Capítulo 53: Oi família, meu nome é Daniel

Augusto contara aqueles jovens piratas, menos a Daniel, sobre a vida de Hellt, sobre tudo o que sabia sobre ele, sobre as mortes que o rondavam e sobre seu apego a família.

- Go to hell! Agora aquela tatuagem faz sentido! – Gabriel fala se lembrando da tatuagem no braço do desenhista, chegou à conclusão correta que Hélio havia tatuado o nome de seu filho.

- Senhor...! Eu... – Rebeka tentava falar, mas suas lágrimas não deixavam.

- Uma parte de seu espírito morreu junto com sua mulher, a outra parte se foi com seu filho, ele é apenas um errante que vaga de lugar em lugar e sempre acaba voltando aqui pra rever suas próprias memórias. – Augusto fala.

- A honra de Hellt foi construída a base de dor, por isso sua honra é tão impenetrável! – Naty afirmou.

- Como agir agora? Quer dizer, como a gente pode pedir pra ele vir ser pirata conosco depois de ouvir tudo isso? É meio que tripudiar das memórias dele... – Jonas constata.

- Não desistam, desde aqueles dias hoje foi a única vez que o vi sorrindo, falando com alegria do que fizera no mar... Algo na tripulação de vocês despertou a vontade dele de viver, por favor tentem novamente, tentem levá-lo com vocês! – Augusto pedia quase em tom de desespero.

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A beira dos túmulos de sua família Hellt conversava, falava abertamente com seus entes como se estivessem vivos a sua frente.

- E foi muito louco, quer dizer, como aquele moleque não morreu com os tiros? Aquela pele e a camada de gordura dele são bem resistentes, tirar as balas do corpo daquele moleque foi muito difícil! Era visível que ele sentia dor, mas não falava nada só fingia um sorriso inocente... Aquele garoto é doente da cabeça! – se referia ao jovem capitão da caravela ACD, ele havia conversado sobre suas aventuras como integrante do navio, de repente uma lágrima desce.

- Eu sinto tanto a falta de vocês! Eu queria tanto que estivessem aqui do meu lado, se eu pudesse voltar no tempo e corrigir as coisas eu... Eu nunca deixaria que aqueles piratas encostassem a mão em você querida, eu prestaria mais atenção em você meu menino e te levaria ao médico quando os sintomas aparecessem, mas o tempo não pode voltar... – A tristeza que sentia era monstruosa, sentia um misto de saudade e culpa que nunca passava, subitamente ele escuta uma voz de criança.

- Eles são sua família? – Daniel pergunta ao ver Hellt sentado a frente daquelas cruzes, o garoto conhecia túmulos improvisados já que em sua tribo todos os túmulos eram assim.

- O que você ta fazendo aqui Daniel? – o desenhista fala limpando seus olhos rapidamente. – Sim eles são minha família.

- Eu posso conversar com eles? – o garoto pergunta se aproximando do desenhista e se abaixando.

- Bom... Por que não? – o desenhista fala.

- Oi família, meu nome é Daniel. – o gordinho se apresenta. – Sabia que o Hellt é um heroi? Ele me salvou um monte de vezes, ele ajudou um monte de gente que nem conhecia num monte de cidades, ele até atuou numa peça de teatro pra ajudar um senhor... Ele é meio turrão às vezes, mas ele é divertido também, ele sabe fazer um monte de coisas inclusive cozinhar... O Hellt se tornou importante pra mim e eu gosto dele, eu queria muito que ele viesse comigo na minha aventura, vocês acham que ele vai vir comigo se eu insistir?

- Você é um garoto muito estranho sabia? – Hellt fala com sua mão direita sobre a cabeça do jovem capitão. – Entenda que eu não sou como vocês, eu não tenho objetivos, nunca fui bom em sonhar e eu tenho ligações fortes demais com esse lugar...

- Hellt, por favor, você ta atrapalhando minha conversa com sua família. – o menino fala repreendendo o mais velho.

- Filhote de hipopótamo! Desisto de você... – Hellt fala se levantando e virando, pra sua surpresa os outros membros da tripulação e Augusto estavam parados a suas costas o observando.

- Hum... É falta de educação ficar encarando sabiam? – o desenhista fala, repentinamente Rebeka corre até ele e o abraça forte, as lágrimas que segurava se derramaram de uma vez.

- Hellt... Eu não podia imaginar... Eu sinto muito. – ela fala com dificuldade.

- Augusto é um bom amigo, porém é um linguarudo! – Hellt fala em tom de brincadeira. – Não sinta Rebeka, não foi sua culpa...

- “A vingança destroi a alma e deixa um vazio impossível de ser preenchido”, Hellt falou alguma coisa parecida com isso pra mim uma vez, ele realmente tinha experiência no assunto em questão. – Naty fala pra Gabriel e Jonas.

- Bom gente... É... Vamos entrar né? Lá a gente fica mais a vontade pra conversar... – O desenhista fala, em seguida ele e seus colegas adentram a residência.

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- Aqui tomem, é um suco de maracujás da minha horta, está fresco, fiz um pouco mais cedo. – o desenhista fala colocando duas jarras numa mesa, junto delas alguns copos. Sentados a mesa estavam apenas Jonas e Augusto, Hellt se senta a frente deles para conversar.

- Olha só Gabriel, essa medalha aqui é a mesma da foto! – Daniel fala mostrando um cordão escuro com um pingente redondo prateado que lembrava uma medalha, um mesmo acessório que o filho de Hellt usava em uma foto em que estava com Maria.

- Sim Daniel, mas não mexa nisso, é importante pro Hellt. – o músico fala.

- Será que o Jonas e aquele senhor vão fazer o Hellt mudar de ideia? Eu quero muito ele na tripulação! – o jovem capitão fala.

- Seria bom garoto, go to hell!

Próximo a janela Nathália e Rebeka conversavam.

- Sabe Naty, eu também tive perdas, a minha avó morreu, porém eu tenho a convicção que meus pais estão aí, quer dizer, estão lá em Naxia, essa convicção que me faz superar desafios e mais desafios, só a vontade de ver minha família de novo me motiva. – a navegadora fala. – Só que o Hellt não tem isso, ele perdeu tudo! Pais, esposa, filho, e a forma que a mulher dele foi morta por piratas... Toda vez que penso nisso não vejo possibilidade do Hellt vir com a gente.

- Tenha esperança corajosa navegadora, temos que confiar que Hellt virá, pelo bem de nosso capitão precisamos acreditar. – Nathália falava calmamente, entretanto estava tão preocupada quanto todos.

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- Você precisa reconsiderar Hellt! O Daniel precisa de você, tipo você meio que salvou todo mundo, ou quase, dessa tripulação, pense bem... – o atirador argumentava.

- Hoje você tinha um brilho no olhar bem diferente da opacidade dos últimos retornos, esses jovens te fizeram bem Hélio, você deveria ir com eles. – Augusto ajudava na argumentação.

- Coloquem-se no meu lugar, existe alguma forma de recriminar o meu ato de não querer ser pirata? – o desenhista fala.

- Hellt, por favor, você sabe melhor do que eu que Daniel e Erlec são capitães bem diferentes, Erlec era um verme incapaz de algum ato de bondade já o Daniel é altruísta e se sacrifica até por aqueles que não conhece. – o atirador tentava ser o mais persuasivo possível, era ele o que argumentava melhor da tripulação e por isso combinou com seus colegas que ele falaria com Hellt sobre a possível permanência na tripulação. – Além disso, você era feliz conosco, ta certo que eu não sou o membro mais velho da tripulação, mas eu vi... Eu vi sua felicidade quando o Daniel devora a comida que você faz, ou quando está no leme do navio, ou quando ajuda a Rebeka com os mapas e bússolas, e aqueles treinos psicóticos com a Naty? E o Rock do Gabriel? Eu sei que você gosta de estar com a gente! Você é feliz porque você se sente útil pra tripulação como era pra sua família... – essas últimas palavras do atirador fizeram Hellt se levantar, aparentemente era uma reação de fúria, no entanto...

- Tenho feito tanta coisa desde que cheguei aqui que me esqueci de trocar de roupas, Augusto, por favor, pegue uns vegetais na horta enquanto eu me troco. – falou se dirigindo ao seu quarto.

- E então ele vai voltar? – Daniel vai à mesa e pergunta ao jovem de óculos.

- Não sei, eu não o conheço tão bem pra saber se eu o convenci... – Jonas fala retirando seus óculos e colocando um pouco de suco num copo.

- Ele é bem convicto em seus ideais, ele podia abrir uma exceção. – Naty fala se aproximando.

- Go to hell! Pior que de certa forma não consigo achar que a atitude dele seja errada sabem? – o guitarrista fala.

- Não fala assim Gabriel, ele tem que vir com a gente, nós vamos navegar, todos juntos, por toda Grande Linha até achar o One Piece! – Daniel fala com um copo de suco na mão, quase o derruba.

- Posso lhes garantir que ele está pensando na proposta meus jovens. – Augusto fala se levantando e se dirigindo a horta.

- E pelo que o senhor conhece dele o que acha que ele deva estar pensando? – Rebeka pergunta atônita.

- Tenham esperança, vejam só o meu caso, sou o mais velho dessa aldeia e como o tal sou o líder, mesmo assim o Hélio fala pra eu cuidar de sua horta e eu cuido... Ele fala pra eu pegar umas verduras lá fora e eu pego e provavelmente ainda vou comer aquela coisa que ele faz e chama de comida... Se um líder pode se submeter a coisas como essas então o Hélio também pode virar pirata com vocês. – fez sua comparação com um leve sorriso confortante no rosto, talvez não fosse uma comparação tão perfeita, no entanto foi o suficiente para confortá-los um pouco.

- Go to hell! Quer dizer que as verduras que o senhor Augusto foi pegar é pro Hellt cozinhar pra gente? – Gabriel pergunta em tom de desespero.

- Bom eu não vejo outro motivo. – a navegadora fala e o jovem capitão sorri de leve.

- Isso não foi engraçado! Eu não sabia que ia precisar comer a comida do Hellt! – Jonas fala também em tom de desespero.

- Eu to com um pouco de fome. – o gordinho fala.

- Também preciso me alimentar, um espadachim precisa estar alimentado para estar sempre em seu máximo! – Naty fala com chamas nos olhos.

Jonas fez sua parte, ele tentou convencer Hellt, em nome da tripulação, a voltar, entretanto o desenhista não pode ser obrigado a tal. Enquanto isso, ao longe, no horizonte uma bandeira tremula, o símbolo de ossos cruzados é visível, piratas se aproximam do Arquipélago Esmeralda a toda velocidade.

- Já vejo as ilhas irmão, estamos quase chegando. – um pirata fala.

- Excelente, enfim chegamos ao tal lugar! Nunca estive tão ansioso! – o capitão fala com um leve sorriso.

Preview:

- Go to hell! O que ta acontecendo? – Gabriel pergunta.

- Não sei, será que esse sino é algum toque de recolher? – o atirador tenta concluir. O jovem de sobretudo olha pra frente e percebe a aproximação de algo. – Espera Gabriel, tem alguma coisa se aproximando do arquipélago...

- Eu só vejo um ponto, você consegue ver o que é? – o guitarrista pergunta.

- Deixa eu regular os óculos... – Jonas fala girando suas lentes na armação, subitamente aquele ponto distante toma a forma de um navio pirata. – Merda! São piratas! Estão vindo em sentido a ilha.

- Go to hell! Esses seus óculos são monstruosos...! Espera um pouco? Você disse piratas?! Go to hell! A caravela ACD... Eles podem... – o guitarrista é interrompido.

- Não eles não vão porque a gente não vai deixar, vamos correr até lá...! – o jovem de óculos fala decidido correndo com seu colega. A caravela estava atracada em outra ilha do arquipélago, a verdade é que o navio estava distante, porém se fosse uma caravela de ponta ela seria rápida o suficiente para chegar ao navio ACD antes dos jovens, a vantagem dos garotos seria a possibilidade daqueles piratas não conhecerem a área e perderem tempo procurando o melhor lugar pra atracar.

Próximo capítulo: Piratas atacam o arquipélago mais uma vez, Jonas e Gabriel e a defesa da caravela ACD