Amor Sulista escrita por Nynna Days


Capítulo 11
Dinnie Ray


Notas iniciais do capítulo

Novo capítulo com uma grande revelação.



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Capítulo 11 – Dinnie Ray

“Foi ótimo conversar com você, depois de todos esses anos, Dinnie.”, Carmem disse na porta de seu apartamento temporário. “Te vejo na festa de aniversário e na votação.”, ela deu dois beijos rápidos na minhas bochechas e saltitou para longe de mim.

Revirei os olhos e voltei para dentro do carro, dirigindo para casa. Minha mente estava um turbilhão. Nem parecia que tinha sido ontem que eu e Marco quase nos beijamos. E que Carmem tinha chego na cidade. E que Daniel pediu a folga para jantar com a Francesca. Apertei o volante com força e o senti cedendo em baixo dos meus dedos. Ele deveria estar com ela agora. Dizendo como estava bonita e essas coisas de primeiro encontro.

O volante começou a ranger, me alertando que estava usando uma força excessiva nele e frouxei meu aperto, soltando o ar. Eu não tinha mais nada a ver. Tentei fazer com que a minha mente vagasse por aí. Lembranças do meu passado com Marco voltaram. Quando ele estava com Marisa, eu nunca tinha ficado assim. Depressão e desespero eram as minhas palavras favoritas. Mas, vontade de matá-la, eu realmente nunca tive. Até porque, quando a conheci ela já estava grávida.

Sorri, lembrando do jeito doce de Marisa. Marco tinha razão. Ela não deveria ser uma caçadora. Foi uma surpresa que, quando Marco me levou para a sua casa , ela não chamou os caçadores de primeira. Apenas sentou e esperou que nós nos explicássemos. Com uma mentira, é claro! Ela nunca entrou nesse assunto depois. Obviamente eu não poderia caçar humanos perto de sua casa, então eu saía em viagens longas. Sempre deixando alguém de olho neles.

No dia da guerra, tinha deixado Marisa e o bebê sobre o cuidado de Dorian. Mesmo ainda não tendo muita intimidade com ele, naquela época, ele se propôs a me ajudar. Marisa já estava pronta para dar a luz, e o seu marido morre, por ir atrás de uma vampira. Me arrependo de não ter visto o corpo de Marco, antes de ter sido enterrado. Poderia dizer que ele estava na transição para vampiro. Eu estava cercada por votação e direitos para ser a nova Senhora Sulista.

Marco estava na porta de minha casa, quando eu cheguei. Notei o quanto ele estava se aproximando. Começou lá fora, depois nas escadas, agora me esperando na porta. Duvidava nada que se ele tivesse a cópia da chave, ele me esperaria na cama. Ainda teria a falta de vergonha de me chamar com ele.

“E como foi o dia, doce, Dinnie?”, ele perguntou pondo o braço ao redor dos meus ombros, enquanto eu abria a porta.

“Normal”, respondi vagamente.

Claro que eu não diria a Marco que tinha saído mais cedo por não ter cabeça para trabalhar, enquanto seu filho se divertia com outra. Luanne também tinha notado aquilo e insistiu que eu precisava de férias. A ignorei, como sempre. Tinha Senhores que ficavam mais de cem anos trabalhando direto sem férias e nunca reclamavam. O pai de Daiene era um exemplo. Ele só parou quando a sua mulher disse que ele estava velho e precisava dar o cargo a outra pessoa. Escolher a filha, foi péssimo.

Me sentei no sofá, jogando a bolsa, como sempre e comecei a tirar as botas. Poderia reclamar delas, mas eu adorava usar botas. Marco acompanhou cada movimento meu, com os olhos cinzas queimando. Um dejá vú de Daniel na porta do meu quarto no natal fluiu em minha mente. Era tão ruim estar separada dele. Nem sabia se ele iria ao meu aniversário. Não que estivesse ansiosa para isso. Queria que passasse e acabasse.

Surpreendo-me, Marco se ajoelhou na minha frente e começou a tirar minha botas. Abri a boca para recusar a ajuda, mas o toque de seus dedos leves em minha pele me calou. Fechei os olhos, aproveitando e sentindo como seus dedos eram macios. Era como sentir os lábios de Daniel em meu pescoço, sendo que era mais sensual.

Acabando rapidamente, Marco jogou as botas para o lado e se sentou no sofá me abraçando. Parecia que, aquele cuidado que ele tinha tomado comigo dois dias atrás tinha sumido. Algo havia mudado, eu sentia. Era como se ele tivesse mais certeza da minha reação positiva. Na verdade, nem eu sabia qual seria a minha reação.

“Dinnie”, ele sussurrou. Os olhos em brasa. Me arrepiei visivelmente. Seus dedos traçaram levemente meu rosto, até segurarem meu queixo. “Não sabe o quanto eu estou me contendo agora. É como ter um banquete e não poder degustar.”

“Marco, é melhor...”, pus minha mão por cima da sua, tentando tirá-la do meu queixo. Estava queimando. Fazendo meu sangue ferver. E aquilo não era um bom sinal.

“Não.”, ele disse em um tom normal. Que para a nossa conversa sussurrada, era quase como gritar. “Cansei de fazer o que é melhor. Esperei vinte anos para te ver novamente, Ray. Para te tocar novamente. E não quero esperar mais nenhum segundo.”

Com isso, ele puxou meu rosto com força, contra o seu e me beijou. Por um segundo, hesitei. Não eram os lábios cheios e gentis de Daniel. Eram os vorazes e luxuosos de Marco. Os lábios que eu amava beijar. Que eu matava, para beijar. Se fossem a tempos atrás, eu mesma teria me jogado em cima de Marco, mas agora... Eu estava hesitando.

Percebendo isso, ele passou o braço ao redor de minha cintura e me puxou mais contra ele. Com a língua entreabriu os meus lábios, invadindo-os. Não conseguindo me livrar dele e dessa atração, pus as mãos em seus cabelos dourados e ele suspirou. Meus dedos desceram por seu pescoço e por seus ombros. Minha mente memorizando novamente cada parte de seu corpo. Os músculos tensos de seus braços se contraiam em baixo de minhas mãos. E o senti se arrepiando.

Lentamente me deitou no sofá e começou a beijar meu pescoço. Meus olhos continuavam fechados, aproveitando o contato de seus lábios em minha pele. As presas roçaram em mim e eu mordi os lábios, prendendo um gemido. Parecia que os Gonzales não tinham apenas as semelhanças físicas, mas também no modo de fazer uma mulher ir ao delírio. Escutei um barulho de panos sendo rasgados e abri os olhos.

Minha blusa branca estava por entre os dedos de Marco, enquanto ele olhava para ela com um meio sorriso arrogante. Comecei a respirar com força, me sentindo um pouco exposta. Olhei para o meu corpo pálido, conforme meu peito descia e subia, tapando apenas com um sutiã preto meia taça. Os olhos de Marco se arrastaram para lá também e ele soltou outro suspiro. Jurava que nesse havia saudades.

Me sentei passando a mão por seu ombro , até os braços e olhando para seus olhos. Eles pareciam brilhar mais ainda. O cinza pálido, eram um cinza vivo. Tirei alguns fios loiros de seu rosto e sorri. Ele sorriu de volta, deixando as presas a mostra. Era como se voltássemos aquela mesma noite. Era como se eu conhecesse Marco novamente. Passei as costas de minha mão lentamente por seu rosto. Ele o deitou ali, ainda me encarando.

“Marco, sabe que se continuarmos, vai ser ...”

“Puramente sensual.”, ele terminou e fez uma careta. “Eu sei. Só queria saber se você ainda me amava.”

“Eu gosto de você.”, afirmei.

“Eu gostaria que isso fosse o bastante.”, ele se levantou, passando a mão por seus cabelos e andando de um lado para o outro. Exatamente como eu, no dia anterior. “O pior é que, enquanto fizermos amor, você vai olhar para meus olhos e ver Daniel. Mesmo que esse maldito esteja na cama de outra, você ainda vai pensar nele. Isso é fraqueza, Ray. Tem que seguir em frente.”, ele começou a gritar e me acusar.

“Como consegue?”, perguntei em um tom baixo. Ele me encarou confuso. “Um momento tão perfeito e você estraga com poucas palavras. Ah, sim. Quando morreu, foi transformado em um idiota. Me esqueci.”, disse irônica. Isso o deixou com mais raiva.

“Podíamos ser perfeitos, Ray.”, ele continuou. “Aceite. Daniel está, nesse momento, ma cama de Francesca e você aqui, me negando algo que quero muito.”

Um alarme soou em minha cabeça e me fez recuar. Algo do que ele tinha dito, me alertou. Fiquei satisfeita, que ele interpretou meu recuou errado. Então, sua expressão se suavizou e ele se aproximou de mim. Me levantei rapidamente com os olhos arregalados. Minha mente a milhão tentando descobrir o que em suas palavras tinha me alertado.

“É melhor eu ir embora.”, ele disse vendo que eu estava com a mente longe. “Nos vemos em breve.”

“Marco, espere.”, eu segurei a sua mão, quando tentou abrir a porta. Ele esperou. “Pode me dar alguns minutos? Não precisa ir embora. Quero dizer, estou um pouco confusa. Só preciso de tempo.”

Ele analisou as minhas palavras por um momento, então assentiu. Suspirei aliviada. Não sabia o que aconteceria se ele fosse embora. Talvez resolvesse sair da cidade. Daí meu plano de atraí-lo iria por água abaixo. Ele me deu um leve beijo na testa e sorriu, mesmo que por baixo daquilo, eu pudesse ver o seu verdadeiro sofrimento.

“Vou caçar, já volto.”

Assenti, enquanto ele saía. Assim que a porta se abriu, me pus a trabalhar. Repetia suas palavras em minha mente e tentava entender o porque daquilo me alertar tanto. Fui para o banheiro, entrando na banheira, para tomar um banho. Isso sempre me ajudava a pensar. Odiava quando Marco ficava enigmático, pior era quando ele dizia tudo em aberto e eu não entendia.

Ele iria bagunçar tudo, de dentro para fora. Tinham pessoas de olho em mim. Pessoas que já estavam, pessoas que poderiam surgir. Luke, Daiene e Josh. Qual era a ligação entre eles. Fechei meus olhos com força, pensando. Sabia que poderia ir mais além do que estava demonstrando. Idades diferentes, aparências diferentes, áreas diferentes...

Abri os olhos de súbito, quando algo estalou em minha cabeça. Se Marco queria detonar as áreas vampíricas de dentro para fora, o que era melhor do que um traidor em casa área. Luke do Sul, Daiene do Norte, Josh do Oeste e ... Saí da banheira correndo como nunca até o meu celular. Minha mente trabalhando como nunca. Se eu estivesse certa, Daniel corria um grande perigo. Minha sorte é que eu já o tinha na discagem rápida.

Primeiro toque (atenda, Daniel)

Segundo toque (Por favor, Deus)

Terceiro toque (Não, não, não)

“Alô”

Respirei aliviada e minhas pernas cederam ao chão frio do meu quarto. Eu poderia chorar de alívio por ele ter atendido, mas não me dei ao luxo disso. Escutei um gracejo feminino no fundo. Senti meus olhos arderem, mas de raiva. Oh, Droga! Tinha que ter agido mais rápido.

“Daniel, onde você está?”, perguntei com a voz um tom acima do normal.

“Na cada de Francesca, como eu havia avisado.”, ele disse cauteloso. “Ray, o que aconteceu?”, ele perguntou, preocupado. Quase ri. Eu que deveria estar preocupada.

“Você tem que sair daí”, eu gritei, enquanto levantava atrás de uma roupa. “AGORA!”

“Ray, o que aconteceu?”, ele insistiu. Fechei os olhos por um momento. Ele tinha que saber, senão não me escutaria.

“Daniel, Francesca é...”, pausei assim que escutei um estrondo no fundo e a linha ficou muda. “Daniel, Daniel, Daniel!”, gritei.

Tudo o que escutei foi o som de uma risada feminina no fundo e então o som do fim da chamada.


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Notas finais do capítulo

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