A Bruxa De Liveway. escrita por belle_epoque


Capítulo 9
Capítulo 9 - O Aluno Novo.


Notas iniciais do capítulo

Oiii,
Bem, agradeço aos reviews de minhas queridas - e querido - leitoras e leitor ^ ^. Vin, não precisa mais ficar me enchendo o saco no MSN xD, aqui vem mais um capítulo.
...
Agradeço à:
> Nathalia S
> miss yuki
> Hina
> lucy1997
> Emanuelle
> VincentDeLeon
> Lilith x2
...
Bem, como o título disse, vai aparecer um aluno novo - ô cidade que vive cheia de alunos novos não é? xD
...
Well,
Sit and enjoy!



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Capítulo Nove – Aluno Novo

Naquela manhã, eu realmente pensei em não ir para a escola. Só de pensar o que eu enfrentaria... os olhares, as fofocas, a repulsa, o medo de mim... Mas, ao comer o cupcake de Alice Franklin no café da manhã, parecia que nada podia me fazer mal. Parecia que eu estava em paz comigo mesma e me enchi de coragem e bom humor.

Por isso, como prometido, eu fui para a escola.

Todos me olhavam e fofocavam, como se eu nem estivesse ali. Fingi que não me importava. Fora assim com David e seria assim com qualquer situação parecida. Para alegrar meu dia, Roman e meus amigos apareceram e tudo ficou muito melhor, afinal, é sempre bom quando se sabem que seus amigos confiam em você.

– Como você está? – ele perguntou enquanto íamos para a aula de História.

– Bem, obrigada – respondi com um suspiro. – Ontem a senhorita Franklin foi para a minha casa e me senti bem melhor. Ela é um santo remédio.

– E põe “santo” nisso – Roman sorriu. – Ela é um anjo. Ajudou-me quando eu estava enfrentando problemas. Se tiver uma coisa que Alice Franklin sabe fazer, é animar as pessoas. Seja com um sorriso, um toque... – ele sorriu e disse com sarcasmo: - um cupcake.

– O meu foi o cupcake – eu disse – e que, por sinal, estava uma delícia. Parecia que nada... podia me atrapalhar. Os cupcakes dela são sempre assim?

– Pior que são – ele respondeu rindo. – São segredos que Alice não diz para ninguém.

Ele sorriu e fomos para a nossa aula. Ninguém mexeu comigo, ninguém me destratou... Acho que graças à autoridade e fama de Roman dentro daquela escola. Eu não queria conversar muito naquele dia e eles respeitaram isso. Eu precisava tirar o dia para refletir. Para voltar a construir aquele mesmo muro de mentiras que me fazia bem. Mas algo me disse que eu não conseguiria fazê-lo.

Eu me perguntava quando foi que aquele pesadelo começou. Talvez tenha sido na cidade de Dakota Do Sul, quando minha vizinha, Ellie, lançou aquela provocação.



– Há há. Seus olhos parecem duas petecas, Anabelle – ela sempre me provocava por meus olhos serem azuis gélidos.

– Não parecem não! – eu teimei.

– Parecem sim! – ela respondeu. – Os meus são bem mais bonitos – ela dizia apontando para os seus olhos verdes esmeraldinos. – Mamãe disse que parecem jóias.

Eu tinha apenas cinco anos, não soube o que era mais doloroso: ela falar mal de meus olhos ou ela ter uma mãe que fale bem de seus olhos e que olhe para ela, coisa que meu pai nem fazia.

Fui para casa chorando, perdendo aquela briga boba de insultos. Meu pai, milagrosamente, estava em casa, mas não olhou para mim a ponto de saber que havia alguma coisa errada. Ele não era o pai mais atencioso do mundo, na verdade, ele ainda me ignorava desde a morte da minha mãe.

– Pai, o senhor acha que eu tenho olhos feios? – perguntei.

– Não – ele respondeu sem me olhar, fixando seus olhos no caderno com partituras em cima da mesa. – Eles são como os meus... e também como os da sua... mãe.

– E os olhos dela eram bonitos? – perguntei.

Ele não respondeu e eu preferi ir para o meu quarto. Chorei durante algum tempo, magoada pela provocação boba. Até ter que ir para o balé. Quando voltei, meu pai se preparava para ir dar uma volta.

– Aonde o senhor vai? – perguntei.

– Gravar um programa – ele respondeu colocando seu casaco, de costas para mim.

– Hm, tá – respondi.

– As empregadas estão de folga, então seja uma boa garota e não arranje problemas – ele disse pegando as chaves do carro.

Passou por mim sem dirigir uma palavra de despedida e foi embora. Era como se eu não estivesse ali. Era como se ele se negasse a me olhar e ver que eu estava ali. Eu. O fruto do seu amor com a minha mãe.

Eu havia feito as lições de casa, tomado banho, comido e agora via TV enquanto esperava meu pai voltar. Ele sempre dizia que não era para eu esperá-lo, mas eu gostava de saber que ele voltaria para casa. Porque quando ele me tratava assim, eu tinha medo que ele fosse e nunca mais voltasse. Tinha medo de que minha existência não fosse nada para ele.

Adormeci por alguns minutos, mas acordei com a explosão do filme de ação que passava na televisão.

E aquela caixa estava ali. Em tom verde escuro, com uma fita de cetim cor-de-rosa, e um cartão que dizia algo que eu ainda não sabia ler. Quando abri, deparei-me com aqueles dois orbes verdes esmeraldinos me encarando de volta. Duas esferas estranhas com os nervos ópticos arrancados brutalmente da cabeça...

­Eu paralisei ao reconhecê-los, e ouvi meu pai chegando atrás de mim.

– Você ainda está acordada? – perguntou incrédulo. – Quantas vezes eu já disse para você não me esperar?

Ele esperou minha resposta, pois eu sempre respondia, mas naquela noite eu fiquei calada. Fitando o meu estranho e bizarro presente. Tão chocada e assustada que eu fiquei paralisada.



Balancei a cabeça tentando dispersar esses pensamentos e fui para uma aula que eu tinha sozinha com Daniel. Era aula de Geografia, certamente não era uma das minhas preferidas. Adentrei na sala de aula, cumprimentei Daniel, sentado ao meu lado esquerdo e esperei a aula começar.

O professor, um baixinho e gordinho – que novidade! – com o centro da cabeça calva entre os cabelos castanhos, de olhos castanhos escuros e barba por fazer. Seu nome era Elder Johnson. No entanto, quem roubou a cena, foi o garoto que o seguia para dentro da sala de aula.

Ele usava muletas, de cabelos negros e desengonçados, de estatura regular, de musculatura um pouco forte, tinha olhos de cores distintas, um era verde brilhante e o outro era vermelho, ele se vestia com calça jeans, tênis, camiseta preta com um moletom azul por cima. Parecia que ele estava um pouco mal humorado, na verdade, mais parecia um cachorro querendo dar uma mordida.

Ele se sentou folgadamente ao meu lado, arrumando um lugar – sabe-se onde – para as suas espaçosas muletas. Parecia carrancudo e estressado, deu-me até medo. Quando me olhou, tentei dar um sorriso simpático e ele revirou os olhos com hostilidade.

Olhei para Daniel, perguntando-me se ele havia visto aquilo, o meu amigo apenas deu de ombros.

– Hoje a escola está horrível, não está? – Roman comentou sentado na mesa do refeitório, comendo um sanduíche com quase tudo o que podia dentro e bebendo algum líquido nada convidativo.

– É, está um pé no saco – as gêmeas concordaram prontamente.

– A escola está com um clima tenso por causa da morte do Rudolph; Anabelle está cabisbaixa e calada; até mesmo Daniel está meio calado hoje... – Érika citava.

– É! Amigo, porque você está tão calado hoje? – perguntou Roman dando uma cutucada com o seu cotovelo no garoto que fitava a sua lata de refrigerante.

– Problemas, problemas, problemas... – ele suspirou fechando os olhos por um breve instante.

–... E ainda tem aquele aluno novo de dar medo – Érika completou apontando com a cabeça para o moreno de olhos estranhos. – Olha lá ele.

Todos nós o encaramos enquanto ele estava na fila do refeitório. Duncan, um garoto da mesma laia que Rudolph, furou a fila e, é claro, o novato não gostou nada disso. Chamou a atenção do metido à besta à sua frente e, sem avisos prévios, enfiou o punho em sua cara.

– Ui – resmungou Roman e quase todo mundo fazendo uma careta de dor.

O de olhos distintos, por outro lado, murmurou alguma coisa ao furão – que caíra no chão -, e passou por cima do seu corpo como se não houvesse feito nada de mais. Nada além do justo.

– Sim, o aleijadinho dá medo mesmo – concordaram as gêmeas rindo. – Mas ao menos sabe em quem deve bater.

Eu apenas ri com a loucura das duas e fomos para a próxima aula. Era Álgebra e eu dividia a classe com Roman, Joshua e Daniel. De vez em quando isso rendia umas piadinhas sem graça das garotas do grupo, mas eu sabia que eram apenas brincadeiras.

Daniel é alguém muito calado, mas eu realmente percebi que ele estava bastante silencioso naquele dia. Digo, mais do comum. Entrou calado e saiu mudo. Vi algumas tentativas frustradas de Roman em tentar incluí-lo na conversa, mas ele parecia não querer. Estava cabisbaixo e distraído.

– O que foi? – eu perguntei tentando puxar assunto com ele. – Você está distraído hoje...

– Eu já disse, são problemas – ele respondeu bufando.

– Sabe o que eu acho Anabelle? – Roman comentou em um tom que me deixou receosa.

– O que Roman? – perguntei no mesmo tom que ele.

– Que um certo amigo nosso está sofrendo por a-m-o-r – ele cantarolou.

Nós dois fuzilamos Daniel com o olhar e ele não negou. Na verdade, nas faces brancas e pálidas, uma vermelhidão apareceu. Ele ruborizou! Talvez fosse uma das primeiras vezes em que eu vi Daniel enfim ruborizar. Geralmente ele era bem distante e se negava a criar laços com as pessoas do grupo.

– Então é verdade?! – exclamei me aproximando.

– Cara, eu joguei verde e colhi maduro – Roman se vangloriou e também se aproximou. – Qual é o nome da pretendente? É alguém que eu conheço? Alguém que eu já provei?

Revirei os olhos. Como é que Roman fazia esse tipo de pergunta?!

– Roman! – eu o repreendi. – Isso não é pergunta que se faça.

– Não é ninguém – ele negou ruborizando mais ainda. – Me deixem em paz, por favor.

Eu e Roman nos desatamos de rir, até que ele fez uma expressão de poucos amigos e percebemos que ele não estava gostando de ser o alvo de nossas brincadeiras infantis.

– Ér... parece que vai chover hoje, não? – Roman mudou de assunto.

– Eu espero que não - respondi olhando para a janela.

Daniel bufou e fingiu estar prestando atenção ao professor de matemática. Mas fiquei bem mais feliz em saber que ele estava apaixonado por alguém, isso mostrava que havia algo de humano nele. Não que ele não fosse uma adolescente comum, mas é que antes ele só sabia reclamar e agir feito um velho.

Por exemplo, acho que ninguém sabe o porquê sua família se mudou ou porque ele não gosta dessa cidade – como já ficou mais do que claro.

Eu o considerava um amigo... pelo menos acho que é o normal.


...

– Você vai trabalhar hoje, certo? – indagou-me Roman no final do período de aula -, mesmo você não precisando – apressou-se em dizer.

– Vou – respondi. – Não quero preocupar meu pai.

Ele abriu a porta do carro para mim, como vez ou outra ele fazia, e repousou a cabeça na porta aberta por alguns instantes, com um olhar enigmático e reflexivo enquanto eu entrava em seu carro. Ele parecia estar pensando em alguma coisa. Alguma coisa preocupante.

– Espero que você goste de histórias de terror – o ouvi resmungar enquanto fechava a porta.



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