Amor Mascarado escrita por LunaCobain


Capítulo 16
Avós?!




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Voltamos ao Teatro, e eu não tinha certeza de como contar a Michelle e Luigi que eles iam ser avós. Mesmo porque Michelle tinha vinte e oito anos! Era tudo muito ridículo. Eu estava muito, muito nervosa, e Erik ficou tentando me acalmar o caminho inteiro durante a viagem de volta, mas não obteve sucesso.
    -Vai tudo dar certo, Cathy, você vai ver. - ele dizia, segurando as minhas mãos entre as suas. -Aconteça o que acontecer, se lembre de que eu te amo. E eu vou estar com você sempre que precisar.
    Deixei escapar um sorriso enquanto ele dizia essas palavras. Afinal, era a única certeza que eu tinha no momento, que ele me  amava. Eu contava com isso, porque sem ele, eu não teria mais nada. Eu não seria mais nada.
    -Eu te amo. - eu disse para ele, olhando nos olhos dele , como era de costume.
    Tão lindo, mas ao mesmo tempo, tão triste. Nos últimos dias, a sombra de tristeza flutuava pelos lindos olhos azuis de Erik, de novo. Pensei que ele tivesse melhorado. Por que ele estaria triste novamente? Isso me machucava. Eu queria fazer ele feliz de uma vez por todas, mas por mais que eu tentasse, quando eu pensava que tinha chegado lá, ele ficava triste de novo. Que droga.
    Mas quando eu disse que o amava, a mágoa desapareceu por um momento, e ele sorriu. Era o sorriso mais lindo do mundo, e fazia meu coração bater mil vezes mais rápido. Era porque aquele sorriso pertencia a alguém que antes não tinha razões para sorrir, alguém que vivia nas trevas. Ah, Erik! No entanto, seus olhos retomaram a expressão distante de antes.
    -Erik, você está triste. - eu afirmei, observando-o. "Por quê?", fiz meus olhos perguntarem.
    -Não estou, não.
    -Ah, Erik, por favor! Eu sei que você está incomodado com alguma coisa. Está me preocupando.
    Ele me observou por um momento, e então suspirou, fechando os olhos.
    -Não é nada, Catherine. Só estou preocupado. Com você e o bebê... Sabe, quando Matt te bateu.
    -Ah. Tá. Tudo bem. - resolvi não dizer que ele estava assim antes de saber da gravidez nem nada, talvez ele fosse assim mesmo, tivesse várias fases.
     Mas quando ele falou sobre Matt, eu me lembrei porque eu estava incomodada. Matt. Ele era o meu problema. Fiquei encarando o nada, fixamente, tentando tirar algum sentido daquilo.
    -Catherine?
    -Sim?
    -Está preocupada.
    -É. Tudo bem, deixa pra lá.
    Estávamos entrando no Teatro Abeau naquele exato momento. Eu já tinha convencido Erik a voltar com as roupas atuais, pelo menos quando fosse sair na rua, porque sinceramente, ele e a sua amada capa não se encaixariam em lugar nenhum fora dos domínios da Ópera. Ele passou o braço em volta da minha cintura e nós fomos procurar pelos meus pais.
    -Temos mesmo que fazer isso agora? - eu perguntei, sem coragem, enquanto estávamos nos corredores.
    -É claro. Não se preocupe, eles vão entender.
    Erik sorria enquanto acariciava meu rosto com a mão livre, me acalmando. Eu sorri de volta para ele, e seu sorriso se alargou ainda mais.
    -Será que ele - Erik disse, colocando a mão na minha barriga -vai ter o seu sorriso? Porque se tiver, vai ser a criança mais linda do mundo.
    Fiquei vermelha quando Erik disse aquilo. Ele era tão doce. E fofo. E adorável. Eu sorri novamente, corada, e ele me beijou. Ah, Erik!
    -Catherine! - ouvi ao longe. Michelle. Droga.
    Olhei para a direção da voz, e vi Michelle e Luigi correndo em minha direção.
    -Oi, Michelle. - eu disse, quando eles chegaram perto o suficiente para e ouvirem. - E oi, Luigi.
    -Oi, filha. - Luigi respondeu, sorrindo. Michelle deu um sorrisinho também.
    -Caramba, faz um tempão que não nos vemos, filha.
    -Pois é, né... - eu murmurei, sem a menor paciência para pais no momento.
    Eles ficaram feitos bobos olhando para mim, pelo que me pareceu uma eternidade. Erik quebrou o silêncio.
    -Catherine e eu temos que dizer algo a vocês.
    Os dois olharam sérios para nós, mas pela expressão, eles já sabiam exatamente o que estava acontecendo.
    -Cathy está grávida. -Erik disse de uma vez só, sem respirar. Ele com certeza estava mais nervoso do que eu.
    Eu prendi a respiração enquanto os olhos de Michelle se arregalavam.
    -Filha! - ela disse, mas soou preocupada, não irritada - Como assim? Você disse que estavam tomando cuidado.
    -Eu sei. - falei, sem fôlego. -Desculpe.
    -Catherine, eu sei o quanto isso é normal aqui, mas uma gravidez na sua idade estragou minha vida.
    Olhei para ela, dizendo com os olhos um "obrigada" irônico. Ela recuou, aparentemente magoada.
    -Não quis dizer isso. Mas olhe só pra você. Só é grossa desse jeito por que seu pai e eu fizemos a besteira de te abandonar.
    -Não sou grossa.
    -É sim.
    -Então sou grossa com você. Porque, afinal, olha só pra mim, não é? É tudo culpa sua. - eu dei uma risadinha. Não tive a intenção de magoá-la antes, mas agora a minha maldade já estava em jogo.
    "Calma, Catherine. Respira fundo"
    -Então vamos ser avós? Quer dizer, eu tenho trinta anos! - disse Luigi, sorrindo. Ele era bem melhor que Michelle.
    -Parece que sim. - eu disse, já mais calma.
    -E vocês estão felizes? - Luigi perguntou, mas seus olhos estavam em Erik e era para ele que ele, obviamente, estava perguntando.
    -Sim! - Erik disse, animado.
    -Então, acho que tudo bem. - Luigi disse, passando o braço em volta dos ombros de Michelle, que ainda estava muda. Ele deu uma olhada pra ela, e se despedindo rápido, os dois foram embora.
    Nossa. Aquilo tinha sido fácil. Melhor do que eu esperava. Uau. Erik parecia estar pensando a mesma coisa.
    -Caramba, eles foram até que bem legais. - ele disse.
    -Dentro dos padrões deles.
    Erik deu um meio sorriso.
    -Como quiser. Agora vamos?
    -Claro.
    Ele me puxou pela cintura e fomos para a casa do Lago. Era estranho ir para lá assim - sem fugir de ninguém, nem  ter que correr, nem estando desmaiada. Era melhor, com certeza. E a casa do Lago era a minha casa agora, eu passava todo o meu tempo lá. Eu tinha deixado toda a minha vida no Teatro para ficar com Erik. Há um mês eu não via nenhuma das minhas amigas,e há muito mais tempo, então, eu já não ia ajudá-las com os ensaios. Agora todos os meus pertences estavam ali embaixo, e talvez eu não fosse conseguir me adaptar nunca mais a ficar sem Erik. Esse era meu maior medo. E se eu o perdesse?
    Erik me pegou no colo - meio que contra a minha vontade - e me jogou na cama do seu quarto, rindo junto comigo.
    -Eu vou ser pai! - ele gritou, quase voando de felicidade.
    Tudo o que eu pude fazer foi rir. A preocupação já não estava comigo, eu estava com Erik - o que podia dar errado? A coisa mais preocupante na qual eu pude pensar naquele momento foi que em alguns meses depois daquilo, eu estaria imensa. Mas tudo bem, eu aguentaria ficar gorda para dar a Erik seu filho. Ele estava tão feliz. Eu nunca o tinha visto feliz daquele jeito.    
    Erik deitou minha cabeça no seu colo, afagando meu rosto. Então eu percebi que ele estava chorando.
    -Ah,Erik! Não chora. Por favor, Erik.
    -Ah, Catherine, meu anjo. Você não entende? Eu vou ter um filho. Eu vou ter um filho com a mulher que eu amo. Isso significa muito, muito pra mim. Você não faz ideia.
    Eu levantei a mão para tocar o seu rosto, e tentar secar as lágrimas. Tirei a máscara dele e o beijei, fazendo-o se inclinar. Meu Deus, eu o amava cada vez mais. Como isso era possível?
    -Eu te amo, Erik.
    -Eu te amo, Catherine.
    -Ah, Erik. Eu te amo como eu nunca pensei que fosse possível para ninguém. Você é a minha vida.
    Erik sorriu e me beijou de novo.
    -Catherine. Ah, Catherine. Eu não tenho palavras para descrever o que eu sinto por você.
    A verdade é que agora eu também estava chorando junto com Erik, segurando suas mãos em meu rosto. Nossa, o amor realmente deixa as pessoas idiotas. Mas era importante para mim ouvir ele dizer aquilo. Era importante ser correspondido.
    Ele se debruçou sobre mim, se ajeitando, e começou a beijar meu pescoço, segurando minhas mãos acima da minha cabeça.
    -Eu te amo, Cathy. Mas dizer isso ainda é muito pouco. - seus lábios desceram para o meu colo e ombros.
    Passamos a noite inteira na cama, juntinhos. Isso é claro, até adormecermos, abraçados. Não havia palavras para explicar aquilo. Não havia perigo que me ameaçasse enquanto eu estivesse nos braços dele. Ele era tão quente, tão cheiroso, tão doce, tão romântico... Tão Erik. Sei lá. Realmente não tem como descrever. Era único.
    Quando eu acordei,  ainda estava em seus braços. Ele - para a minha felicidade - não tinha recolocado a máscara, de modo que eu podia apreciar a obra completa. Erik se mexeu um pouco, afundando a cabeça no meu cabelo, estreitando os braços ao meu redor. Me permiti fechar os olhos novamente, sentindo-o ali. Mas logo ele também já tinha acordado. Afastou o rosto e acariciou minha cabeça.
    -Cathy? - ele sussurrou.
    Eu abri os olhos, com muita, muita preguiça, e sorri pra ele. Tão lindo, parado bem ali na minha frente, com uma mão ainda segurando minha cintura e a outra agora afagando meu rosto.
    -Bom dia, pequena. - Erik sorriu de volta.
    -Hmm, bom dia, anjo. - Eu falei, envolvendo-lhe o rosto com as minhas mãos, que pareceram extremamente pequenas.
    -Já estava com saudades.
    -Enquanto dormia? - eu perguntei, rindo.
    -Mas é claro. Mesmo você estando aqui, tão perto. E mesmo eu sonhando com você. Prefiro que você esteja por perto e eu esteja consciente.
    Eu concordei com a cabeça, rindo, e o beijei. Ah, Erik...Depois que nos afastamos, Erik beijou meus ombros nus. Pensei que ele ainda estivesse com sono. Na verdade, eu pensava que eu ainda estava com sono demais para conseguir me concentrar em beijar Erik, mas parecia que eu não me cansava dele. Não me cansava de seu cheiro, dos seus beijos, do seu toque, da sua voz. Porque eu o amava. Seria impossível ficar enjoada de qualquer pedacinho de Erik.
    -Cathy? - ele perguntou, olhando dentro dos meus olhos.
    -Sim?
    -Quando vamos nos casar?
    Nossa. É mesmo. Nós não tinhamos marcado o casamento. Meu Deus.
    -Isso depende. Você acha que eu vou caber naquele vestido com uma barriga gigante?
    -Hmm, não tenho certeza. Vamos nos casar logo, tá? Eu vou preparar tudo.
    Eu só sorri. Erik seria meu, eternamente. E eu, dele. Eu não podia querer mais do que isso. Ele olhou para o anel no meu dedo, pegando minha mão direita entre as suas.
    -Imagine só quando esse anel for para a outra mão...- meu anjo disse em tom sonhador.
    Eu estava tão contente. Erik estava quase chorando de novo, era como se as lágrimas não coubessem mais em seus olhos e tivessem que escapar pelas bochechas. Nós dois éramos tão chorões. Mas eu estava tentando me aguentar. "Sem choro", repeti mentalmente, "de novo, não". Eu o abracei forte, e poderia ficá-lo segurando pelo resto da minha vida, sem nunca ter vontade de me separar. Algumas lágrimas transbordaram de meus olhos. Meu Deus, eu só sabia fazer isso? Chorar? Ele beijou meu cabelo, me apertando contra seu corpo.
    -Ah, pequena, como eu te amo! - ele murmurou, contra minha cabeça.
    Levantei o rosto e olhei para ele. Ele me amava. Era tão bom amar alguém, e ouvir essa pessoa dizer que te amava. Não havia sensação como aquela. Sorri para ele, passando meus braços pelo seu pescoço.
    -Anjo... Eu te amo. Ah, Erik, você sabe disso.
    Nossos lábios se encontraram e o abraço se intensificou. Mas não durou muito, Erik logo se distanciou um pouco.
    -Que foi?
    -Nada, nada...
    -Erik! Como assim?
    Ele pensou um pouco, se sentando ao meu lado. Eu o encarei incrédula.
    -Ah, Catherine. Só... E se o filho que você está esperando... E se Matt for o pai? Não pensou nisso?
    -Ah.Meu. Deus. - eu deixei escapar, enquanto me sentava também. É claro que, conscientemente, eu não tinha percebido esse ponto, mas era isso que estava me incomodando o tempo inteiro. - Não, eu não tinha pensado nisso.
    Os olhos de Erik voltaram a lacrimejar, mas as lágrimas que ali se formavam, agora apenas refletiam a tristeza e a angústia, longe de qualquer vestígio da alegria que possuíam segundos antes.
    -Ah, Erik, por que você tinha que pensar nisso? Estava tudo tão perfeito.
    Ele estava desesperado, isso estava óbvio. E eu simplesmente não sabia o que fazer. Podia realmente ser filho de Matt, eu não podia negar. E se fosse filho dele, eu teria que abortar. Não conseguiria dar à luz uma criança e ao olhar para ela durante todos os dias, ter que ver todo o desastre, todo o desespero que senti por causa do pai dela, por causa das surras que ele me deu, por causa do  estupro. Não seria capaz, por mais que eu pudesse ser avessa ao aborto.
    Tudo o que eu consegui fazer para acalmar a Erik, como a mim mesma, foi abraçá-lo.
    -Calma, Erik,  não chora, por favor. Não faz isso comigo. Não temos certeza de nada.
    -Esse é exatamente o problema. Não temos certeza de nada.
    Ah,  Erik! O que eu podia fazer agora?


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Notas finais do capítulo

Reviews? Espero que tenham gostado.
Bjos, Luna *



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