Amor Sulista escrita por Nynna Days


Capítulo 12
Daniel Gonzales


Notas iniciais do capítulo

Estou aqui, com mais um capítulo. Sei que muitos quiseram me matar antes. Então vão querer me fazer sofrer antes de me matar com esse capítulo.



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Capítulo 12 – Daniel Gonzales

Eu estava atrasado, como sempre. Luanne já estava no Quartel General, então não tinha ninguém para me alertar. Enquanto corria de um lado para o outro, tentando ficar pronto, tropeçava em seus cachorros. Se eu não estivesse com tanto bom humor e não gostasse de animais, já teria secado aqueles bichos. Balancei a cabeça rindo, enquanto pensava no que Luanne faria comigo de castigo. Não seria nada bonito de se ver.

Virei meu corpo no espelho, me vendo de todos os ângulos e sorrindo. Francesca iria gostar bastante. Tossi, um pouco nervoso e limpei a mão nas minhas calças escuras. Os cachorros e os gatos que eu nunca gravava o nome, tentaram pular em mim quando estava fechando a porta. Com a minha velocidade consegui dar uma volta neles. Pelo menos isso, já que eu não conseguia ser mais rápido do que os vampiros antigos.

Dinnie Ray deve ter ficado frustrada com os meus planos de hoje a noite. Eu estava um pouco satisfeito com isso. Significava que ela ainda gostava de mim, nem que fosse um pouco. E isso também queria dizer que eu ainda estava na frente de meu pai. Quem diria que hoje eu estaria me arrumando para ir a casa de uma vampira, pensando em outra que eu estava disputando com o meu próprio pai.

Em falar nele, aquela conversa de ontem ainda não saiu da minha cabeça. O cara era maluco. Via tudo com seus próprios olhos assustadores. Só de pensar que aquele sangue grotesco andava em minhas veias, me arrepiava. Parei na divisa e deixei que os guardas me revistassem. Eles já deveria estar cheios de sempre fazer isso. Estava bastante conhecido.

Enquanto andava em direção a casa de Francesca, minha mente ia e vinha em direção a Ray. Querendo ou não, eu ainda a amava. E muito. Não seria muito esperto usar Francesca. Nem esperto, nem honesto. As vezes eu tinha vontade de voltar no tempo. Para quando nos conhecemos e não tinham esses problemas todos. Não tinha pais que saíam dos mortos. Não tinha desconfiança. Não tinha essa tensão em que nos encontrávamos agora.

Me arrependia um pouco de ter brigado com ela. De bem ou não, eu queria dançar com ela no seu aniversário. Queria lhe dar um bom presente que ela nunca esqueceria. Queria levá-la para viajar. Mas no momento eu estava impossibilitado de fazer isso. Por ela estar com meu pai nesse momento fazendo o que quer que fosse.

Quando dei por mim, já havia parado em frente a casa de Francesca. Esperei que alguém me atendesse, mas quando fui bater na porta, ela rangeu, já aberta. A empurrei, entendendo aquilo como um convite para que eu entrasse. Olhei de cômodo em cômodo da casa, para encontrar Francesca, mas nenhum sinal dela. Subi as escadas lentamente, escutando alguns passos de saltos altos.

Entrei no quarto sem nenhum convite e paralisei. Francesca estava de costas para mim, com um vestido preto nas mãos. Ela só estava usando os saltos, e uma lingerie preta. Engoli a seco, vendo que minha garganta tinha fechado e que minhas presas haviam crescido. Ela focou os olhos verdes em mim pelo espelho e sorriu lentamente, nem hesitando em me abraçar. Fiquei um pouco distante.

“Eu sei, eu sei. Estou atrasada.”, ela disse consigo mesma , brincando.

“Ainda bem que você sabe.”, eu sorri, tentando disfarçar a voz rouca.

“Se você me ajude ao invés de me criticar, seria melhor.”

Ela andou até o armário e puxou três vestidos diferentes. Foi um pouco difícil tirar os olhos do corpo de Francesca para ver as suas opções de vestido. Tudo o que eu consegui identificar neles eram suas cores. Azul, vermelho e verde. Pelo olhar malicioso de Francesca, ela não se incomodava com a minha apreciação. Revirando os olhos verdes, ela escolheu o azul e jogou os outros dois de volta no armário.

“Nunca posso pedir a opinião de nenhum homem sem que isso aconteça.”, ela disse, mas ainda tinha um sorriso de segundas intenções.

Desviei os olhos para o chão, constrangido.

“Me desculpe, Francesca. Realmente não sei o que aconteceu.”

“Eu sei.”

Francesca largou vestido na cama e começou a caminhar até mim, sensualmente. Eu poderia ter me afastado. Eu deveria ter me afastado, mas não conseguia. Meus olhos ficaram presos no balançar sensual do seu corpo. Minha pele começou a vibrar com o tesão.

Sabia que não era a mesma coisa que sentia com Ray. Na verdade, era sim. Mas igual ao que sentia quando ela ainda me escondia sobre o meu pai e vivia aérea. Era puramente carnal, mas não fazia isso menos irresistível. Francesca parou a minha frente, pondo a mão em meu peito e pendeu a cabeça para o lado.

“Você gosta do que vê, Dan?”, ela ronronou.

Mordi meu lábio, impedindo que a resposta saísse e respirei fundo. Francesca soltou um riso sacana, talvez entendendo e deu mais um passo a frente, pressionando seu corpo no meu. Suspirei alto, sentido a vibração do meu corpo aumentando e pelo sorriso de aprovação dela, também sentiu.

Fechei os olhos, tentando colocar minha mente no lugar. Sim, eu amava Dinnie Ray. Só que, naquele momento, o restante de mim estava clamando Francesca. Uma vez, Ray me contou que quando tínhamos certas emoções, nossos faros apurados conseguiam sentir o cheiro.

Até aquele segundo eu não havia entendido, mas quando escutei o riso arrastado e rouco de Francesca e, em seguida, seus lábios se pressionaram nos meus , soube que ela tinha farejado o tesão e a indecisão em mim. Eu hesitei. Apenas por um segundo, mas hesitei.

Logo minha mãos se moveram para a sua cintura fina, a puxando contra mim. Ao mesmo tempo, sua língua rastejava e se mexia na minha e suas mãos fazia um rápido trabalho se livrando da minha camisa. Movido pelo instinto, a joguei com facilidade na cama, indo logo atrás. Francesca fez nossos corpos viraram, ficando em cima de mim e me beijando com força e fome.

Uma parte de mim estava gritando culpa, mas outra estava mandando o mundo para o inferno. Francesca pegou minhas mãos e as guiou até seus seios, os apertando. Ela soltou um gemido e jogou sua cabeça para trás, esfregando seu corpo contra o meu. Levei as mãos até o fecho do sutiã e comecei a abrí-lo. Eu iria ter Francesca em minha cama aquela noite.

Assim que consegui tirar o sutiã dela, comecei a sentir algo se agitar em meu bolso. Rastejei minha mão até o bolso, sentindo meu celular vibrar. Francesca pegou minha mão e a colocou em sua coxa, induzindo para que eu subisse. Era como se ela quisesse me ensinar como dar prazer a uma mulher. Se eu pudesse, bufaria.

Mesmo querendo ignorar o vibrar insistente do celular, não pude. E se fosse meu avô precisando de mim? Nunca descartei a ideia de Marco ir atrás dele, depois desse tempo. Peguei os pulsos de Francesca e a coloquei deitada ao meu lado. Então me sentei e tirei o celular do bolso. Não pude evitar de ficar surpreso com o nome de Ray brilhando na tela do celular. A mão de Francesca deslizou por minhas costas nuas.

“Calma, Francesca.”, eu disse, já ficando um pouco frustado. “Vou tentar ser rápido.”, então atendi. “Alô.”

Escutei um suspiro de alívio vindo do outro lado da linha e franzi o cenho, confuso. Então teve um baque surdo, como se ela tivesse caído. Será que ela havia sido atacado novamente? Francesca se arrastou até mim, colocando os braços ao redor de meu pescoço e rindo em minha pele.

“Daniel, onde você está?”, Dinnie perguntou. Sua voz um tom acima do normal.

“Na casa da Francesca, como eu havia avisado.”, eu disse cada palavra com cuidado, destacando. Para ela me perguntar isso , tinha que ter alguma coisa errada. “Ray, o que aconteceu?”

Parecendo sentir a tensão no ar, Francesca saiu de cima de mim e foi para algum lugar que eu não consegui ver, por estar de costas. Passei a mão por meu cabelo escuro, esperando a resposta. Só Dinnie Ray para me deixar louco da vida e preocupado desse jeito.

“Você tem que sair daí.”, ela gritou, urgente. Me levantei de súbito olhando em volta e procurando Francesca que havia sumido. “AGORA.”, ela continuou gritando.

Continuei alerto enquanto olhava em volta da casa, procurando por Francesca.

“Ray, o que aconteceu?”, insisti, voltando para o quarto.

“Daniel, Francesca é....”

Não consegui escutar o restante. Francesca apareceu atrás de mim com um cano de prata e bateu com ele na minha cabeça. Por um segundo, antes de desmaiar pude registrar a voz de Dinnie Ray gritando e a risada fria de Francesca. Aquela não poderia ser a força de uma vampira de poucos 50 anos. Tudo ao meu redor apagou.

******

Acordei um tempo depois. Minha cabeça ainda latejava e eu gemi de dor quando a movi para frente, abrindo lentamente meus olhos. Olhei a sala ao meu redor. Minha visão estava um pouco confusa, mas eu pude ver que era uma sala fechada, com apenas um pequena lampada iluminando tudo.

Tentei me levantar, gritando com o contato das fechaduras de prata na minha pele. Estava sentado em uma cadeira, cercado de prata e isso estava me desnorteando. A quando tempo que eu não bebia sangue? Quatro ou cinco dias, eu achava. Droga! Eu daria tudo para saber o que Ray tinha falado de Francesca. Com certeza tinha sito sério o suficiente para que eu estivesse ali.

Escutei a porta da frente se abrindo e Francesca caminhou lentamente até mim. Dessa vez vestida e com os cabelo loiros presos. Isso a dava um ar mais angelical, além de deixar quase inocente. Novamente me perguntei quantos anos ela deveria ter quando foi transformada. 17, 18. não poderia passar disso. Seus olhos verdes se estreitaram para mim, de forma calculista e ela cruzou os braços. Estava apenas me observando.

“Me solte, Francesca.”, tentei puxar as fechaduras, sentindo minha pele queimar mais uma vez. Era como se tivesse ácido nelas.

Isso a fez sorrir e balançar a cabeça.

“Sabe, Daniel, você é mega adorável. Pena que seja tão tolo.”, ela caminhou até a minha frente e pôs a mão em meu ombro, me olhando com pena. “Pensou realmente que eu era discípula de sua ex namorada? Achou que eu não sabia que ela era a sua namorada?”, ela gargalhou. “Vou te contar um segredo, que, com certeza, ela já deve saber.”, Francesca se inclinou e começou a sussurrar no meu ouvido. “Meu namorado é seu pai.”

Congelei. Então era isso o que Ray estava tentando me dizer? Não, deveria ter mais. Minha mente, mesmo nublada, começou a trabalhar. Juntar os pontos. Se Francesca era namorada do meu pai, com certeza deveria estar envolvida naqueles planos malucos dele. Como eu tinha sido burro.

“Traidora.”, rosnei.

“Ah, Dan. Não seja tão malvado assim comigo.”, ela fez um bico e se sentou em meu colo com as pernas abertas. Então começou a beijar meu pescoço. “Ir para cama com você não fazia parte do plano. Isso eu acrescentei por você ser lindo. Não tanto quanto seu pai, mas o suficiente para me seduzir. E você me queria, não é.”

Ela beijou meu pescoço e foi subindo até o meu queixo. Tudo enquanto rebolava em meu colo. Tentei puxar as fechaduras, mas era inútil. Eu rosnei, com raiva e isso despertou a atenção de Francesca. Seus olhos verdes se estreitaram e ela percebeu que eu não estava gostando do carinho. Não aceitando ser rejeitada, se levantou com raiva e deu um tapa em meu rosto. Novamente percebi que ela não tinha a força de uma vampira tão nova. Poderia me atrever a dizer que ela era mais forte que Ray.

“Sabe quem eu sou?”, ela esbravejou. Pressionei meus lábios juntos, me impedindo de responder o que tinha vindo em minha mente. Uma vadia traidora. “Eu sou uma das vampiras mais velha daqui. Você é um bebê comparado a mim.”, ela riu. Mantive minha expressão em branco, mas por dentro estava gritando que ela era maluca. “Realmente acreditou que eu tinha apenas 50 anos. Tolo”, ela gritou. “Tenho 500 anos.”

Meus olhos se arregalaram, trazendo diversão ao rosto de Francesca. Se é que esse era o nome dela. Acho que a única coisa que realmente sabia dela era que, pertencia a área Leste. Isso se ela não tivesse renunciado recentemente alguma das outras áreas. Talvez renunciado os tigres para se infiltrar na área Leste.

Já que Marco tinha um informante em cada área, seria estranho que não tivesse ogo na Leste. Os pontos estavam lentamente se juntando em minha mente, enquanto Francesca, ainda revoltada, contava a sua história. Um misto de loucura e sensualidade surgia dela.

“Sabe porque me juntei com Marco?”, ela perguntou. Continuei quieto enquanto pensava em um plano para sair. “Odeio humanos. Em 1512, eu era só mais uma moça da sociedade. Aos dezoito anos já era noiva, mas não feliz. Então conheci um vampiro. Lindo, magistral e sedutor. Para os humanos ele era apenas um viajante. Claro que era, estava em Oregon quando sua marca dizia que era de Washington. Ele estava procurando mais vampiros. Então, me encontrou. Infeliz, nova, insegura. Bonita. Me transformou.”

“Pena que eu não era bem controlada. Matava todos que passavam a minha frente. E nem me preocupava em esconder os corpos. Quando meu criador reclamou disso, eu o matei.”, Francesca riu, com a lembrança e eu tremi. “Então, resolvi voltar a casa da minha família. Era muito confiante e arrogante. Sabia que tinha chamado atenção demais e algumas pessoas tinham desconfiado de mim, mas pensei que teriam medo o suficiente para se manter longe de mim.”

“Eles realmente fizeram isso. Ficaram longe de mim. Mas não longe de minha família.”, sua voz caiu para um sussurrou triste. “Eu estava chegando de uma caçada e vi minha casa pegado fogo. Eu tinha três irmãos mais novos.”, ela levantou a cabeça e soltou o ar com força, recuperando aquele ar de loucura. “Claro que fui atrás de um por um e os matei. Depois disso, fui atrás da minha verdadeira área, já que os vampiros dali estavam prontos para limpar a cidade de conhecimento, me levando com eles.”

Ela se calou e segurou meu rosto pela mandíbula com raiva. Tentei me soltar, movido pelo dejá vù que isso me causou. A primeira vez que Dinnie Ray me tocou. Novamente me perguntei como estava Ray. Ela tinha mania de agir, depois pensar quando eu estava no meio de uma confusão. Os olhos de Francesca gritavam repulsa.

“Sabe uma coisa que eu odeio mais que humanos?”, ela perguntou, mas eu sabia que era retórica. “Vampiros que se envolvem com humanos, como a sua querida Dinnie Ray. E vampiros com alma de humanos, como você.”

Ela me soltou e caminhou até a porta com passos decididos. Então fechou a porta. Tentei me soltar, novamente, sentindo o ácido em forma de prata tocar a minha pele. A única coisa que me restou, foi gritar.


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Notas finais do capítulo

Quero comentário e talvez, se eu merecer, uma recomendação.