Atração Perigosa escrita por Lilas Oliveira2005


Capítulo 3
Capítulo 3




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_Samantha, SAM!!!... Fala comigo, está me assustando, por favor, fala comigo!

A voz de Cris estava longe, porém me despertava aos poucos, abri meus olhos sentindo todas as sensações de medo me tomarem novamente, sentei no sofá com a respiração entrecortada e a encarando assombrada. Um cheiro insuportável de álcool fazendo minhas narinas arderem

_O que aconteceu? – pronunciei com dificuldade, minha voz trêmula saiu num tom mais alto que o normal.

_Você desmaiou Sam, talvez não seja uma boa idéia você servir como isca.

_Acho que você tem razão Cris, não conseguirei dançar nestas circunstâncias, olhei para o investigador que já me fitava com olhar de reprovação.

_Desculpe Samantha, mas precisamos de você, somente com sua ajuda poderemos encontrar esse assassino.  Entendo seu receio e prometo que nada irá lhe acontecer, estará segura, pedirei reforços, colocarei policiais a paisana na boate para garantir sua segurança.

Não tinha como me livrar daquela tarefa, precisaria enfrentar meus medos e prosseguir com o que me pediam. Sentia-me enclausurada, pressionada a aceitar qualquer que fosse o pedido daqueles homens,  odiava me sentir pressionada e sob o olhar pesado de todos os que estavam naquela sala me vi sem nenhuma escolha, os ajudaria mesmo sem confiar inteiramente que policiais a paisana pudessem me proteger de um homem que ninguém sabia quem era. Faria minha parte para a solução do crime.

_Ok senhor,  o farei, mas se me sentir ameaçada não hesitarei em me retirar do palco. Combinado?

_Fique tranqüila Samantha, você só precisa dançar deixe o restante conosco. – ele fez uma pausa me fitando por inteira, me senti quase nua mas ignorei-o, policiais também eram homens dentro daquela farda. Evitei uma careta de desgosto – Bom, agora voltem todos a rotina normal, mais tarde quando a boate abrir estaremos aqui, peço que ajam naturalmente, não conversem a respeito do assunto e não nos procure nem falem com qualquer um de nós para que o suspeito não desconfie da armadilha.

Todos ouviram atentamente as instruções do oficial e aos poucos saímos da boate, os dois policiais saíram pelos fundos, eu, Cristine e Xavier fomos os últimos a sair. Enquanto nos dirigíamos para o carro não pude deixar de perguntar.

_Xavier, você acha que o Derek é o assassino e eu sou a próxima?

_Sam, combinamos de não tocar nesse assunto, lembra?

_Eu sei mas é que preciso de respostas, desde ontem estou intrigada como tudo aconteceu, não é comum chegar e encontrar uma roupa doada por um “Fã” misterioso e você é o único que pode me esclarecer quem é ele?

_Sam vamos deixar esse assunto com a policia, você pode botar tudo a perder.

_Eeu poderia ter morrido ontem a noite! – esbravejei – Você me colocou em uma situação de risco, pare de tentar fugir eu preciso saber!

_Samantha, foi só uma roupa, eu pedi uma bela apresentação e você o fez, não vi nada demais nisto.

_Como não? Eu passei a noite com um assassino e você diz que não tem nada demais? – minha indignação ficou evidente em meu rosto.

Meu chefe me encarou ruborizado, um lampejo de entendimento passou por sua face, as palavras seguiram apressadas.

_Espera, espera, espera! O que você está me falando? Você passou a noite com ele? Impossível! Eu mesmo o vi saindo da boate antes que você terminasse sua apresentação. Acho que precisamos mesmo conversar.

Demorei meio segundo a juntar as mesmas informações que Xavier, precisei recostar na parede do lado de fora para não perder o equilíbrio. Estava desesperada, ainda mais do que antes, pois existiam duas vertentes: Derek não ter nada a ver com as iniciais DH daquele lenço e ele ser realmente o assassino e não o homem misterioso que Xavier está acobertando. Eu queria e me forçava a crer que tudo não passava de um mal entendido e que Derek era apenas mais um admirador que fantasiava comigo. Me recuperei e voltei a caminha ao lado do homem, sussurrando a próxima frase como uma suplica por respostas.

_Xavier, por favor,  me conta tudo o que aconteceu.

_Vamos para minha casa, lá é mais seguro para esta conversa.

A sugestão de Cris foi logo aceita e fomos rapidamente para o carro. Chegamos ao apartamento dela poucos minutos mais tarde, ninguém ousou falar durante todo o trajeto e isso me ajudou a recuperar o fôlego que havia perdido. O apartamento era pequeno mas ela tinha um ótimo gosto e conseguiu decorá-lo de forma a deixá-lo muito aconchegante apesar da simplicidade do lugar.

Nos sentamos na pequena sala de estar, Cris e eu no sofá maior e Xavier na poltrona abaixo da janela, ele estava com o cenho franzido, as mãos inquietas esfregando-se uma na outra. Eu não quis perder tempo e assim que nos acomodamos o questionei.

_Então Xavier, conte-me quem era o convidado especial de ontem , por que e como ele me escolheu?

_No caminho prá cá, cheguei a conclusão que o seu admirador não tem nada a ver com essa historia então podíamos esquecê-lo, concentre-se na sua apresentação e vamos torcer para que consigam prendê-lo. – ele foi seco – Bom meninas, preciso voltar pra casa agora, se me dão licença...

Ele se levantou indo dando passos rápidos em direção da porta, corri para impedi-lo descrente de que ele não me daria respostas. Ele sabia algo muito importante e queria esconder de nós.

_Você não sairá daqui enquanto não me disser quem é esse cara, não me obrigue a...

_Você não faria isso? Faria?

_Não duvide de mim, você me conhece o suficiente para saber que tenho coragem para tanto. É a minha vida que está em risco e não a sua! – estava realmente alterada e foi preciso que a Cris me olhasse enviesado para que abaixasse meu tom de voz, os vizinhos não precisavam nos ouvir.

_Certo... mas por favor, não faça isso.

Não me agradava muito chantageá-lo, porém o instinto de sobrevivência falou mais alto. Há alguns meses descobri, por acaso, que a boate era apenas de fachada, se alguém soubesse a real atividade daquele lugar Xavier estaria arruinado e era isso que ele temia. Nem Cris sabia o que acontecia ali, para todos era só mais uma boate de Strippers. Continuei encostada na porta bloqueando a passagem dele.

_Então, vamos me conte e chega de enrolar. Quem é o cara?

_Não posso revelar seu nome, por ser uma pessoa publica me pediu sigilo absoluto e eu concordei. – fiquei encarando Xavier esperando que ele continuasse, ele soltou um suspiro pesado e foi até o sofá se lançando na poltrona novamente, continuou falando dessa vez sem parar – Alguns dias atrás ele me procurou dizendo que ouviu falar sobre você, que era uma mulher linda e que sua apresentação deixava os homens loucos, explicou que gostaria muito de conhecê-la mas, pela sua condição não poderia aparecer, pois queria evitar que a imprensa visse como fetiche e denegrissem a imagem dele e expusessem a você e à boate. Me disse também que gostaria de vê-la vestida com aquela fantasia e por isso me pediu para providenciá-la, confesso que ganhei uma grana preta para que tudo acontecesse do jeito que ele queria e realmente o foi.

_Mas Xavier quando já no camarim eu te perguntei quem era, você me descreveu exatamente o perfil do Derek, essa historia não me convenceu, fale a verdade, eu te imploro. – Lagrimas de desespero brotavam em meus olhos, meu estomago embrulhava de tanta angustia.

_Samantha eu percebi como você olhou para aquele homem, quando você me perguntou senti-me obrigado a descrevê-lo para você não suspeitar, eu não podia e nem posso revelar quem é, ele chegou minutos depois do inicio, estava disfarçado, irreconhecível, saiu antes das luzes se acenderem, por isso tenho certeza de que não foi com ele que você passou a noite. Essa pessoa que você diz, assim como você vi apenas uma vez, não posso ajudá-la, não sei absolutamente nada desse rapaz.

Xavier era minha única esperança de confirmar que Derek não era o assassino, mas suas palavras trouxeram ainda maiores duvidas e uma frustração latente que me faz perder momentaneamente o rumo dos pensamentos.

_Sam, você não tem escolha, só conseguirá desvendar esse mistério se fizer o jogo dele. – Cris se manifestou, por um momento tinha me esquecido que ela estava presente.

_Mas uma coisa eu garanto para vocês, custe o que custar eu vou descobrir. – o medo havia se tornado em adrenalina que me impulsionou a ter forças e entrar de cabeça naquela investigação, desvendar esse mistério era meu objetivo e eu já sabia por onde começar.

_Deixe esse assunto com a polícia, Samantha.  – Xavier e Cris disseram em côro como se tivessem ensaiado, mas eu não podia ser tão frágil assim, minha vida estava em risco.

_A policia pediu minha ajuda, tecnicamente, estou deixando com eles. – dito isto me despedi e apressadamente sai do apartamento de Cris, já na rua peguei um táxi para chegar o mais rápido possível em casa e organizar meu plano de ação.

Durante o trajeto, tive a sensação de que já tinha visto o motorista e como  um estalo o reconheci, foi o mesmo que me aguardava no  jardim de Derek e me trouxe até em casa.

_O senhor se lembra de mim? – o homem nem se moveu, seus olhos presos no trajeto que fazia – Ei, o senhor foi pago antecipadamente para me deixar em casa, não é possível que não se lembre! Saiu de uma casa super maltratada... moço! – indaguei, mas ele não deu a mínima atenção.

_São quinze reais, senhora.

_O senhor se lembra de mim? – questionei-o novamente esperando que desta vez me desse atenção – Ontem o senhor me pegou em uma casa e trouxe-me para cá, se recorda? – tentei arrancar algo enquanto procurava minha carteira na bolsa.

_Não Senhora, deve estar enganada, ontem eu não estava na cidade.

_Tem certeza? – que pergunta idiota eu havia feito, mas eu não tinha mais como enrolar, entreguei o dinheiro a ele que me respondeu de imediato.

_Claro que sim. Muito obrigado, tenha uma boa tarde!

Mal sai do veículo e ele arrancou, me afastei para o centro da calçada sem tirar os olhos do táxi até que sumisse da minha visão. Fiquei pensativa, ao abrir a porta de entrada dei de cara com uma caixa de presente. Dei um gritinho de surpresa, procurando por sinais de arrombamento ou alguma sombra dentro de casa, mas não havia sinal de um ou outro.

Depois de me certificar que estava sozinha, tranquei a porta e observei a caixa. Era grande com um laço vermelho em volta e um bilhete fixado nele dizendo:

Você me fascina, um verdadeiro espetáculo de mulher. Quero te sentir novamente”.

Encostei-me ao sofá, atônita com um único pensamento: como ele conseguiu entrar? Uma súbita fúria tomou conta de mim, ele estava brincando comigo, eu tinha que virar esse jogo.

Sem pestanejar, peguei o telefone e liguei para o investigador contando o que havia recebido e sem dar tempo do mesmo indagar qualquer coisa, lhe adiantei.

_Senhor, tenho um plano, fique atento esta noite. – não aguardei resposta, desliguei e corri para a casa da megera Sra Adelaide, a fofoqueira do bairro deve ter visto algo.

_Sra Adelaide, sei que está em casa, por favor, preciso muito falar com a senhora. – bati insistentemente na porta enquanto gritava essas palavras, o suor escorria pelo meu rosto, meu batimento cardíaco estava acelerado como no final das minhas apresentações, eu tinha que conseguir alguma informação.

_SRA ADELAIDE!!!!! POR FAVOR!

_Calma garota, porque tanta pressa sou uma senhora idosa não posso sair correndo pela casa só porque você quer.  – dizia ela enquanto abria a porta, porém seu tom e seu rosto mudaram de fisionomia no segundo que colocou os olhos em mim – Minha nossa Senhora! Você parece assustada, vamos entre, vou lhe servir algo para beber.

_Me desculpe, estou muito aflita e só a senhora pode me ajudar. Preciso saber quem esteve em minha casa hoje.

A velha sequer olhava para mim, me serviu um copo de suco de amora e sentou na cadeira em frente me olhando como se estivesse me avaliando.

_E então, eu sei que a senhora viu quem esteve em minha casa. Fala!!!

_Você está muito nervosa, porque não volta pra casa e tenta descansar um pouco. Depois conversamos.

_Não, é uma pergunta simples se não quer me dizer é porque sabe mais do que deveria, neste caso, vou procurar a policia. – bati o copo na mesa olhando fixamente nos olhos daquela mulher.

_Está bem. Vi sim alguém entrando em sua casa, era um rapaz em uma moto, ele parou em frente sua casa, pegou um embrulho e foi até sua porta,  vi o momento em que se abaixou para deixar o pacote, fechou a porta e voltou rapidamente para a motocicleta e saiu em disparada.

_A senhora viu o rosto dele ou se ele tinha alguma chave? – meus olhos encheram-se de lágrimas, a situação era pior do que pensava, a qualquer momento eu poderia dar de cara com o assassino em minha própria casa, eu não estava segura.

_Não, ele não tirou o capacete, só posso dizer que era alto e muito forte e não notei se ele estava com alguma chave nas mãos. Esse é o risco de ter essa vida que você leva, você é um prato cheio para esses psicopatas, eu vi na TV esse tipo de maníaco adora atacar prostitutas.

As lágrimas escorriam pelo meu rosto, ainda fui obrigada a ouvir o sermão daquela velha.

_Eu não sou uma prostituta, sou dançarina, mas a senhora não entende isso e não serei eu a perder meu tempo explicando. Muito obrigada pela informação, provavelmente a chamarão na delegacia para falar o que viu, peço que repita exatamente o que me falou aqui. – estava me sentindo sufocada naquela cozinha, sai pela porta dos fundos e pulei a pequena cerca do jardim que dividia seu quintal com o meu.

_Escuta! Ei volta aqui garota! Eu não vou a policia entendeu! Não me envolva nisso. – ouvi os protestos dela atrás de mim, mas a ignorei, trancando a porta.

Olhei novamente para a caixa sob o sofá, mas passei direto subindo para o quarto, já estava na hora de me arrumar, em poucos minutos Cris passaria para irmos juntas a boate. Tentei me tranqüilizar durante o banho, mas foi em vão meus pensamentos estavam tumultuados, uma série de informações desencontradas me deixando cada vez mais confusa, mas de uma coisa eu tinha certeza, eu estava pronta para seduzi-lo mais uma vez, e com um único objetivo: colocá-lo atrás das grades.

Escolhi um vestido preto, coloquei meus saltos Luís XV, apenas os brincos e uma pulseira como acessórios e para completar uma fragrância inspiradora, o aroma com um misto silvestre e quente.

_Uau! Pelo visto você expulsou mesmo aquela mulher indefesa, com tudo isso vai chover de maníaco na boate hoje. O que tem nessa caixa? – quase me assustei, mas a voz de Cris era tranqüilizadora, pois não estava mais sozinha na casa.

_Hahahahaha muito engraçado da sua parte Cris, se a minha única arma é a beleza então a usarei, se ele quer brincar com fogo vou mostrar como pode se queimar. – estava mais confiante e determinada.

_ Estou gostando de ver, é essa Samantha que eu conheço. Forte!  Mas tome cuidado.

_Não se preocupe, sei bem o que estou fazendo. Derek não perde por esperar.

_Mas e a caixa? – ela questionou quando andava para a porta da frente, abri-a aguardando que a mulher me seguisse.

_Outro presentinho.

_O que tem dentro? – questionou temerosa e curiosa. Dei de ombros, não estava nenhum pouco curiosa, na verdade pensar naquele embrulho me dava insegurança e não era o que eu precisava para esta noite.

_Vamos, na boate descobriremos o que há dentro dela.

Ouvi o clique da porta se trancando, mas me certifiquei algumas vezes que não deixei destravada, quando estava pronta, entrei no carro de Cris, esta noite meu destino estava traçado, os papéis invertidos, a caça em busca do caçador.


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Notas finais do capítulo

Queridos Leitores,
Desculpe a demora em postar o capitulo 3, alguns imprevistos me impediram de concluí-lo,mas já retomei cheia de ideias, espero que estejam gostando da trama os próximos capítulos prometem mais emoção.
O plano de Samantha daria certo ou ela estaria assinando sua propria sentença de morte?
Comentem, sua opinião é muito importante e valiosa.
Grande abraço