-I cannot hide what’s on my mind; I feel it burning deep inside. A passion crime to take what’s mine; let us start living for today. Never gonna change my mind. We can leave it all behind. Nothin’s gonna stop us; no, not this time. So take your hand in mine, it ours tonight – abri os olhos desorientada. Uma música alta vinha do quarto da Annie, e para piorar ela estava cantando no mesmo volume que a música.

-CALA A BOCA ANNABETH – gritei.

-THIS IS A REBEL LOVE SONG! HEARTS WILL SACRIFICE, IT’S DO OR DIE! THIS IS A REBEL LOVE SONG! – ela cantou ainda mais alto para me provocar.

Suspirei e fechei os olhos, mudando de posição e comecei a pensar em tudo que aconteceu. Bom, primeiro Piper, Jason e Charles estranhos depois daquela festa; Clarisse andava mais distraída que o normal; Annie até estava “normal”, mas sempre que tocávamos no assunto “festa” ou Luke ela corava e mudava de assunto; e os meninos... Bem, eles estavam “normais”, tirando que eu reparei um clima meio tenso entre o Charles e o Jason ontem. Vá entender. Parece até que o mundo enlouqueceu e eu, Thalia e Rafa somos as últimas pessoas completamente sãs.

-Silena, levanta logo, estamos quase atrasadas! – disse Clarisse batendo na porta.

Estranhei isso, geralmente era a Piper que nos acordava, já que daqui era ela que acordava mais cedo. Mas, como eu disse, o mundo enlouqueceu.

Levantei e fui tomar banho. Depois de escovar os dentes, me vestir e pegar a minha bolsa, sai do quarto e desci as escadas correndo. 

Encontrei as garotas na cozinha tomando café.

-E aí, vacas lindas do meu coração? – eu digo pegando uma maçã.

-Acordou de bom humor – disse Annie se sentando em cima da mesa com uma xícara de café.

-É um belo dia – me defendi.

Elas pareceram incrédulas.

-Silena, está chovendo – disse Rafa. – tipo, muito.

Olhei para a janela. Lá fora parecia que o mundo estava acabando em água. Agora parando para pensar, eu não sei como não reparei antes. Tipo, o mundo está praticamente acabando em chuva e eu não tinha percebido até agora.

-Eu não tinha reparado – digo dando de ombros.

Piper está muito quieta. Desde que cheguei aqui, ela não disse uma palavra, apenas ficava encarando o seu prato de cereal como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Parecia que ela estava longe – muito longe.

-Eu já vou indo. Preciso revisar algumas coisas antes da aula – ela disse subitamente. Pegou sua bolsa e saiu, deixando o prato do seu café da manhã ainda intocado.

-O que aconteceu? – perguntei ainda encarando por onde Piper tinha saído.

-Ela está assim desde ontem. Como se não estivesse nos contando algo, ou sei lá – disse Clarisse.

-Alguma coisa possivelmente e provavelmente relacionada à festa – disse Rafa.

-Segredos, segredos, segredos – cantarolou Thalia. – Todos têm segredos. Mas não se enganem, segredos nunca ficam escondidos por muito tempo – ela continuou misteriosamente.

POV Nico

Cheguei à escola antes dos garotos – eu aposto que eles demoram mais para se arrumar do que as garotas – e me sentei em algum canto em que eu pudesse ficar sozinho e ouvir música até eles chegarem ou até eu ver as garotas. Estava lá de boa, rabiscando alguma coisa no caderno quando eu vi Piper correndo para algum canto. Chorando. Certo, eu fiz a coisa que aposto que qualquer um faria: fui atrás dela. Acabei encontrando-a em uma sala vazia qualquer.

-Hum... Piper? – pergunto cauteloso. Ela limpou as lágrimas e respirou fundo antes de responder.

-O que quer? – a voz dela está fina, mas ela tenta esconder.

-O que aconteceu? – me sentei ao lado dela.

-Nada – ela diz limpando os resquícios de lágrimas.

-Piper. – chamei. Ela se virou para mim. – Você está chorando. Geralmente quando as pessoas choram tem um motivo.

Ela balançou fortemente a cabeça – o que fez mais algumas lágrimas caírem – e olhou para suas mãos entrelaçadas em baixo da mesa.

Confesso que fiquei meio sem saber o que fazer. Digamos que eu não era bom reconfortando as pessoas, geralmente quem fazia isso era o Will.

-Er... Hum... – fiquei meio sem jeito, tentando descobrir o que devia fazer. A abracei meio sem jeito, não sabendo o que mais eu poderia fazer. Ela começou a soluçar.

-Shh, calma, vai ficar tudo bem – digo tentando acalmá-la.

Depois de uns cinco ou dez minutos ela foi se controlando, e parando de chorar aos poucos. Ela ergueu a cabeça e me olhou.

-Er... Obrigada Nico, eu... acho que vou ao banheiro – ela disse olhando para baixo de novo e saiu da sala, me deixando sem reação. Garotas são tão estranhas.

POV Silena

Cheguei correndo no meu armário para trocar os cadernos antes da próxima aula. Estava atrasada e não me importando muito com organização, por isso só joguei meus cadernos lá dentro e fui pegar os outros. Não deu muito certo, porque a manga da minha blusa enroscou em alguma coisa, o que me fez derrubar tudo.

-Droga, droga, droga – murmurei enquanto juntava meus cadernos e minhas apostilas. Um papel solto me chamou a atenção. Ele estava dobrado cuidadosamente. Daí você para e pensa: por que raios um papel chamou a atenção dela? Simples, porque simplesmente eu odeio coisas desorganizadas, por isso, nunca tem nenhum papel solto nas minhas coisas. Peguei o papel cuidadosamente e o estudei. Era uma simples folha de papel dobrada. Dei de ombros e a abri. Havia apenas uma frase no papel.

“Você está apenas a um devaneio de distância

Eu não saberia o que dizer se eu tivesse você

E eu vou mantê-la a um devaneio de distância

Apenas assista de um lugar seguro

Então eu nunca tenho que perder?

Iríamos sair no fim de semana

Para escapar de nossas vidas ocupadas

E íamos rir de todos os idiotas

Perseguindo suas esposas desesperadas

Eu iria beber um pouco demais

E você iria me oferecer uma carona

Eu ia te oferecer uma camisa

E você iria ficar mais uma noite”

Olhei para os lados, por instinto. Não tinha ninguém no corredor e o bilhete não estava assinado. Agora a grande pergunta: quem mandou isso? E como essa pessoa sabe que essa é a minha música favorita?

POV Nico

Os olhos dela mudavam de cor de acordo com seu humor. Azuis mais claros quando bem-humorada, azuis escuros quando estava frustrada e/ou nervosa/ansiosa e azuis elétricos quando estava irritada. O sorriso dela era fascinante e exercia um efeito em mim que eu não entendia. Mordia os lábios quando estava ansiosa ou constrangida. Tudo nela era fascinante.

-E aí, quando vai falar com ela? – me surpreendi com uma voz próxima de mim. Olhei para Annabeth (que agora estava apoiada no meu ombro enquanto me observava).

-Com quem? – desviei o olhar.

-Com a Thalia, idiota!

-Não sei do que está falando

-Disse o cara que estava secando ela até cinco segundos atrás. – ela revirou os olhos. – está mais que na cara que você está caidinho por ela.

Fiz uma careta.

-Eu não estou caidinho por ela. – digo.

-Primeira fase: observação. – ela diz.

-Eu não estou caidinho por ela, ok?

-Segunda fase: negação. – ela continuou.

Revirei os olhos e comecei a andar, mas ela me acompanhou facilmente.

-Vai precisar da ajuda de uma das melhores amigas dela se quiser conquista-la, sabe. Thalia não é exatamente o tipo de garota que se apaixona por qualquer idiota.

-Ei!

-Mas, para a sua sorte, hoje eu estou me sentindo generosa o suficiente para te ajudar. – Annabeth continuou sem dar atenção ao meu protesto.

-Eu não pedi a sua ajuda.

-Ahá! Então você admite que quer conquista-la?

-Talvez – respondo.

Ela me analisou por um longo tempo.

-Cara... – ela pausou – eu vou ter muito trabalho. Vamos logo, não temos tempo a perder! – ela disse me arrastando para algum lugar.

-Mas o sinal para a próxima aula já vai tocar e... – tentei falar.

-Ah, foda-se a aula, isso é mais importante – ela disse ainda me arrastando. Dei de ombros. Provavelmente ela tinha razão.