Atração Perigosa escrita por Lilas Oliveira2005


Capítulo 11
Capítulo 11




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/179175/chapter/11

            Estava completamente desolada, me sentindo sem chão, sem saída, só conseguia pensar no perigo que meus amigos estavam passando e em como fui injusta com Xavier, ele só precisava de mim para atrair o Derek e acabei indo além e complicando tudo. Minha única esperança era Tom, só ele poderia me ajudar naquele momento, fiquei alguns instantes olhando para ele com olhar de quem pede socorro em silêncio não conseguia pronunciar uma só palavra, ele notou e tentou me acalmar.

            _Sam, não fique preocupava, vamos dar um jeito nisso.

            _Mas viemos de tão longe para nada. O que a Alice nos disse não ajudou em nada.

            _Claro que ajudou, veja bem. A essa altura Derek já deve saber que Xavier estava manipulando você para matá-lo, então agora o que precisamos fazer é protegê-la.

            _Não, de jeito nenhum, eu não vou me esconder e deixar meus amigos serem assassinados. Ele quer a mim.

            _Samantha, me ouve, sou um profissional, sei o que estou dizendo, ele não fará nada com seus amigos enquanto não conseguir você, entendeu.

            _Tom, é sério, não vou conseguir ficar parada, eu preciso me encontrar com ele é o único jeito.

            _Definitivamente não Samantha. Enquanto eu estiver aqui, você irá fazer o que eu recomendar. – Nunca tinha o visto falar tão agressivo daquele jeito fiquei assustada, mas mesmo assim continuei contestando, não podia fechar os olhos para o que estava acontecendo.

            _Calma, não precisa se alterar, eu entendo que você só quer me proteger, mas, por favor, compreenda, não posso fugir diante de uma situação como esta. Olha podemos armar um plano para pegá-lo e pode ser bem fácil.

            _Plano? Que plano Samantha?

            _Eu vou me encontrar com ele daqui dois dias, como Derek mandou, ele não sabe que você existe e está me ajudando, então ele certamente estará sozinho, vou tentar dopá-lo.

            _É uma idéia absurda, mas pode até dar certo. Sendo ele nosso “refém” podemos negociar a libertação de Xavier e Cristine. É Sam estou surpreso com você, se sairia muito bem como policial. Vamos para o flat onde estou hospedado lá arquitetamos melhor esse plano é algo muito arriscado.

            _Flat? Mas por quê? Não precisa, vamos para minha casa.

            _Ficou maluca, sua casa é um lugar muito arriscado para ficarmos, é melhor que ele não tenha idéia de onde você esteja. Fique tranqüila, prometo me comportar.

            _Não sei não hein Tom.

            _Confie em mim Sam, vou cuidar de você.

            _Já ouvi isso antes e olha onde estou agora.

            _Ei ei ei ei, não me compare com esse crápula, por favor.

            _Desculpa, não tive a intenção. – Não estava segura em ficar novamente em um ambiente tão pequeno com Tom, eu me conhecia muito bem e talvez não fosse forte o bastante para resistir aos seus encantos, por outro lado ele estava correto em dizer que seria mais seguro Derek não ter idéia de onde eu possa estar, e por isso aceitei meio a contragosto a proposta do meu ex.

           

***

            Após uma cansativa viagem de volta chegamos à cidade por volta das 19h00m, Tom estacionou na garagem do prédio e subimos para o quarto, o lugar era muito luxuoso, me questionei em pensamento, como ele conseguia se hospedar ali sendo apenas um policial.

            _Tom, você se superou hein? Estou impressionada com tamanha mudança.

            _Sabe Sam, cansei de me contentar com pouco, a depressão me fez mergulhar em um mundo de mediocridade em que qualquer coisa estava boa, graças à terapia e a você também consegui me libertar desse mal e aprender a valorizar a beleza dos lugares, das pessoas, a apreciar uma comida de qualidade e por isso hoje me dou o direito dessas regalias.

            _Que bom, mas você não acha que é um pouco exagerado isso? Esse lugar deve ser uma fortuna, como consegue se manter trabalhando na policia?

            _Hahahaha é isso que a preocupa? Fique tranqüila que não me tornei um policial corrupto, se foi isso que pensou a meu respeito.

            _Ahhh não Tom, jamais, te conheço muito bem e sei da sua integridade e caráter, jamais pensei isso. Nossa fiquei até sem jeito de ter perguntado. Me desculpe. – Eu tentei disfarçar, mas no fundo eu havia mesmo pensado que Tom havia se corrompido, pois nenhum sargento da policia militar ganha tão bem para ter um carro top de linha e se hospedar em um hotel de luxo com todas as regalias de um Sheik.

            _Não precisa pedir desculpas, muitas pessoas que não sabem o que aconteceu comigo se surpreendem quando vêem minha mudança.

            _Nossa, então me conta, o que aconteceu com você? – Fiquei curiosa para ouvir a história que meu ex tinha para contar.

            _Vamos nos acomodar no quarto primeiro, lá podemos conversar melhor.

            _Tudo bem, sem problemas.

Chegamos ao nono andar, saímos do elevador, eu não sabia para onde olhar, tamanha era a beleza daquele lugar, pensei se os corredores são assim revestidos de mármore imagine como serão os quartos, devem ser revestidos de ouro, Tom me pegou pela mão e caminhamos até o final do corredor, ao entrar no quarto, fiquei boquiaberta tamanho o luxo do lugar, um verdadeiro quarto de rei.

_Gostou?

_Se gostei? E como, nossa, esse lugar é lindo.

_Aqui ficaremos seguros. Você quer alguma coisa? Pensei em pedir o jantar e ficarmos no quarto mesmo, alguma objeção?

_Ahhh não, claro que não, ficamos aqui sem problemas. Agora eu gostaria de tomar um banho se não se importar.

_Fique a vontade, se quiser pode pegar uma camisa minha no armário.

_Obrigada, mas onde você vai? – Tom estava próximo a porta, prestes a sair.

_Vou até a recepção, preciso fazer o acerto desta semana, aproveito e providencio nosso jantar. Seu gosto continua o mesmo?

_O que você pedir para mim está ótimo.

_Ok, volto logo. – Tom abriu a porta e antes que a ultrapassasse.

_Tom!

_O que foi?

_Muito obrigada por me ajudar.

_Que isso Sam. Você sabe que eu faço qualquer coisa para ver você bem.

_Mesmo assim, obrigada de coração.

_Ok. Agora vá tomar seu banho. Já já estarei de volta.

Após ouvir Tom travando a porta, entrei naquele imenso banheiro que era praticamente duas vezes meu quarto, impecavelmente branco até ofuscava os olhos de tão brilhante que era os azulejos, me despi, ajustei a temperatura da água e entrei debaixo daquela água gostosa, deixei a ducha massagear meus ombros, imaginando que fosse possível todo o meu problema escorrer ralo abaixo, fiquei assim por alguns minutos, curtindo aquele momento, tomei um banho sem pressa alguma, antes de desligar o chuveiro, fechei os olhos novamente e voltei a sentir o toque da pressão da água sob meu corpo, em questão de segundos, vários flashes dos últimos acontecimentos vieram à tona na minha mente, o principal deles era a lembrança de Derek tomando meu corpo.

_Pensei que você ia usar a banheira. Não que a ducha não seja boa, pelo contrário, mas para relaxar a hidro é uma ótima opção.

_Tom! Você já voltou? – Não sabia quanto tempo Tom estava ali me observando, esqueci completamente de trancar a porta, achei que fosse ser rápida então apenas a encostei.

_Como assim já voltei! Eu avisei que voltava logo, até achei que demorei muito fiquei procurando uma roupa para você, mas cheguei a conclusão que sou péssimo para fazer isso, depois vamos até lá e você escolhe algo, pode ser?

_Ahhh sim, não se preocupe com isso. É bem, será que você pode pegar uma camisa sua que você tinha me oferecido? – Eu estava muito constrangida de Tom me ver nua, eu tentava ser rápida em me enrolar na toalha, mas tremia tanto que me atrapalhei toda para conseguir.

_Posso sim claro, achei que você já tivesse pegado. Desde quando você ficou tímida desse jeito? Nem parece uma dançarina de strip-tease Sam. – Enquanto me entregava a camisa Tom me mediu de cima em baixo com olhar de malicia e desejo, senti um frio na barriga e um tremor percorrer por todas as minhas vértebras, naquele momento sabia que ele tinha outras intenções comigo, estava chegando à conclusão de que não tinha sido uma boa idéia aceitar ficar escondida com ele naquele hotel.

_Ai Tom, é diferente, quando estou no palco, sou uma personagem, não sou eu mesma, também não sei por que, afinal não tem nada em mim que você não tenha visto não é? – Dei um sorriso amarelo, tentando descontrair a situação, saímos do banheiro, após vestir a camiseta preta da Calvin Klein de Tom, fiquei um pouco mais confortável diante dele.

_Realmente Sam e digo mais, você a cada dia está mais bonita. Parabéns por toda essa saúde. – Senti repulsa com o jeito que ele olhara para mim, ao mesmo tempo em que eu queria me livrar daquela situação Tom era a única pessoa que eu confiava naquele momento.

_Pára com isso Tom, chega desse assunto, você ficou de me contar uma história, então o que aconteceu com você neste período que não nos víamos?

_Está bem, já que não lhe agrada falar dos seus atributos físicos, vamos a minha dramática história se a interessa tanto. – Tom falou com ar de ironia e desapego.

_Tom, se você não quiser falar, não tem problema eu te entendo. Confesso que fiquei curiosa mas fale se você se sentir a vontade em falar. – A curiosidade me consumia por dentro, mas eu não quis ser insistente para ele não se achar no direito de me exigir algo em troca, como fazia quando namorávamos nas muitas vezes a moeda de troca era meu corpo e do jeito que ele me olhava não estava difícil dele pedir isso novamente.

_Não tenho mais nenhum problema em falar daquele passado. Você acompanhou de perto todos os estágios da minha doença, digo doença, porque é a única palavra que se encaixa pelo que passei aquela depressão e síndrome do pânico estavam me matando aos poucos, lentamente iam consumindo minha mente e destruindo meu corpo, perdi totalmente minha auto-estima e vaidade, me tornei um homem rude, frio, inseguro e para um policial isso é praticamente a morte. Não conseguia impor respeito nem para um cachorro. A terapia me ajudou muito, você também foi uma das responsáveis pela minha cura, digamos assim, esteve o tempo todo do meu lado e por isso tenho essa divida de gratidão com você. Eu...

_Não tem dívida nenhuma Tom, você precisava de mim fiz a minha parte em tentar te tirar daquele poço.

_Sam, eu não te falei nada na época, mas eu sei o quanto foi complicado para você ter que cuidar de mim naquele estágio, lembro das vezes em que maltratei, gritei, ofendi você e foi por isso que naquela noite após minha sessão resolvi dar um basta no seu sofrimento e lutar sozinho contra tudo e me tornar um homem melhor.

_Eu não acredito que você terminou por minha causa. Você nunca foi um sofrimento para mim. Eu achei que você não me quisesse mais, cheguei a pensar que eu fosse à razão do seu mal estar pelo fato de ser dançarina e por isso você resolveu se afastar, o ciúme tem dessas coisas, apesar de você nunca ter me cobrado nada a respeito do meu trabalho. – Fiquei preocupada, pensando se alguma vez deixei transparecer para Tom que estava incomodada com aquela situação, ele tomou a decisão por minha causa, para me livrar, por outro lado, ele acertou em sua decisão, pois se recuperou e se tornou um homem lindo e cheio de vitalidade novamente.

_De forma alguma, eu adorava assistir você, sentia sim um pouco de ciúmes daqueles homens babando e falando de tudo para minha namorada, mas eu sempre confiei em você e bom enfim, esse não foi o motivo da minha doença, eu sabia que enquanto eles só te olhavam eu tinha você por inteiro. O real motivo que tomei a decisão de me afastar foi porque percebi que eu estava fazendo mal a mulher que eu amava, estava interrompendo sua vida e também era humilhante para mim, pois eu era dependente em tudo, até mesmo para tomar um simples banho eu dependia dos seus cuidados. Eu precisava tomar as rédeas da minha vida e se eu continuasse com você ia sempre tê-la como muleta, foi então que decidi mudar.

Eu ouvia atentamente cada palavra que Tom me dizia e era como se um filme passasse pela minha cabeça, obviamente ele estava correto, eu estava servindo de apoio, uma muleta mesmo como ele mencionara, enquanto ele tivesse isso nunca ia sair daquele buraco em que se encontrava e para mim também havia sido um alivio sua decisão, eu não tinha coragem de deixá-lo sentia medo de que sua situação piorasse e ele viesse até a cometer suicídio, não me perdoaria nunca se eu causasse sua morte, então fui agüentando, mas apesar de doente Tom não deixou de ser esperto e ter o faro que todo policial possui, ele percebeu que eu não estava feliz e me sentia obrigada a ficar com ele pela sua condição, em paralelo se viu sendo sustentado por uma mulher e acredito que a vaidade masculina falou mais alto e o fez tomar essa decisão de ir embora. Enquanto eu viajava no passado observando os gestos de Tom enquanto me contava, fomos interrompidos pelo som estridente da campainha do quarto, imediatamente Tom se levantou e foi atender a porta, eu continuei na mesma posição, sentada em uma poltrona, lembrando de cada episódio do nosso relacionamento.

_É o nosso jantar, querida. – Vi o garçom entrando com aqueles carrinhos bonitinhos que eu achava o máximo quando via nos filmes, ele acomodou os pratos na mesa de jantar, preparou tudo e após receber a gorjeta saiu nos desejando um bom apetite.

_Huuummm o cheiro está uma delicia. O que pediu para nós Tom?

_Bom eu lembrei de algumas coisas que você gosta, então... Tcharam!!!! – Tom levantou a tampa me revelando um lindo prato que continha risoto de brócolis e tomate seco, filé mignon ao molho madeira e purê de batatas que após experimentar senti um leve toque adocicado de maça, bem diferente do PF que eu costumava comer do restaurante próximo a minha casa.

_Parece delicioso.

Enquanto degustávamos o jantar insisti para Tom continuar, agora estava mais curiosa para saber o que havia acontecido com ele nesse tempo de recuperação.

_Tom, depois que nos separamos eu fui procurar você alguns dias, mas não o encontrei, os vizinhos diziam que não via você a dias, até na delegacia eu fui procurar noticias suas e nada. Fiquei muito preocupada que algo grave pudesse ter lhe acontecido. Me diga para onde você foi? – Tomei um gole do vinho argentino que ele havia me servido e fiquei aguardando atentamente sua resposta.

_Não me diga que você pensou que eu tinha intenção de acabar com a minha vida?

_Desculpe Tom, mas sinceramente fiquei muito preocupada que você fosse fazer alguma besteira.

_Ahhhh Samantha, você me conhece bem mesmo, eu realmente por diversas vezes pensei em acabar com a minha vida, como eu disse me sentia vazio, oco por dentro, era horrível essa sensação, mas naquele dia, depois da terapia, coloquei na cabeça que eu tinha dois caminhos a seguir, um era o de me afundar naquela depressão e o segundo era levantar a cabeça e seguir minha vida adiante, forte como sempre fui então decidi pela segunda opção e aqui estou.

_Não sabe como fico feliz por você. Mas você ainda não me contou como se tornou milionário. – Minha curiosidade se limitava em saber de onde ele tirava grana para manter aquela vida de luxo.

_Para mim foi uma grande surpresa, também não esperava me tornar rico da noite para o dia, mas aconteceu, depois da nossa despedida, fiz as malas e fui para o sul de Minas, na fazenda dos meus tios Bernardo e Celina, quando cheguei, recebi a triste noticia que meu tio tinha falecido, minha tia vivia sozinha naquele lugar, devido a infertilidade do meu tio nunca tiveram filhos, chegaram a adotar um garoto, mas o mal agradecido sumiu e nunca mais deu sinal de vida, o que deixava tia Celina muito triste. Expliquei a ela o momento difícil que estava passando e carinhosamente me acolheu em sua casa, fiquei morando com ela e cuidando das tarefas que meu tio exercia na fazenda, aquele trabalho foi me dando mais força e em pouco tempo já havia esquecido o motivo pelo qual eu havia chegado naquele lugar.

_Nossa Tom, eu não sabia que você tinha mais familiares, você nunca me comentou nada. Sua tia deve ter ficado muito feliz com sua companhia.

_Para ser sincero eu não era muito apegado aos familiares da parte do meu pai, por isso nunca comentei sobre ninguém. Eu arrisquei indo lá, poderiam muito bem me virar as costas, pois eu sempre demonstrei minha falta de afeto a todos eles, mas me surpreendi com tia Celina que ficou muito feliz em me ver, no fundo eu também a ajudei, eu supria a carência afetiva do filho que ela nunca teve e seu carinho e atenção me afastavam da solidão e vazio que eu sentia.

_E porque você resolveu deixá-la e voltar à cidade?

_Na verdade não foi uma escolha, com dois meses que eu estava lá, minha tia passou mal, levei-a até o hospital e durante a bateria de exames foi constatado que ela estava em um estagio avançado de câncer no pulmão, foi um choque quando os médicos me disseram que não havia mais nada o que fazer, ela ficaria ali na UTI mas era certo que não se recuperaria. – Notei lágrimas brotarem nos olhos de Tom, para tentar disfarçar ele se levantou e caminhou em direção a janela, eu o segui e abracei-o por trás tentando confortá-lo.

_Tom, me desculpe. Não precisa continuar, esse assunto te faz sofrer, vamos falar em outra coisa.

_Não Sam, não me incomodo em falar para você, mas é inevitável me lembrar dela sem me emocionar. Bom, não há muito mais o que falar, e assim como os médicos disseram em apenas quatro dias ela teve uma parada respiratória não voltando mais a vida, eu fiquei o tempo todo desde a sua internação até o fim, assisti a tudo, pudemos nos despedir e ela me deixou o maior presente que eu poderia ter ganho em toda minha vida.

_O que? – Chorando perguntei com a voz embargada, pensei que fosse a herança, mas não quis ser insensível em dizer, então apenas perguntei do que se tratava, lágrimas também escorriam pelo rosto de Tom, como um menino, ele havia nutrido um amor muito forte por aquela mulher, eu nunca tinha o visto num estado como aquele, nem mesmo a depressão o fez agir daquela forma.

_Ela deixou um testamento onde eu era nomeado o único herdeiro da fortuna da família Vivaldi, me tornei milionário da noite para o dia, mas esse não foi meu maior presente como muitos pensam, o que ela me deu dinheiro nenhum pode comprar, Tia Celina me devolveu a vida, me acolheu no momento em que eu mais precisei e me deu o colo de mãe que eu nunca tive isso eu jamais irei esquecer.

Sem palavras, abracei-o forte tentando transmitir todo meu carinho a ele, ficamos abraçados por alguns segundos até que ele bruscamente se levantou, secando o rosto.

_Agora você já sabe mocinha então vamos terminar nosso vinho e descansar para amanhã estudarmos nosso plano.

_Claro! – Tom estendeu minha taça e brindamos a nossa saúde, eu estava totalmente comovida com aquela história, senti vontade de abraçá-lo novamente, pois via em seus olhos que ainda havia tristeza neles, a perda daquela mulher ainda mexia com seus sentimentos, ele voltou a ficar parado na janela olhando a noite, o relógio se aproximava das 23:00h e um leve sono acometeu-se de mim.

_Tom, onde posso dormir?

_Como onde Sam, na cama é claro. – Tom se virou, sua fisionomia já havia mudado demonstrando toda a segurança que ele possuía.

_Mas e você? – Fiquei preocupada dele dizer para dormirmos juntos, na mesma cama.

_Não se preocupe Sam, eu vou descer até o bar do hotel, preciso sair um pouco desse quarto, fique a vontade, eu me viro nesse sofá mesmo, pode ficar tranqüila.

Eu não tive tempo sequer de contestar, ele logo deixou o quarto, sentindo que em poucos minutos o sono me derrubaria, tratei de arrancar a colcha da cama e me acomodar abraçando um dos travesseiros como era meu de costume, em pouco tempo senti o peso do cansaço se apoderar do meu corpo e caí em sono profundo.

_Sam, você sabe que eu te amo, és a mulher da minha vida. Case-se comigo?

Despertei do sono recordando do sonho que acabara de ter, estava nos braços de Tom e ele me pedira em casamento, que loucura, eu não sentia nada por ele, mas meu coração bateu acelerado quando o vi todo desajeitado no sofá, sai da cama e fui até ele, toquei em seu rosto e uma súbita vontade de beijá-lo se apoderou de mim, aproximei meu rosto ao dele nossos lábios quase encostados um no outro, me controlei e apenas sussurrei baixinho.

_Tom, deite-se na cama.

_O que? Nossa que horas são? O que aconteceu Sam? – Tom acordou desorientado me afastei e ele sequer percebeu o quanto eu estava próximo de sua boca prestes a beijá-lo.

_Calma, não aconteceu nada. São duas da manhã. Venha, você está todo torto aí no sofá, deite-se na cama, eu sou menor que você e ficarei melhor acomodada aí.

_Não precisa Sam, volte a dormir, estou bem aqui.

_De jeito nenhum, agradeço seu cavalheirismo, mas você vai ganhar uma tremenda dor nas costas por ser teimoso. Venha. – Puxei-o pelo braço, ele se levantou e segurou firme em minha cintura me fazendo tremer.

_Ok, mas você irá deitar na cama também.

_Tom, já falamos sobre isso, não vamos começar de novo. Você...

_Ei, pare, eu sei. Não vou forçar nada Sam, prometo, mas esse sofá é horrível, mesmo você sendo menor também irá ficar desconfortável.  – Eu hesitei um pouco, mas no fundo ele tinha razão, no pouco tempo em que fiquei sentada pude notar o quando aquele estofado era duro e completamente desconfortável para se dormir.

_Tudo bem então, não vamos passar a noite discutindo isso não é mesmo?

_Assim que se fala.

Enquanto Tom se acomodava na cama, fui até o banheiro, lavei o rosto, ajeitei o cabelo retornei para o quarto, peguei uma água no frigobar, tomei alguns goles, enquanto bebia fiquei observando ele dormir, pareceu estar em um sono pesado, devia mesmo estar cansado, afinal dirigiu o dia todo naquela viagem sem sucesso até a casa de Alice, me aproximei da cama, puxei o lençol e me deitei ao seu lado, na pontinha do colchão, eu conhecia a virilidade de Tom e sabia que se eu encostasse nele despertaria seu desejo carnal por mim, apaguei o abajur, fechei os olhos na esperança de dormir rápido novamente, mas as lembranças do meu relacionamento com Tom vieram a tona e se misturaram com as recentes recordações do meu envolvimento com Derek, dentre estes pensamentos tudo ficou escuro novamente.

_Você não tem como fugir, seu fim também está próximo Samantha, a sua beleza foi quem os condenou a este fim, você carregará para sempre o peso da morte dos seus amigos. Eu sou o seu maior pesadelo.

_Não, por favor, não, eu lhe suplico. É a mim que você quer então aqui estou, mas eu lhe peço liberte-os.

_Nunca, já está feito, nenhum deles merece viver.

_Não!

Despertei assustada com meu próprio grito e Tom acabou acordando também, estava em choque, lágrimas escorriam pelo meu rosto, minhas mãos tremiam e eu mal conseguia segurar o copo com água que Tom me oferecera.

_O que foi Sam?

_Um pesadelo Tom, horrível, parecia real. Não agüento mais. Preciso encontrar Cristine, ele vai matá-la eu sinto isso.

_Calma, vem cá. – Tom me abraçou forte, tentando me confortar, alisava meu cabelo enquanto eu sentia seu coração bater forte. – Vai ficar tudo bem meu amor, confie em mim, tente descansar, foi apenas um pesadelo, você está muito confusa com essa história toda é natural que tenha sonhos ruins, mas estou aqui para te proteger de tudo, não se esqueça disso.

_Obrigada Tom. – Agradeci com a voz embargada pelo desespero.

_Lembra quando namorávamos e você tinha aqueles pesadelos, eu te abraçava e mexia em seus cabelos até você se acalmar e conseguir pegar no sono novamente. Lembra disso.

_Claro que sim. Sempre me senti segura ao seu lado.

_Então vamos voltar a deitar que farei como antigamente. Venha.

Ainda abraçados nos deitamos, encostei junto a ele e fiquei sentindo seus dedos deslizarem pelos meus cabelos e como naquela época me senti totalmente segura do seu lado. Antes de pegar no sono pela terceira vez, imaginei que Tom aproveitaria da minha fragilidade naquele momento e tentaria algo, mas ao amanhecer percebi que ele havia realmente cumprido sua palavra, apenas me confortou em seus braços e me protegeu pela noite toda.

Durante o café da manhã, ele respeitou meu silencio e não perguntou nada sobre a noite passada, nos atentamos a discutir como faríamos a armadilha para Derek, o dia do encontro estava se aproximando e aquela seria minha única chance de salvar a mim e meus amigos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Capítulo sem revisão.