Amor Sulista escrita por Nynna Days


Capítulo 22
Daniel Gonzales


Notas iniciais do capítulo

Novo capítulo grandinho. acabei de escrever, então me perdooem pelos erros de gramática. Bjs.



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Cruzei os braços, impaciente. Ray já estava naquele banheiro a muito tempo. Não me lembrava dela demorando tanto para se arrumar. Se bem que fazia um longo tempo que eu não convivia de fato com ela, que quase havia esquecido do seu jeito de se arrumar. Olhei mais uma vez para o relógio, fazendo uma careta ao pensar que ele estava se aliando a Ray.

Parecia que os minutos se arrastavam. E eu era o único que andava de uma lado para o outro. Dobrei a manga de minha camisa social azul e passei a mão por minhas calça jeans pretas. Meus cabelos estavam bagunçados de tantos os meus dedos passearam por entre os fios. Pressionei a língua em meus dentes, verificando que as presas não estavam aparentes.

Estava saindo do quarto com a ideia de ir falar com Luanne, quando escutei a porta do banheiro se abrindo. Me detive e esperei. Não me arrependi. Assim que viu meu olhar impressionado, Ray abaixou os olhos, envergonhada. Seus cabelos estavam presos em um coque frouxo, e alguns fios soltos estavam moldando seu rosto.

Seus olhos estavam vermelhos, mas eu sabia que ela usaria o óculos de sol. Sua marca, a raposa, estava aparente, assim como a sua gargantilha. A roupa caiu como uma luva nela, delineando cada curva dela. Os saltos e o batom vermelho fechavam o circulo de beleza que aquela mulher possuía. Novamente, me senti inferior ao seu lado.

“Vamos?”, ela disse doce, me olhando e sorrindo.

Eu sorri de volta.

“Ainda não.”, eu disse e ela me olhou confusa. “Esse batom é resistente?”

Ela demorou alguns segundos para entender, mas quando viu que eu estava me aproximando feito uma cobra de olho na sua presa, finalmente entendeu. Ela mordeu o lábio e eu a ponta de sua presa escapando. As minhas já estavam quase perfurando os meus lábios. Ela olhou para o relógio e deu de ombros.

“Vamos ter que testá-lo para ter certeza.”, ela disse e veio na minha direção.

Não precisou dizer mais nada e eu já a estava envolvendo em meus braços. Minhas mãos encontraram o seu corpo ao mesmo tempo em que nossas bocas se juntaram. Ela era tão pequena em meus braços, mas parecia ser do tamanho certo para se encaixar em meus braços. Quando nossas línguas se tocaram, foi quando o fogo instalou dentro de mim.

Pelo jeito que Ray suspirou e amoleceu em meus braços, poderia dizer que ela estava sentindo a mesma coisa. Por um momento, lamentei que meu coração não batesse na mesma intensidade que antes. Lamentei que ele não batesse. Mas, esse lamento se dissolveu quando encarei aqueles olhos que eu tanto amava.

Me afastei dela, antes que não pudesse mais me segurara e a escutei rosnando. Abri meus olhos lentamente e vi seu rosto frustrado. Não resisti, caindo em uma risada. A carranca de Ray ficou pior e o meu riso mais alto, até que ela não resistiu e sorriu. Levou a sua mão até o meu rosto e me acariciou.

“Não consigo ficar com raiva de você e nem quero.”, ela disse, então seu sorriso morreu. Vi seus olhos se desviando dos meus para o meu peito. Fiquei tenso, já sabendo o que ela falaria em seguida. “Quando eu vi aquela estaca entrando em seu peito...”, ela pausou. Então balançou a cabeça. “E pensar que eu cheguei tão perto de te perder...”

“Você não irá me perder.”, eu coloquei o seu rosto entre as minhas mão e o aproximei do meu. Seus olhos estavam tão grandes que tive que me concentrar para não mergulhar neles. “Tudo o que aconteceu não foi culpa de nenhum de nós dois. Apenas tinha que acontecer. Você e meu pai são um passado que eu não pude impedir de acontecer e nem iria, caso contrário, você nunca me encontraria. Na verdade...”, eu dei um sorriso carinhoso. “Você nunca se encontraria”

E quando eu disse aquelas palavras, foi como se tudo ao meu redor finalmente fizesse sentido. Não queria admitir, mas o fato de Dinnie Ray ter tido um caso com meu pai, foi o que realmente o fez ficar com a minha mãe. Mesmo que fosse pelos motivos errados. Então, mesmo não sendo muito religioso, tive que dar ao braço a torcer quando dizem que Deus escreve certo com linhas tortas.

Ray abriu a boca para dizer algo, mas a porta se abriu. Noah entrou primeiro, dessa vez vestido com um smoking que se ajustava melhor ao seu corpo. Os cabelos escuros perfeitamente penteados para trás, deixando o rosto pálido e sério exposto. Os olhos azuis frios me avaliaram da cabeça aos pés, então ele suspirou e sorriu.

Luanne entrou logo em seguida, enquanto eu apertava a mão de Noah. Ela tinha posto uma calça jeans simples e uma blusa preta de mangas longas. Pela primeira vez, eu percebi que Luanne estava totalmente tampada e de preto. Seu rosto não era o dos melhores também. Seus olhos pareciam distantes por um segundo, até que ela levanto-os e nos encarou com um sorriso, mesmo que parecesse forçado.

“Vamos?”, ela perguntou. Por um momento imaginei seus olhos indo até a gargantilha de Ray e voltando para seu rosto, junto com um sorriso. Estreitei os olhos, mas assenti.

***************************

Paramos no mesmo congresso de quando Luke e Daiene foram julgados. Um misto de lembranças tomou conta da minha mente e o momento em que Luke disse que era o criador de Ray, queimou em minha memória. Olhei para Ray e a vi olhando fixamente para o banco em que os julgados ficavam. Seus ombros estavam tensos e os lábios pressionados com força, como se ela tivesse se impedindo de gritar.

Peguei em sua mão e ela piscou com força como se estivesse acordando de um pesadelo. Entrelacei seus dedos nos meus, ignorando a minha própria tensão com a presença de tantos caçadores presentes. Será que meu avó estaria presente? Talvez o fosse procurar mais tarde. Naquele momento tinha que me concentrar em manter Ray centrada naquela votação.

“Com licença”

Olhei na direção do dono daquela voz, encontrando um homem alto com um sorriso educado. Em seu pescoço habitava um lobo solitário. Era um vampiro de Doug. Ray o encarou, mas continuou em silêncio, esperando que ele dissesse algo. O sorriso do homem bambeou, mas se manteve firme.

“Senhora Dallas e Senhor Gonzales?”, ele perguntou.

“Sim?”, Ray respondeu.

“Por aqui. Seus lugares são na frente, por serem o casal pertencente a cidade em que o julgamento está acontecendo.”, ele disse e começo a nos guiar por entre os inúmeros bancos.

Meus pelos se arrepiavam com a presença de tantos vampiros em um lugar só. Vi Noah e Luanne conversando com Filipe e Kayla parados no fundo da sala. Meus olhos estudaram as pessoas ao nosso redor, enquanto me deixava ser guiado pelos dedos firmes de Ray. Vi Dália e Pietro conversando animadamente a duas cadeiras a nossa direita.

Dorian E Doug ainda estavam longe de minhas vistas, mas eu conseguia sentir a presença de seus animais tocando a minha pele. Carmem, a amiga de Ray, estava sentada em um banco virado para todos os vampiros chefes. Tinham mais três vampiros ao seu lado. Mas, ela parecia ser a mais confiante dali. Ela sorriu e acenou assim que nos viu.

“Carmem é uma boa amiga”, eu disse retribuindo o aceno.

“Como você sabe se nem a conhece”, Ray disse, me dando um olhar de lado.

“Você a conhece”, eu expliquei, piscando. Dinnie levantou uma sobrancelha. “E você não votaria em ninguém que fizesse mal a ... nós, vampiros.”

Ray parou por um segundo, ao ouvir o que eu disse e segurei a respiração. Eu esperava ver alegria em seu olhar, por eu finalmente ter me incluindo no grupo dos vampiros. Mas, o que eu vi foi um pouco de decepção. Ela mordeu o lábio, se impedindo de dizer algo, então voltou a olhar para frente. O guia nos deixou em uma das cadeiras bem perto dos indicados.

“Você não parece muito satisfeita com o que eu disse?”, comentei baixo.

“Não é isso”, seus olhos continuavam fixos ao redor do salão, estudando cada pessoa que estava presente. “Apenas não gosto da ideia de você se tornando cada vez mais vampiro.”, ela fez uma careta e me encarou.

“Eu sou um vampiro, Ray. Aceite, pois você quem me salvou.”, toquei a sua mão e vi seus olhos observando cada movimento meu. Por um segundo me senti intimidado assim como seus seguidores se sentiam. “Mas eu ainda sou o mesmo Daniel de sempre. Não sei se você me entende, mas...”

“Eu entendo.”, ela sorriu e me deu um beijo rápido.

Escutei a aproximação a nossa direita e levantei os olhos, vendo Dorian e Patricie se sentando do nosso lado. No colo de Patricie, estava Laura, sorrindo e observando tudo com uma inteligência quase inalcançável para uma criança daquela idade. Assim que me viu, esticou os bracinhos na minha direção.

“Acho que ela gosta mais de Daniel do que do próprio pai.”, Dorian disse gargalhando.

“Quer pegá-la, querido?”, Patricie me ofereceu educadamente.

“Claro”

Peguei Laura em meus braços e ela se sentou, pegando os meus dedos e brincando. Fiquei mais uma vez impressionado com o seu crescimento física acelerado. Ela parecia já ter dois anos de idade. Seus cabelos lisos e escuros estavam soltos, deixando os olhos mel em destaque. A pele escura brilhava contra a luz pálida do fórum.

“Ela realmente gosta de você.”, Ray comentou olhando Laura mordendo o meu dedo.

“Gosta sim.”, eu disse. Laura olhou para Ray e esticou os bracinhos para ela. Dinnie arregalou os olhos vermelhos, mas não recuou. “E parece que gosta de você também.”

Ray abriu as mão para chamar Laura, quando a atmosfera do lugar mudou de repente. Eu fiquei tenso e Laura olhou para os lados tentando encontrar uma explicação para a mudança de expressão de todos. Mordi o lábio. Patricie pegou Laura de volta, em silêncio. Os murmúrios ao nosso redor acabaram.

“Com licença.”

Levantamos os olhos para ver a aproximação de Doug. Fiz uma careta. Nunca gostei daquele cara. E ele ainda tinha a ousadia de chegar em cima da hora em um evento tão importante como aquele. Diferente de Ray e de Dorian. Ele foi sozinho. E a minha presença não o impediu de dar um olhar sugestivo para Ray. Antes que eu pudesse avançar em seu pescoço, Dorian estalou a língua.

“Doug sempre chegando em cima da hora”, ele disse.

Mesmo com a piada, o tom que Dorian usava era repreensivo. Doug abriu a boca para retrucar, mas pareceu pensar melhor e balançou a cabeça, voltando a se recostar na cadeira. Era fácil reconhecer o jeito de líder que emanava de Dorian. Eu fiquei pensativo por alguns minutos, olhando o mulato ao lado da esposa.

“Tem alguma coisa errada, Daniel?”, Ray perguntou. Pisquei algumas vezes voltando a encará-la.

“Por que estaria errado?”, eu disse franzindo o cenho.

“Você está encarando Dorian a mais de uma três minutos.”, ela levantou a sobrancelha. “Alguma coisa que você queira perguntar?”

Sorri, ao ver que estava bastante evidente a minha dúvida.

“Na verdade, sim.”, eu disse vendo Ray também sorrindo. “No julgamento de Luke e Daiene, lembro que Dorian foi o juiz, por ser o 'leão', mas porque ele está aqui hoje? Um julgamento é mais importante do que uma votação para novo Senhor do Norte?”

Ray pressionou os lábios juntos e franziu o cenho. Então a abriu a boca para me responder, mas rapidamente foi interrompida por Dorian.

“Por ser importante que eu não estou ali.”, ele apontou para onde geralmente ficava o juiz e ainda estava vazio. “Em votações, colocamos os Chefes dos Caçadores como juizes, para garantir a imparcialidade.”

“Ah”, eu assenti. Então algo me atingiu. “Espere. Chefe dos Caçadores. Você está falando do meu...”

As portas se abriram, interrompendo as minhas palavras e eu me virei por instinto. Entrando escoltado por quase vinte caçadores, estava Barão. Ele estava perfeitamente vestido, diferente de suas convencionais camisas de flanela. Os olhos sérios enquanto ele olhava para todos os vampiros com a firmeza que apenas um caçador poderia ter.

“Barão”, Ray sussurrou ao vê-lo passar por nós.

E pela primeira vez, eu vi meu avô como Chefe dos Caçadores. E não como o Barão, o homem que me criou. Olhei para Ray e ela tinha um pequeno sorriso na boca. Voltei a encara meu avô que estava se sentando no lugar do juiz. Ele me olhou e deu um breve aceno com a cabeça. Eu retribui. Todos ficaram em silêncio imediato, enquanto o único som presente, era a voz imperante de meu avô.

“Bem vindos a todos os Senhores e seus acompanhantes, para essa noite importante na população vampírica.”, ele pausou e suspirou. Não parecia feliz em deixar os vampiros tomarem conta de mais uma parte da cidade, mas não poderia impedir. “Aqui estão seus competidores. Derek Morart, secretário direto do Senhor do Oeste Paulistano, Brasil. 210 anos vampíricos.”

Um homem alto se levantou. Tinha os olhos azuis curiosos. Parecia um pouco desconfortável com a presenta de tantos vampiros no mesmo lugar. Passou a mão pelo cabelo acobreado e fez um leve cumprimento com a cabeça, antes de voltar a se sentar.

“A próxima é Mary Frankie, sobrinha do Senhor do Leste Romeno, Itália. 115 anos vampíricos.”, meu avô descreveu a segunda competidora.

Ouvi alguns murmúrios enquanto uma morena com olhos muito escuros levantava. Ela manteve o nariz em pé, mesmo vendo que não era a favorita da noite. Tinha algo no jeito que ela pressionava os lábios juntos, como se ela fosse mais importante do que todos os presentes. Ou que não precisasse da votação para ser promovida. Eu não duvidava de nada.

“Essa já perdeu meu voto”, Patricie disse.

A encarei.

“Por que?”

“Já fizemos a besteira de colocar uma metida no último trono e veja o que deu.”, Patricie me explicou. “E essa não tem cara de que vai ser diferente de Daiene.”, ela fez uma careta.

Ray continuava com o rosto completamente em branco enquanto avaliava cada competidor. Dorian estava com a expressão bem parecida. Ele tinha uma mão no queixo e a testa franzida. Doug, ao contrário, avaliava Mary com um sorriso maldoso e uma sobrancelha levantada. Nem precisava perguntar de quem seria o seu voto.

“Agora, Ramon Salles, primo de segundo grau do ex- Senhor do Norte de Havana, Cuba. 567 anos vampíricos.”

Um moreno com as feições que lembravam um latino, se levantou. A pele perfeitamente bronzeada, me fez lembrar da minha antes de me transformar. Ele sorriu para todos e piscou para algumas vampiras. Escutei Doug rindo. O latino se sentou ainda sorrindo e cruzou os braços, respirando fundo. Senti Ray se remexendo do meu lado. Estava na vez de Carmem.

“E a última : Carmem White. Principal guarda e secretária do Senhor do Norte da Califórnia. 460 anos vampíricos.”

Carmem se levantou com toda a alegria que emanava de sua pele morena. Os cabelos estava tão cacheados, que faziam seu rosto perfeito quase sumir. Mas, não tiravam o destaque de seus olhos mel. Ela estava com um belo vestido branco longo, o que me deixou um pouco surpreso. Esperava ela com uma cor mais chamativa, como um rosa, ou vermelho, ou azul turquesa. Mas aquele vestido ficou bem nela. Olhei para Ray, vendo seu sorriso satisfeito.

“Parece que ela escutou a sua dica de não usar vestidos chamativos.”, Dorian comentou com Ray sorrindo, enquanto Carmem se sentava.

“Eu também estou surpresa que ela me escutou. Se você visse o vestido que ela estava planejando usar...”, Ray pausou e balançou a cabeça, rindo. “Carmem é louca. Mas conhece bem o Norte.”

“Ramon também.”, Patricie disse balançando a pequena Laura quase adormecida. “Mas, levemos em consideração que o Norte Cubano é diferente do Norte de Washington”

“E o que acontece agora?”, eu perguntei.

“Eles irão sortear quatro Senhores, um de cada área, que votarão oficialmente para o novo Senhor do Norte.”, Patricie disse e olhou para a filha fechando os olhos. “Espero que não chamem Dorian. Na última vez, ele foi muito julgado.”

“A última vez?”, eu perguntei. Então vi a expressão de Ray mudar. A olhei. “Foi a sua votação? Para você ser a nova Senhora Sulista?”

Dinnie Ray assentiu, mas não tinha mais nenhum resíduo de humor em sua expressão. Peguei a sua mão e ela me olhou com aqueles olhos que eu tanto amava. Então prendeu uma mexa de seu cabelo atrás da orelha e deitou a cabeça em meu ombro. Eu não queria que ela tivesse a pressão da votação. Já tinha coisa demais acontecendo conosco.

“Agora vamos ao sorteio.”, Barão disse, enquanto um outro caçador chegava com uma caixa preta. Ele colocou a mão e puxou uma bola azul.

“É, esse ano é dos lobos.”,Doug se levantou indo até a bancada de jurados.

Demorei um segundo para entender que era por cores de área. Mordi meu lábio, temoroso, mas continuei acariciando os cabelos de Ray, consciente que ela estava tensa demais para estar dormindo. Segurei um suspiro aliviado quando meu avô puxou uma bola marrom, indicando outro Senhor. Patricie suspirou e escutei o riso de Dorian.

“Me livrei desse ano, meu bem”, ele disse acariciando o rosto da esposa.

“Quem foi sorteado do Oeste?”, perguntei.

“Marie Arango, Senhora do Oeste de Buenos Aires.”, Ray disse indicando uma vampira ruiva com uma tatuagem de urso no pescoço e uma expressão não muito feliz. Tive a impressão de já tê-la visto. “Ela foi uma das juradas no caso de Luke e Daiene.”

“Deve estar soltando jogos de felicidade.”, eu comentei vendo sua frustração.

Meu avó continuou e puxou uma bolinha lilás. Eu já sabia quem era antes de Ray soltar um pequeno riso. Pietro foi em direção as cadeiras dos jurados contra a vontade, tão frustrado quanto Marie. Ele se sentou e soltou seu longo cabelo loiro passando a mão por cada fio. Não sabia a razão, mas achava que aquilo não era um bom sinal. Na última bolinha meu avô não pestanejou em tirá-la.

“Merda”, escutei Dorian dizendo.

Era vermelha.

Senti o corpo de Ray ficando mais tenso do que antes, se isso era possível. Engoli em seco e me contive para não segurá-la. Meu avô olhou para a bolinha como se tivesse com veneno e levantou os olhos para o lugar exato onde estávamos. Em seus olhos haviam arrependimento. Era como se ele não quisesse que Ray passasse por aquilo.

Ray suspirou e foi senti inúmeros olhares queimando em minha nuca. Ela se levantou lentamente e por instinto, segurei a sua mão. Ela me olhou e me deu um sorriso fraco. Eu entendi. Mesmo não querendo, ela teria que fazer aquilo. Ela respirou fundo, mesmo não precisando e passou a mão por sua roupa, talvez como pretexto para demorar a ir votar. Então, ela começou a sair da fileira.

Ela estava no meio do salão já caminhando para o seu lugar no jure, quando a porta principal se abriu novamente. Quase ninguém deu atenção. Pelo menos, eu não dei atenção. Meus olhos estavam presos em Ray. Cada movimento hesitante até o seu lugar. Mas toda a atenção dela foi desviada quando uma voz conhecida por nós ecoou na sala.

“Desculpem o meu atraso. Onde eu me escrevo para participar da votação?”

Me virei lentamente, assim como Ray.

Marco.


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Notas finais do capítulo

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