As horas que se seguiram foram as mais difíceis da minha vida.

Um grupo de guardiões foi mandado para as cavernas para resgatar os corpos que haviam sido deixados pelos Strigois, e procurar por algum sobrevivente. Pensar desse modo fazia meu coração se apertar ainda mais. Tinha uma parte de mim que acreditava que Dimitri ainda estaria vivo. A outra parte pensava que se ele realmente estivesse... morto, Lissa não se agüentaria e poderia trazê-lo de volta a vida. Ela nunca conseguiu se segurar. A compaixão por qualquer ser que estivesse machucado era grande, por um morto, bem... digamos que ela era boa demais para não ter compaixão. Mesmo ele tendo dito que não poderia. Não mais...

Eu engoli em seco. Aquelas palavras dela me machucaram. Mesmo ela não sabendo nada sobre meus sentimentos por Dimitri – e eu não sei ainda como ela não descobriu – ela deveria ter me tranqüilizado de alguma forma. Eu sempre havia feito isso por ela. Eu sempre me pus a sua frente. E ainda assim ela havia me negado.

E por cima de tudo estava a promessa que Dimitri havia feito para mim. Que ele sempre estaria lá para mim. Eu sabia que ele cumpriria, mas agora... Ele me devia isso.

Minha mãe havia me pedido para cuidaria segurança dos alunos, tanto Moroi quanto Dhampir, enquanto ela e Alberta lideravam o resgate. Era toda aquela confiança depositada em mim e eu não sabia o que fazer com ela. Eu não estava em condições para liderar. Eu queria me enfiar em algum lugar e chorar. Trancar-me em meu quarto e gritar para os céus que trouxessem Dimitri vivo para mim. De volta para meus braços. Que tivessem misericórdia dele.

Ao invés disso eu fui em direção ao refeitório para comer um pouco. Eu não queria, mas minhas necessidades estavam gritando para mim. Meu estômago dava voltas e mais voltas, pedindo algo solido em seu sistema.

A atmosfera no refeitório não estava muito melhor que o meu humor. Pequenos grupos aqui e ali, falando baixo, ou até mesmo nem falando. Todos muito tristes pelas perdas para começar alguma conversa.

Peguei minha comida a contragosto e comecei  a sair para fora mas uma coisa me chamou a atenção ao meu lado.

Adrian estava sentado em uma mesa de canto com uma garrafa de vodka na mão e um maço de cigarros jogado em cima da mesa. Ele, por incrível que pareça, estava mais miserável do que todos juntos. Havia enormes olheiras abaixo de seus olhos e seu corpo magro indicava que ele não comia muito desde o ataque, vivendo apenas de suas bebidas.

Eu caminhei até ele e me sentei à sua frente.

“Hey, little Dhampir!” ele acenou.

Eu hesitei. Ele parecia sóbrio o bastante para manter uma conversa.

“Hey! Você está bem?” questionei.

“Na verdade, não! As auras estão me afetando. Muita melancolia no ar sabe?” ele deu de ombros “Uma boa hora para automedicação” ele levantou a garrafa para enfatizar e bebeu um gole.

Após um segundo de silencio ele me analisou.

“Você parece mais miserável do que eu, no entanto. Você está bem?”

Adrian podia ser um arrogante para muitos, mas eu sabia que aquilo era apenas sua fachada. Para mim ele conseguia ser gentil e atencioso. Uma mistura de amizade com atração eu penso. Ele era um cara que estava afim de mim no momento. Mais do apenas para sexo, quero dizer.

E quanto a mim? Eu só queria Dimitri de volta.

Baixei meu olhar para meu prato e comecei a empurrar comida pela boca, atrasando minha resposta.

“Rose?”

“Eu ainda estou esperando noticias Adrian! Eu tenho esperanças ainda!”

Ele me olhou triste, como se eu fosse a única que ainda acreditava nisso. Até mesmo Alberta havia desistido de encontrar sobreviventes nas cavernas, mas ela deveria buscar os corpos e dar a eles um enterro digno.

Adrian pareceu querer falar algo, mas eu o interrompi.

“Olha, eu não quero conversar sobre isso ok? Eu só quero terminar de comer e-“

De repente uma náusea tomou conta de mim. Era diferente da náusea que eu sentia quando haviam Strigois por perto. Eu me levantei depressa, assustada.

Um erro!

Minha voou para minha boca e eu meio que corri para fora do refeitório. Eu não olhei para trás para ver se Adrian estava me seguindo.

Consegui chegar até uma parte atrás da construção e me ajoelhei na grama gelada.

Comecei a respirar fundo, mas então outra náusea me atingiu e eu me inclinei para frente com dor.

Alguém estava me chamado, mas eu não conseguia responder. A dor em meu corpo parecia querer me rasgar em duas e meu estomago dava voltas e mais voltas.

Na terceira vez eu não consegui mais segurar e minha bílis subiu pela garganta enquanto eu botava o pouco que havia comido para fora.