz isso. Vai levar o mercado à falência comendo as coisas, se tivesse câmeras lá, já teria sido despedido por roubo novamente.
Como o movimento estava fraco, me permiti ir até Sullivan e jogar conversa fora.
- Hey Jimmy, vamos sair pra beber hoje ou você vai ficar com a Leana de novo? – Perguntei sentando no caixa. Foda-se também, cansei desse trabalho.
- Vamos BriBri! Quer ir aonde?
- Sei lá, só beber mesmo. Preciso de álcool.
- Em plena terça-feira, que feio. – Sorriu.
- Acho que virei alcoólatra. Passa na minha casa as dez!
- Okay, bebemos até a meia-noite e depois eu vou pra Leana.
- Tá trocando o seu amigo por uma garota, seu idiota?
- Tô! Agora saí daqui e me deixa trabalhar! – Disse rindo e me empurrando de cima do caixa.
Caminhei lentamente por todo o mercado, procurando algo para fazer. Esse meu trabalho já estava começando a se tornar insuportável, e misturado a minha vontade de fugir de Zacky e viajar para L.A, eu queria rasgar o meu uniforme, correr para a minha cama e hibernar, e então eu faria as malas, pegaria um óculos de sol e ia tirar férias em L.A.
Mas obviamente eu não posso fazer nada além de ficar trabalhando incansavelmente.
Cadê aquela bola de gordura senhor?!
Caminhei até o depósito e vi Zacky no chão, imobilizado, mas respirando. Me aproximei e ajoelhei ao seu lado. Cutuquei o seu braço.
- Baker, ‘cê tá vivo?! – Ele abriu os olhos devagar e gemeu em desaprovação.
- Obrigado por me acordar Haner! Saí, me deixa dormir. – Me bateu fraco no braço.
- E pensar que eu fiquei levemente preocupado.
Levantei e comecei a arrumar o deposito, fazendo muito barulho para acordá-lo. Se eu não posso dormir, ninguém pode Baker, sinto muito.
Há, nem sinto nada. Acorda baleia!
Ele levantou e me olhou furioso, saindo do estoque após esfregar os olhos e se espreguiçar.
Isso já valeu o meu dia.
Eu nem vou falar como foi o resto do dia no trabalho porque foi um tédio sem igual. Aquela rotina chata de arrumar, limpar, organizar e ajudar senhoras taradas a encontrar ingredientes para as receitas que elas viram na televisão.

Matt POV

Eu não consigo ver um lado bom nesse serviço. Se ao menos o James fosse meu amigo e conversasse comigo para o tempo passar mais rápido, mas nem isso. Ele fica sentado com uma cara de bunda e não diz nenhuma palavra. Nenhuma mesmo, nem um “Ah, eu odeio esse trabalho!”.
Eu estava arrumando os mini chocolates quando um Madden entrou no mercado. E é, eu ainda não aprendi a distinguir eles muito bem, de longe fica difícil.
Ele entrou em algum corredor e ficou alguns minutos pelo mercado, até voltar com uma pizza e uma Coca-Cola.
- Oi Mattie! – Sorriu. Era o Benji.
- Oi Be, tudo bem? – Comecei a passar as coisas.
- Sim, então, eu estava pensando, você não quer sair hoje? Eu não sei como e porquê você veio parar nesse fim de mundo. – Sorriu novamente.
- Claro! Passa lá em casa as nove e meia? – Entreguei as compras.
- Claro, até lá! – Saiu.
Seria bom sair um pouco sem relembrar toda aquela história do Benji e do Zacky. Só tenho medo de o que esse cara vai querer fazer depois. Eu apenas estava curioso e agora acabou né? Seremos amigos, apenas amigos.
Eu espero.
Bom, o dia passou rápido e sem mais delongas eu já estava em casa e me arrumando para sair. Eu experimentava uma camiseta de Zacky quando cheguei à conclusão que as minhas estavam velhas, e o garoto de olhos verdes estava jogado em sua cama de qualquer jeito, e me olhava curioso.
- A última vez que você se arrumou assim foi no terceiro encontro com a Val. – Ele sorriu.
- Ah, verde não! – Joguei uma camiseta longe, pegando outra. – Eu só estou cansado das minhas roupas Zee, faz tempo que eu não faço compras.
- Poupe-me Matt! – Ele riu. – Você está gostando do Benji? Por que se está, eu vou dizer que você tem problemas psicológicos ou uma tara por gêmeos.
- Eu nem tinha percebido, mas não. Eu não estou gostando ele. Só acho que vai ser legal sair com ele.
- Vai me trocar! – Ele fingiu chorar abraçado no travesseiro.
- Vai à merda Zee! Só vou sair com uma pessoa diferente. – Dei os ombros.
- Eu sei que você não me trocaria e, falando sério? Eu acho ótimo saímos com pessoas diferentes. Nós precisamos ficar longe um pouco antes que você me mate. – Ele levantou. – Passamos muito tempo juntos. – Foi ao banheiro.
- Tá cansando da minha cara porpeta? – Perguntei rindo. – E por que eu te mataria?
- Não armário, só acho legal passarmos uma noite longe um do outro. Porque eu sou chato – Sorriu. Era verdade.
- Também acho, ver pessoas diferentes. Vai sair?
- Acho que vou comprar umas cervejas, colocar os fones de ouvido e dar uma volta na praia.
- Ótimo plano. – Ouvi a campainha. Zee e eu nos olhamos. – Qual eu coloco?
- Ficou gostoso com a vermelha. – Peguei a camiseta e vesti.
- Obrigado e... Eca! Até depois bonitão. – Saí do quarto.
Desci as escadas correndo e a Sra. Baker já havia aberto a porta. Me despedi dos pais do Zacky e segui para o carro com Benji.
Espero que eu não me arrependa depois Madden.

Brian POV

Depois do trabalho eu fui para casa e como estava sozinho fiquei andando pela mesma só de cueca e fumando alguns cigarros, quando vi já eram dez horas e Jimmy tocava incansavelmente a minha campainha.
Me arrumei rapidamente enquanto ele atacava a geladeira recém abastecida pelo meu pai, e saímos de casa, caminhando em direção ao bar mais movimentado da cidade. Lá estavam Matt e Benji, o primeiro me cumprimentou e o segundo arqueou uma sobrancelha em desaprovação. Procuramos uma mesa qualquer e logo já bebíamos algumas cervejas.
- Então nós temos apenas duas horas pra beber por que você tem que ir comer a Leana?
- Não fala assim. – Terminou a cerveja. – Eu quero ir dormir lá, só isso.
- Aham, sei... Alguma novidade? – Ele parou por alguns segundos.
- Não e você? – Eu parei por alguns segundos.
- Não, tudo na mesma.
Ficamos conversando sobre coisas inúteis e bebendo várias garrafas de cerveja, até Jimmy dizer que tinha que ir. Fui com ele até um pedaço e depois refiz o caminho, resolvendo andar pela praia.
O vento estava forte na praia e batia contra o meu rosto, provavelmente bagunçando os meus queridos cabelos. Apertei meu casaco contra o corpo e abaixei a cabeça, de modo que diminuísse o impacto do vento na minha cara.
- Ali não a bichinha do Haner? – Ouvi uma voz vinda do calçadão.
Era Jason Berry e a turminha dele. Eu era preconceituoso, mas eu não fazia a metade do que eles faziam. E eu estava prometido há tempos e agora estava completamente sozinho.
Comecei a caminhar mais rápido quando os vi levantar do banco e caminhar em minha direção, mas aquela areia mole da praia não estava ajudando.
Ouvi suas risadas ficando mais altas e olhei para trás. O líder eles falou algo e começaram a correr em minha direção. E então eu comecei a correr deles.
Senti algo acertar a minha cabeça e eu caí de cara na areia. Olhei para frente e eles tinham jogado uma pedra em mim, aquelas que podem te matar de pegar no lugar certo.
- Agora você vai ver Haner, chegou a sua hora. – Jason sorriu maligno e o resto o acompanhou.
- Qual é Jason, você sabe que eu não sou gay! Olha o que fiz com o Zacky! – Virei de frente pra ele e me arrastei pelo chão, indo para trás.
Minhas costas bateram em algo e quando eu virei eram as pernas de Matt, o irmão de Jason. Ele chutou as minhas costas e me puxou pelo braço, me colocando de pé.
- O que você fez com o Zacky foi coisa de menininha com ciúmes Brian. O que nós vamos fazer com você era o que você tinha que ter feito.
E depois disso o punho dele acertou em cheio a lateral do meu rosto.
Me vi em um beco sem saída, quando todos os garotos que estavam ali não me deixaram fugir. Senti eles me empurrem de um lado para outro, até um deles me segurar pelos ombros e dar uma joelhada do meu estômago. Fui direto para o chão, abraçando o meu corpo e gemendo de dor. Aquilo doía como o inferno.
Tentei levantar com o pouco de orgulho que me restava, mas logo eu já estava no chão novo, com o soco que eu levei no nariz.
Eu podia ver o sangue caindo e sujando a areia quando senti uma pancada nas costas. Eles estavam me chutando.
Eu sentia dor em todo o meu corpo, eles não tinham um lugar certo para acertar, apenas me chutavam. Gemi de dor quando um deles acertou em cheio o meu rosto.
Eles pararam por alguns segundos e então eu senti alguém puxar o meu cabelo. Era Jason. Ele virou meu rosto para poder me ver, e tinha um sorriso maligno no rosto.
- Agora você aprende a ser homem cara. – Ele disse simplesmente.
- Eu sou homem, pergunta pra tua mãe. – E então eu me arrependi por aquelas palavras.
Ele fechou o punho e bateu no meu rosto. Uma, duas, três vezes. E logo o irmão dele já me batia também. Pernas, costas, rosto. Eu estava horrível e meu corpo todo doía e sangrava pelos arranhões. Matt virou meu rosto para ele e acertou seu punho fechado em cheio no mesmo.
- Admite que você é um viado Brian. – Os garotos riram.
- Viado é vo... – Outro soco pegou em cheio na minha boca.
- Quem é o viado Brian? – Eu já estava vendo dois Matts.
- Vo... – Outro soco em cheio na lateral do meu rosto.
- Quem é Brian? Eu estou ficando bravo. – Jason chutou a lateral do meu corpo.
- E... Eu sou... – Depois disso eu vi um sorrido dele e tudo foi ficando escuro. Não senti minhas pernas e ouvi algumas ultimas palavras.
- Ele não vai morrer com essa briguinha né?
- Não sei, vamos sair daqui.