O tempo passava e L aprendia a conviver com seus novos colegas..

Todo final de tarde ia para o pátio brincar no balanço, olhar para as estrelas e ouvir o badalar do relógio anunciando o tempo, que passava voando pelo pequeno garoto.

Algumas vezes..Despedia-se de outros alunos que eram levados para longe do orfanato para terem uma nova familia.

De vez enquando, ficava pensando sob a luz das estrelas nos pais ..Tentando lembrar ao menos um pouco..do rosto deles

Seria melhor ter uma nova familia ?
Talvez...Já que ele não se lembrava da antiga..Não seria difícil se acostumar..
Ter um novo pai..
Uma nova mãe..
Uma nova casa...

Sua postura curvada e seu modo de sentar estimulavam seu raciocínio..Já não se parecia com o L que era antes..
Aliás nem se lembrava dele..

Seus pais o aceitariam assim?
Ele sabia que havia perdido uma parte de sua memória..Devido ao estado de choque..
Mas não se importava..
Era um dos mais inteligentes e por que não o melhor do xadrez no Whammy's House?..

Ele se lembrava do seu nome..
Mas não ligava para isso..
Seu pseudônimo era o mais importante agora..
L..só L.. Ou Ryuuzaki..

Era o principal para ser um detetive..Uma identidade falsa..
Ele já sabia disso..

E se fosse adotado?
Bem isso não importava...Iria ser detetive..e ponto final!
Agora com 10 anos já não era mais o pequeno orfão novato..
Agora ele era o veterano inteligente..

Em uma destas tardes L viu um casal entrar no orfanato..Ele sabia que mais um de seus coleguinhas iria embora.

Começou a reparar no casal..a mulher... ruiva de pele clara e olhos castanhos. O homem ..cabelos e olhos negros porém ele não aparentava ser ingles..

Quem sabe..Japonês..?
Tentou ignorar o casal e voltou a olhar pro céu envolto em seus próprios pensamentos.

Enquanto isso, na frente da Whammy's House, Roger recebia o casal.
-Olá Sr. e Sra. Takimura

- Olá o senhor deve ser Roger...Bem ligamos e dissemos que viriamos adotar uma criança..Moramos no Japão então..Queremos que seja rápido..

- Senhora..Acho que deve saber que a maioria dos garotos deste orfanato tem mais de 6 anos...

- Sim..Quero um garoto mais velho, já que eu não posso ter filhos..ao menos quero pular a etapa mais enjoativa da vida deles..

- Tem certeza que é estéril?

- Por que? Não quer que adotemos um garoto aqui? - a mulher de fato parecia impaciente e encarava o velho Roger.

- Não disse isso.. Só não gostaríamos de trazer um garoto de volta..

- Bom..Fiz um exame..e o resultado sai daqui a alguns dias, só tenho que voltar ao Japão para buscá-lo..Mas já quero um garoto..Prefiro não arriscar.

- Tudo bem..Vamos entrar
Roger começou a andar na direção do refeitório e foi seguido pelos pais de primeira viagem.
Ao chegar a porta do refeitório, abriu-a vagarosamente.
Crianças conversavam..Algumas corriam..Outras brincavam ali mesmo..

- Quando achar alguma do seu interesse me avise.

- Tudo bem -o homem adiantou-se.

Começaram a observar as crianças..Não se encantaram por muitas..Mas sempre que achavam ter escolhido a correta, um dos dois mudava de opinião.

-Querida..Esse aqui parece mais quieto que o outro..

-São crianças Querido..Nunca são quietas!
Ele sorriu pelo pensamento da mulher e continuaram a procurar crianças.

A mulher parou ao lado da janela, precisava de ar..Por que estava ali mesmo? Queria tanto assim uma criança? Bem..Não iria voltar atrás agora..Talvez..aquele orfanato não fosse o certo...Sorriu.

Pensou ter tomando a decisão..Iria embora dali...e adotaria uma criança no Japão! Levantou um pouco os olhos, viu um garoto sentado de forma estranha no balanço, sua pele era branca e seus cabelos negros.
Ela apenas observou-o. Ele não parecia ligar para as bagunças infantis e muito menos para o casal, apenas continuava seu movimento lento, para trás e para frente, enquanto observava o céu.

- Querido..Venha até aqui..

O homem foi até ela e também observou o garoto pela janela.

- Querida..Vamos lá fora...Roger..Nos leve até aquele garoto

A mulher apontou e Roger acentiu.

E lá se foram..Não demoraram muito e já estavam fora do refeitório indo de encontro com o moreno.

- Roger..Como se chama o garoto? - O homem interrompeu o silêncio

- Chamem-no de Ryuuzaki

- Podemos mudar o nome dele? -perguntou a mulher
- Se o pequeno concordar..Não vejo problema.
- Ah..Qual a idade dele? -novamente o homem
- 10 anos..
Se aproximaram do garoto

- Olá pequeno.. -disse a mulher aproximando mais dele

- Olá .. -respondeu o garoto ainda concentrado no céu britânico

- Meu nome Jenny Takimura e este meu marido Takumi.-Ela sorriu

- É um prazer conhecê-los..

Ela e o garoto conversaram longos minutos, acompanhados por Roger.
Ela havia percebido, ele não falava muito, era quieto e recatado..não traria problemas..
"Perfeito" -pensou

- Ryuuzaki..Se tudo correr bem..seremos seus novos pais...Tá ?

o garoto nada respondeu.
- Roger...vamos ficar com este -Disse Takumi que ainda estava afastado do garoto
- Acompanhem-me por favor.

Roger tomou a frente, novamente acompanhado pelo casal.

Algum tempo depois chegaram ao escritório.

- Então..Vão ficar com o Ryuuzaki?

- Sim.. -o homem respondeu vendo a empolgação da mulher que já fazia
planos para o novo filho.
- Aviso que ele é um garoto muito esforçado, inteligente e diferente..Não se senta igual a nós e não tem a mesma postura.. uma escolha dele..E também..não fala muito..

- Tudo bem..podemos viver com isso...
- Podem levá-lo então..mas antes... querem mudar o nome dele?
- Acho que não...o nome que está ai esta bom..só queremos o garoto..- Jenny se antecipou

- Com o sobrenome Takimura

- É isso...Roger -Agora mais calma a mulher sentou-se em uma cadeira de frente para Roger - Podemos levá-lo?

- Sim..Vou mandar a nova certidão para vocês em alguns dias. Preencham estes papeis que irei buscá-lo

Roger deixou sobre a mesa uma pasta com alguns papeis contendo informações básicas para que o casal pudesse ser encontrado, em seguida saiu do escritório para achar L.

Não foi dificil encontrá-lo..L ainda estava no mesmo lugar..

- Fui adotado?

- Foi L...Foi sim..

- Qual meu novo nome?

- Ainda será o mesmo

- Ryuuzaki...É falso não é?..E...?

- Parece que irá para o Japão..Vá lá dentro..pegue suas coisas...E venha ao meu escritório..E sim..é um nome falso..Somente você sabe seu nome verdadeiro, que consta na certidão de nascimento..e seus novos pais saberão quando enviar-mos a certidão pelo correio..
O pequeno agora encarava o chão.
O mais velho continuou:

- É uma questão privativa..Só seus pais saberão o seu nome..E mais algumas pessoas se você quizer contar -o homem sorriu - regra dos detetives hein?
Mexeu um pouco nos cabelo de L.

O moreno sorriu em seguida levantou-se e seguindo as instruções,foi arrumar suas roupas em uma mala..

No fim..suas malas se resumiam a: peças intimas de cor preta, calças jeans largas , blusas brancas largas e meias brancas..
E seus sapatos a apenas dois pares de tenis.
Sendo assim arrumou-se rapidamente e dirigiu-se para o escritório de Roger.
Seus novos pais já aguardavam lá.

L entrou..

- Se precisar de algo Ryuuzaki..Ligue-nos..

- Sim..

- Isso aqui..Estava com você quando chegou...

Roger tirou um ursinho de uma das gavetas de sua mesa e entregou a ele..

- Meu?

- Sim..Esse ursinho estava com você ..Eu o guardei até hoje..

- Obrigado..-L pegou o ursinho e segurou-o em seguida sorriu para Roger

- Apropósito..Sabe o que deve fazer ao completar 21 anos.

- Sim.. -" Minha herança...só a partir dos 21?..Posso viver até lá ..."

- Ótimo..Vamos -Takumi se levantou

- Ah...nosso filhinho.. -a ruiva abraçou o garoto e este também abraçou-a

Depois se levantaram..E os três seguiram Roger que os acompanhou até a saída..depois todos entraram num carro. E foram..

L no banco de trás e seus novos pais nos bancos da frente.

- Querido...E se o problema pra ter filhos não vier mesmo de mim?

- Não diga besteiras Jenny..Eu não sou infertil..E além disso agora temos o garoto..e fim..

Jenny olhou para tras e sorriu..O pequeno olhava pela janela destraidamente segurando o pequeno ursinho.
Encarava o céu e ouvia as badaladas do sino anunciando que a noite chegara.
Ele sabia, seria a última vez que veria aquele céu..Pelo menos até os 21 anos...
Não sabia se tudo correria bem, mas no fundo o garoto queria acreditar que daria.

- ..Temos sim..

Enquanto isso no Japão, Raito crescia cada vez mais inteligente..Agora com 9 anos fora adiantado um ano por ser mais inteligente que os demais.
Ele lembrava-se de sua infancia, lembrava-se do pequeno ursinho da sorte..Lembrava-se para quem o deu.

Entretanto tinha certeza que com o passar dos anos não conseguiria identificá-lo se o visse. E talvez, com o passar do tempo talvez até se esquecesse dele.

Crescia..
Popular, inteligente e bonito..
Amado pela familia e pelos colegas..

Sentia falta de ter alguém tão inteligente quanto ele por perto..
Mas não podia fazer nada quanto a isso..A não ser torcer para que alguém assim aparecesse..
Ao menos por um curto momento..

O plano dos pais de Raito havia dado certo..E ele -lamentávelmente- perdia vagarosamente as memórias do melhor amigo que já teve.