Worlds Crash II escrita por The_Stark


Capítulo 6
Água, Magias e Monstros


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, mais um capítulo para vocês. Espero que gostem!



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               - Acalmem-se! – gritava Quíron a plenos pulmões para todo o Salão Principal – Acalmem-se!

               Mas era inútil. Alguns minutos haviam se passado desde a infeliz visita dos centímanos e desde que o diadema fora roubado. Mas esse pequeno espaço de tempo fora o suficiente para que os alunos de Hogwarts, agora de todas as casas, se reunissem no Salão e iniciassem o caos.

               Todos perguntavam a todos o que havia acontecido, por que havia tantas coisas quebradas e de onde surgira aquela enorme cratera no chão. Aqueles que estavam presentes durante o ataque dos monstros compartilhavam o que sabiam, mas outras dúvidas surgiam e ninguém eram capaz de sanar todas.

               As vozes de tantas pessoas ecoava pelo salão, impedindo que a escutassem a voz de Quíron, pedindo calma. De forma que a baderna continuava. Dumbledore juntou-se ao centauro, em frente a mesa dos professores, levou a varinha até a garganta  e gritou em um tom profundo:

               - Silêncio!

               O grito mágico, sim, foi o suficiente para chamar a atenção. Todos os bruxos e semideuses se calaram e, pela primeira vez, pareceram notar a presença de seus diretores. A voz de Dumbledore ainda ecoava pelos corredores de pedra do castelo quando Quíron começou a falar.

               - Eu sei que todos vocês devem estar ansiosos para entender o que está acontecendo. E acreditem, nós descobriremos quem está por trás disso. Mas por hora, precisamos que todos colaborem conosco...

               - O que era o ritual que a voz falou? – perguntou Clarisse, filha de Ares.

               - E o que ela quis dizer com o Ministério da Magia? – continuou um aluno da Lufa-Lufa.

               - Infelizmente, ainda não temos as respostas para isso – respondeu Dumbledore em um tom solene. Eles não tinham as respostas, é claro. Mas tinham uma boa idéia do que era... Voldemort... Mas ainda não havia motivo para assustar as pessoas com meras suposições.

               - Deixe-nos ir ao Ministério verificar... – pediu um filho de Hermes.

               Quíron olhou para Dumbledore que negou com a cabeça. O centauro podia não conhecer o local onde a magia era administrada, mas o professor conhecia. E, sem sombra de dúvida, o Ministro da Magia não iria gostar nada de ter centenas de adolescentes perambulando por seus corredores, em busca de um suposto ritual.

               Ainda assim, era certo que eles deviam ir. O mundo, para dizer pouco, estava ruindo. Tsunamis no Japão, tornados nos Estados Unidos, enchentes na América do Sul. Ou os Deuses haviam surtado, ou havia uma outra explicação. Além disso, o Ministério era a melhor dica que eles tinham sobre os sonhos de Mellany e Percy e da voz. Havia muita coisa em jogo para que eles apenas declinassem o convite. Não, eles tinham que ir.

               - Iremos enviar uma missão para o Ministério – disse o centauro por fim – Três pessoas, somente. É preciso ser discreto, não seria bom chamar muita atenção naquele local. Ainda mais se não soubermos exatamente o que estamos procurando.

               - Eu me voluntario! -  gritou Clarisse, como sempre, pronta para ação.

               Mas o centauro negou com a cabeça.

               - Percy irá. Ele teve um sonho que pode ter alguma relação com toda essa bagunça. Assim sendo, me parece mais sensato enviá-lo. E Mellany também... Ela também teve o mesmo sonho...

               A sala mergulhou em burburinhos. Não, talvez enviar uma garota de cinco anos, sem treinamento, em uma missão não fosse exatamente a decisão mais sábia. Mas o que ele podia fazer? Ela realmente tivera o sonho. Ela deveria estar envolvida de alguma forma nisso.

               - Ainda sobra uma vaga nessa missão – notou Clarisse.

               - Sim – assumiu Dumbledore – Mas é mais inteligente que essa vaga seja preenchida por um bruxo. O Ministério da Magia é de domínio bruxo, não seria inteligente mandar somente semideuses. É preciso alguém que já tenha estado lá e tenha alguma idéia de como se locomover lá dentro...

               - Eu irei. – interveio Harry – Eu, junto com meus amigos, invadi o Ministério da Magia quando estava no quinto ano. Tenho uma boa idéia de como é lá dentro...

               Dumbledore assentiu. Ele já esperava que o garoto se voluntariasse.

               - Espera aí! – gritou Nico apontando para o resto de seus amigos – Mas e a gente? Nós também vamos!

               - É arriscado demais – interveio Quíron – Não, é melhor que não chamemos atenção. Vocês ficam.

               - Mas...

               - Nico, sinto muito, mas essa decisão não está aberta a discussões.

               O garoto se silenciou.

               - Quando partimos? – perguntou Harry.

               - Imediatamente – respondeu Dumbledore – Não sabemos quando o "ritual" irá começar, mas o mais certo é que não irá demorar... Mas antes de irem, gostaria de trocar uma palavrinha com vocês três. O resto dos alunos, por favor, voltem a dormir. Amanhã, quando soubermos mais coisas, dir-lhes-emos  as novidades...

               E assim, a multidão de jovens se dispersou. Cada bruxo voltou para sua respectiva casa e os semideuses tiveram que voltar a seus colchonetes improvisados. Dumbledore criara com magia novos, para aqueles que haviam sido sugados pela cratera.

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               Percy, Mellany e Harry encontraram-se na sala de Dumbledore.

               - Como chegaremos no Ministério? – Percy foi o primeiro a perguntar.    

               - Harry, creio que você esteja familiarizado com a entrada do banheiro de Londres, estou correto? – perguntou o diretor de Hogwarts.

               O garoto assentiu.

               - Ótimo, enviaremos vocês para lá, então. Lá, você explica a Mellany e a Percy o que devem fazer para entrar no Ministério.

               - E como nos esconderemos de quem trabalha lá?

               - Ah, vocês não precisam se esconder. Mesmo sendo adolescentes, não é completamente incomum que pessoas de sua idade perambulem por lá. Às vezes vocês, menores de idade usam magia fora do colégio e tem que responder por processos, entende? Ter dois jovens por volta de dezesseis, dezessete anos lá não é nada, mas a Mellany pode gerar dúvidas...

               - Vocês dois não desgrudem o olho dela, pelo amor aos Deuses – disse Quíron. Ele ainda não estava completamente feliz com o fato de enviar uma menina de cinco anos numa missão.

               - Não se preocupe – respondeu Percy.

               - Creio que se vocês dois se mantiverem juntos a Mellany o tempo  todo – prosseguiu Dumbledore – gerarão menos perguntas. Caso alguém pergunte alguma coisa, Percy, diga que você é irmão dela. Estão procurando o pai de vocês.

               - E eu? – perguntou Harry.

               - Você é famoso demais no mundo bruxo para dizer que é irmão de alguém. Se te reconhecerem e você estiver mentindo, estaremos com problemas... Apenas diga que está acompanho Percy e Mellany.

               - Certo...

               - E existe uma outra coisinha – notou o diretor – Com a morte de  Fudge, durante a Grande Guerra, um novo Ministro foi eleito: Rufus Scrimgeour. Tive poucas oportunidades de conversar com ele, mas ele não me pareceu muito amigável... Seria bom se o evitassem a qualquer custo.

               - Enviaremos vocês através de pó de flu até o banheiro-entrada.

               - Por que não usamos o pó de flu para irmos direto até o Ministério? – perguntou Percy.

               - O Ministério possui magias ao seu redor, você não pode entrar lá nem com aparatação, nem com pó de flu. Apenas através das entradas convencionais.

               Percy assentiu.

               - Então, podemos ir?

               - Já estão atrasados – notou Quíron.

               Dumbledore pegou um pouco de pó de flu e colocou na mão dos três garotos. Gesticulou com a mão para que entrassem na lareira de sua sala, era grande o suficiente para que os três coubessem juntos.

               - Harry, você sabe o local?

               O garoto respondeu jogando o pó na lareira e desaparecendo em chamas verdes.

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               - Um banheiro num beco isolado? – perguntou Percy incrédulo – O que o Ministro da Magia tinha na cabeça quando criou essa entrada?

               Harry deu de ombros, também não tinha a resposta para isso. Caminharam o beco até encontrar a entrada do banheiro e então, virão que tinham outro problema: Mellany era uma menina.

               Ela não poderia entrar com eles no banheiro masculino, teria que ir no feminino. Maravilha, pensou Harry, a missão mal começou e já temos que nos separar dela...

               - Não podemos simplesmente levá-la conosco para o banheiro masculino? – perguntou Percy – Ela é pequenininha, ninguém vai se importar.

               O bruxo pensou por um segundo. Ele não estava gostando nada daquilo. Levar a garota para o banheiro masculino iria atrair atenção indesejada e isso era tudo que eles não queriam. Perguntou a si mesmo  o que Dumbledore faria nessa situação.

               - Mellany – começou Harry – Você consegue entrar no banheiro e chegar ao Ministério sozinha, se eu te dizer como?

               A garota assentiu, um pouco trêmula.

               - A-Acho que sim... – respondeu ela.

               - Ótimo. Nós vamos fazer assim... Você vai entrar no banheiro, encontrar uma privada e colocar os seus dois pés dentro dela, ok?

               Ela concordou.

               - Depois disso, vai dar descarga. Só isso... E outra coisa, quando chegar ao Ministério, não se mova. Fique parada lá dentro, deixe que eu e Percy a encontraremos.

               Ela concordou novamente e, quando Harry indicou a entrada do banheiro, ela foi em passos curtos até lá dentro – sumindo da vista dos dois.

               - Tem certeza de que isso foi uma boa idéia? – perguntou Percy.

               - Era o único jeito... – respondeu Harry entrando no banheiro, mas não, ele também não estava gostando muito desse plano.

               O banheiro era igual a qualquer banheiro masculino no mundo. Havia um pouco de papel molhado no chão, e o ar era extremamente úmido. O banheiro tinha a forma quadrada. Em um dos cantos estava a entrada, na outra as pias. De um lado da pia havia cinco mictórios e do outro cinco cabines com privadas. Não tinha ninguém lá dentro, visto que era madrugada, não o horário de entrada dos funcionários.

               - Finalmente – disse Percy dirigindo-se a um dos mictórios.

               - O que está fazendo?! – perguntou Harry enquanto seu amigo abria o zíper da calça.

               - O que você acha que estou fazendo? – retrucou ele enquanto se aliviava.

               - Não temos tempo para isso... – Harry revirou os olhos.

               - Pronto, já acabei... Foram trinta segundos...

               Cada um deles entrou em uma privada e, simultaneamente, deram descarga.

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               Sim, eles deviam ter ido dormir.

               Mas como poderia, com toda aquela adrenalina correndo em suas veias? Seus amigos haviam ido em uma missão, impedir um ritual desconhecido e encontrar a voz de uma mulher, provavelmente doida. Como Dumbledore conseguia pensar que eles dormiriam?

               Nem precisaram falar nada. Aproveitaram-se da confusão de alunos indo dormir e, sorrateiramente esgueiraram-se para um corredor deserto. Não haviam sido notados e era melhor que continuasse assim.

               - Vamos para outro lugar – sussurrou Hermione – Se alguém passar por aqui estaremos encrencados.

               E os seis seguiram em silêncio por alguns corredores, com Hermione guiando o caminho até que por fim chegaram a um banheiro.

               - Esse é o banheiro da Murta-Que-Geme – explicou a garota quando entraram – É seguro ficar aqui, ninguém nunca vem para cá.

               - Por que não? – perguntou Thalia curiosa.

               E a Murta respondeu a pergunta, surgindo aparentemente do nada e gritando insultos para os seus seis visitantes.

               - Vocês voltaram! – gritou ela – Não vieram quebrar mais regras, vieram?!

               - Ah... – Thalia assentiu compreendendo.

               - Err... Olá, Murta – foi tudo que Rony conseguiu dizer.

               - Vocês estão sempre causando problemas, não é? O que querem dessa vez?

               - Nada não, apenas conversar...

               - Num banheiro deserto? Às três da manhã? – perguntou a Murta cheia de suspeitas – Sei...

               - Pelos Deuses! Você é só um fantasma – disse Nico – Desculpe-me, mas não é da sua conta!

               O fantasma pareceu ofendido.

               - O que está dizendo?! Só por que estou morta eu não mereço atenção?! Só por isso eu mereço conversar com vocês?! É ISSO?!

               Nico ficou sem saber o que dizer, ele não tinha a intenção de dizer isso. Mas o tempo estava correndo. Eles precisavam chegar ao Ministério logo e essa tal de Murta estava atrapalhando.

               - Certo, descul...

               - Não! – ela cortou a frase de Nico – Poupe-me! Não quero mais ouvir vocês...

               E começou a chorar. Com um berro, atirou-se numa privada, jogando água para todos os lados e desaparecendo da vista deles.    

               - Foi algo que eu disse? – perguntou Nico incrédulo.

               - Acredite, não – respondeu Hermione-  A Murta pode ser um pouco... temperamental, às vezes...

               - Vamos direto ao ponto – Annabeth pediu, mudando de assunto – Acredito que todos aqui concordamos que não podemos deixar Harry e Percy irem sozinhos com Mellany para o Ministério da Magia resolver isso, não é?

               - Claro – respondeu Gina – Harry é meu namorado, ainda assim, admito, ele poderia ser um pouquinho mais responsável...

               - E o mesmo vale para Percy – notou Annabeth – Dumbledore e Quíron juntaram dois irresponsáveis e enviaram numa missão com uma garota de cinco anos de idade.

               - Quando você coloca as coisas dessa maneira – notou Rony – Realmente não parece nada sábio...

               - Que bom que concordamos que temos que ir ajudá-los – concluiu a filha de Atena – Mas a pergunta é: como chegaremos lá?

               - Bom... – admitiu Hermione – Eu conheço a entrada, eu e Rony estivemos lá com Harry no quinto ano... Mas será difícil sair de Hogwarts. As lareiras só levam até o Acampamento Meio-Sangue, exceto a de Dumbledore. Mas imagino que ele esteja de olho em sua própria lareira. E, além disso, Hogwarts é anti-aparatação.

               - Poderíamos ir de Pégasus – sugeriu Annabeth – Mas Percy, que é quem pode chamá-los, não está aqui...

               Todos se puseram a pensar. Realmente, não parecia haver nenhum meio de locomoção para fora do colégio. Então, como iriam sair?

               - Eu tenho uma idéia – disse Nico.

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               - O QUE DIABOS É ESSA BAGUNÇA?! – explodiu Percy, no meio de todos os gritos.

               Ele certamente não imaginara o local onde a magia é gerenciada como sendo aquilo.

               - Eu não sei dizer... – explicou Harry, até ele estava confuso.

               Estavam no Hall do Ministério da magia. O chão era negro e havia varias lareiras espalhadas pelo grande corredor, eles saíram de uma delas. A sua frente, existia uma grande estátua com a representação dos mais diversos bruxos. Mas não era isso que impressionava. Vários funcionários do Ministério corriam para todas as direções, lançando magias para em todos os sentidos e gritando coisas uns com os outros. Nada parecia fazer sentido.

               - Atenção funcionários – uma voz masculina dizia ao fundo – O Ministério da Magia está sob ataque. Repetindo: o Ministério da Magia está sob ataque.

               - Ataque? – perguntou Harry incrédulo – Quem seria louco para atacar isso aqui?

                E então Harry viu. Perto ao elevador dois centímanos estavam atacando bruxos. Vários tentavam lutar contra eles, mas outros seguiam por outros corredores, o que levou Harry a pensar que existiriam mais monstros espalhados pelo Ministério.

               - Os centímanos que nos atacaram mais cedo – respondeu ele – Estão aqui.

               - Essas criaturas estão tendo uma noite agitada, imagino.

               - Devem ter trazido o diadema para cá, para completar o ritual. Ainda podemos impedi-los!

               - Então, onde está o diadema? – perguntou Percy.

               Mas essa frase lembrou Harry de uma outra coisa.

               - Onde está Mellany?!

               Naquela confusão que seguira quando entraram no Ministério, nenhum dos dois notara a falta da garota. Mas ela devia estar parada, perto de uma das lareiras, como combinaram mais cedo. Vasculharam o corredor com os olhos, mas não havia sinal da garota em lugar nenhum.

               - Droga! Não podemos ter perdido ela tão rápido! – gritou Percy.

               - Certo, certo – tentou Harry – Vamos manter a calma. Eis aqui o que faremos: iremos encontrar Mellany, encontrar o diadema e impedir o ritual. Só isso.

               - É. Só isso. Por onde começamos?

               Harry não tinha a menor idéia. O Ministério era um lugar grande, cheio de andares e a garota poderia estar em qualquer sala, de qualquer um deles.

               - Vamos para o elevador. Temos que começar a procurar.

               Os dois se puseram a correr através de toda aquela multidão. Evitaram os dois centímanos próximos a estatua e chegaram ao elevador. Quando as portas se abriram, cinco pessoas saíram lá de dentro – já disparando magias – e puseram-se a lutar contra seus invasores.

               Harry e Percy entraram e fecharam as portas, antes que alguém tivesse tempo de notar pela presença dos dois. Não precisaram apertar botão nenhum. Quando as portas foram fechadas o elevador começou a se movimentar sozinho. O semideus ficou surpreso quando viu que não estavam subindo ou descendo, mas que estavam indo para os lados.

               - O quê? – perguntou ele intrigado – Como isso é possível?

               - Magia – explicou Harry, tentando parecer descontraído, embora aquilo impressionasse até ele, que havia sido bruxo a vida toda.

               O elevador parou com um grande solavanco.

               - Terceiro Andar: Departamento de Acidentes e Catástrofes Mágicas.

               Quando a porta se abriu, Percy saiu.

               - O que o faz pensar que Mellany está aqui? – indagou Harry.

               - Nada. Mas imagino que esse lugar seja tão bom para se começar a procurar quanto qualquer outro.

               O bruxo teve que concordar com a lógica do amigo e saiu do elevador.

               Dentro do Hall de Catástrofes Mágicas, chovia. Contrariando todas as leis da física, um temporal estava caindo dentro daquela sala. Harry não era capaz de dizer para onde toda aquela água estava indo, mas o encharcou em questão de segundos.

               Ouviram um grito no final do corredor e se puseram a correr naquela direção. A água no chão, que estava na altura de seus joelhos, tornava sua velocidade mais lenta e a chuva incomodava, mas rapidamente alcançaram o final e dobraram o corredor.

               Depararam-se com um bruxo lutando sozinho contra um centímano. Ele era alto e tinha cabelos que lhe caiam até os ombros, de um tom castanho claro, quase loiro. Havia cicatrizes por seu rosto e sangue na água, o que indicava que estava ferido.

               - Finite Incantatem! – gritou Harry para a chuva, mas ela não parou de cair com isso.

               - Minha varinha! – gritou o bruxo – Ela caiu na água! Ajude-me a encontrá-la.

               Percy destampou Contracorrente.

               - Eu vou conseguir tempo para que vocês encontrem a varinha – falou ele, caindo em cima do centímano.

                O garoto girava com sua espada tão rápido quanto um humano poderia fazer. A chuva molhava seus cabelos e caia-lhe pelo rosto, mas isso não o impedia. Ele desviava das dezenas de mãos do monstro e decepava-as sempre que tinha a oportunidade.

               A chuva no corredor parecia ter aumentado, agora ouvia-se o barulho de relâmpagos. A água dificultava os movimentos de Percy e o cansava mais rapidamente. Desviar estava exigindo muita força.

               Não teve jeito. O monstro acertou-o com uma das mãos, fazendo com que voasse contra uma parece.

               - Uh! – foi todo o som que fez quando suas costas acertaram o tijolo.

               O centímano moveu na direção do garoto, que caíra na água, pronto para dar um fim à luta, quando Harry gritou:

               - Accio Varinha! – e a varinha do funcionário do ministério voou de dentro da água indo para nas mãos do jovem bruxo. – Pegue – e arremessou para ele.

               O funcionário pegou-a no ar e com toda a sua força girou-a.

               - Avada Kedavra! – o raio verde iluminou o corredor escuro e acertou o enorme monstro antes que ela tivesse tempo de pisotear Percy. A criatura primeiro ficou imóvel. Depois virou a cabeça e avistou seu atacante. Justo quando Harry pensou que o feitiço não tinha surtido efeito, a criatura desapareceu em pó, deixando-os apenas com a chuva.

               Percy ergueu-se cambaleante, ainda tonto com a pancada que levara.

               - Você está bem? – perguntou Harry.

               - Vou ficar. Temos que encontrar Mellany.

               O funcionário do Ministério rapidamente aponto a varinha para os dois.

               - Quem são vocês? – perguntou ele.

               Harry, como resposta, apontou a varinha para o funcionário.

               - Quem é você? – retrucou ele.

               Nenhuma resposta foi dada. A chuva caía.

               - Nós salvamos você – respondeu Percy – Nos deve respostas.

               - Salvaram-me? Curioso, achei que o feitiço que matara aquele monstros tivesse saído de minha varinha...

               - Varinha que eu recuperei – notou Harry.

               Trocaram alguns raios de magia, mas ambos se defenderam.

               - Não tenho tempo para isso. Meu nome é Harry Potter, esse é Percy Jackson. Quem é você e o que você quer?

               O olho do bruxo arregalou-se ao ouvir que aquele era Harry Potter.

               - O que é que vocês fazem no Ministério da Magia, a uma hora dessas, durante uma invasão? – perguntou o funcionário.

               A chuva caia mais forte agora.

               - Quem é você? – Harry perguntou novamente.

               - Rufus Scrimgeour, Ministro da Magia.

=---=---=---=---=

               Mellany andava a passos curtos.

               Ela não sabia para onde, mas sabia que voltar poderia ser perigoso. No começo, ela tentara seguir o que combinara com Harry, ficar parada. Ela saíra numa lareira e lá ficara parada. Mas havia bruxos gritando e lançando magia. Monstros atacando.

               Ela ficou com medo.

               Tentou esperar que Harry e Percy aparecessem, mas eles nunca chegavam e a luta piorava. Até que ela decidiu que era perigoso demais ficar ali. No começo correu para longe daquela bagunça. Não sabia para onde ia. Virou corredores atrás de corredores. Ás vezes encontrava bruxos correndo também. Uma vez encontrou uma daquelas terríveis criaturas de varias mãos.

               Desceu escadas. Fez força para não chorar. Estava com tanto medo. Gostaria de poder voltar ao orfanato. Lá, ela não tinha amigos, mas nada podia machucá-la. Aqui, por outro lado...

               Ela sentou-se em um canto, cansada de correr e levou as mãos ao rosto. Não conseguiu mais segurar o choro. Onde ficava a saída?!

               - Porque essstá chorando? – um sussurro perguntou-lhe.

               A voz não era nem masculina, nem feminina. Era apenas uma voz, fria, baixa. Mellany perguntou a si mesma se não estava imaginando coisas.

               - Venha para. Precissssa me encontrar... Venha...

               Ela levantou-se. Seguiu o corredor, tentando identificar a origem do sussurro. Secou as lágrimas de seu rosto. Coragem, disse a si mesma. Caminhou por mais alguns minutos até que, por fim, no final do corredor, encontrou uma grande porta de madeira.

               - Ssssim, abra a porta...

               Com a mão trêmula, ela fez o que lhe era pedido.  A porta foi aberta vagarosamente, com um pequeno rangido. Seus olhos arregalaram-se com o que viu. Impossível, pensou ela, Percy disse que isso não existia...

               Ainda assim, ali estava: aquela era sala de seus pesadelos.


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Notas finais do capítulo

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