Bruderlichkeit escrita por keca way, Duda_


Capítulo 4
Round 1 - Fight




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- Trecho de an deiner seite (ich bin da) -

 

 

 

Depois de quase três horas no aeroporto da Califórnia, finalmente Tom entrou no avião que o levava para seu país natal. Desde que havia se mudado para a América com seu pai, nunca mais havia visitado a Alemanha. Ele já não tinha muitas lembranças daquele país, e temia não conseguir se comunicar, pois a língua alemã se tornou totalmente indiferente para ele nesses anos de ausência do idioma.

 

Tom entrou na classe A do avião, classe essa que ele se orgulhava de estar, pois assim poderia desfrutar dos confortos e prazeres dessa viagem tão indesejada. Ele tirou seu mp3 de um dos bolsos, após sentar-se confortavelmente em sua poltrona reclinável, e colocou uma música para se distrair. Já estava acostumado a andar de avião, mas sentia-se extremamente sozinho agora, pois costumava viajar na companhia de seu pai.

 

Uma grande tristeza tomou conta de seu peito. Era difícil pensar que não teria mais seu pai ao seu lado. Jörg sempre foi mais que um pai, foi seu grande amigo, seu grande companheiro, fora ele quem o ajudou a se adaptar em seu novo país, assim como fora ele quem o ajudou a suprir a falta de seu irmão e de sua mãe.

 

Flashes do ocorrido no dia do acidente começaram a tomar a memória de Tom, e uma lágrima solitária desceu pelo seu rosto. Chovia muito aquele dia, eles estavam indo em direção à casa de campo, onde passariam um final de semana inteiro, mas o passeio entre pai e filho foi interrompido por um caminhão que se chocou diretamente no carro onde estavam Tom e Jörg. Tom passou três dias no hospital em observação, já Jörg não teve a sorte do filho e, no quarto dia que estava internado, acabou não resistindo aos ferimentos e morreu.

 

Tom observava seu braço, a marca roxa e os arranhões pela pele pálida ainda lhe traziam muitas lembranças do ocorrido e de tudo que sentiu quando fora levado às pressas para o hospital, sem nenhuma notícia do pai.

 

Depois de mais ou menos duas horas o avião já se preparava para pousar no aeroporto de Berlim, aonde com certeza alguém o esperava para levá-lo à Hamburgo, onde costumava morar desde pequeno.

 

Assim que desceu do avião sentiu uma onda forte de frio tomar conta de seu corpo, e observou que alguns flocos de neve começavam a cair, não se lembrava de que a Alemanha podia ser tão fria naquela época do ano. Faltavam quatro dias para o natal, o aeroporto estava cheio de placas que diziam “Frohe Weihnachten” com letras garrafais e coloridas. A felicidade estava estampada no rosto das várias pessoas que desembarcavam e iam encontrar seus parentes, conhecidos e amigos. Apenas ele se sentia deslocado e triste, era o único daquele ambiente que não estava perto das pessoas que importavam naquele instante, Louis e seu falecido pai.

 

O garoto esperou a mala ser despachada e se apressou em pegá-la. Estava praticamente congelando e, antes de qualquer coisa, abriu sua mochila e pegou um casaco que havia separado para essa ocasião. Logo em seguida saiu para a sala de espera do aeroporto, onde seus avós haviam marcado com Simone para encontrá-lo, com suas duas malas, uma em cada lado do corpo, e sua mochila nas costas.

 

Não foi preciso andar muito, logo ele avistou uma mulher alta e extremamente elegante, loira com uns óculos escuro, acompanhada de dois seguranças. Dava para perceber que haviam algumas câmeras focadas na mulher, assim como alguns microfones e várias pessoas ao seu redor, parecia que ela estava sendo entrevistada por uma grande emissora local. Tom não teve dúvidas de quem era aquela mulher. Simone Kaulitz, sua mãe, ou apenas a mulher que o gerou, já que ele não a considerava mais do que isso. O garoto acabou se lembrando que ela havia se tornado muito famosa em toda a Europa, com sua grife de roupas e acessórios, na qual Bill era o modelo principal.

 

Assim que viu o filho, Simone se distanciou dos flashes e foi na direção do garoto, sendo seguida de perto pelos paparazzis que esperavam uma oportunidade para entrevistá-la sobre a chegada do menor. Todos os jornais e revistas especulavam sobre a chegada do menino - ninguém sabia quem ele era ou se tinha algum grau de parentesco, talvez fosse só um filho de alguma amiga que passaria uns dias na sua casa, ou um novo modelo - e quem conseguisse boas fotos e, principalmente, uma entrevista diretamente com os envolvidos, poderia ter um grande trunfo na mão.

 

- Meu amor! – Simone disse emocionada, enquanto abraçava seu filho mais velho, que continuava parado, sem nenhuma reação, com seus braços colados ao lado do corpo. - Como você está lindo! Eu senti tanto sua falta! – um ódio repentino subiu pelas veias do garoto, e ele empurrou bruscamente a mãe.

 

- Não seja hipócrita! Eu estou aqui por uma grande ironia do destino, não porque eu quero... – ele disse seco, colocando a mão sobre o rosto, tentando esconder-se dos flashes.

 

Simone ficou sem reação por um instante, mas logo continuou.

 

- Tom a culpa não é minha, tente entender...

 

- Eu não quero entender nada! Tira essas pessoas daqui! Eu não sou uma aberração, muito menos um palhaço de circo, para os outros ficarem em cima como se eu fosse o prato principal da ceia...

 

Simone apenas fez um sinal com a cabeça para um dos seguranças e logo ele dispersou a mídia, sobrando somente alguns fãs da estilista que estavam muito curiosos para ver o menino que acabara de chegar.

 

- Podemos ir para casa? – Tom perguntou irônico.

 

- Vamos, meu filho!

 

Simone guiou o menino até uma limusine que os esperava, e logo eles estavam indo em direção à Hamburgo, onde ficava a casa que Tom havia passado sua infância junto aos pais e o irmão, que na época tanto amava.

 

O clima entre Tom e Simone estava um pouco tenso, ela pensava em como reconquistaria o amor e a confiança dele, ainda mais agora que acabara de constatar que ele realmente a odiava. Não agüentava mais ficar naquele silêncio insuportável, então resolveu falar algo para tentar fazer com que Tom conversasse e se abrisse um pouco pra ela.

 

- Tom, eu sinto muito!

 

- Não sinta! Eu não preciso da sua pena...

 

- Meu filho, por fav...

 

- Posso te pedir uma coisa? – perguntou sério, interrompendo-a.

 

Simone abriu um sorriso com a esperança de que Tom estivesse aceitando melhor a idéia da mudança.

 

- Não me chame assim, eu não sou seu filho... - os olhos verdes de Simone perderam sua alegria, assim como o sorriso que desapareceu de seu rosto.

 

Ouvir aquilo do próprio filho doeu mais do que ela imaginava. Simone já esperava que ele fosse ter uma reação negativa, mas nunca passou pela sua cabeça que Tom poderia falar algo parecido com o que ele disse. Não conseguiu responder nada, e virou sua cabeça com o intuito de que o garoto não percebesse as lágrimas que se formaram em seus olhos. Sentia-se culpada por aquela situação. “Se as coisas não tivessem acontecido daquele jeito... Se eu tivesse... Oh meu Deus, se eu tivesse feito as coisas de outra maneira, meu filho poderia nunca ter se separado de mim... Os meus dois filhos poderiam ter estado juntos todo esse tempo... Juntos e o mais importante, felizes.”, pensava Simone, quando uma lágrima escapou de seus olhos. Limpou-a rapidamente com as costas da mão e Tom a olhou de relance. Por um momento sentiu uma imensa vontade de pedir desculpas a mãe, mas segurou-se e olhou pela janela do carro, repreendendo-se por aquele desejo e aquela atitude que quase tomou. “Lágrimas... Devem ser falsas como tudo que é vindo dela. Palavras, sentimentos... Sempre foi tudo falso.”, Tom pensou enquanto sentia um vazio tomar seu peito.

 

 

Não demorou muito para que eles chegassem a casa. Ela não havia mudado nada, era exatamente como Tom se lembrava. Cada parte, cada detalhe. Aquilo lhe trouxe várias lembranças, e seu peito que já se encontrava apertado pelas lágrimas da mãe, se apertou ainda mais ao se lembrar de como fora feliz ao lado de toda sua família, principalmente do seu irmão.

 

- Há, há, há! Você não me pega...! – Bill corria pelo jardim, com Tom logo atrás dele.

Simone apenas observava os filhos enquanto lia um livro, sentada em uma cadeira na varanda.

Os dois pareciam muito animados, era sempre assim, brigavam algumas vezes, mas em comparação a irmãos da mesma idade, brigavam pouco. E era sempre besteira, faziam as pazes pouco tempo depois.

- Você me paga, Bill! – Tom ainda corria atrás do gêmeo e, em uma ação rápida, jogou-se em cima do garoto, derrubando-o em uma pequena descida. Os dois rolaram até chegarem ao canteiro de violetas, sendo parados pelas flores.

Simone olhou assustada para os filhos e foi na direção de ambos, que se encontravam rindo ainda, um em cima do outro...

 

Tom balançou a cabeça tentando afastar aquela lembrança de sua infância, mas não teve muito sucesso, já que uma pequena e solitária lágrima escorria pelo canto de seu olho... Teria que aceitar os fatos, muitas lembranças viriam e ele teria que ser forte, logo faria 18 anos e não precisaria mais ficar naquele lugar, onde passara os dias mais felizes de sua vida e, de uma hora pra outra, só a sua imagem já se tornara tão dolorosa pra ele.

 

 


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Notas finais do capítulo

Preview do próx. cap.:
"Bill observava famílias inteiras andando pelas ruas com várias sacolas e presentes de natal... Ele se lembrava muito bem que costumava fazer isso quando era menor, junto de seus pais e seu irmão, foi exatamente nessa mesma época, que Tom lhe prometera o que nunca cumpriu..."

Gentee, estamos muito felizes com todos os reviews carinhosos de todos vocês, viu?!
Espero que gostem desse capítulo.
Beeijoss