Amor Sulista escrita por Nynna Days


Capítulo 25
Luanne Askan


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o último capítulo meus Amores. Aqeles que acompanharam muito obrigado. E em Março, Destino Sulista, a última parte da história de Dinnie Ray e Daniel Gonzales.
Entre sangue e o amor?
Eu prefiro o pulsar de seu coração.



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Estava tudo silencioso no quartel general. O único som que tinha era dos saltos de minha bota ecoando pelo chão. Verificava cada quarto, perdida em pensamentos. Não era como se ficar de olho nas coisas como Dinnie Ray pediu, fosse a coisa mais difícil do mundo. Já estava a quase um mês ali e nada de mal havia acontecido.

Já estava na hora de eu ir embora para a minha casa. O estalar dos meus ossos me lembrava disso frequentemente. O pensamento de Noah do lado de fora me esperando para ir embora me fez sorrir. Nosso relacionamento era um pouco estranho. Me sentia bem perto dele. Depois que Mikael morreu, me senti sozinha e Noah era como uma parede onde eu me sustentava.

Em parte, Noah realmente era uma parede. Com os frios olhos azuis calculistas e seu corpo erguido e pronto para qualquer ameaça, mas tinha coisa nele, que o faziam mais humano do que ele gostava de aparentar. O jeito como ele cuidava de Dinnie Ray. O modo como ele sorria toda vez que eu o convencia de fazer algo que ele achava desagradável. Como ele me olhava.

Meu sorriso aumentou, se espalhando por todo o meu rosto. Era engraçado como todos desconfiavam de nós, mas ninguém conseguia ter certeza. Daniel sempre fazia perguntas desse tipo a Dinnie, que sempre era evasiva nas respostas. Ela sabia como era ter a vida pessoal investigada e não gostava nada.

Estava feliz por ela ter tirado um tempo de férias com Daniel. Depois de tanto eu insistir. Mas, no fundo, eu alertei Daniel para que ele conseguisse que ela fosse o mais rápido possível. Essa volta repentina de Marco tinha mexido com ela de um jeito que a fazia deixar de pensar direito. E com essa falta de pensamentos sensatos que Marco conseguiu fugir.

Não a culpava. Eu mesma não sei o que faria se Mikael aparecesse. Desde o momento em que colocamos a morte em nossas cabeças, não era uma ideia estúpida de voltar a vida de repente que poderia mudar a nossas perspectiva. Teríamos que começar de novo. E Dinnie Ray estava fazendo isso com Daniel no Rio de Janeiro. E eu estava tentando fazer isso com Noah.

Mesmo sendo bastantes diferentes, o desafio de fazê-lo sair dessa pose séria me era tentador. Era certo nossas discussões. Ele por ser formal e eu por ser extrovertida. Mas nada que pudesse nos abalar. Eu meio que gostava daquele jeito rude dele de ser. Sorri comigo mesma e caminhei de volta sala de Dinnie Ray.

Era bom caminhar em passos humanos, sem apressar as coisas. Quando eu ainda tinha uma vida e coração batendo, gostava de apressar as coisas, por não ter tempo para nada. Nem para respirar, mesmo sendo irônico agora. Entrei na sala e me inclinei na mesa, de costas, verificando os papéis que haviam ali. Tinham algumas burocracias que apenas Dinnie Ray poderia resolver.

Fiquei tensa ao escutar a porta atrás de mim se abrindo. Relaxei no mesmo segundo que reconheci o cheiro de Noah no ar. Ele pôs seu corpo atrás de mim e escorregou suas mãos por minhas pernas expostas pelo short até pousarem em minha barriga. Ri conforme sua respiração batia em meu pescoço.

“Cada dia que passa, acho mais ainda que não deveria ter aceito ficar no lugar da Senhora.”, ele sussurrou.

Fingi ainda estar distraída com os papéis e sorri comigo mesma.

“Eu não poderia tê-la deixado na mão.”, me virei colocando minhas mãos em seu peito. “São as primeiras férias dela com Daniel. Quero que aproveite, sem pensar no trabalho.”

“Você é altruísta demais, Luanne”, ele estreitou os olhos.

Eu sorri mais ainda. Adorava quando Noah estreitava aqueles lindos olhos azuis pálidos para mim. Estiquei minha mão até seu rosto e tirei uma mexa de seu cabelo castanho claro. Ele aproveitou e beijou a palma da minha mão. Quem poderia dizer que esse era o mesmo Noah que vivia rosnando mal-humorado.

Poucos sabiam que, a razão por ele ser assim, era insegurança. Mikael tinha me contado a história deles, de quando foram transformados. Tinha sido na mesma noite. Eles estavam voltando para casa depois de um dia de trabalho. Isso em 1820, aqui mesmo. Na parte Sul de Seattle. Noah era apenas cinquenta anos mais velho do que eu, em idades vampíricas.

Mikael e ele eram advogados, um cargo não muito importante naquela época, já que alguns ainda achavam que uma vez acusado, era culpado. Mas eles começaram a revolucionar a advocacia. Era o auge da vida deles e eles tinham saído um pouco mais tarde por causa de alguns casos pendentes que Mikael quis organizar.

Quando estavam indo embora, encontraram duas vampiras. Uma ruiva e uma loiras. As duas tinham olhos negros extremamente assustadores. Whitney e Débora, eram seus nomes. Elas iriam apenas se alimentar, mas ficaram encantadas com a belezas dos dois. Até porque, quem mais não ficaria. No final, elas os transformaram.

No dia seguinte, quando acordaram mudados, Noah ficou tão confuso e furioso que cometeu o grande erro de voltar para casa ao anoitecer. Tudo o que ele queria era ver sua mulher, Lucy. Mikael tentou impedí-lo, mas foi em vão. Ele não entrou em detalhes sobre o que aconteceu, mas eu desconfiava.

Me lembrava da ardência na garganta de ser um recém-criado. O som de tudo a nossa volta parecia ampliar dez vezes ao nossos novos ouvidos. E o gosto e cheiro de sangue, era a pior de todas as drogas para um vampiro novo. Uma vez tomado direto da fonte, você só consegue parar, quando, bem, acaba. Mikael disse que quando chegou a casa de Noah, ele estava sentado no chão com sua mulher drenada nos braços.

Whitney, a ruiva, colocou fogo na casa junto com o corpo de Lucy. Débora teve que segurar Noah junto com Mikael, para que ele não entrasse na casa e se matasse. Todos sabiam que fogo era mortal para os vampiros. Depois desse dia, Noah nunca mais foi o mesmo. Mikael sempre soube juntar seu lado vampiro com o seu lado humano e se fazer um ser melhor. Mas, Noah, só foi se afundando mais e mais no seu lado vampiro.

Deve ser esse um dos motivos por ele ter se dado tão bem com Dinnie Ray no momento em que se olharam e conversaram pela primeira vez. Eu só tinha certeza que esse era o motivo dele ser tão inseguro em relação as mulheres. Ele teve um curto caso com Débora, sua criadora. Mas nada que durasse além de uma semana. Ele dava mais atenção aos corpos drenados do que para ela.

Nosso romance foi meio que surpresa para mim. Antes via Noah apenas como um amigo de Mikael. Possivelmente nosso padrinho de casamento, se um dia viéssemos a subir no altar. E ali estava eu, perdida em seus olhos azuis e me perguntando como eu nunca tinha notado o quão profundos e cheios de emoção eles poderiam ser.

“O que foi?”, ele perguntou sério.

“Nada.”, balancei minha cabeça, saindo dos pensamentos diversos e puxando alguns fios loiros para fora do meu rosto. Sorri. “Somente pensando.”

“Em quê?”, ele insistiu.

“Você”

Seus lábios formaram um belo sorriso antes dele me beijar. Me senti pressionada contra mesa e agarrei seus cabelos com força por entre meus dedos. Ele colocou seu corpo contra o meu e suas mãos subiam e desciam por minhas costas, até que uma delas se enroscar em meu cabelo loiro. Sorri por cima de seus lábios. Se Noah beijava tão bem quanto agora na época humana, não me surpreendia que sua mulher se deixasse ser drenada. Os lábios deles, conseguiam ser rudes e ferozes em uma batalha, e suaves e precisos em um beijo.

Ele impulsionou meu corpo para cima, de modo que eu ficasse sentada na mesa. O barulho de algo caindo no chão, me fez despertar sobre o lugar que estávamos. Coloquei uma mão no peito de Noah e fiz um pouco de força para afastá-lo. Ele me encarou confuso.

“Estamos em local de trabalho, Noah”, eu esclareci. “Não é como se eu tivesse uma fantasia maluca de transar na sala da minha chefe.”, desci da mesa e lhe dei um beijo no rosto. Entrelacei seus dedos nos meus e o puxei até a saída. “Vamos embora.”

Noah não saiu do lugar, me puxando de volta para ele de modo que pude ver seu rosto sério. Os lábios franzidos enquanto ele me estudava. Suas pálpebras tremeram um pouco e um sorriso cresceu em meu rosto. Achava fofo quando ele fazia isso.

“Casa comigo, Luanne.”, ele pediu. Revirei os olhos.

“Aprenda a dançar, Noah.”, retruqui e o escutei fazer um som estranho. Era uma mistura de gemido e rosnado. Meu sorriso aumentou. Imitei o som dele em sinal de deboche e ri. “Noah, você sabe que eu gosto de tudo devagar. O casamento só iria fazer com que pessoas que nem tem a ver com nossa vida, se meterem nela.”

“Luanne, eu gosto de você”, ele afirmou e eu senti algumas coisas estranhas no meu estômago. Ele deu um meio sorriso amargo. “Me atrevo a dizer que te amo. Sei que sou pouco mais velho do que você, por isso posso afirmar que na nossa época, as coisas eram assim. Mais sérias.”

“Mais apressadas, isso sim.”, eu murmurei, ficando mal-humorada. “Vamos fazer assim. Dance comigo essa noite e eu penso em casar com você.”, propus e o vi fazendo uma careta. Meu sorriso voltou. “Sei que você dança, Noah. Você esqueceu do baile de Dorian na véspera de natal? Ou o aniversário de Dinnie Ray?”, levantei uma sobrancelha. Isso o fez gemer mais uma vez e fazer uma careta. “Pare de reclamar.”

“Luanne, tantas coisas que poderíamos fazer e você quer dançar?”, ele ainda estava com a careta, mas seus olhos se esquentaram cobertos de segundas intenções. Eu ri e o puxei para a porta.

“Podemos fazer tudo o que quisermos, Noah.”, eu o lembrei. “Tempo é o que não nos faltará. Então, eu quero dançar. A quanto tempo que eu não o faço?”

“Uma semana.”, ele lembrou, revirando os olhos.

“Tanto faz. Parece mais.”, dei de ombros. Então fiquei séria. Ele notou minha mudança de humor e a tensão se instalou entre nós. “Alguma notícia de Marco?”

“Não.”, ele rosnou. Eu mesma estava me segurando para não fazê-lo. “Estou indo em todos os lugares. Esse desgraçado não deixou um rastro, sequer.”

“Enquanto ele estiver livre, a vida de Dinnie Ray e Daniel vai ser um inferno.”

Dinnie Ray com aquela confusão de ex-amante e Daniel por ele ser seu pai. Aquilo era tão confuso que eu me metia o menos possível. Noah tentava de todos os jeitos encontrar Marco, mas parecia que ele tinha evaporado. Ninguém mais sabia dele desde de sua indicação para o cargo de Senhor do Norte.

“Tem alguma coisa a mais nisso.”, eu disse em voz alta então encarei Noah. “Marco não iria fazer essa confusão toda para desaparecer no final. Ele veio com um propósito. Só não sei o que é.”

“Dominar os vampiros?”, ele arriscou. Balancei a cabeça, negando.

“Eles os odeia. E se fosse isso mesmo, ele teria feito de um modo mais cauteloso. Não fazendo uma guerra. Mas, parece que ele quer apenas bagunçar o mundo vampiro com essa indicação para o cargo de Senhor do Norte”

“E bagunçar Dinnie Ray.”

“Isso é apenas bônus”, pisquei os olhos rapidamente. Minha mente estava fervendo. “Com a confusão de Dinnie Ray, a área Sul fica em desvantagem. E colocando um traidor em cada área, Seattle está vulnerável.”, parei de andar para encarar Noah. Ele tinha os olhos arregalados. “Quem não garante que isso não vai além?”

“Além do quê?”, ele perguntou.

“Além de Seattle. Além dessa indicação maluca para Senhor do Norte. Se ele quer bagunçar os vampiros, terá que reuní-los de algum jeito, novamente. A festa de Dorian foi só o aperitivo para o que vem.”, coloquei a mão em minha barriga a sentindo se mexer com um mal pressentimento.

“Temos que contar isso a Senhora!”, Noah exclamou. Arregalei os meus olhos e pus as mãos em seus ombros, tentando acalmá-lo.

“Calma, Noah.”

“Como você pode me pedir calma depois de tudo o que disse?”, ele disse espantado.

“Vamos apenas esperar que Dinnie Ray volte, tudo bem?”, pedi.

Noah ficou me olhando como se não me reconhecesse, até que suspirou, cansado e assentiu. Eu também suspirei, só que aliviada. Saímos do quartel ainda de mãos dadas e eu sorria, feliz, arrastando Noah até o carro parado no meio do beco. Ele ainda estava com aquela carranca habitual, mas seus olhos brilhavam em divertimento. Soltei sua mão, indo para o lado do passageiro e me preparando para entrar.

“Luanne, tem certeza que...?”

“Eu quero ir dançar, Noah.”, eu disse exigente. “E você vai comigo. Se não terei que arrumar um outro parceiro ...”, deixei a frase em aberto. Mas foi o suficiente para que ele rosnasse de novo. Eu sorri. “Que bom que você entendeu”, comecei a entrar no carro.

“Com licença.”

Me virei ao som da nova voz. Estreitei os olhos vendo uma pequena forma parada no final do beco e comecei a sair do carro, fechando a porta. Conforme eu me aproximava, percebia que era uma menina parada ali. A voz doce e inocente meio que me denunciou isso também.

Me aproximei mais ainda vendo a falta de contraste entre seu vestido branco e sua pele pálida. Os cabelos loiros caíam pelo ombro escorridos e os grandes olhos azuis violetas estavam arregalados e assustados. Eu também ficaria assustada se Noah me olhasse do jeito que estava olhando para a menina. Segurei sua mão, mostrando para ele que precisava se aquietar se não a assustaria.

Não sei o que me denunciou primeiro que ela era uma vampira. Talvez fosse a falta de batimentos cardíacos. Talvez fosse a pele pálida demais para ser humana. Talvez fosse a sua tatuagem de raposa no pescoço. Achei estranho que ela fosse dessa área e eu nunca a tivesse visto. Noah estava tenso um passo atrás de mim. Era possível que ele tivesse o mesmo pensamento que eu.

“Está perdida, querida?”, perguntei docemente. Ela assentiu fazendo com que alguns fios loiros caíssem em seu rosto. Algo em meu estômago se agitou. Outro mal pressentimento. Os grandes olhos azuis violetas me encararam. Eu já tinha visto aqueles olhos em algum lugar, mas ali presa naquela situação de segurar Noah no seu lugar, não estava me dando a chance de lembrar.

“Qual seu nome?”, Noah exigiu em um rude. Dei um olhar duro para ele, mas seus olhos estavam fixos na garota, estudando cada movimento dela. Mesmo tendo um ar inocente em volta dela, ela não poderia ter menos de 15 anos.

“Susan.”, ela gaguejou um pouco. “Por-por favor me ajudem.”, ela pediu e seus olhos ficaram maiores. “Eu só quero encontrar a minha irmã”

O mal pressentimento aumentou. Aquele nome, aqueles olhos. Minha mente estava travada e trabalhando. Algo me dizia que aquilo não era uma coisa muito boa. Que mesmo ela parecendo angelical, traria um bom inferno a nossa vida. Hesitando um pouco, fiz a próxima pergunta.

“Quem é sua irmã?”

O olhar inocente se distorceu até virar algo que me fez recuar um passo e Noah rosnar. Um meio sorriso cresceu em seus lábios, tirando o ar angelical dela.

“Dinnie Ray.”


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Notas finais do capítulo

Comentem sobre o aparecimento da irmã de Ray. E o que será que acontecerá? Esperem até março. Beijos



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