Worlds Crash II escrita por The_Stark


Capítulo 5
O Pesadelo dos Dois Semideuses


Notas iniciais do capítulo

Sim, sim, eu sei que faz algum tempo desde que eu postei o último capítulo e sei que provavelmente muitos de vocês já nem lembram da história. Eu me desculpo, mas não tenho desculpa nenhuma para não ter escrito nada '-'. Assim sendo, escrevi esse capítulo tentando colocar lembranças sutis de alguns pontos da história. E, sim, eu vou tentar escrever com mais frequência. Se correr conforme o planejado, escrevo o próximo capítulo amanhã mesmo, ok? De qualquer maneira, o capítulo cinco está aí... Espero que gostem!



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               Aquela era a segunda noite que os semideuses passavam em Hogwarts, desde que um tornado aparecera em Long Island e destruíra o Acampamento Meio-Sangue. Pela manhã, Quíron dissera que reuniria uma pequena equipe e, juntos, iriam avaliar os estragos.

               Percy estava sem sono. Deitado em seu colchonete improvisado no Salão Principal, colocou um braço atrás da cabeça e ficou observando as velas flutuantes no teto do cômodo – estavam todas apagadas.  É incrível o que magia pode fazer, pensou ele. Os bruxos são resultado da magia dos Deuses afinal de contas. Pegaram a pequena dose de mágica que caia no mundo mortal e a desenvolveram por séculos. O garoto perguntou a si mesmo se um dia conseguiria lançar magia direito – suas tentativas até agora tinham sido... engraçadas, para dizer o mínimo.

               No final das contas, percebeu que não faria diferença. Os bruxos podiam ser mais mágicos. Mas os semideuses eram mais fortes, rápidos e, à sua própria maneira, também tinham magia. Percy, por exemplo, por ser filho de Poseidon, era o príncipe dos mares. Nenhum bruxo jamais poderia controlar a água da maneira que ele controlava.

               Suspirou e olhou para o lado.

               Annabeth dormia calmamente, perto de Nico e Thalia.    Seu rosto era angelical. O garoto teve que se ressentir mais uma vez por ter esquecido de comprar um presente para ela, no aniversário de três meses de namoro. Ela, é claro, não se esquecera. Annabeth era muito inteligente e dificilmente se esquecia de algo. De alguma forma, ela sempre parecia ter um plano, ou saber o que fazer.

               Isso o fez se lembrar do que sua namorada dissera-lhe ontem sobre Mellany. "Há algo de errado com aquela garota...". Percy não notara nada de especial. Era apenas uma filha de algum Deus. Uma criança.

               Pensou ter ouvido um passo.

               Como é acontece sempre quando, no escuro, pensamos ouvir alguma coisa, a audição de Percy se aguçou. Sim, eram passos. Leves. Sutis. Quem poderia ser? O garoto ergueu levemente a cabeça, tentando verificar o perímetro a sua volta.

               Encontrou a causa do barulho na porta: Mellany. Ela, por algum motivo, estava saindo do Salão Principal. Isso intrigou o filho de Poseidon. Onde a garota poderia estar indo? Em situações normais, não teria seguido uma criança, mas a desconfiança de Annabeth ainda lhe deixava com uma pulga atrás da orelha.

               Tão silenciosamente quanto podia, saiu de baixo de seu cobertor para o ar noturno. Estava frio, mas podia ser pior. Ele, na pressa de sair do Acampamento Meio-Sangue, pusera uma camisa sem mangas que, em situações normais, só seria usadas em treinos, ou dias de muito calor. Felizmente, Harry emprestara-lhe um casaco mais cedo.

               Saiu do Salão Principal sem acordar nenhum semideus e deparou-se com Mellany, sentada na escada chorando silenciosamente.

               - O que aconteceu? – perguntou ele.

               A menina de cinco anos pareceu assustada quando notou que havia outra pessoa na sala, mas se acalmou quando viu quem era. Enxugou as lágrimas do rosto.

               - Nada – disse ela.

               - Você não me parece o tipo de pessoa que choraria por nada – Percy sentou-se ao lado dela na escada – Creio que naquela confusão, na estátua da liberdade, não fomos devidamente apresentados. Pode me chamar de Percy.

               - Percy? – repetiu ela com uma voz fina de garota.

               Ele assentiu com a cabeça.

               - Estava chorando porque estava com saudades de sua família? Amigos, talvez?

               - Não tenho amigos, nem família...

               Percy notou o quão idiota tinha sido. Encontrara numa turma de orfanato. Como ela teria uma família? Mas o fato de ela não ter amigos o surpreendeu. Mellany era baixa para sua idade. Pequena e frágil em todos os sentidos da palavra, mas tinha algo em seu olhar que demonstrava força. Possuía um longo cabelo negro, corrido, e olhos igualmente escuros. Era um pouco sombria, Percy teve de admitir, mas nada que afastasse as pessoas, definitivamente.

               - Sem amigos? – perguntou ele novamente, ainda achando difícil de acreditar.

               A garota pareceu se lembrar de algo.     

               - Ah, aquele cara barbudo e o metade cavalo disseram que eram meus amigos – ela pareceu sorrir um pouco, como se a lembrança tornasse sua vida melhor.

               - Dumbledore e Quíron?

               Ela balançou a cabeça, concordando.

               - Eu também serei seu amigo – Percy decidiu – Uma garotinha bonita como você deve ter muitas pessoas divertidas ao seu redor.

               O sorriso dela se alargou ainda mais, até Percy sorriu, sem conseguir resistir. Annabeth estava louca, não havia nada de errado com aquela garota.

               - Então, por que estava chorando? – Percy fez outra tentativa.

               A lembrança fez o sorriso da garota sumir. Ela encarou o chão por alguns segundos até que falou.

               - Eu tive um pesadelo.

               - Um pesadelo? – o semideus franziu o cenho. Sabia que pesadelos, no caso de filhos de Deuses, quase nunca eram um bom sinal – Não se preocupe, pesadelos nunca se realizam - Claro, aquilo era uma mentira. Mas não teria utilidade nenhuma em contar isso para Mellany agora – Que tipo de pesadelo?

               - Eu estava numa sala escura, sozinha... – a menina iniciou a narrativa – tinha uma mesa de madeira, uma taça, cheia de algum líquido...  Eu me aproximei da mesa e vi um anel e um colar... Não sei dizer bem ao certo. Alguma coisa estava sussurrando, mas eu não conseguia identificar  o som. De repente, tudo pegou fogo. Eu não conseguia fugir do fogo, e a sombra de um homem apareceu e... – ela parecia estar com medo demais para continuar a falar.

               - Está tudo bem – acalmou-a Percy.

               Na verdade, não estava tudo bem. Não estava nada bem. Percy tivera um sonho extremamente parecido com esse, uma noite atrás. Não havia fogo, é verdade. Também não havia nenhuma sombra, ou sussurros. Mas tinha uma serpente. O que poderia significar isso? Por que os dois estavam tendo os mesmos sonhos?

               - Tive uma idéia. Por que você não vem comigo e conta esse sonho para Dumbledore e Quíron. Eles também são seus amigos e vão querer ajudar, não é?

               A menina assentiu e juntos subiram até a sala de Dumbledore e bateram na porta.

               Percy não tinha a menor idéia de onde encontraria os dois, aquela hora da noite. Nunca lhe ocorrera que até mesmo seus professores tinha que dormir, assim sendo, nunca pensara onde eles dormiam, mas o escritório pareceu um bom ponto de partida.

               - Pode entrar – disse a voz de Dumbledore.

               Céus, esse cara não dorme nunca? Pensou Percy. Ele empurrou a porta e encontrou Quíron, de pé, encarando a lareira, enquanto o diretor estava sentado em sua cadeira. Eles pareciam estar debatendo algum assunto.

               - Percy? – Quíron pareceu confuso com a interrupção noturna, então viu a garota – Mellany?

               - Estou interrompendo algo?

               - De forma nenhuma – Dumbledore levantou-se, foi até seu armário e serviu um pouco de hidromel para Percy e Mellany. Pegou um pouco para si e serviu Quíron – Estávamos apenas discutindo as possíveis causas do furacão em Long Island. Não faz sentido Zeus atacar, entende? Mas o que mais poderia ter sido?

               - Um bruxo, talvez? – sugeriu Percy.

               Quíron olhou para Dumbledore com cara de quem não tinha pensado nessa possibilidade. Dumbledore, por sua vez, olhou para o teto.

               - Um bruxo? Não seria impossível... Mas quem e por quê? Voldemort está morto.

               - Outro bruxo das trevas talvez? – sugeriu o centauro – Alguém novo?

               - Poderia ser. Mas nesse caso, não faria sentido atacar o Acampamento. Se fosse um bruxo das trevas novo, ele iria querer demonstrar seu poder em algum lugar mais público, não é verdade? Para que as pessoas o temessem... Além disso, acredito ser possível criar um furacão de pequenas proporções com magia. Nada muito poderoso...

               - Entendo... – disse Quíron.

               - Mas não falemos disso – sugeriu Dumbledore – Percy, o que o traz aqui?

               O adolescente apontou para a garota.

               - Mellany teve um pesadelo.

               Quíron franziu o cenho, assim como Percy fizera alguns minutos antes.

               - Que tipo de pesadelo?

               E a semideusa contou toda a história de novo. Os dois anciões ouviram tudo silenciosamente e sem fazer interrupções, Dumbledore pareceu intrigado, em alguns momentos, mas não disse nada. Quando a garota terminou, ele sugeriu:

               - Talvez não queira dizer nada...

               - Geralmente, os sonhos de semideuses querem dizer muito – corrigiu o centauro.

               - Esse sonho quer dizer algo – notou Percy – Eu tive o mesmo sonho, ontem.

               Os olhos dos dois diretores se arregalaram.

               - O mesmo?

               - Em partes, no meu sonho, não tinha fogo, nem sussurros e nem cobras. Mas as coisas em cima da mesa, eram as mesmas...

               Dumbledore pareceu aturdido com a informação.

               - Quais eram os objetos mesmo? – perguntou ele, como que para se certificar de algo.

               - Uma taça, um anel e um colar – respondeu Mellany.

               - Um medalhão seria um termo melhor – disse Percy.

               - E essa cobra, como era?

               - Meio esverdeada, grande.

               - Isso não é bom...

               - O que foi? – perguntou Quíron – Você sabe algo sobre isso?

               - Acredito que sim... Quíron, você mesmo viu a cobra, penso eu. Não consegue se lembrar?

               - Do que você está falan... – então o centauro se lembrou da última vez que vira a cobra. Durante a Grande Guerra, a cobra de Voldemort. Seu rosto abriu-se de surpresa – Nagine?

               - Poderia ser... A descrição confere...

               - E o que viriam a ser os objetos? O que isso quer dizer?

               - Não estou certo...  Antes de toda a confusão da Grande Guerra começar, nós tentávamos destruir Voldemort a nossa maneira. Eu descobri que ele havia dividido sua alma em sete pedaços, através de magia negra, e escondido esses pedaços de alma em objetos – Horcruxes. Estávamos caçando esses objetos quando conhecemos vocês...

               - Dividir alma? – perguntou Percy – Por que ele faria isso?

               - Supostamente, ele se tornaria imortal. Quer dizer, imortal até que alguém destruísse os objetos. Era o que estávamos tentando fazer... Voldemort não contava que fosse morto por um titã, imagino eu. Acho que o poder das Horcruxes não impedem que você seja morto por Deuses e seres assim...

               - Mas se Cronos matou Voldemort sem destruir as Horcruxes... – continuou Quíron – O que aconteceu com as almas presas nos objetos?

               O bruxo deu de ombros.

               - Nada assim nunca aconteceu na história bruxa. Não estou certo. Talvez as almas tenham se esvaído junto com ele. Ou, talvez ainda residam nos objetos.

               - Isso significaria que... – Quíron arregalou o olho.

               - Se a alma dele ainda estiver presa nos objetos, ele talvez possa voltar a vida – Dumbledore concluiu.

               A sala se silenciou com a notícia. Já tinha sido muito trabalhoso matá-lo uma vez – e nem sequer foram eles que o fizeram, no final das contas.

               - Voldemort pode voltar a vida? – Percy ecoou.

               - Não estou certo – admitiu Dumbledore – Tudo isso são teorias. Não sei dizer em quais objetos Voldemort prendeu sua alma. Não precisa necessariamente ser em um medalhão, um anel e numa taça. E mesmo que essas sejam as Horcruxes, não sei se isso o traria de volta a vida.

               - Existe outra pergunta importante – notou o centauro – Supondo que tudo isso seja verdade, é claro, quem estaria reunindo essas Horcruxes e por que estaria fazendo isso?

               Ninguém tinha resposta para isso. A sala mergulhou em silêncio.

               - Mas se ele ainda voltou a vida, quer dizer que algo está faltando – notou Percy – Uma Horcrux talvez? Quantas são?

               - Na teoria, ele poderia fazer quantas quisesse. Não sei dizer quantas partes ele dividiu a própria alma. Mas sim, provavelmente estão faltando pedaços ainda...

               - Então temos que encontrar essas Horcrux antes que, quem quer que as esteja procurando, a encontre. Quíron, precisamos de uma nova missão.

               Mas o centauro encarava o chão. Parecia extremamente concentrado em alguma coisa.

               - Vocês estão ouvindo isso? – perguntou, quando viu que todos o olhavam.

               - Isso o quê? – perguntou o semideus.

               - Shh, escute...

               Então, Percy ouviu. No começo eram apenas alguns baques surdos, extremamente baixos. Mas em alguns segundos sua audição se apurou e ele conseguiu diferenciar alguns sons. Havia batidas. Havia barulhos de metal batendo em pedra. Havia gritos.

               - É uma batalha! – alarmou-se Percy, sacando Contracorrente.

               - Em Hogwarts? – exclamou Dumbledore – Impossível! As proteções são inexpugnáveis!

               Mas Percy já saíra correndo pela porta, deixando Mellany com os dois anciões.

               Ele atravessou os corredores o mais rápido que pode. E foi virando de corredor em corredor que se deparou com alguns alunos.

               - O que está acontecendo? – perguntou um deles a Percy, ao vê-lo de espada na mão. Era um garoto novo, devia ter doze anos, usava um pijama escuro e parecia assustado.

               - Eu não sei o que é, mas vou descobrir.

               - Percy? – uma voz se sobressaiu. Então ele encontrou Harry, Rony, Hermione e Gina no meio da multidão – O que está havendo? De onde vem esses barulhos?

               - Não sei dizer... Mas estou indo ao Salão Principal.

               E saiu correndo na frente. Sendo seguido pelo resto dos alunos. A batalha ecoara pelos corredores de Hogwarts e havia acordado os alunos da Grifinória. Eles não conseguiam distinguir a origem do som, mas levantaram-se de suas camas para procurar.

               Assim sendo, todos estavam de pijamas. Em poucas palavras, devia ser uma cena cômica. Vários adolescentes de pijama correndo pelos corredores escuros de um castelo tentando encontrar a origem de um barulho.

               Gina usava uma pequena camisola rosa, mas quando acordara, tomara o cuidado de colocar um casaco. Hermione vestia um pijama comprido azul e Harry um preto. Rony se destacava. Vestia apenas uma calça verde escura.

               Dessa forma, correram até o Salão Principal e lá encontraram a batalha.

               Os semideuses foram acordados de seus sonhos sendo surpreendidos por dez centímanos. Ninguém compreendeu como eles invadiram as muralhas do castelo e se arrastaram até ali, mas estavam lá.

               - O que diabos são essas coisas? – perguntou Rony em choque, ao ver aqueles monstros.

               - Centímanos – esclareceu Percy – São uma das criaturas mais antigas da mitologia grega. Há séculos que uma delas não é vista...

               - Bom, tem dez delas aqui agora –notou Gina – Como somos sortudos! Bombarda!

               A magia causou uma explosão numa das pernas de um dos monstros, mas ele não pareceu incomodado. Apenas continuou lutando com os semideuses ao seu redor.

               - Como se derrota isso?

               Percy teria respondido que não fazia idéia, mas avistou Thalia, Nico e Annabeth lutando no centro do salão e correu até eles.

               - Certo – Gina deu de ombros – Vai ser a moda antiga então...

               - Qual é a moda antiga? – perguntou Rony.

               - Lançar magias avulsas até encontrar algo que funcione. Incendio!          

               E os bruxos juntaram-se a batalha.

=--=--=--=--=

               - Percy! – notou Nico quando o semideus se aproximou – Onde estava? – Ele desviou-se de uma das mãos do monstro e cortou-a fora com sua espada – Está perdendo toda a graça.

               - Tive que resolver uns assuntos... O que está acontecendo aqui?

               - Estamos jogando basquete – respondeu Thalia sarcástica, enquanto dançava com sua espada, cortando mãos mais rápido do que Percy era capaz de contar – O que parece que estamos fazendo?!

               - De onde eles vieram?

               - Não sabemos – agora foi Annabeth quem falou – Eles nos acordaram com seus gritos, já estavam aqui quando acordamos.

               - Gritos? Que gritos?

               - CADÊ O DIADEMA?! – um deles explodiu de raiva, batendo nos semideuses e bruxos ao seu redor.

                - Esses gritos – terminou Nico – Eles querem um tal de diadema... Por que será que querem tal coisa?

               Depois da conversa que tivera com Dumbledore e Quíron, há poucos minutos, Percy tinha uma boa idéia do porquê. Será possível que o diadema fosse uma Horcrux?

               - Não podemos deixar que encontrem esse diadema. Custe o que custar.

               - Afinal de contas, o que é um diadema? – perguntou Nico.

               =--=--=--=--=

               - Expelliarmus! Rictumsempra! Vera Verto! – gritava Gina para o centímano mais próximo, mas os raios de luz apenas batiam no gigante e não surtiam efeito – Malditas magias que não funcionam!

               Harry tinha tido a esperteza de trazer sua espada de treinamento com ele. Ele não era tão bom assim em esgrima, mas estava conseguindo desviar-se dos ataques do monstro e cortar-lhe as mãos, sempre que tinha oportunidade.

               - ONDE ESTÁ O DIADEMA?! – explodiu um dos monstros.

               - O garoto – uma voz feminina falou num tom baixo e gelado. O barulho vinha de todos os cantos da sala ao mesmo tempo  – O filho de Hades, ele tem o diadema...

               - É o quê?! – Harry conseguiu ouvir Nico gritar. Aparentemente, ele estava tão surpreso quanto todos.

               Os centímanos convergiram para cima de Nico.

               - Depulso! – gritou Hermione, mas foi inútil. Um dos monstros agarrou Nico pelo pé e virou-o de cabeça para baixo.

               - Ajuda! – ele começou a gritar quando o monstro sacudiou-o.

               - ONDE ESTÁ O DIADEMA?! – perguntou a criatura de dezenas de mãos.

               - EU NEM SEQUER SEI O QUE É UM DIADEMA, DESGRAÇA! – retorquiu Nico.        

               - Uma espécie de coroa! – bradou Annabeth, enquanto atacava o monstro com seu punhal, ao lado de Percy e Thalia. Os bruxos começaram a auxiliar os semideuses a salvar Nico.

               - Uma coroa? – Nico pareceu se lembrar. Ontem, enquanto caminhava sem rumo pelo colégio, matando a aula de Snape, ele encontrara uma sala secreta e lá uma voz havia dito para que ele pegasse uma coroa... Poderia ser que... – Percy! A coroa está no meu saco de dormir!

               O semideus parou de atacar o monstro e voou para o colchonete de Nico. Jogou tudo para cima e revirou todos os – poucos – pertences que Nico havia trazido para Hogwarts até encontrar o diadema.

               - Seu monstro feio! – gritou o semideus, erguendo a coroa acima da cabeça com seus braços – Olha o que eu tenho aqui!

               O centímano que sacudia Nico, ao ver o diadema que procurava, parou e encarou Percy. Em seguida, arremessou Nico para o alto e correu para aquilo que buscava.

               - Aresto Momentum! – gritou Hermione rapidamente, impedindo que Nico se estatelasse no chão e ficasse flutuando no ar.

               - Obrigado, Hermione – disse ele, ainda em choque por achar que ia morrer – Te devo uma..

               - Eu vou cobrar – e soltou o garoto.

               Todos os centímanos se moviam em direção a Percy, que corria com o diadema em mãos. Se aquilo realmente podia trazer Voldemort de volta a vida, era melhor que aquilo não fosse roubado pelos monstros. Mas como impedir?

               - Peguem o diadema – a voz feminina voltou –, matem o garoto...

               Ótimo, pensou Percy, mas gente que eu não conheço tentando me matar... Será que é pedir muito que as pessoas conversem comigo, só um pouquinho, antes quererem cometer homicídio? Eu sou um cara muito bacana quando se conhece...

               - Estupefaça! – Gina ainda estava tentando magias para ver se uma daria certo. O feitiço apenas ricocheteou em um dos centímanos e acertou a parede.

               - Harry! – gritou Percy – Tem como aparatarmos para fora daqui?

               O bruxo corria quase ao lado de Percy, dando estocadas ocasionais nos centímanos que os perseguiam, para dar tempo de fuga para o semideus.

               - Não. Hogwarts tem um sistema anti-aparatação. Mas podemos ir para o Acampamento Meio-Sangue, com pó de flu...

               Percy não queria chegar a tanto. E se o furacão ainda estivesse lá destruindo tudo? Livrar-se-ia dos monstros mas encontraria outro grande problema... E foi então que aconteceu. O garoto estava tão distraído em seus pensamentos que não viu o colchonete no chão. Seu pé foi de encontro àquele macio colchão e seu corpo, um segundo depois, foi de encontro ao chão.

               Quando caiu, por uma fração de segundo, sua mão se abriu, mas foi o suficiente. A coroa que segurava voou de suas mãos e foi arremessada alguns metros mais adiante. fazendo um barulho metálico ao acertar o chão.

               - Não! – gritou ele, esticando as mãos e tentando alcançar o objeto de tamanho desejo. Os centímanos corriam para a coroa e Percy estava no meio do caminho, iria ser atropelado.

               O centímano da frente estava apenas quatro passos de esmagar Percy. Três. Dois.

               - Petrifico Totalus! – gritou Gina e um raio de luz disparou, imobilizando o monstro que, em mais um passo acabaria com o semideus – Eu consegui! Eu sabia que conseguiria!

               - Depulso! – gritou Hermione desesperada, arremessando o corpo de Percy contra a parede. O golpe doeu, mas impediu que os centímanos que vinham atrás esmagassem os ossos do garoto. Ele concluiu que músculos doloridos eram melhores que ossos quebrados.

               Os monstros alcançaram o diadema.

               - NÃO O DEIXEM SAIR DAQUI! – gritou Percy se recompondo. Se Dumbledore estivesse certo, aquela coroa poderia significar... Não, não podia pensar nisso. Era ruim demais. Os centímanos podiam até ter pegado a coroa, mas não sairiam do castelo.

               - Petrifico Totalus! – gritou Harry para a criatura que carregava a coroa, mas outro centímano se interpôs no caminho, se petrificando em seu lugar – Não sairão daqui! Não no meu turno!

               O garoto alcançou a porta do Salão Principal. A única saída que monstros daquele tamanho poderiam usar. Mas foi inútil. Eles não usaram a porta da frente.

               Primeiro, um barulho veio da terra. Depois, uma enorme cratera começou a surgir no chão de Hogwarts, sugando todos os colchões que estavam por perto, a medida que se expandia.

               - Mas o quê...? – Todos estavam sem palavras.

               Os monstros começaram a correr em direção a cratera.

               - Não! – gritou Rony – Petrifico Totalus!

               Mais uma vez, um centímano salvou aquele que carregava a coroa. Este, por sua vez, alcançou a cratera e simplesmente pulou dentro.

               - NÃÃO! – Percy pulou, como se pudesse agarrar o monstro, mas foi lento demais e caiu na borda do buraco. Viu-o desaparecer na escuridão.

                Os outros centímanos seguiram seu líder e, no segundo seguinte, a sala estava em silêncio.

               Todos olhavam uns para a cara dos outros. De suas caras olhavam para o buraco, e do buraco olhavam para suas caras novamente.

               - De onde veio essa cratera? – um aluno do quarto ano tomou coragem para perguntar, mas ninguém tinha a resposta.

               Uma risada ecoou na sala. A voz feminina vinda de lugar nenhum voltou a falar, rindo histericamente.

               - Vocês são fracos... Não são nada se comparados ao meu poder... O ritual está completo! COMPLETO! – e riu mais uma vez -  Todos vocês estão convidados a testemunhar a ascensão de meu plano, no Ministério da Magia.

                A voz se esvaiu, deixando a sala novamente em silêncio profundo.

               - Ritual? – perguntou Annabeth – Que ritual? Nico o que era aquele diadema?

               O garoto deu de ombros, também sem ter a menor idéia. Apenas Percy sabia o que aquilo tudo significava. Aquilo confirmava a teoria de Dumbledore. Alguém juntara todos os pedaços da alma de Voldemort. Alguém completara o ritual.

               Alguém estava prestes a renascer o Lorde das Trevas.


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Notas finais do capítulo

Comentem! ^^