Alice Dreams escrita por Mikaeru Senpai


Capítulo 10
Lilac Sea


Notas iniciais do capítulo

Oi, eu sumi, etc, novidade. ._.

Mas parei pra escrever. E é isso ai. (:



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Dia desconfortável. O aroma do tabaco escapava pela janela aberta onde ele estava encostado. Sentava sobre o batente, encarando as voltas únicas que a fumaça descrevia ao subir e desaparecer no ar. Tentava frequentemente diminuir a frequência com que fumava, mas hoje, especificamente, era um pouco mais difícil que o normal.

Sentia-se inquieto e ansioso, ao mesmo tempo em que se deixava irritar. A contradição de ter qualquer coisa com o Coelho o perturbava enquanto o fazia estranhamente feliz. Satisfazia-se em sabe que a tinha, que a teria, mas odiava a situação. Ainda havia Oz, ainda havia uma busca a se fazer. Ele brigava internamente consigo mesmo.

Acendeu outro cigarro.

Seus músculos relaxavam a cada nova tragada, percorrendo seu sistema e trazendo uma fraca e falsa sensação de tranquilidade o tomou em silêncio.

Os fios negros que lhe cobriam parcialmente a vista deixaram de fazê-lo quando ele olhou para baixo. Encarou o jardim dos fundos da mansão com claro desinteresse. O que fazer? De fato as flores e arbustos não o ajudariam com isso, mas encarar aquele cenário parecia colaborar com o efeito de seu sétimo cigarro do dia, que já acabava enquanto o sol descrevia sua descida lenta até o horizonte.

– O que eu faço?

O murmurar se dissipou no ar junto à fumaça expelida por entre seus lábios durante aquela frase. Como Oz se sentiria se soubesse o que havia acontecido? Como Alice estaria se sentindo? Onde estaria ela afinal de contas? Seus olhos dourados se fecharam e ele apoiou as costas no batente atrás dele, relaxando as costas e deixando o cigarro pender para fora da janela, onde a brisa carregava suas cinzas e a fumaça.

O vento tocava seu torso nu e fazia com que ele sentisse arrepiar. Passou os dedos de sua mão livre por entre seus cabelos, começando de sua testa e escorregando lentamente até a parte de trás de sua cabeça, e parando ali. Ignorava sua maciez, ignorava a sensação, apenas os puxava para trás um pouco e voltava a abrir seus olhos. Então ele levantou do batente e apagou o cigarro.

Atravessou o quarto com seus pés descalsos e apanhou suas roupas, se vestindo sem pressa, apenas a camisa e a calça devidamente abotoadas. Passou uma fita azul pelos cabelos soltos de forma que apenas sua franja ondulada estivesse solta e calçou seus sapatos.

Em pouco tempo estava diante da mansão caminhando e se amaldiçoou internamente por ter esquecido seus cigarros.

Não tinha muita certeza do motivo de estar do lado de fora naquele momento. O escuro já começava a marcar presença inegável, expulsando rapidamente o restante de luz do sol já desaparecido. Contornou a construção com as mãos nos bolsos, até ver o banco de pedra e lembrar de seu chapéu. E como Alice se machucara para pegá-lo.

Caminhou na direção em que o vento soprara o objeto, embora não corresse ou se apressasse. Por algum motivo não era mais tão importante, mas não queria que ela se sentisse culpada.

O som do farfalhar das árvores que rodeavam a mansão era acolhedor e constante. Arrependeu-se um pouco de não ter trazido seu sobretudo, a noite que chegava trazia consigo o frio. Então ouviu um ruído diferente. Um ruído causado por alguém. Parecia um galho quebrando sobre os pés de outra pessoa mais à sua frente, e decidiu seguí-lo.

Apressou-se como não fazia antes, embora mantivesse a direção que já seguia antes. Aos poucos ficava mais difícil enxergar, a noite chegara com toda a sua escuridão. Continuava ouvindo ruídos de passos à frente, tentando distanciar-se dele, ao que parecia, já que quanto mais perto ele chegava, mais os passos ficavam rápidos.

Pensou em pedir que esperasse, mas optou por não levar-se a sério. Sabia que se aproximavam de uma clareira, mas já havia esquecido da busca pelo chapéu. Por algum motivo desconhecido, seguir quem quer que fosse era mais importante. Já estava correndo, sentia-se cansado e evitava pensar nisso. Até que alcançaram a clareira.

As árvores ali compunham um bosque modesto, a clareira era fresca e tinha um pequeno riacho corrente por ali. Parou ao lado de uma árvore e apoiou-se sobre ela, arfando exausto até recobrar o fôlego.

– Gil...?

O murmurar veio como água fresca do outro lado da clareira. Estava sentada no chão com as pernas para os lados e os joelhos dobrados, como se fosse sentar sobre elas, mas desistira de uma pose apresentável. Apoiava as mãos nuas no chão e não trajava seu rotineiro casaco vermelho, tinha apenas as botas, a saia e sua camisa branca. Os longos cabelos castanhos soltos escorregavam por sobre seus ombros, e sua franja estava bagunçada por causa da corrida.

– O que...? O que você faz aqui? - Questionou ele entre puxadas mais fortes de ar, mas ainda parado onde estava.

Alice desviou o olhar dele. O calor da corrida e o escuro não deixaram visível quando o rosto dela se tornou mais vermelho. Abraçou o próprio corpo e manteve seu olhar na grama fria.

– Eu... Precisava... Eu decidi... Vim procurar o seu chapéu. - Murmurou o final como se desejasse guardá-lo para si.

Gilbert saiu de perto da árvore e caminhou até ela, abaixando ao seu lado e sentando com as pernas cruzadas. Encarou como pode os olhos violetas dela, dispensando a necessidade de luz por conhecer bem a face da menina. Levou a mão até os cabelos dela e a afagou ali, alisando os fios até a nuca de Alice e afagando ali especificamente.

– Não queria ter te assustado.

– Não assustou... Só não sabia quem era, é só isso...

– Se não fosse eu dificilmente seria um desconhecido e-

– Oz. - Falou ela erguendo as pernas e abraçando-as junto ao corpo.

– O que tem ele...? - A pergunta trouxe consigo um tom mais grave, ela podia sentí-lo hesitar.

– Ele... Ele e a Sharon... - Franziu o cenho. - Eu não sei. E eu não poderia reclamar, eu acho. Eu só...

Ele foi então pego de surpresa. Lágrimas verteram dos olhos dela quando ela se jogou sobre ele. Instintivamente ele a puxou para si, acomodando-a em seu colo e abraçando com todo carinho que dispunha. Alice parecia menor, mais frágil e mais infantil. Tão pequena e delicada que ele apenas esqueceu dos momentos caóticos e ficou apenas com aquilo, o choro desolado e a busca por conforto que ela dedicara à ele. Aninhava a cabeça em seu peito e unia as próprias mãos às costas de Gilbert, desfrutando também do calor emanado por ele. Não se sentia tão necessário fazia algum tempo, ou mesmo tão querido.

Mas não se sentia mais culpado. Se Oz havia decidido outro caminho, se ele havia feito sua escolha, por que eles não poderiam fazer o mesmo? Se aquilo era tão certo e tão bom para os dois não haveria então razão no mundo para que se punissem por estarem bem. Então ele não o faria.

Os soluços diminuíram aos poucos quando ele tirou do bolso um lenço branco e levou ao rosto dela, secando-o com cuidado. Alice olhou para ele diretamente, de forma que apenas dividiram um com o outro aquele momento de contemplação silenciosa. E naquele silêncio o espaço entre os dois diminuiu, a distância tornou-se cada vez menor até que deixou de existir.

Ele ainda podia sentir ainda o gosto de lágrimas sobre os lábios de Alice.


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Notas finais do capítulo

Então. Escrevi no World seiláoque, então a formatação deve estar 1 droga. Desculpem por isso.

Quando eu digo que não vou abandonar eu juro que falo sério, tanto que eu sempre volto por que acho mancada sumir tendo pessoas tão incríveis como leitoras, eu só demoro pra não postar algo ruim e vazio, quero fazer e postar capítulos legais, juro. D:

Enfim, amo vocês, espero que tenham gostado



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