Ijuuin está online

- Waaaaa, finalmente entrou! Estava precisando dizer uma coisa pra você. (Ran)

- Êh? Precisava? O que é...? 

- Eu vou viajar essa semana...

- Oh... Então eu não vou conversar contigo?

- Claro que vai, bobão.

- Levará seu note?

- Não... não exatamente.

- Não estou entendendo...

- Eu estou indo te ver. 

Ran está offline.

Meu nome é Ijuuin. Tenho 22 anos e moro em Tokyo, a grande e movimentava Tokyo. Ultimamente eu tenho trabalhado bastante, mas ainda sim encontro tempo para me dedicar à vida social. Soci... Social? Aa, por favor, eu só entro na internet para conversar com o Ran.

Ran... Eu nunca o vi pessoalmente. Já ligamos a webcam várias e várias vezes, passamos madrugadas juntos conversando besteiras e brincando. Somos grandes amigos. Amigos, claro. Vindo da parte dele... O que eu sinto é bem mais do que só amizade, mas não quero que ele saiba, eu posso estragar tudo.

Conversei com Ran esses dias e ele me veio com a frase "Estou indo te ver." Oh, como isso pesou em minha mente. Como assim "vem me ver"? Tá certo, ele sabe onde eu moro e meu endereço devido às coisas que já nos enviamos por correio, mas vir me ver...? 

Ran está online.

- Ran?

- Bom dia, Iju-san.

- Está tudo bem?

- Tudo ótimo e contigo?

- Estou bem, sim... Apenas um pouco intrigado.

- Êh? Com o que?

- O que quis dizer com aquilo... uns dias atrás?

- Oh.... Nada.

- Nada? 

- Deida pra lá, ne! O que vai fazer hoje?

- Unn.. Nada, ficarei em casa, estou de folga essa semana.

- Mas isso é ótimo! Muito bom mesmo, Iju-san trabalha muito, precisa descansar um pouco.

- Sim... Vai ser muito bom mesmo.

- Mas ne, Iju-san, eu preciso sair agora, minha irmã quer ajuda.

- Okay, até depois.

- Até!

Ran está offline.

Pode me chamar de Ran. Acabei de me formar no colégio, tenho 19 anos. Ainda não trabalho por motívos óbvios, quero um ano só para mim, um ano para aproveitar a vida um pouco. Moro no sul do Japão, longe das grandes cidades e centros, o que me deixa ligeiramente puto.

Apesar de ter vários amigos e sair bastante, meus momentos de paz no dia são quando estou online e um amigo entra. Amigo... Ijuuin-san me deve ver só como amigo. É triste, me sentimento por ele é bem maior do que isso... Por mais que eu não tenha coragem de admitir e demonstrar um pouco mais de afeto.

Esses dias meu pai disse que iria viajar para Tokyo por causa da empresa e me convidou. Não hesitei duas vezes em aceitar, já pensando nas possibilidades de ver Ijuuin.

Dia 09, 14h da tarde. 

Ijuuin está online.

- Aaaaa, que bom que entrou, Iju-san!

- Está tudo bem, Ran?

- Sim sim, está. Só quero saber se está em casa.

- Estou, por que?

- Por nada.... Mas agora eu tenho que ir, minha mãe precisa de mim!

Ran está offline.

Mas aquilo tinha sido super estranho. Ran não sai desse jeito... Bom, resolvi sair também, afinal não tenho o que fazer sem ele na internet. Desliguei tudo e fui me jogar no sofá, ligando tv num canal qualquer. 

Acho que dormi. Acordei eram 16h, eu estava todo dolorido de ter dormido naquele sofá desconfortável. Fui tomar um banho e me trocar, afinal, eu ainda estava de pijama e passar o dia assim me deixaria mal.

Ao sair do banho, me vesti casualmente, sem detalhes, eu ficaria em casa.Fui para a sala novamente, ainda secando meu cabelo escuro e comprido, quando ouvi a campainha. Achei estranho, eu não estava esperando ninguém e não tinha pedido nada.

Eu abri a porta.

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(R)

Não esperei ele responder, senão estragaria a minha surpresa. Coloquei a roupa mais bonita que eu tinha, me arrumei perfeitamente. Eu ia ver aquela pessoa que eu conversava faziam meses, e que me fez apaixonar. 

Avisei meu pai que estava saindo e assim fui até o endereço que eu tinha deixado anotado no celular depois de enviar aquele presente no aniversário dele. 

Chegando lá, vi a casa que ele morava. Um arrepio percorreu meu corpo todo, eu não acreditava que iria vê-lo. E se ele não gostasse de mim pessoalmente? 

Toquei a campainha. Ele abriu a porta.

Ele estava vestido com roupas simples e ssecava o cabelo com uma toalha. Suspirei pesado, fazendo meu melhor sorriso, eu estava realemente muito feliz.

Seu olhar era fixo em mim, como se tentasse me reconhecer. 

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(I)

Vi um garoto pequeno, os fios loiros lhe cobriam um dos olhos. Franzi o cenho, eu o conhec- Era ele. Ran. Ele. Não acreditei, deixei a toalha ir ao chão, dando alguns passos até ele, o abraçando pelos ombros, fechando os olhos. 

-Ran, você aqui.... O que faz aqui?

- Meu pai veio pra cá... Aproveitei para vir e te ver.

- Foi uma surpresa tão boa, Ran, nossa....

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(R)

Ele era mais carinhoso do que eu pensava. Me abraçou assim de primeira, dizendo que estava feliz em me ver. Eu estava bobo, o abraçando e fechando os olhos. Finalmente eu o teria perto.