Muito bem, conselho numero um: nunca (NUNCA) faça uma pergunta que você não quer que seja respondida.

É cara leitor minha vida ficou pior. O Axl parecia que não tinha mais casa. Vivia chegando tarde, certo que ele estava gravando o cd, mas com cheiro de uísque barato e perfume de vagabunda. Ele era é um mentiroso, filho de uma puta. E eu ainda tinha que fazer papel de chifruda.

- Preferia ter ficado na minha cidade. – Eu estava na cozinha observando a Bertha.

- Por que diz isso menina? – Bertha continuava cozinhando tranquilamente.

- Pareço um passarinho em uma gaiola. Axl não me deixa sair sozinha, não me deixa vestir o que eu quero, não posso arrumar um emprego. Não é aquilo tudo que eu via. – Eu dei um longo suspiro triste. – A cada dia ele chega bêbado e com o perfume de uma vagabunda diferente. Tá certo que nem somos um casal de verdade, mas ele nem esta disposto a tentar. – Eu olhava o jardim através da janela da cozinha.

- Já conversou com ele? – Ela tentava me ajudar.

- É um tanto difícil já que ele vive bêbado ou chega muito tarde. Ou me trata grosseiramente quando tento falar sobre emprego. – Tinha uma bela roseira no jardim. Uma não, varias. Ele tinha fixação por rosas né.

- E você não parece a mesma. – Ela continuava cortando os legumes. Mas como ela sabia disso? – Ele me falou bastante de você. Da sua irreverência, seu altruísmo, seu lado vingativo e maquiavélico, e coisas boas é claro, mas olhando aqui para você e conversando com você me parece que você foi adestrada, domada. – Bom minha vontade foi dar uns tabefes nela por que... Olha o que ela falou de mim. Mas como eu estava ‘adestrada’ e a Bertha era muito legal eu não bati.

- Eu estou em situação delicada. Muito delicada. Com meu pai era... poxa ele era meu pai e isso não vai mudar. – Eu passei a mão no rosto.

- Exatamente. Isso não vai mudar, mas com Axl as coisas devem mudar. – Bertha me olhou com uma cara de eu não disse nada. E eu compreendi.

- Por que? – Me senti como uma criança de quatro anos ao perguntar isso.

- Pode aparecer isso só de vez em quando, mas Axl ainda tem um coração. Eu não conheci Erin, mas vi o que a Sthephanie fez com ele. Só esta tudo aos pedaços. Só tenta juntar. Não agüento ver ele desse jeito é como se fosse um filho para mim. – Era uma conversa realmente confusa. Tudo que eu conseguia pensar era: ‘Eu fiquei com o resto do coração do Axl! Tipo o resto! Resto!’.

- Eu comecei de um jeito, me perdi no caminho e não consigo sair do lugar. O jeito vai ser começar de novo. – Eu sorri sinceramente para Bertha apesar dela estar de costas para mim.

Eu não sabia se era sorte ou azar, mas naquele dia após a conversa Axl chegou do mesmo jeito que saiu.  Normal.

- Ué voltou normal? – Eu perguntei provocando.

- Gravei algumas coisas do cd novo. – Ele me eu um sorrisinho falso enquanto ia se sentar na cama.

- Por que esta se sentando na minha cama pode ir para o quarto de hospede agora. – Eu levantei meu braço e fiz um sinal.

- Garota o que você acha que esta fazendo? – Ele chegou bem perto de mim.

- Começando de novo. Voltando a ser Valentina. – Continuei firme e ele passou para o corredor. – Antes de você ir me responda uma coisa. Quem é você? – Ele ficou em silencio. – PORRA, QUEM É VOCÊ? – Eu estava irritada.

- Apenas alguém que conheceu o amor. – Ele saiu do quarto. Tão fácil. – Eu vou voltar só estou com sede. – É o jeito era eu me mudar para o quarto de hospede. Eu precisava pensar. E pensar sozinha.