A Tocadora de Almas escrita por dastysama


Capítulo 2
Capítulo 2 - A Casa das Cartas


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desse capítulo, abordarei um assunto que está mexendo com todas as fãs de Tokio Hotel. Bill Kaulitz está realmente com anorexia? o.O



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/17420/chapter/2

 

O sol invadira o quarto de Bill, se infiltrando pelos pequenos espaços que havia pela cortina, ele abriu os olhos que conforme os raios solares incidiam, faziam mudar a cor de seus olhos, variando de um castanho até o verde.

Se não fosse pelo o que ele planejava fazer aquele dia, ele ficaria um pouco mais naquela cama, desfrutando da manhã, mas como em sua cabeça ele sentia que tinha que salvar alguém, ele decidiu se levantar e por o plano em prática.

Trocou o pijama por uma roupa mais quente, e desceu as escadas, encontrando a mãe e o irmão tomando o café-da-manhã.

- Acordou cedo, Bill – disse a mãe sorrindo – Geralmente você dorme até mais tarde.

- É que tenho que fazer algo.

- O que é? – perguntou a mãe curiosa.

- Ele quer encontrar uma escritora velha e depressiva – disse Tom rindo.

- Não é isso! – disse Bill olhando feio para o irmão – Eu gostei muito de um livro que comprei e gostaria de encontrar a autora, ela escreve poesias que me dão inspiração, gostaria de falar com ela.

- Mas agora? Logo pela manhã?

- Sim, mãe, eu não sei quem é a autora. O nome que está no livro é falso, eu queria encontrar a pessoa verdadeira.

- Antes se sente e coma, você precisa comer.

- Não estou com fome e não tenho tempo – disse ele já abrindo a porta para poder sair – Tom, você vem comigo?

- Tudo bem, eu vou ajudar meu irmão a achar uma velha – disse Tom – Veja como sou bonzinho, poderia estar procurando alguém mais nova, mas não, vou procurar uma mulher três vezes mais velha que eu.

Bill não ligou para as piadas do irmão, foi até o carro e entrou, ligou e quase nem esperou Tom entrar, mas como o irmão estava querendo ajudá-lo, decidiu esperar por ele. Enquanto Bill tentava organizar o que ia fazer, Tom ligou o rádio em uma estação que estava tocando hip hop e ficou cantando.

- Tom, dá para abaixar isso?

- Tudo bem, calma, mas qual é o endereço do lugar aonde você vai?

- Annenstrabe, 10. Aqui em Hamburgo mesmo.

- Não entendo o que você quer achar, vai só conversar com uma velha?

- Tom, eu acho que essas poesias é como uma carta de suicídio, e se for? Essa pessoa não pode morrer.

- Se já não morreu.

- É, por isso quero ter certeza que vou fazer algo para ajudar. Por isso o autor usou o pseudônimo para que não o parassem.

- Vai ver você está enganado, por que ele deixaria um endereço para receber cartas?

- Para ter certeza que antes de morrer as pessoas leriam, talvez seja isso.

- Agora ele pode ter certeza, tem um tonto correndo atrás dele.

Bill não ligou para o que o irmão estava dizendo, ele iria seguir em frente e impedir que autor ou autora se suicidasse, talvez eles pudessem se tornar amigos, afinal Bill começou a perceber mais sobre a vida através daquelas poesias.

A Annenstrabe era uma ruazinha pequena e pacata, do tipo que não parecia que muitas pessoas andavam por lá, a Casa das Cartas ficavam do lado de uma empresa, que era o único lugar movimentado daquele lugar. Bill estacionou o carro, saiu e andou em direção aquele lugar.

A Casa das Cartas era um pequeno chalé de madeira, decorado de verde e vermelho por causa do Natal que estava vindo, quando entraram, a porta tocou um sininho que anunciou a chegada deles.

- Bom dia! – disse uma velhinha com cabelos loiros e um pouco gordinha, ela vestia um gorro de Papai Noel – No que posso ajudá-los?

- Eu gostaria de uma informação – disse Bill tirando do casaco o livrinho azul – Eu queria saber quem é o autor ou autora desse livro, por que no final diz que as cartas para o escritor tinham que ser mandadas para esse lugar.

- Sim, aqui que recebemos cartas para depois despacharmos para os escritores, mas não podemos dizer quem são. Afinal se escolheram o pseudônimo, é para não serem incomodados.

- Sei disso, mas queria muito poder falar com a escritora, eu adorei suas poesias.

- Então por que não manda uma carta? Quem sabe a escritora atenda seu pedido e decida conhecê-lo.

Era verdade, era a única coisa que ele poderia fazer, não podia subornar a recepcionista com dinheiro para que ela lhe desse informações, vai ver a escritora não queria visitas nem nada. Ele teria que mandar uma carta, mas não como um famoso, ele queria ser recebido como um fã.

A velhinha lhe entregou um papel de carta e uma caneta, mas antes um papel de rascunho, alegando que se escrevesse direto no papel de carta ele poderia não gostar do que escreveu. Bill foi até uma mesinha, enquanto Tom provava alguns biscoitos que tinham na recepção.

Bill não sabia bem o que escrever, nem como começar, ele tinha medo de dizer que não se suicidasse, mas e se a escritora nunca tivesse pensado nisso? Seria grosseiro da parte dele, mas então decidiu falar disso assim mesmo.

 

Querida Talytta Kirkhoff (se é assim que posso chamá-la)

 

Eu li o seu livro sobre poesias e amei, você me tocou com suas lindas palavras e isso me deu mais inspiração. Pode me considerar já seu fã! Gostaria muito de te conhecer, sei que se você escreveu o livro em pseudônimo você não quer ninguém bisbilhotando na sua vida, mas mesmo assim estou tentando te achar.

Ao ler seu livro tive uma conclusão, talvez não seja a certa e de certa forma é grosseira, mas vou lhe falar assim mesmo. Penso que talvez você vai se suicidar, sei que talvez possa ser idiota a minha idéia, mas a forma como você fala da vida é como se ela estivesse acabando, então pensei nisso.

Se for isso que pensa, por favor, não o faça, quero ler mais poesias sua e não quero que se vá tão cedo, talvez as pessoas ao seu redor não se importem com você, mas mesmo não a conhecendo, eu me importo.

 

Espero poder conhecê-la,

 

Bill

 

Ele revisou a carta, rabiscou algumas partes e acrescentou outras, mas no final foi assim que a carta ficou, achou boa. Com certeza a escritora não iria ficar magoada por ele ter pensado que iria se suicidar, mas se isso ia acontecer, pelo menos ele tinha tentado fazer algo contra isso.

Colocou a carta dentro de um envelope, selou e colocou seu endereço do lado de fora para poder receber a resposta, depois entregou até a velhinha.

- Chegará rápido até a escritora? – Bill perguntou.

- Creio que sim, hoje já levaremos as cartas até seus devidos escritores.

- E eles respondem as cartas?

- Sim, alguns respondem rapidamente, outros demoram. Qual é a escritora que você vai mandar a carta?

- Talytta Kirkhoff.

- Pelo visto é nova, já ouvi o nome dela antes... Mas se é nova, recebe poucas cartas, então ela vai responder rápido.

- Espero que sim, quero muito conhecê-la.

- Ela deve escrever muito bem, para fazer um fã desesperado querer encontrá-la.

Bill de repente não se sentia mais como um astro da música, agora estava se sentindo como suas fãs, desesperadas para encontrar seu ídolo não importando o que fosse. Bill como elas, estava disposto a encontrar aquela que lhe trazia inspiração.

- Pronto, Tom – disse Bill olhando para Tom que ainda estava comendo os biscoitos oferecidos pela velhinha – Podemos ir.

- Ah já? Esses biscoitos estão tão bons!

- Você acabou de tomar café e ainda quer comer? Vamos logo.

- Tudo bem, tudo bem...

Tom e Bill disseram adeus e boas festas para a velhinha e foram em direção ao carro, quando Bill ia abrir a porta, sentiu fisgadas no estomago vazio, ele já havia sentido isso, mas não como antes.

- Bill? Está tudo bem? – perguntou Tom ao ver Bill segurando a barriga e ficar apoiado na porta do carro.

Bill não disse nada, respirou calmamente esperando que a dor passasse, mas era terrível, é como se seu estômago ardesse. Deixou-se cair na neve, estava suando frio, tentava respirar, mas por causa dor nem estava lembrando mais disso.

- Bill! Meu Deus, o que está acontecendo?

Antes que o irmão pudesse fazer algo, o irmão já havia desmaiado, Tom gritou por ajuda e logo a velhinha da Casa das Cartas saiu correndo para ver o que tinha acontecido.

Os dois carregaram Bill até a casa, era fácil, por que ele estava muito magro, quase não precisaram de muita força para transportá-lo. A velhinha o colocou em um sofá verde enorme, enquanto discava para o hospital mais próximo, um que ela conhecia bem.

- Bill! – exclamava Tom – Você tem que acordar! O que será que aconteceu?

- Isso eu conheço de longe – disse a velhinha – Anorexia, ele é muito magro.

- Eu sei, já havíamos percebido isso. Mas ele falou que ia se cuidar, ele estava até comendo melhor.

- Pelo visto não, se não, não teria desmaiado.

Tom ficou encarando o rosto pálido do irmão, enquanto sentia um aperto no coração. Pegou o celular e ligou para mãe avisando o que aconteceu, ela ficou desesperada, mas como toda boa mãe se tranqüilizou e disse que estava vindo. Avisou também seus amigos, Gustav e Georg, eles também sabiam que Bill estava mal há algum tempo, mas também não esperavam que ele ia desmaiar daquele jeito.

Logo Simone, mãe deles chegou, enquanto se ouvia a sirene de uma ambulância vindo ajudar um garoto que havia desmaiado na Annenstrabe. Os vizinhos daquela rua e os trabalhadores da empresa ao lado, ficaram curiosos, queriam saber o que havia acontecido na Casa das Cartas, talvez a balconista velhinha tivesse passado mal, tanto tempo trabalhando ali.

Mas nenhum sabia que era outra pessoa, um garoto que tinha seu rosto espalhado pela Alemanha inteira, ele havia passado dos limites, enquanto  tentava ajudar uma pessoa, nem ele sabia que quem realmente preciava de ajuda, era ele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gente o que o Bill sentiu, eu já senti, por experiencia propria. Não, não sou anorexica e nunca tive anorexia, é só que a anta tinha um compromisso e esqueceu de comer antes e ficou 5 horas sem comer nada desde que acordou. Quando fui comer uma coisinha, essa coisinha caiu como pedra no meu estômago e não consegui mais comer nada, passei muito mal e quase desmaiei. Então por favor, não façam igual a mim, Bill e outras pessoas. Comam tudo que tenham vontade, mas em equilibrio, a comida não é um vilão!