Love Me Until The Death escrita por Madame Bovary


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Bem, eu gostaria de agradecer a todos que comentaram no capitulo anterior, muito obrigada de vdd ;)
Eu poderia reclamar dos poucos reviews, mas os poucos que recebi foram tão especiais, que não posso me queixar.
Eu fiz esse capitulo após ler Cidade das Almas Perdidas (Saga Instrumentos Mortais), e claro ouvindo a seguinte musica: http://www.youtube.com/watch?v=EqWLpTKBFcU
Vocês podem ouvir enquanto leem.
Esse é praticamente o ultimo capitulo, eu ainda estou escrevendo o epilogo.
então leitores fantasmas? Poderiam sair do escuro e deixar um review para a autora?



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Ela andava de forma elegante pela cidade, deu alguns acenos para os vizinhos. Todos pensavam que ela morava naquela pequena casa. Até mesmo Katerina estava convencida disso. Poucos sabiam que ela morava em uma mansão com Loretta. Ela ria internamente. Já era quase pôr-do-sol. A vizinhança se recolhia rapidamente, como se algo após esse horário pudesse os prejudicar, como se estivessem fugindo do inferno. Claro... Os vampiros. Ela os odiava também. Era uma pena que ela também fosse um deles... Suspirou cansada. Era horrível perceber que ela tinha se tornado o que ela mais odiava.

Quando o sol caiu, ela podia ver pelas vidraças das janelas as famílias jantando com prazer, o cheiro de caçarola, canela e vinho emanava das casas, mas o cheiro doce dos humanos superava, sua garganta ardeu, fazia quantos dias que ela não se alimentava? Dois? Três? Ela não sabia. Estava tão entediada... Só havia uma forma de acabar com isso. Correu até um dos becos escuros, pegando um atalho para seu destino. Franziu o nariz quando o cheiro de lama e detritos subiu ao seu olfato aguçado. Suas botas de camurça italiana batiam nas poças e respingavam algo pegajoso que sujou a barra de seu vestido azul petróleo. Depois de correr em sua velocidade vampírica, chegou finalmente a onde queria, subiu em um velho cedro ao lado da mansão Salvatore. Deu um pulo e alcançou um galho grosso, puxou a si mesma pegando alguns galhos como apoio subindo vários galhos a cima, até esta firmemente agachada em frente à única janela que se mantinha inabalavelmente aberta. As cortinas brancas se remexiam com o vento como se tivesse vida própria, ela pulou a janela entrando no quarto de Damon Salvatore.

- Katherine – ele balbuciou entre seu sono. Ele estava sozinho, graças a Deus. Damon parecia tenso em seu sono, uma ruga entre suas sobrancelhas transformava seu rosto em uma careta. Ele cheirava tão bem... Sabonete importado, cravo-da-índia e algo tão quente quanto o verão.

 Ela gostava de observar ele dormir, era como uma calmaria depois de uma tempestade assombrosa... De repente ela não era mais forte e destemida quanto queria aparentar, ela era uma menina frágil, sozinha, alguém que perdeu tudo muito rápido e nunca teve oportunidade de se curar totalmente.

Nelly abriu os olhos observando teto, sua garganta parecia fechar, seus olhos pareciam prontos a escorrer lagrimas. Odiava esses sonhos... Eles eram tão reais, e saber que Alicia amava Damon também, não ajudava. 

Demorou um tempo até ela lembrar de que dormira na casa da Elena. Memorias da noite passada a fizeram sorrir e foi tudo o que permitiu que ela não chorasse como uma criança. Damon dormia tranquilamente com sua cabeça sobre o peito dela, apenas um lençol lilás fino os cobria. Os braços fortes dele estavam ao seu redor, como se ela fosse fugir a qual quer momento. Talvez ele tivesse razão de fazer isso, ela tem descumprido tudo que ele mandava e jogado fora todas as medidas de segurança dele. Passou os dedos pelos cabelos negros dele, espiou o rosto dele, e ficou surpresa de ver olheiras profundas, ela não havia percebido elas...

- Pare de me olhar – ele sussurrou ainda de olhos fechados – você não sabe como isso é extremamente piegas.

Ela deu uma pequena risada. Observou o relógio eletrônico no criado mudo.

- Já passa de meio-dia – ela murmurou incrédula.

- Bom, acho que depois de matar vampiros, roubar um diário de um tumulo, e depois de seu grande desempenho essa noite... Você merece dormir até tarde – falou fazendo círculos com o polegar sobre sua barriga, ela se contraiu um pouco, o mínimo toque dele fazia tudo nela se acender – mas claro em termos sexuais você ainda não me supera, mesmo que você seja extremamente boa tentando.

- Ah... Desculpe-me – disse entrando no jogo – mas alguns de nós não tem mais de um século de experiência – disse revirando os olhos e bufou.

Em um segundo ele estava sobre ela. Colocando as mãos dela acima da cabeça e a pressionando contra o colchão.

- Bem, com séculos de vida ou não – disse e se inclinou, mordiscando o lóbulo de Nelly – eu não me importo de ser seu professor – sussurrou, fazendo ela dar um sorriso malicioso.

(...)

Elena estava preparando algo com ovos e cebola na cozinha. Ryan parecia imerso em pensamentos enquanto cortava um tomate. Stefan conversava animadamente com Elena, como se nada de ontem houvesse acontecido. Algo no ambiente fazia Ryan se sentir como se não se adequasse lá, ele não conseguia fingir que o pior já houvesse passado. Mas eles pareciam satisfeitos com as vantagens por enquanto.

- Toc-toc – Loretta disse entrando cozinha á dentro. Ela tinha o diário de Alicia a mãos. Seu cabelo ruivo liso escorria sobre seus ombros, seu jeans desbotado parecia impecável, seu suéter preto destacava seu cabelo vermelho e suas botas eram tão lustrosas... Que pareciam nunca ter sido usadas.

- Como entrou aqui? – Elena indagou confusa– a porta...

- Nem queira saber – a ruiva interrompeu sentando-se a mesa – e mais uma vez o dia foi salvo graças ao time do bem – ela falou um tanto sarcástica, fazendo todos a olharam de forma repreensiva – onde está Minelly, preciso dela aqui para falar sobre isso – apontou com uma unha longa em vermelho vivo para o livro.

- Bem, ela ainda esta dormindo. Enquanto isso você poderia esclarecer por que ainda se mantem junto de tudo isso? Quer dizer, você não tem nada com o sacrifício, porque se meter em uma confusão em que você poderia evitar? – Stefan disse perplexo, sentando-se em uma das cadeiras da mesa enquanto Elena fazia o mesmo.

- Eu tenho uma briga comprada com Klaus faz muito tempo, talvez vocês entendam depois de contar o que eu sei sobre Alicia e lhes mostrar tudo o que vocês precisam saber sobre o que tem nesse diário – ela soltou um suspiro – mas por enquanto deveríamos ir para sala, odeio esse cheiro de cebola.

Todos se dirigiram para sala, seguindo a ruiva, até o sofá. Observaram Nelly e Damon descendo de mãos dadas pela escada. Loretta fez uma careta apenas com a menção do Salvatore na sala. Não é como se Damon estivesse explodindo de felicidade com a presença dela também, Ryan observou.

- Ótimo, todos estão presentes – Loretta murmurou sentando em uma poltrona cor de vinho perfeitamente limpa. O resto se confortou no outro sofá. Ela estava excitando em contar a parte mais agitada da sua vida. Mas ela tinha que fazer isso, era pelo bem de Nelly... E se para isso tivesse que permitir que vampiros estúpidos saibam também, ela o faria.

- Ok, bruxinha, não temos o tempo todo do mundo – Damon resmungou.

Ela bufou, o que esse idiota ainda esta fazendo aqui?  A ruiva pensou.

- Bom, a primeira coisa que vocês devem saber, é que demorou um tempo para que eu tivesse consciência dos meus erros – suspirou – eu e Alicia nos conhecemos quando erámos crianças, Katerina sempre foi alguém da qual procurávamos evitar... Não por que era maligna ou algo assim, mas... Procurávamos evita-la. Minha avó costumava sentar em uma fogueira e contar historia sobre os Wicca, e foi lá que eu conheci Alicia, ela estava fugindo da irmã quando se juntou a roda na fogueira, eu me lembro de ter rido do jeito que Alicia zombava da irmã – os cantos de seu lábio se elevaram automaticamente com a lembrança – eu descobri meus talentos como uma bruxa muito cedo, por isso os Petrova relataram na bíblia da família sobre haver sangue e sangue na borda do poço e ter indícios de fogo na mata, meus poderes eram descontrolados e esforçavam muito de mim a ponto de fazer meu nariz sangrar, meus poderes não é como os de Bonnie, ela se baseia na natureza, enquanto eu me focalizo apenas no fogo, por isso, por anos Will Ashford foi considerado pelas bruxas como algo surgido do inferno e dos espíritos maus.

- Você contou a mim e a Nelly que Will tinha tido descendentes e tudo mais, você não contou que ele estava vivo e ao lado de Klaus – Ryan questionou com uma sobrancelha erguida.

- Afinal, o que aconteceu com Will? – Elena perguntou.

- Bem, eu o encontrei fraco e sem poder algum no meio do bosque, ele nunca chegou até Katerina, ele esta no meu porão, bem preso, ele deveria ficar com o mínimo de poder, mas eu acho que as bruxas ficaram irritadas e arrancaram tudo que ele tinha, eu não sabia antes que ele estava vivo, fiquei tão surpresa quanto vocês.

- Por que a surpresa? Você não esta viva também? – Nelly indagou.

- Bem, sim, mas isso foi resultado de uma maldição, algo que fiz de errado – olhou para seu colo onde suas mãos se torciam nervosamente – Alicia acompanhou toda a tragédia de Katerina ter engravidado sem se quer ter casado, praticamente um filho bastardo, e bem... Quando Katerina se foi, e depois voltou como vampira, seus pais estavam mortos, como vingança de Klaus, a única coisa que ele não tinha consciência é de que havia uma irmã, Alicia se escondeu em um armário, e viu a coisa toda acontecer – a ruiva suspirou – eu recordo de Katerina consolando Alicia, como se ela não tivesse nada a ver com aquilo, se fez de humana, foi naquele exato dia que Alicia conheceu a historia dos vampiros. Eu sabia que havia algo de errado com Katerina, naquele tempo meus poderes já estavam se aperfeiçoando, e Alicia sabia disso, então ela acreditou em mim, quando eu disse que Katerina exalava como se estivesse morta, seguiu a irmã até a floresta e a viu se alimentando de um humano.

“Alicia era a pessoa mais corajosa que conheci, ela confrontou Katerina no dia seguinte. Mas não foi suficiente, Katerina a matou para esconder o segredo – falou amarga quase cuspindo as palavras – eu não queria perder a única pessoa que restava, eu vivia com a minha avó, ela havia morrido, eu só tinha Alicia, eu não podia deixa-la ir – sua voz era urgente e estrangulada, Nelly lembrou-se do sonho em que Alicia gritava dizendo que devia ter deixado ela ir... – então fiz algo que as bruxas condenavam naquele tempo – levantou a cabeça e ajeitou os ombros tentando não deixar a emoção chegar a sua voz – eu pedi ajuda as bruxas antigas, elas sabiam que Klaus faria tudo que era possível para se tornar hibrido, e elas fariam tudo para impedi-lo também, então incluiu Alicia no sacrifício quando eu a ressuscitei, eu tinha consciência do acordo em que a enfiei, mas eu tinha que arriscar, e ela ficou tão furiosa comigo... Quando ela me perdoou, pensamos que se ela virasse uma vampira, o acordo com as bruxas acabaria, e o maldito sacrifício apenas incluiria Katerina.

“Passou alguns anos, e finalmente cansamos de fugir, nunca soubemos se Klaus estava realmente nos seguindo, ou se era paranoia da nossa parte, mas fugimos, e quando Katerina se mudou para Mystic Falls, depois de algum tempo nós nos mudamos também, estávamos cansadas de fugir. E foi onde Alicia conheceu os Salvatore.

- O que é estranho, porque eu não me lembro muito bem de falar com Alicia naquele tempo, toda vez que tento me lembrar é como se tivesse buracos na historia – Damon murmurou franzindo o cenho, essa era uma das raras vezes que ele levava algo realmente serio.

- Bom, quando Alicia morreu, as bruxas trataram de apagar as memorias vitais de quem conviveu com Alicia, isso permitiria que o segredo do sacrifício continuasse – respondeu.

- Então, como você se lembra de tudo? – Stefan, que estava calado todo esse tempo, se pronunciou.

- Elas precisavam de alguém para ajudar a copia de Alicia, elas usaram isso como punição, e me deram a imortalidade, que é quase um fardo.

- Como Alicia morreu? – a Renard sussurrou, ela estava com a pergunta em sua cabeça por tanto tempo, que ela estremeceu, não sabia se por medo da reposta, ou se era o nervosismo, seu coração acelerou e algo embrulhou em seu estomago.

- Foi um suicídio – respondeu fitando Nelly, quase como se pudesse enxergar sua alma – em Mystic Falls a energia das bruxas antigas parecia ser maior, elas estavam com raiva de mim por ter burlado o acordo, e por isso tomaram meus poderes, e iriam me matar por ter enganado minha própria espécie. Então, Alicia se matou, e foi para outro lado – murmurou como se as palavras estivessem ardendo em sua garganta e desviou o olhar – foi o plano mais imprudente em que ela se meteu, ela nunca poderia ter certeza se uma vampira poderia ir para o mesmo lugar que uma bruxa, mas parece que deu certo, ela interceptou as bruxas, e fez um acordo, as bruxas me devolveram meus poderes e me amaldiçoaram com a imortalidade dos vampiros. E a maldição do sacrifício foi á frente – Loretta lançou um olhar para a Renard.

- “A minha morte é a resposta” – murmurou perdida em pensamentos, quando percebeu que todos que todos estavam observando ela – foi o que ela me falou em um dos meus sonhos.

- Tem algum modo de as lembranças que perdemos voltar? – Stefan inquiriu.

- Tudo esta indo para o inferno em uma cesta de mão e você esta preocupado com uma maldita memoria? – o vampiro falou para o irmão, exasperado e cansado.

- Tsc, tsc – Loretta estalou a língua decepcionada – se eu fosse você não diria nada, se ao menos você soubesse – ela murmurou para si mesma - correria atrás dessas lembranças com unhas e dentes – lançou um sorriso irônico.

- Do que...? – Damon começou confuso.

- As lembranças não podem voltar – interrompeu – não que eu saiba, mas o diário tem uma grande parte da vida dela, parte esta em romeno antigo, eu a ensinei para que caso fosse encontrado ninguém entendesse as partes mais importantes. Mas há algumas partes em que esta em inglês, então... – ela jogou o diário no colo de Nelly – se divirta – falou dando uma piscadela.

- Ótimo... Mas como Nelly pode ser copia de Alicia, se ela não tem nenhum laço sanguíneo dos Petrova? – Elena perguntou – não é preciso ser parente da duplicada anterior?

- Bom, eu não sei bem porque também, mas eu não acho que Nelly deva ser comparada com uma duplicata normal, as bruxas antigas não iriam colocar outra copia na mesma família, seria idiotice, não acha?

- E quem garante que Nelly não tenha alguma ligação? Ninguém sabe nada sobre Eliza Renard – Damon murmurou.

- Vocês poderiam parar de falar como se eu não estivesse aqui? – a morena disse arrogante – e eu acho que eu conheço minha própria mãe mais do que qual quer papel pode registrar – falou irritada. Ela conhecia sua mãe! Mas do que qual quer um.

- Ótimo, qual é o nome de solteira da sua mãe?

- Como diabos eu vou saber? Eu nunca nem sequer conheci meus avós maternos – jogou suas mãos para o alto, exasperada. – a única coisa que sei é que eles eram de algum lugar ao sul da Roménia.

- A Roménia não fica perto da Bulgária? O lugar onde surgiu a família Petrova? – Ryan indagou franzindo o cenho.

- Agora você é o que? Um expert na família Petrova? – Damon retrucou. Nelly o fuzilou com os olhos, ele pareceu ignorar.

- Por que você não fica quieto, sanguessuga? Não esta ajudando em nada botando as presas de fora desse jeito – respondeu revirando os olhos.

- Que trocadilho infame o seu – rebateu.

- Ok, vocês não podem passar toda a eternidade sendo completos imbecis um com o outro – Nelly os interrompeu.

- Tecnicamente – Damon disse – eu posso – e lançou um dos seus sorrisos irônicos.

Ela se segurou para não rir, ela observou a sala e viu que o resto fazia mesmo, exceto Loretta e Ryan que apenas bufaram.

- Ok... Nós temos coisas a resolver, então se vocês puderem se concentrar aqui – a ruiva falou gesticulando com um dedo para si mesma – eu agradeço – soltou um longo suspiro e continuou – Bem, querendo ou não, tudo se liga a essa maldita cidade e aos Petrova, os Renard foram uma das primeiras famílias de Charlottesville.

- Charlottesville? Fica só há alguns quilômetros daqui – Elena refletiu.

- Exatamente, eles vieram da França em algum momento de 1700, e se mudaram na época da guerra de Secessão, não é como se muitos naquele tempo gostassem de ficar contra o primeiro presidente dos Estados Unidos.

- Você conheceu algum Renard naquele tempo? – Nelly indagou.

- Suicidas, persistentes, teimosos e imprudentes? – falou debochada – Yeah, posso dizer que os conheci até demais.

- Talvez devêssemos ir até Charlottesville, temos que dar nosso próximo passo. Não é como se Klaus ficasse longe por muito tempo – Nelly sugeriu.

- Bom, o que importa é que temos o diário em mãos, e sabemos que tanto eu, quanto Nelly devemos ser sacrificadas – Elena concluiu.

- E é exatamente aí que você se engana – Loretta proferiu – Nelly e nem Alice nunca foram feitas para morrer em um sacrifício, não faria sentido ter tanto trabalho para ressuscitar alguém que deveria morrer logo após no sacrifício, eu jamais faria um acordo assim.

- Então, qual seria meu papel em tudo isso? – a Renard falou franzindo o cenho.

- Esse é o grande mistério, eu e Alicia nunca soubemos, e esse era um dos maiores medos dela – falou amargurada.

- Agora são os meus – murmurou para si mesma.

- Eu sinto muito – falou lançando um sorriso complacente.

Um barulho foi feito na tranca da porta indicando que alguém estava abrindo-a. Jenna entrou gargalhando de algo que Rick disse, com seus sapatos creme nas mãos. Assim que ela viu a reunião parou rapidamente.

- Rick, eu te ligo mais tarde, ok? – ela falou sem tirar os olhos do grupo e fechou a porta, jogando em um canto qual quer – vocês fizeram uma festinha aqui e não me convidaram? – ela deu um pequeno sorriso, Nelly não via Jenna muitas vezes, talvez a tenha visto de longe no enterro do seu pai, se perguntava se ela e Rick tinham ideia do que aconteceu na noite passada, mas Jenna tinha uma aparente ignorância em tudo isso. E claro, não era ruim ser ignorante a um mundo de vampiros, lobisomens e bruxas. Ao menos ela estava segura e podia seguir sua vida normalmente.

- Como vai Sra.Jenna? – Nelly perguntou tentando não fazer sua voz tremer, deu um sorriso que esperava não sair como uma careta.

- Bem, você deve ser Nelly, certo? Pode me chamar apenas de Jenna – falou com um sorriso simpático, direcionou um olhar para Ryan e Loretta – E vocês...

- Ah... Meu nome é Ryan – respondeu dando um sorriso envergonhado, suas bochechas estavam rosadas de constrangimento – e essa é Loretta – falou apontando para ruiva, ao contrario dele, ela parecia calma e segura, se limitou a dar um aceno – me desculpe, por não ter me apresentado antes – disse e sentou de volta ao seu lugar.

- Sem Problemas... Mas eu não vi nenhum de vocês na festa – observou desconfiada para o grupo inteiro, semicerrando os olhos.

- Caroline esta com resfriado e Bonnie não podia ir – Elena improvisou rapidamente – então não achei que uma festa sem Caroline e Bonnie, seria realmente uma festa.

Jenna pareceu se contentar com a explicação. Ou ela apenas achava mais fácil acreditar nisso do que em qual quer outra coisa.

- Nem me diga – disse revirando os olhos e subindo as escadas – eu realmente desconfiei de que aquela decoração não era algo digno de Caroline, foi trágico, você não perdeu nada, e se não se importa eu realmente tenho que descansar – falou subindo o ultimo degrau e indo até seu quarto.

Elena observava o lugar em que sua tia tinha acabado de subir. Parecia culpada, talvez ela não gostasse de mentir para Jenna, não mais que Nelly gostava de mentir para Gabriel.

- Bem, eu gostaria de ficar mais tempo aqui, mas tenho muito que o que fazer, dia cheio, sabe como é, interrogar um ancestral aliado de um psicopata e decorar minha casa para o mês do Halloween – Loretta disse levantando-se do sofá – cuide bem do diário Nelly – avisou.

- Eu também vou indo – Ryan falou levantando-se igualmente espreguiçando-se e estalando as juntas – tenho que ver como minha irmã esta – se despediu brevemente de Nelly e foi juntamente com a ruiva para fora da casa.

Depois de um tempo o ar tenso na sala fora se dissipando, e conversas mais amenas foram tomando lugar, Nelly dava um comentário aqui e lá sem se deixar empolgar. Damon lançava alguns olhares para ela de vez enquanto, talvez com a pergunta silenciosa de como ela estava em meio a tudo isso, mas esse era o problema. Ela não “estava”, ela na verdade parecia como se estivesse incapaz de absorver tudo, ela parecia horrivelmente fora do ambiente, com seu corpo presente lá e agindo pelo piloto automático. Nada parecia processável ou real nisso tudo.  

Alguns minutos mais tarde Elena ofereceu algo para comer, mas ela recusou com medo de por tudo para fora mais tarde com todo esse nervosismo, então ao invés, se recolheu para o quarto de hospede com o diário de Alicia contra o peito, já que Jenna fora para o seu próprio quarto. Agradecia mentalmente por não ter dado ouvidos a Damon e arrumado o quarto antes de sair. Fechou a porta atrás de si, talvez ela estivesse familiarizada mais com esse quarto do que com qual quer um, ela já tinha corrido para ele quando estava em problemas, mais vezes do que gostaria.

Jogou o diário em cima da cama, como se para não se lembrar de tudo isso.  Foi até a janela abrindo-a apoiou os cotovelos no apoio e se inclinando o suficiente para ver as crianças brincando na rua em frente a casa, as mães tentando acompanha-los com os olhos e ao mesmo tempo decorar a casa com aboboras esculpidas em uma careta. Passou a mão pelo rosto.

O que aconteceu com a sua vida? Queria tanto que tudo voltasse ao normal, talvez ela desejasse as patricinhas e os colegas encrenqueiros agora. A chacota escolar era melhor que vampiros psicopatas, melhor do que híbridos idiotas, melhor do que sacrifício e acordos com bruxas mortas. Queria voltar há dois anos e meio atrás quando sua única preocupação era mostrar a sua mãe que Harry Blackey era um bom namorado embora parecesse uma chaminé ambulante com todos aqueles cigarros.

- É... Não tem volta – ela sussurrou para si mesma.

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Ryan chegou finalmente a sua casa, Loretta havia lhe dado uma carona, nenhuma palavra foi dita, mas o silencio era bom, dava oportunidade para pensar no que deveria fazer. As vezes ele sentia Loretta o olhar por cima de seus óculos escuros de marca. Ele a ignorou totalmente.

- É aqui, não é mesmo? – ela disse limpando a garganta.

- É sim... Obrigado pela carona – Ryan falou, mas não fez menção alguma de sair.

- De nada, eu vou checar se o carro do seu amigo ainda esta em frente à lanchonete, caso contrario vou ter que pagar sua fiança na cadeia – disse tentando fazer a tensão desaparecer, e quase teve sucesso.

- Não é como se pudesse ficar pior – disse com escárnio. 

- Não seja tão rabugento – a ruiva revirou os olhos.

- Ah... Me desculpe  se tenho dificuldade em ver o lado bom de ficar a minha noite inteira cavando em um cemitério e o fato do meu pai ser louco varrido – estava ignorando a carta dele faz um bom tempo, mas ela queimava em seu bolso, mesmo que amassada e embolada em uma bola de papel, ainda chamava sua atenção tanto quanto uma placa de posto de gasolina.

Loretta suspirou.

- Eu sei o que é ver toda uma vida desmoronar, eu já passei por isso – falou olhando no fundo dos olhos castanhos dele – eu tenho condescendência por você, se precisar de uma aliada, sabe em quem confiar.

- Por que esta sendo legal comigo? – nem por um minuto ele podia esquecer que ela era uma bruxa e que fazia parte do mundo dos vampiros sanguessugas.

- Você ajudou Nelly quando ela precisou de alguém, eu meio que te devo algo.

- Bom, você não me deve nada – ele disse automaticamente na defensiva – obrigado por tudo, mas vou indo – ele fez menção de abrir a porta, mas Loretta foi rápida suficiente trancando-a, provavelmente com algum feitiço, ele praguejou mentalmente.

- Ryan – a ruiva falou calmamente segurando o braço dele, ele queria se esquivar do toque, mas não o fez, todo o cansaço da noite percorreu pelo seu corpo, a exaustão o tomou.

- Eu não gosto disso – ele falou quase histérico – eu não gosto dessa coisa de vampiro, eu não gosto de perseguir a única pessoa que foi algo parecido com um pai na minha vida, esses vampiros estiveram levando tudo o que eu tenho a minha vida inteira – disse entredentes com o lábio inferior tremendo, fitando Loretta nos olhos. Ela não recuou ou desviou o olhar apenas o encarou – e o que me frustra é não conseguir puxar uma pessoa que eu tenho afeto, de toda essa bagunça, esses sanguessugas estão acabando com tudo, veja Nelly, perdeu o pai, e quem sabe o que vai acontecer com Gabriel, já que ele sabe a verdade agora. Isso não é certo...

Ela suspirou pesadamente.

- Eu talvez partilhe da mesma opinião, eu não gosto de nenhum deles, e não aprecio que Nelly seja parte de um mundo de vampiros, mas eu errei com Alicia no passado, porque eu fui egoísta, e lhe tirei as escolhas, eu não posso errar com Nelly agora – olhou para as mãos no colo – não agora que eu tenho uma segunda chance para concertar tudo – seus olhos lacrimejaram, e depois se voltou para ele novamente – eu sei que você não confia em mim totalmente, mas conte comigo, Michel falou que você não era humano, eu quero te ajudar a encontrar a verdade.

- Você não me deve nada – repetiu novamente.

- E o que aconteceu com fazer por amizade? – deu um sorriso cumplice, ele retornou de volta quase sem pensar.

Eles ficaram ainda um bom tempo naquele carro, ele mostrou o bilhete de Michel, mas isso foi depois de discutir diversas vezes com sua própria consciência. De fato ela não conhecia o Theodoro Santiago Saltzman, mas ele sabia que o único que saberia algo sobre a família era o próprio Alaric Saltzman.

- Você acha que talvez Alaric seja supostamente seu pai? – ela perguntou incerta.

- Deus, Não! Eu jamais teria algo com Sr. Saltzman, e não é como se fossemos idênticos -  disse sarcástico.

- Isso é estranho, mas querendo ou não você é parente de Alaric de alguma forma, devemos contata-lo rapidamente.

-Tem razão, mas antes tenho que entrar, minha irmã deve esta preocupada.

- Irmã? Ela esta lá dentro? Eu não sinto energia alguma vindo da sua casa, esta vazia – com essas palavras ele saiu correndo do carro, sobe os protestos de Loretta.

Assim que chegou a porta, e assim que forçou a maçaneta a abrir, as dobradiças rangeram em protesto, e a porta despencou no chão fazendo um barulho oco. Correu até os quartos totalmente revirados, e não se importou nenhum momento com os estilhaços de vidro invadindo a sola de seu sapato e cortando o peito de seu pé, as roupas estavam espalhadas por todo o corredor, passou por todos os cômodos. Gritando em desespero por Mary, mas não havia ninguém...

- Olhe Ryan – Loretta apontou para o sombreiro colorido que ficava sobre a televisão. Um envelope descansava logo a cima, a única coisa que se mantinha em seu devido lugar sobre toda a bagunça.

Ele pegou e a leu nervosamente. Seus dedos tremiam e ele só queria não ter que chorar em frente a Loretta. Assim que terminou de ler, não conseguiu absorver todas as palavras.

- O que diz aí? – a ruiva disse aproximando-se, tentando espiar nas pontas dos pés por sobre os ombros dele, ela pareceu pegar algumas palavras, porque condescendentemente ela o girou e cedeu um abraço inesperado, mas ele estava entorpecido demais para retribuir ou sequer sentir.

- Ele sequestrou Mary – sussurrou.

- Shhhh... Nós vamos achar ele, e resgatar sua irmã – em outro momento ele iria se chutar por deixar uma garota que ele mal conhecia lhe reconfortar, mas ele a deixou fazer isso, ele sentiu as longas unhas dela escovando seu cabelo, enquanto a outra mão apertava-o contra ela.

 - Aquele filho da puta, sequestrou minha irmã, Loretta!

- Não se preocupe, eu vou chamar os Salvatore e ir á casa da Elena comunicar Nelly, não saia daqui, ok? – Loretta falou apressadamente, correndo até lá fora pulando e desviando de alguns objetos quebrados. Ele esperou ouvir o motor do carro acelerar e sair cantando pneu, para assimilar todo o acontecimento.

Como ela esperava que ele se mantivesse aqui? Ele jamais poderia sentar e torcer de dedos cruzados para que Michel não matasse sua irmã. Foi até seu quarto pegando sua mochila, pegou algumas de suas roupas do chão e jogou tudo na bolsa, levantou e esbarrou em algo, viu seu isqueiro e logo após seu maço de cigarros, enfiou dentro da mochila também e pendurou em um dos seus ombros e correu para fora, sem muito destino, mas até isso era melhor do que ficar sentado vendo sua vida desmoronar bem a sua frente como uma casa de cartas pega por um sopro.

Ela andava de forma elegante pela cidade, deu alguns acenos para os vizinhos. Todos pensavam que ela morava naquela pequena casa. Até mesmo Katerina estava convencida disso. Poucos sabiam que ela morava em uma mansão com Loretta. Ela ria internamente. Já era quase pôr-do-sol. A vizinhança se recolhia rapidamente, como se algo após esse horário pudesse os prejudicar, como se estivessem fugindo do inferno. Claro... Os vampiros. Ela os odiava também. Era uma pena que ela também fosse um deles... Suspirou cansada. Era horrível perceber que ela tinha se tornado o que ela mais odiava.

Quando o sol caiu, ela podia ver pelas vidraças das janelas as famílias jantando com prazer, o cheiro de caçarola, canela e vinho emanava das casas, mas o cheiro doce dos humanos superava, sua garganta ardeu, fazia quantos dias que ela não se alimentava? Dois? Três? Ela não sabia. Estava tão entediada... Só havia uma forma de acabar com isso. Correu até um dos becos escuros, pegando um atalho para seu destino. Franziu o nariz quando o cheiro de lama e detritos subiu ao seu olfato aguçado. Suas botas de camurça italiana batiam nas poças e respingavam algo pegajoso que sujou a barra de seu vestido azul petróleo. Depois de correr em sua velocidade vampírica, chegou finalmente a onde queria, subiu em um velho cedro ao lado da mansão Salvatore. Deu um pulo e alcançou um galho grosso, puxou a si mesma pegando alguns galhos como apoio subindo vários galhos a cima, até esta firmemente agachada em frente à única janela que se mantinha inabalavelmente aberta. As cortinas brancas se remexiam com o vento como se tivesse vida própria, ela pulou a janela entrando no quarto de Damon Salvatore.

- Katherine – ele balbuciou entre seu sono. Ele estava sozinho, graças a Deus. Damon parecia tenso em seu sono, uma ruga entre suas sobrancelhas transformava seu rosto em uma careta. Ele cheirava tão bem... Sabonete importado, cravo-da-índia e algo tão quente quanto o verão.

 Ela gostava de observar ele dormir, era como uma calmaria depois de uma tempestade assombrosa... De repente ela não era mais forte e destemida quanto queria aparentar, ela era uma menina frágil, sozinha, alguém que perdeu tudo muito rápido e nunca teve oportunidade de se curar totalmente.

Nelly abriu os olhos observando teto, sua garganta parecia fechar, seus olhos pareciam prontos a escorrer lagrimas. Odiava esses sonhos... Eles eram tão reais, e saber que Alicia amava Damon também, não ajudava. 

Demorou um tempo até ela lembrar de que dormira na casa da Elena. Memorias da noite passada a fizeram sorrir e foi tudo o que permitiu que ela não chorasse como uma criança. Damon dormia tranquilamente com sua cabeça sobre o peito dela, apenas um lençol lilás fino os cobria. Os braços fortes dele estavam ao seu redor, como se ela fosse fugir a qual quer momento. Talvez ele tivesse razão de fazer isso, ela tem descumprido tudo que ele mandava e jogado fora todas as medidas de segurança dele. Passou os dedos pelos cabelos negros dele, espiou o rosto dele, e ficou surpresa de ver olheiras profundas, ela não havia percebido elas...

- Pare de me olhar – ele sussurrou ainda de olhos fechados – você não sabe como isso é extremamente piegas.

Ela deu uma pequena risada. Observou o relógio eletrônico no criado mudo.

- Já passa de meio-dia – ela murmurou incrédula.

- Bom, acho que depois de matar vampiros, roubar um diário de um tumulo, e depois de seu grande desempenho essa noite... Você merece dormir até tarde – falou fazendo círculos com o polegar sobre sua barriga, ela se contraiu um pouco, o mínimo toque dele fazia tudo nela se acender – mas claro em termos sexuais você ainda não me supera, mesmo que você seja extremamente boa tentando.

- Ah... Desculpe-me – disse entrando no jogo – mas alguns de nós não tem mais de um século de experiência – disse revirando os olhos e bufou.

Em um segundo ele estava sobre ela. Colocando as mãos dela acima da cabeça e a pressionando contra o colchão.

- Bem, com séculos de vida ou não – disse e se inclinou, mordiscando o lóbulo de Nelly – eu não me importo de ser seu professor – sussurrou, fazendo ela dar um sorriso malicioso.

(...)

Elena estava preparando algo com ovos e cebola na cozinha. Ryan parecia imerso em pensamentos enquanto cortava um tomate. Stefan conversava animadamente com Elena, como se nada de ontem houvesse acontecido. Algo no ambiente fazia Ryan se sentir como se não se adequasse lá, ele não conseguia fingir que o pior já houvesse passado. Mas eles pareciam satisfeitos com as vantagens por enquanto.

- Toc-toc – Loretta disse entrando cozinha á dentro. Ela tinha o diário de Alicia a mãos. Seu cabelo ruivo liso escorria sobre seus ombros, seu jeans desbotado parecia impecável, seu suéter preto destacava seu cabelo vermelho e suas botas eram tão lustrosas... Que pareciam nunca ter sido usadas.

- Como entrou aqui? – Elena indagou confusa– a porta...

- Nem queira saber – a ruiva interrompeu sentando-se a mesa – e mais uma vez o dia foi salvo graças ao time do bem – ela falou um tanto sarcástica, fazendo todos a olharam de forma repreensiva – onde está Minelly, preciso dela aqui para falar sobre isso – apontou com uma unha longa em vermelho vivo para o livro.

- Bem, ela ainda esta dormindo. Enquanto isso você poderia esclarecer por que ainda se mantem junto de tudo isso? Quer dizer, você não tem nada com o sacrifício, porque se meter em uma confusão em que você poderia evitar? – Stefan disse perplexo, sentando-se em uma das cadeiras da mesa enquanto Elena fazia o mesmo.

- Eu tenho uma briga comprada com Klaus faz muito tempo, talvez vocês entendam depois de contar o que eu sei sobre Alicia e lhes mostrar tudo o que vocês precisam saber sobre o que tem nesse diário – ela soltou um suspiro – mas por enquanto deveríamos ir para sala, odeio esse cheiro de cebola.

Todos se dirigiram para sala, seguindo a ruiva, até o sofá. Observaram Nelly e Damon descendo de mãos dadas pela escada. Loretta fez uma careta apenas com a menção do Salvatore na sala. Não é como se Damon estivesse explodindo de felicidade com a presença dela também, Ryan observou.

- Ótimo, todos estão presentes – Loretta murmurou sentando em uma poltrona cor de vinho perfeitamente limpa. O resto se confortou no outro sofá. Ela estava excitando em contar a parte mais agitada da sua vida. Mas ela tinha que fazer isso, era pelo bem de Nelly... E se para isso tivesse que permitir que vampiros estúpidos saibam também, ela o faria.

- Ok, bruxinha, não temos o tempo todo do mundo – Damon resmungou.

Ela bufou, o que esse idiota ainda esta fazendo aqui?  A ruiva pensou.

- Bom, a primeira coisa que vocês devem saber, é que demorou um tempo para que eu tivesse consciência dos meus erros – suspirou – eu e Alicia nos conhecemos quando erámos crianças, Katerina sempre foi alguém da qual procurávamos evitar... Não por que era maligna ou algo assim, mas... Procurávamos evita-la. Minha avó costumava sentar em uma fogueira e contar historia sobre os Wicca, e foi lá que eu conheci Alicia, ela estava fugindo da irmã quando se juntou a roda na fogueira, eu me lembro de ter rido do jeito que Alicia zombava da irmã – os cantos de seu lábio se elevaram automaticamente com a lembrança – eu descobri meus talentos como uma bruxa muito cedo, por isso os Petrova relataram na bíblia da família sobre haver sangue e sangue na borda do poço e ter indícios de fogo na mata, meus poderes eram descontrolados e esforçavam muito de mim a ponto de fazer meu nariz sangrar, meus poderes não é como os de Bonnie, ela se baseia na natureza, enquanto eu me focalizo apenas no fogo, por isso, por anos Will Ashford foi considerado pelas bruxas como algo surgido do inferno e dos espíritos maus.

- Você contou a mim e a Nelly que Will tinha tido descendentes e tudo mais, você não contou que ele estava vivo e ao lado de Klaus – Ryan questionou com uma sobrancelha erguida.

- Afinal, o que aconteceu com Will? – Elena perguntou.

- Bem, eu o encontrei fraco e sem poder algum no meio do bosque, ele nunca chegou até Katerina, ele esta no meu porão, bem preso, ele deveria ficar com o mínimo de poder, mas eu acho que as bruxas ficaram irritadas e arrancaram tudo que ele tinha, eu não sabia antes que ele estava vivo, fiquei tão surpresa quanto vocês.

- Por que a surpresa? Você não esta viva também? – Nelly indagou.

- Bem, sim, mas isso foi resultado de uma maldição, algo que fiz de errado – olhou para seu colo onde suas mãos se torciam nervosamente – Alicia acompanhou toda a tragédia de Katerina ter engravidado sem se quer ter casado, praticamente um filho bastardo, e bem... Quando Katerina se foi, e depois voltou como vampira, seus pais estavam mortos, como vingança de Klaus, a única coisa que ele não tinha consciência é de que havia uma irmã, Alicia se escondeu em um armário, e viu a coisa toda acontecer – a ruiva suspirou – eu recordo de Katerina consolando Alicia, como se ela não tivesse nada a ver com aquilo, se fez de humana, foi naquele exato dia que Alicia conheceu a historia dos vampiros. Eu sabia que havia algo de errado com Katerina, naquele tempo meus poderes já estavam se aperfeiçoando, e Alicia sabia disso, então ela acreditou em mim, quando eu disse que Katerina exalava como se estivesse morta, seguiu a irmã até a floresta e a viu se alimentando de um humano.

“Alicia era a pessoa mais corajosa que conheci, ela confrontou Katerina no dia seguinte. Mas não foi suficiente, Katerina a matou para esconder o segredo – falou amarga quase cuspindo as palavras – eu não queria perder a única pessoa que restava, eu vivia com a minha avó, ela havia morrido, eu só tinha Alicia, eu não podia deixa-la ir – sua voz era urgente e estrangulada, Nelly lembrou-se do sonho em que Alicia gritava dizendo que devia ter deixado ela ir... – então fiz algo que as bruxas condenavam naquele tempo – levantou a cabeça e ajeitou os ombros tentando não deixar a emoção chegar a sua voz – eu pedi ajuda as bruxas antigas, elas sabiam que Klaus faria tudo que era possível para se tornar hibrido, e elas fariam tudo para impedi-lo também, então incluiu Alicia no sacrifício quando eu a ressuscitei, eu tinha consciência do acordo em que a enfiei, mas eu tinha que arriscar, e ela ficou tão furiosa comigo... Quando ela me perdoou, pensamos que se ela virasse uma vampira, o acordo com as bruxas acabaria, e o maldito sacrifício apenas incluiria Katerina.

“Passou alguns anos, e finalmente cansamos de fugir, nunca soubemos se Klaus estava realmente nos seguindo, ou se era paranoia da nossa parte, mas fugimos, e quando Katerina se mudou para Mystic Falls, depois de algum tempo nós nos mudamos também, estávamos cansadas de fugir. E foi onde Alicia conheceu os Salvatore.

- O que é estranho, porque eu não me lembro muito bem de falar com Alicia naquele tempo, toda vez que tento me lembrar é como se tivesse buracos na historia – Damon murmurou franzindo o cenho, essa era uma das raras vezes que ele levava algo realmente serio.

- Bom, quando Alicia morreu, as bruxas trataram de apagar as memorias vitais de quem conviveu com Alicia, isso permitiria que o segredo do sacrifício continuasse – respondeu.

- Então, como você se lembra de tudo? – Stefan, que estava calado todo esse tempo, se pronunciou.

- Elas precisavam de alguém para ajudar a copia de Alicia, elas usaram isso como punição, e me deram a imortalidade, que é quase um fardo.

- Como Alicia morreu? – a Renard sussurrou, ela estava com a pergunta em sua cabeça por tanto tempo, que ela estremeceu, não sabia se por medo da reposta, ou se era o nervosismo, seu coração acelerou e algo embrulhou em seu estomago.

- Foi um suicídio – respondeu fitando Nelly, quase como se pudesse enxergar sua alma – em Mystic Falls a energia das bruxas antigas parecia ser maior, elas estavam com raiva de mim por ter burlado o acordo, e por isso tomaram meus poderes, e iriam me matar por ter enganado minha própria espécie. Então, Alicia se matou, e foi para outro lado – murmurou como se as palavras estivessem ardendo em sua garganta e desviou o olhar – foi o plano mais imprudente em que ela se meteu, ela nunca poderia ter certeza se uma vampira poderia ir para o mesmo lugar que uma bruxa, mas parece que deu certo, ela interceptou as bruxas, e fez um acordo, as bruxas me devolveram meus poderes e me amaldiçoaram com a imortalidade dos vampiros. E a maldição do sacrifício foi á frente – Loretta lançou um olhar para a Renard.

- “A minha morte é a resposta” – murmurou perdida em pensamentos, quando percebeu que todos que todos estavam observando ela – foi o que ela me falou em um dos meus sonhos.

- Tem algum modo de as lembranças que perdemos voltar? – Stefan inquiriu.

- Tudo esta indo para o inferno em uma cesta de mão e você esta preocupado com uma maldita memoria? – o vampiro falou para o irmão, exasperado e cansado.

- Tsc, tsc – Loretta estalou a língua decepcionada – se eu fosse você não diria nada, se ao menos você soubesse – ela murmurou para si mesma - correria atrás dessas lembranças com unhas e dentes – lançou um sorriso irônico.

- Do que...? – Damon começou confuso.

- As lembranças não podem voltar – interrompeu – não que eu saiba, mas o diário tem uma grande parte da vida dela, parte esta em romeno antigo, eu a ensinei para que caso fosse encontrado ninguém entendesse as partes mais importantes. Mas há algumas partes em que esta em inglês, então... – ela jogou o diário no colo de Nelly – se divirta – falou dando uma piscadela.

- Ótimo... Mas como Nelly pode ser copia de Alicia, se ela não tem nenhum laço sanguíneo dos Petrova? – Elena perguntou – não é preciso ser parente da duplicada anterior?

- Bom, eu não sei bem porque também, mas eu não acho que Nelly deva ser comparada com uma duplicata normal, as bruxas antigas não iriam colocar outra copia na mesma família, seria idiotice, não acha?

- E quem garante que Nelly não tenha alguma ligação? Ninguém sabe nada sobre Eliza Renard – Damon murmurou.

- Vocês poderiam parar de falar como se eu não estivesse aqui? – a morena disse arrogante – e eu acho que eu conheço minha própria mãe mais do que qual quer papel pode registrar – falou irritada. Ela conhecia sua mãe! Mas do que qual quer um.

- Ótimo, qual é o nome de solteira da sua mãe?

- Como diabos eu vou saber? Eu nunca nem sequer conheci meus avós maternos – jogou suas mãos para o alto, exasperada. – a única coisa que sei é que eles eram de algum lugar ao sul da Roménia.

- A Roménia não fica perto da Bulgária? O lugar onde surgiu a família Petrova? – Ryan indagou franzindo o cenho.

- Agora você é o que? Um expert na família Petrova? – Damon retrucou. Nelly o fuzilou com os olhos, ele pareceu ignorar.

- Por que você não fica quieto, sanguessuga? Não esta ajudando em nada botando as presas de fora desse jeito – respondeu revirando os olhos.

- Que trocadilho infame o seu – rebateu.

- Ok, vocês não podem passar toda a eternidade sendo completos imbecis um com o outro – Nelly os interrompeu.

- Tecnicamente – Damon disse – eu posso – e lançou um dos seus sorrisos irônicos.

Ela se segurou para não rir, ela observou a sala e viu que o resto fazia mesmo, exceto Loretta e Ryan que apenas bufaram.

- Ok... Nós temos coisas a resolver, então se vocês puderem se concentrar aqui – a ruiva falou gesticulando com um dedo para si mesma – eu agradeço – soltou um longo suspiro e continuou – Bem, querendo ou não, tudo se liga a essa maldita cidade e aos Petrova, os Renard foram uma das primeiras famílias de Charlottesville.

- Charlottesville? Fica só há alguns quilômetros daqui – Elena refletiu.

- Exatamente, eles vieram da França em algum momento de 1700, e se mudaram na época da guerra de Secessão, não é como se muitos naquele tempo gostassem de ficar contra o primeiro presidente dos Estados Unidos.

- Você conheceu algum Renard naquele tempo? – Nelly indagou.

- Suicidas, persistentes, teimosos e imprudentes? – falou debochada – Yeah, posso dizer que os conheci até demais.

- Talvez devêssemos ir até Charlottesville, temos que dar nosso próximo passo. Não é como se Klaus ficasse longe por muito tempo – Nelly sugeriu.

- Bom, o que importa é que temos o diário em mãos, e sabemos que tanto eu, quanto Nelly devemos ser sacrificadas – Elena concluiu.

- E é exatamente aí que você se engana – Loretta proferiu – Nelly e nem Alice nunca foram feitas para morrer em um sacrifício, não faria sentido ter tanto trabalho para ressuscitar alguém que deveria morrer logo após no sacrifício, eu jamais faria um acordo assim.

- Então, qual seria meu papel em tudo isso? – a Renard falou franzindo o cenho.

- Esse é o grande mistério, eu e Alicia nunca soubemos, e esse era um dos maiores medos dela – falou amargurada.

- Agora são os meus – murmurou para si mesma.

- Eu sinto muito – falou lançando um sorriso complacente.

Um barulho foi feito na tranca da porta indicando que alguém estava abrindo-a. Jenna entrou gargalhando de algo que Rick disse, com seus sapatos creme nas mãos. Assim que ela viu a reunião parou rapidamente.

- Rick, eu te ligo mais tarde, ok? – ela falou sem tirar os olhos do grupo e fechou a porta, jogando em um canto qual quer – vocês fizeram uma festinha aqui e não me convidaram? – ela deu um pequeno sorriso, Nelly não via Jenna muitas vezes, talvez a tenha visto de longe no enterro do seu pai, se perguntava se ela e Rick tinham ideia do que aconteceu na noite passada, mas Jenna tinha uma aparente ignorância em tudo isso. E claro, não era ruim ser ignorante a um mundo de vampiros, lobisomens e bruxas. Ao menos ela estava segura e podia seguir sua vida normalmente.

- Como vai Sra.Jenna? – Nelly perguntou tentando não fazer sua voz tremer, deu um sorriso que esperava não sair como uma careta.

- Bem, você deve ser Nelly, certo? Pode me chamar apenas de Jenna – falou com um sorriso simpático, direcionou um olhar para Ryan e Loretta – E vocês...

- Ah... Meu nome é Ryan – respondeu dando um sorriso envergonhado, suas bochechas estavam rosadas de constrangimento – e essa é Loretta – falou apontando para ruiva, ao contrario dele, ela parecia calma e segura, se limitou a dar um aceno – me desculpe, por não ter me apresentado antes – disse e sentou de volta ao seu lugar.

- Sem Problemas... Mas eu não vi nenhum de vocês na festa – observou desconfiada para o grupo inteiro, semicerrando os olhos.

- Caroline esta com resfriado e Bonnie não podia ir – Elena improvisou rapidamente – então não achei que uma festa sem Caroline e Bonnie, seria realmente uma festa.

Jenna pareceu se contentar com a explicação. Ou ela apenas achava mais fácil acreditar nisso do que em qual quer outra coisa.

- Nem me diga – disse revirando os olhos e subindo as escadas – eu realmente desconfiei de que aquela decoração não era algo digno de Caroline, foi trágico, você não perdeu nada, e se não se importa eu realmente tenho que descansar – falou subindo o ultimo degrau e indo até seu quarto.

Elena observava o lugar em que sua tia tinha acabado de subir. Parecia culpada, talvez ela não gostasse de mentir para Jenna, não mais que Nelly gostava de mentir para Gabriel.

- Bem, eu gostaria de ficar mais tempo aqui, mas tenho muito que o que fazer, dia cheio, sabe como é, interrogar um ancestral aliado de um psicopata e decorar minha casa para o mês do Halloween – Loretta disse levantando-se do sofá – cuide bem do diário Nelly – avisou.

- Eu também vou indo – Ryan falou levantando-se igualmente espreguiçando-se e estalando as juntas – tenho que ver como minha irmã esta – se despediu brevemente de Nelly e foi juntamente com a ruiva para fora da casa.

Depois de um tempo o ar tenso na sala fora se dissipando, e conversas mais amenas foram tomando lugar, Nelly dava um comentário aqui e lá sem se deixar empolgar. Damon lançava alguns olhares para ela de vez enquanto, talvez com a pergunta silenciosa de como ela estava em meio a tudo isso, mas esse era o problema. Ela não “estava”, ela na verdade parecia como se estivesse incapaz de absorver tudo, ela parecia horrivelmente fora do ambiente, com seu corpo presente lá e agindo pelo piloto automático. Nada parecia processável ou real nisso tudo.  

Alguns minutos mais tarde Elena ofereceu algo para comer, mas ela recusou com medo de por tudo para fora mais tarde com todo esse nervosismo, então ao invés, se recolheu para o quarto de hospede com o diário de Alicia contra o peito, já que Jenna fora para o seu próprio quarto. Agradecia mentalmente por não ter dado ouvidos a Damon e arrumado o quarto antes de sair. Fechou a porta atrás de si, talvez ela estivesse familiarizada mais com esse quarto do que com qual quer um, ela já tinha corrido para ele quando estava em problemas, mais vezes do que gostaria.

Jogou o diário em cima da cama, como se para não se lembrar de tudo isso.  Foi até a janela abrindo-a apoiou os cotovelos no apoio e se inclinando o suficiente para ver as crianças brincando na rua em frente a casa, as mães tentando acompanha-los com os olhos e ao mesmo tempo decorar a casa com aboboras esculpidas em uma careta. Passou a mão pelo rosto.

O que aconteceu com a sua vida? Queria tanto que tudo voltasse ao normal, talvez ela desejasse as patricinhas e os colegas encrenqueiros agora. A chacota escolar era melhor que vampiros psicopatas, melhor do que híbridos idiotas, melhor do que sacrifício e acordos com bruxas mortas. Queria voltar há dois anos e meio atrás quando sua única preocupação era mostrar a sua mãe que Harry Blackey era um bom namorado embora parecesse uma chaminé ambulante com todos aqueles cigarros.

- É... Não tem volta – ela sussurrou para si mesma.

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Ryan chegou finalmente a sua casa, Loretta havia lhe dado uma carona, nenhuma palavra foi dita, mas o silencio era bom, dava oportunidade para pensar no que deveria fazer. As vezes ele sentia Loretta o olhar por cima de seus óculos escuros de marca. Ele a ignorou totalmente.

- É aqui, não é mesmo? – ela disse limpando a garganta.

- É sim... Obrigado pela carona – Ryan falou, mas não fez menção alguma de sair.

- De nada, eu vou checar se o carro do seu amigo ainda esta em frente à lanchonete, caso contrario vou ter que pagar sua fiança na cadeia – disse tentando fazer a tensão desaparecer, e quase teve sucesso.

- Não é como se pudesse ficar pior – disse com escárnio. 

- Não seja tão rabugento – a ruiva revirou os olhos.

- Ah... Me desculpe  se tenho dificuldade em ver o lado bom de ficar a minha noite inteira cavando em um cemitério e o fato do meu pai ser louco varrido – estava ignorando a carta dele faz um bom tempo, mas ela queimava em seu bolso, mesmo que amassada e embolada em uma bola de papel, ainda chamava sua atenção tanto quanto uma placa de posto de gasolina.

Loretta suspirou.

- Eu sei o que é ver toda uma vida desmoronar, eu já passei por isso – falou olhando no fundo dos olhos castanhos dele – eu tenho condescendência por você, se precisar de uma aliada, sabe em quem confiar.

- Por que esta sendo legal comigo? – nem por um minuto ele podia esquecer que ela era uma bruxa e que fazia parte do mundo dos vampiros sanguessugas.

- Você ajudou Nelly quando ela precisou de alguém, eu meio que te devo algo.

- Bom, você não me deve nada – ele disse automaticamente na defensiva – obrigado por tudo, mas vou indo – ele fez menção de abrir a porta, mas Loretta foi rápida suficiente trancando-a, provavelmente com algum feitiço, ele praguejou mentalmente.

- Ryan – a ruiva falou calmamente segurando o braço dele, ele queria se esquivar do toque, mas não o fez, todo o cansaço da noite percorreu pelo seu corpo, a exaustão o tomou.

- Eu não gosto disso – ele falou quase histérico – eu não gosto dessa coisa de vampiro, eu não gosto de perseguir a única pessoa que foi algo parecido com um pai na minha vida, esses vampiros estiveram levando tudo o que eu tenho a minha vida inteira – disse entredentes com o lábio inferior tremendo, fitando Loretta nos olhos. Ela não recuou ou desviou o olhar apenas o encarou – e o que me frustra é não conseguir puxar uma pessoa que eu tenho afeto, de toda essa bagunça, esses sanguessugas estão acabando com tudo, veja Nelly, perdeu o pai, e quem sabe o que vai acontecer com Gabriel, já que ele sabe a verdade agora. Isso não é certo...

Ela suspirou pesadamente.

- Eu talvez partilhe da mesma opinião, eu não gosto de nenhum deles, e não aprecio que Nelly seja parte de um mundo de vampiros, mas eu errei com Alicia no passado, porque eu fui egoísta, e lhe tirei as escolhas, eu não posso errar com Nelly agora – olhou para as mãos no colo – não agora que eu tenho uma segunda chance para concertar tudo – seus olhos lacrimejaram, e depois se voltou para ele novamente – eu sei que você não confia em mim totalmente, mas conte comigo, Michel falou que você não era humano, eu quero te ajudar a encontrar a verdade.

- Você não me deve nada – repetiu novamente.

- E o que aconteceu com fazer por amizade? – deu um sorriso cumplice, ele retornou de volta quase sem pensar.

Eles ficaram ainda um bom tempo naquele carro, ele mostrou o bilhete de Michel, mas isso foi depois de discutir diversas vezes com sua própria consciência. De fato ela não conhecia o Theodoro Santiago Saltzman, mas ele sabia que o único que saberia algo sobre a família era o próprio Alaric Saltzman.

- Você acha que talvez Alaric seja supostamente seu pai? – ela perguntou incerta.

- Deus, Não! Eu jamais teria algo com Sr. Saltzman, e não é como se fossemos idênticos -  disse sarcástico.

- Isso é estranho, mas querendo ou não você é parente de Alaric de alguma forma, devemos contata-lo rapidamente.

-Tem razão, mas antes tenho que entrar, minha irmã deve esta preocupada.

- Irmã? Ela esta lá dentro? Eu não sinto energia alguma vindo da sua casa, esta vazia – com essas palavras ele saiu correndo do carro, sobe os protestos de Loretta.

Assim que chegou a porta, e assim que forçou a maçaneta a abrir, as dobradiças rangeram em protesto, e a porta despencou no chão fazendo um barulho oco. Correu até os quartos totalmente revirados, e não se importou nenhum momento com os estilhaços de vidro invadindo a sola de seu sapato e cortando o peito de seu pé, as roupas estavam espalhadas por todo o corredor, passou por todos os cômodos. Gritando em desespero por Mary, mas não havia ninguém...

- Olhe Ryan – Loretta apontou para o sombreiro colorido que ficava sobre a televisão. Um envelope descansava logo a cima, a única coisa que se mantinha em seu devido lugar sobre toda a bagunça.

Ele pegou e a leu nervosamente. Seus dedos tremiam e ele só queria não ter que chorar em frente a Loretta. Assim que terminou de ler, não conseguiu absorver todas as palavras.

- O que diz aí? – a ruiva disse aproximando-se, tentando espiar nas pontas dos pés por sobre os ombros dele, ela pareceu pegar algumas palavras, porque condescendentemente ela o girou e cedeu um abraço inesperado, mas ele estava entorpecido demais para retribuir ou sequer sentir.

- Ele sequestrou Mary – sussurrou.

- Shhhh... Nós vamos achar ele, e resgatar sua irmã – em outro momento ele iria se chutar por deixar uma garota que ele mal conhecia lhe reconfortar, mas ele a deixou fazer isso, ele sentiu as longas unhas dela escovando seu cabelo, enquanto a outra mão apertava-o contra ela.

 - Aquele filho da puta, sequestrou minha irmã, Loretta!

- Não se preocupe, eu vou chamar os Salvatore e ir á casa da Elena comunicar Nelly, não saia daqui, ok? – Loretta falou apressadamente, correndo até lá fora pulando e desviando de alguns objetos quebrados. Ele esperou ouvir o motor do carro acelerar e sair cantando pneu, para assimilar todo o acontecimento.

Como ela esperava que ele se mantivesse aqui? Ele jamais poderia sentar e torcer de dedos cruzados para que Michel não matasse sua irmã. Foi até seu quarto pegando sua mochila, pegou algumas de suas roupas do chão e jogou tudo na bolsa, levantou e esbarrou em algo, viu seu isqueiro e logo após seu maço de cigarros, enfiou dentro da mochila também e pendurou em um dos seus ombros e correu para fora, sem muito destino, mas até isso era melhor do que ficar sentado vendo sua vida desmoronar bem a sua frente como uma casa de cartas pega por um sopro.


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Notas finais do capítulo

Bem, essa é a primeira fanfic da qual eu chego tão longe... Eu jamais pensei que chegaria a tanto, e ela foi verdadeiramente uma terapia para mim. :)
Então? Amaram? Detestaram?
Mereço review ou uma recomendação???????????



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