Ghosts Also Love escrita por AnnySama


Capítulo 1
Uma casa na Colina




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É estranho como o destino te coloca no lugar onde deveria estar, na hora que deveria estar e você nem nota. E provavelmente, mesmo depois de notar, não vê o bem que aquilo fez a você, porque, é claro, todo mundo adora ver o lado ruim das coisas.

Era mais um final de semana qualquer. Estávamos lá, como sempre fazíamos, dando uma de caça-mistérios. Meus quatro melhores amigos e eu adorávamos procurar coisas suspeitas, naquela pequena cidade, Coventry. Ah sim, era meio anormal, e nós adorávamos descobrir seus segredos. É claro que eles na maioria das vezes eram bobos, coisas que nunca aconteciam, ou se aconteciam, tinham seus motivos.

Aquela semana nós iríamos até a casa dos Motgomery, quer dizer, antiga casa dos Montgomery, cenário de uma tragédia, uma terrível chacina a todos que a habitavam. Depois disso, viajantes relataram terem ouvido barulhos esquisitos dentro da mansão, que era abandonada a mais de 8 anos.

-Sei lá, cara! Não é brincadeira! Aqui teve muita gente morta, nunca fizemos algo do tipo! - Grunhiu Sean, que se arrepiou só de pensar, jogando seus cabelos loiros para trás.

-Qual é, Sean? Vai amarelar agora? Não, eu quero muito ver o que tem de tão assustador nessa coisa caindo aos pedaços! - Jonathan e Karine, sua namorada, riram zombando da tal casa.

-E ai, Nick? Essa você topa, certo? - Perguntou Elizabeth. Eu era meio que afim dela, mas fiz uma grande besteira: nos tornamos melhores amigos, o que piora as coisas. Adorava o jeito com que arrumava seus cabelos longos e escuros quando estava nervosa, o brilho de seus olhos verdes... tudo nela me admirava.

-É claro, o que eu não daria por uma coisa tão assustadora como essa, Lizzy? - Respondi, sorrindo para ela.

Mais algumas curvas e finalmente chegamos á parte da estrada menos movimentada, menos habitada. Um vasto campo verde, que ao longe, se encontrava com uma cadeia de pequenas montanhas. Era tudo limpo e natural, se não fosse pela construção corroída e assombrada no meio da paisagem. Era uma mansão, com certeza, e deveria ser linda quando foi construída. Mas agora parecia mesmo uma coisa caindo aos pedaços. Janelas quebradas, porta entreaberta, paredes esburacadas e partes do telhado sem telha.

-Vamos! - Karine tomou a iniciativa. Seus cabelos louros, quase brancos, se debateram em suas costas, quando ela se virou para sair do carro.

Todos a acompanharam, certos do que iriam fazer, menos Sean.

Chegamos á frente da casa, Kari estendeu a mão e a empurrou com cuidado. A porta se abriu com um som horrível, parecia um grunhido. Nós entramos, mas Sean ainda estava paralisado.

-Fique aqui, então, vigiando as coisas. - Disse a ele.

O cômodo em que estávamos parecia ser uma sala de estar. o mais estranha era que ninguém se atrevera a tirar os móveis de lá, a sala permanecia a mesma, só que com muita poeira, teias de aranha e buracos nas paredes. No canto esquerdo, havia um sofá de 4 lugares e uma poltrona cor de vinho. Uma lareira apagada feita de tijolos beges. No canto direito, havia um mural de fotos, nós nos aproximamos mais dele.

A primeira foto mostrava uma senhora de cabelos castanhos e olhar severo, provavelmente era a Sra. Montgomery. A outra foto mostrava a família toda reunida, sentada formalmente no sofá. A Sra. Montgomery estava do lado esquerdo, usando um vestido preto. Abraçava sua filha, de cachos castanhos e olhos cor de mel, ela também usava um vestido, mas descontraído, leve e desarrumado. O pai dela estava do lado direito, um homem de cabelos grisalhos e olhar triste e severo como o da mãe. Ele vestia um terno preto. As outras fotos tratavam-se da família Montgomery reunida, ás vezes era só da filha, outras só do pai... Assim ia. E bem num canto superior do mural havia uma folha de papel anexada, me aproximei para ler o que estava escrito, mas uma mão me puxou para trás com força.

-É melhor não mexermos em nada. - Me alertou Karine, guiando o grupo mais uma vez, passando pela cozinha sem nem olhá-la e subindo as escadas de mármore empoeiradas.

Um grito alto e desesperado. Todos se viraram, ninguém do grupo havia gritado, nem ao menos Sean, lá fora. Ele apenas olhava assustado, parecendo que iria correr e nos deixar. É, nenhum dos cinco ali presente havia feito aquele som.

-Vamos... Se virmos alguma coisa, aí sim corremos, ok? - Comentou Jonathan. Todos assentiram.

Chegamos ao topo da escada, estávamos no segundo andar da casa. Um vasto corredor com talvez dez portas de cada lado, parecia mais um hotel.

-Certo, vamos nos dividir! Karine e Jonathan vão á ala Leste e eu e Elizabeth vamos na ala Oeste. Verifiquem essas 10 portas e nós verificamos as outras. - Sugeri. Karine e Jonathan rapidamente seguiram para um lado, abrindo portas e entrando para verificar.

Segui com Lizzy para o outro lado, enquanto ela verificava as cinco portas de um canto, entrei na primeira de frente á ela.

Era uma biblioteca. Livros cheios de poeira enchiam as estantes, velhas e mofadas. Entrei nos aposentos calmamente, verificando cada fileira de artigos como esportes, contos, estudos... Tudo parecia normal até me deparar com as estantes do fundo, caídas, achadas e quebradas. Tudo desarrumado, a mesa para leitura estava partida ao meio e as janelas tinham manchas vermelhas, manchas de sangue que não haviam saído.

É claro, como bem descrevia a manchete que me lembrava vagamente de ter lido na minha infância: "a casa fora arrombada na madrugada do dia 30 de outubro. Os bandidos mataram a família e os empregados. O confronto acontecera na cozinha e no segundo andar da mansão.". É, era lá que provavelmente alguém morrera, embora não soubesse bem quem.

Fechei a porta calmamente, mas aflito, a cena era pavorosa, de fato. Abri a próxima porta, era um escritório que provavelmente pertencera ao Sr. Montgomery. Prateleiras com inúmeras caixas e arquivos, e encostada no fundo da sala, havia uma escrivaninha feita de madeira cor tabaco. Nela, se encontrava um velho computador que deveria ser o melhor na época do desastre. Eles só tinham do bom e do melhor. Papéis espalhados pelo chão da sala, e alguns objetos quebrados, denunciaram que lá também havia tido conflitos. Saí da sala e rumei a terceira porta.

Esta tinha uma pequena placa lilás, decorada com corações e flores desenhadas, a qual se lia: "Quarto da Alison".

É, a filha dos Montgomery, Alison Montgomery, era uma pessoa muito boa, pelo que se falavam... Morrera apenas com 15 anos.

Segurei a maçaneta, indeciso. Tudo aquilo realmente estava me dando medo, mas por fim, abri a porta.

A cama com um dossel de leves tons de roxo era a primeira paisagem que víamos, encostada em um canto, com vários livros em cima, tanto de estudos como histórias de Romeu e Julieta e Otello. Um balcão ao lado decorado com muitas coisas como mini carrosséis, mais livros, cadernos e agendas, bonecas de pelúcia e jóias. Também havia uma pequena caixa musical para elas, decorada com detalhes de madeira. O mais estranho era que uma musica alegre estava tocando, mesmo depois de tanto tempo. Quem poderia ter mexido lá?

dango dango dango dango dango dango daikazoku

dango dango dango dango dango daikazoku

Cantava. Uma musica boba, numa voz feminina e delicada. Até eu perceber...

Que não era a caixa que estava cantando, estava apenas tocando a melodia, sem letra...

Meus olhos congelados e eu só tive consciência para ouvir um grito agudo, mas agora, conhecido. Karine havia gritado, e agora parecia estar chorando, mas eu não estava ouvindo, não conseguia nem me mexer.

-Ele... E-ele veio com tudo! Era... era uma fantasma! Uma sombra, ah meu deus! - chorava e gritava ao mesmo tempo.

-Vamos embora, Nicholas! Rápido! - Chamava Elizabeth, que fora ao encontro deles para socorrê-la. Mas eu não estava conseguindo responder, o medo congelava minhas veias. - Nick? Vamos!

Quando viram que eu não iria até eles, os três vieram até mim e se depararam com o meu medo.

Escondida, sentada aos pés da cama, encolhida como se para ninguém vê-la, estava uma garota, com vestido rosa e laços no cabelo. Cantava animadamente a canção.

Ah, com certeza aquela era Alison Montgomery, a garota das fotos... A garota que fora assassinada a 8 anos atrás.

-dango, dango, dan... - Ela parou e nos olhou surpresa, com quase o mesmo medo que nós sentíamos dela, mas rapidamente se acalmou e abriu um sorriso grande, gentil. - Ah, olá! - Saudou, simples assim. Com uma voz melosa e meiga.

Todos desataram a correr, descendo as escadas e gritando ao mesmo tempo. Quase atropelamos Sean que ainda não sabia do acontecido, só havia ouvido o grito de Kari.

-Vamos sair daqui! - Jonathan gritou para ele, que pegou a chave do carro com tal rapidez e abriu-o, todos entraram e Sean pisou fundo no acelerador.

certamente nunca fizemos algo daquele tipo!


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