O carro estacionara na frente da igreja, dessa vez quem o conduzia era o motorista contratado que esperava no carro parado na frente da casa. Eliza, Sara e minha mãe pareciam nervosas com a minha demora, afinal, estava há mais de meia hora atrasada.

- O que houve com você? – Sara perguntava enquanto eu saia do carro.

- O pneu resolveu furar no meio do caminho, então tivemos que... – ela não me deixou terminar.

- E você desceu trocar o pneu? Olhe seu cabelo todo amassado! – encolhi-me diante de sua observação.

Como pude esquecer de dar uma olhada no meu estado? Torcia para que o problema fosse somente o cabelo, afinal, os amassos não foram tão grandes. Claro que eu estava falando do meu pescoço. Imagina se ali houver uma marca! Estou perdida!

- Desculpe, deve ter sido porque me encostei no banco. – a melhor mentirosa do ano. Estava ficando boa nisso, espero que eu não acostume.

- Vamos logo, Stefan está tendo um treco no altar. Sem falar no Damon que pelo jeito desistiu de me acompanhar como padrinho. Os convidados já estão reclamando. – Sara dizia aos tropeços ajudando-me a subir as poucas escadas até a porta da igreja enquanto minha mãe e Elizabeth já haviam sumido dali.

A típica marcha começou e meu coração pareceu dar um salto já no primeiro toque. As portas da igreja foram abertas e a única coisa que eu conseguia ver era o sorriso aliviado de Stefan parado ao pé do altar. Eu entraria sozinha e não sabia como acharia forças e coragem para fazer meus pés se moverem para começar a caminhar. Por um segundo eu quis correr dali para qualquer lugar, mas eu precisava seguir com o que eu havia planejado.

Isabella e Ryan haviam entrado antes de mim, um ao lado do outro. Aos poucos senti que minhas pernas foram tomando firmeza e então comecei a caminhar pelo tapete branco coberto por pétalas de rosa em tons rosados da mesma cor do meu buquê. Tentei colocar sobre meus lábios o sorriso mais sincero que consegui.

Minha atenção foi roubada quando enxerguei Damon entrando pela porta lateral da igreja e correndo para o lado de Sara. Ao menos ele cumprira seu papel como padrinho. Seus olhos incrivelmente azuis me encarando com tanta intensidade que pareciam me prender.

Meus passos tornaram-se mais lentos, como se eu quisesse atrasar a minha chegada. Stefan veio ao meu encontro sorridente como sempre e segurou a minha mão ajudando-me a caminhar até o altar mais rapidamente.

- Estamos aqui reunidos para celebrar a união matrimonial entre Stefan Salvatore e Elena Gilbert. – o padre começou.

Olhei ao redor de mim até onde a posição em que eu estava permitia. O juiz com os papéis estava parado a uma pouca distância do padre e um frio na barriga me atingiu só se imaginar como faria para ler novamente o que é que eu estava assinando sem que ninguém desconfiasse da minha demora para assinar.

Damon estava ali, tão sério e indiferente como eu nunca o havia visto. Seus olhos estavam em mim, mas seus pensamentos pareciam viajar muito longe de tudo por ali. Eu desejaria saber o que é que ele estava pensando, mas certamente isso só deixaria as coisas ainda mais difíceis.

Stefan direcionou seu olhar para mim, tão amável e tranquilo. Meu Stefan, aquele que eu parecia conhecer tanto se revelara o traidor da história. Enquanto o padre continuava a falar, meu noivo aproximou-se do meu ouvido.

- Me desculpe. – ele sussurrou. – Eu amo você.

Olhei-o surpresa sem entender o motivo daquelas palavras. Foi então que eu vi os olhares intensos cruzados de Damon e Stefan. Eles estavam em um duelo mental aparentemente. Reprovei a atitude dos dois dando um puxão de leve no braço do meu noivo e direcionando um olhar firme para o irmão. Os dois pareceram entender o recado e logo voltaram às suas posturas sérias.

Eu não ouvi quando o padre havia pedido as alianças, só notei que deveríamos voltar a atenção às suas palavras quando a filha mais nova de Julie, também sobrinha de Stefan, segurava a pequena almofada com as duas alianças de ouro presas sobre ela.

Trêmula, peguei uma das alianças em mãos temendo levantar os meus olhos e encarar Stefan ao meu lado. Eu estava com medo de encará-lo. Então fiz a coisa mais estúpida ou correta que eu poderia ter feito. Levantei meu rosto vagarosamente e encontrei-me com Damon e seus olhos incrivelmente azuis. O vi sorrir ligeiramente de canto, mas não havia um só resquício de deboche ou ironia, ele parecia desapontado com o que via.

Pensei em fingir outra vez um desmaio, tinha funcionado da última vez, não? Mas parecia inapropriado demais para aquele momento. Pensei de novo em abandonar tudo e sair correndo, mas não conseguiria chegar longe o suficiente para escapar de qualquer explicação. Minhas pernas tremiam e os olhares tão intensos de Damon e Stefan sobre mim não ajudavam em nada. Eu não sabia se abandonando meu casamento eu poderia correr para Damon ou se ele me rejeitaria por ter escolhido vir até aqui enquanto poderíamos estar ainda juntos naquele quarto. Mas eu também não sabia se valeria a pena casar-me com Stefan mesmo depois dele ter feito o que fez. E como seria minha situação com seu irmão?

- Stefan Salvatore, aceita Elena Gilbert como sua esposa, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza até que a morte os separe? – o padre fez a pergunta e me obriguei a olhar para Stefan estendo a minha mão para que ele pudesse colocar a aliança.

O arco de ouro parecia machucar assim que foi colocado em meu dedo. Não no sentido literal, mas no fato de eu saber que a resposta para tudo aquilo era certa.

- Sim. – ele disse sorrindo.

Suas palavras nunca me doeram tanto. Ele realmente queria isso, eu desejaria continuar acreditando no amor que ele sentia, na sua fidelidade e nos momentos tão sinceros que passamos juntos e que prometemos passar depois que nos casássemos, mas a verdade era que eu podia perdoá-lo, mas viveria sempre com aquela desconfiança por ele ter mentido pra mim por tanto tempo. A falta de confiança sempre existiria e isso era o que mais me feria.

- Elena Gilbert, aceita Stefan Salvatore como seu esposo, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza até que a morte os separe? – o padre repetiu a pergunta direcionando-a para mim.

Segurei firme o arco de ouro entre meus dedos respirando fundo na intenção de que me acalmasse, mas foi inútil. Eu me lembrava de cada pequeno momento ao lado de Damon e me perguntava como era possível existir algo tão forte em apenas um mês de convivência. Mas você não pode simplesmente dizer quando os sentimentos têm de aparecer ou desaparecer. Eles vêm e então é isso. Eu precisava decidir aqui e agora. ‘Sim’ ou ‘não’, ambos causariam espantos, agora era a hora de escolher a quem eu iria surpreender.