E ali estava. De frente para aqueles enormes portões. Lembravam-me a construção grega, eu acho. Nunca prestei atenção aos detalhes, mas aquele portão era tão magnífico que era difícil não reparar em suas mini estatuas cravada. Lembravam-me deuses, do tipo grego.

Todos pareciam... Animados? Pra quem vai estudar em um internato, isso é estranho. O que eu estava fazendo ali? Não era meu lugar. Porque pedi pra vir pra cá? Lembrei instantaneamente.

~Flashback on~

Tinha acabado de ler uma revista – não lembro o nome – que tinha uma matéria que parecia interessante. Uma menina de 17 anos pediu para os pais para estudar em um internato. De primeira, fiquei empolgada com isso. Ela foi falando que não era ruim ter a liberdade que você sempre quis. Então, eu resolvi conversar um pouco com meus pais sobre isso.

- Pai, Mãe, podemos conversar um pouco?

- Claro filha, sobre o quê?

- Sobre o ano que vem mãe. Eu queria ir para um internato.

Meus pais ficaram chocados, tentaram de todas as maneiras me convencer do contrario. Mas não funcionou.

- Qual é. Eu quero ir pra lá, e vocês não ficam sempre reclamando que eu não faço o que querem? Aproveitam e se livram de uma vez de mim – depois que disse isso, me arrependi imediatamente. Os olhos de minha mãe lacrimejaram, ela ameaçava chorar.

- Tudo bem, Natasha. Você pode ir pra um internato. – por incrível que pareça, foi meu pai que disse isso. Ele tinha ficado quieto esse tempo todo.

- Sério pai? Ah, eu te amo. – e dei um abraço nele. Minha mãe começou a chorar, dizendo que ia sentir minha falta.

~Flashback off~

Tudo isso por causa de uma revista. Sério? Seria cômico se não fosse triste. Agora eu estava lado a lado com adolescentes de 14 a 19 anos problemáticos.

Como será que eu parecia na frente de todos eles? Normalmente, eu era uma garota forte, que agüentava tudo. Mas agora, sinto admitir, mas um medo estava começando a tomar conta de mim. Já não sabia o que fazer. Então, fiz o que todos estavam fazendo. Entrei.

Se o portão já era incrível por si só, imagine o corredor de entrada. Era tão lindo e tão... Antigamente grego. Parecia que os donos daquilo adoravam a Grécia. Mas era tudo tão... Gracioso.

Um homem em cadeira que rodas veio cumprimentar as novatas – sim, era só meninas -, inclusive eu. Ele tinha cabelos até o queixo, cachos castanhos e olhos profundos. Dei uma olhada rápida nas garotas ao meu redor, eram três. Uma morena com cabelos longos, uma ruiva com cachos até o busto e uma que parecia ter a minha idade, era forte, tinha cabelos castanhos claros e um olhar ameaçador, acho que não iria querer arrumar uma briga com ela, nem que seja de travesseiro.

O homem, que disse se chamar Quíron, nos levou até um quarto, onde ficaríamos as quatro, até que fossemos reclamadas. As meninas pareciam atordoadas, sem entender o significado daquilo. Assim como eu.

Entramos no quarto e escolhemos as camas. As meninas se apresentaram, a morena disse se chamar Layla, a ruiva, Sheila e a grandona, Chelsea. Eu achei o nome delas lindos. E elas acharam o meu lindo.

Rapidamente fiz amizade com a Layla. Ela parecia ter o mesmo gosto que eu. Rock, pop, seriados, filmes, animes. Tudo era parecido. Notei que os olhos dela eram negros, como a noite mais densa. Mas ela era extremamente simpática.

Ela me contou a maior parte da sua vida, disse que seus pais eram separados e que a mandaram pra cá sem mais nem menos, disse que já beijou, mas nunca namorou. As outras meninas começaram a conversar conosco também, e, em pouco tempo, eu sabia metade da vida de cada uma, até da Chelsea.

Um menino bateu na porta e nos chamou, pois o jantar já seria servido. Ele tinha lindos olhos azuis e cabelos ondulados. Tinha um corpo atlético, lindo. Enquanto íamos para o refeitório, ele disse que se chamava Rick.

Chegamos ao refeitório e imediatamente todos nos encararam. Quíron nos chamou a frente. Disse que tinha um comunicado importante a fazer.

- Apresento-lhes as mais novas integrantes. Layla, Chelsea, Sheila e Natasha – como todas tinham dado um passo a frente, achei que deveria fazer o mesmo. Então percebi que estavam todos com uma luz escura no rosto e olhavam intensamente para Layla, que parecia não estar entendendo. Então, tudo voltou ao normal.

- Ave, Layla, filha de Hades – gritou Quíron. Pêraê. Filha de Hades?